DEFIL - Diss - Ana Augusta Carneiro de Andrade Araujo - Ufop
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à qual temos acesso pelos sentidos. Nem por isso <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser arte obras <strong>de</strong> tão importante<br />
artista - não ficando claro para nós o porquê <strong>de</strong>veria a história da arte excluí-las.<br />
Além disso, Dickie critica Danto no sentido <strong>de</strong> que cada socieda<strong>de</strong> tem seu<br />
correspon<strong>de</strong>nte para aquilo que nós oci<strong>de</strong>ntais consi<strong>de</strong>ramos arte. Contudo, a forma como nós<br />
oci<strong>de</strong>ntais lidamos com a arte e as obras <strong>de</strong> arte é própria do nosso <strong>de</strong>senvolvimento social.<br />
Outras culturas po<strong>de</strong>m não ter elementos como os nossos para contextualizar sua história como<br />
nós fazemos. Po<strong>de</strong>ríamos arrogantemente alegar que isso implica que tais culturas não têm<br />
expressões artísticas? Que não produzem obras <strong>de</strong> arte? Nelas “qualquer coisa” não po<strong>de</strong> ser<br />
consi<strong>de</strong>rada arte, pois não há teorização como a nossa? Dickie <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a arte existe muito<br />
antes dos primeiros estetas e sua <strong>de</strong>finição não po<strong>de</strong> estar vinculada às teorias estruturadas e<br />
formais 71 .<br />
Mas o que nos interessa em Danto é que Dickie empresta <strong>de</strong>le a noção <strong>de</strong> mundo da arte e<br />
a emprega em sua teoria. Ele faz isso por comungar com Danto a idéia da arte estar sempre<br />
inserida num contexto que implicará como a i<strong>de</strong>ntificamos. No sentido mesmo da arte ser uma<br />
criação humana, e não possuir uma existência ou natureza in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> nós.<br />
Mas o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> Dickie é mais antropológico que o <strong>de</strong> Danto, pois não se ocupa<br />
tão intensamente em separar obras <strong>de</strong> arte <strong>de</strong> outros objetos, optando por investigar as relações<br />
humanas com a prática <strong>de</strong> executar e absorver obras <strong>de</strong> arte. E nem em formalizar a instituição<br />
do mundo da arte <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> teorias sistematizadas, como se elas fossem linguagens a serem<br />
interpretadas historicamente. Danto inicia sua investigação a partir <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> fronteira, Dickie<br />
não tem tal referência e nem preten<strong>de</strong> (pelo menos inicialmente) separar objetos corriqueiros <strong>de</strong><br />
obras <strong>de</strong> arte, sendo seu mundo da arte pontualmente apresentado como instituição<br />
71 Dickie, 2008.<br />
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