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DEFIL - Diss - Ana Augusta Carneiro de Andrade Araujo - Ufop

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que importa na arte é anestesiar-se da realida<strong>de</strong> e divertir-se – numa relação artificial e<br />

superficial com a obra 48 .<br />

Como nem tudo que expressa emoção é arte, e nem toda arte é exclusivamente expressão<br />

<strong>de</strong> emoção, segundo Dickie, Collingwood acabou excluindo da história da arte várias <strong>de</strong> suas<br />

obras mais paradigmáticas, chegando a afirmar que as obras do escritor inglês William<br />

Shakespeare nunca foram arte 49 . Ao que tudo indica sempre que a arte fica a mercê <strong>de</strong> grupos<br />

sociais muito gran<strong>de</strong>s, verda<strong>de</strong>ira massa, que com ela interagem <strong>de</strong> forma intempestiva, abrupta<br />

e <strong>de</strong>scartável, trata-se <strong>de</strong> não-arte. As obras <strong>de</strong> Shakespeare eram encenadas para o gran<strong>de</strong><br />

público, duravam horas as suas apresentações, talvez por isso sejam classificadas por R. G.<br />

Collingwood como arte <strong>de</strong> entretenimento. Na realida<strong>de</strong>, se levarmos a cabo a posição <strong>de</strong><br />

Collingwood sobre a verda<strong>de</strong>ira arte, muitos casos paradigmáticos da história serão entendidas<br />

como tentativas fracassadas <strong>de</strong> produzir arte ou mesmo obras produzidas para fins distintos do<br />

autoconhecimento - portanto, craft.<br />

Fica-nos a questão do por que R. G. Colligwood estabelece como condição necessária<br />

para ser arte a ampliação da consciência e o autoconhecimento? Nem toda arte é necessariamente<br />

uma fonte <strong>de</strong> conhecimento sobre nós mesmos, existem exemplos atuais e significativos da arte<br />

que não implicam conscientização. Existem obras classificadas como estritamente estéticos, por<br />

possuírem um colorido intenso, ou somente formas fixas <strong>de</strong> tendência geométrica, por abusarem<br />

<strong>de</strong> ícones da cultura pop como, por exemplo, a imagem <strong>de</strong> Marilyn Monroe. Ao que tudo indica<br />

não foram obras feitas para implicarem autoconhecimento, contudo, são arte e consi<strong>de</strong>rados pela<br />

opinião pública como bons exemplos <strong>de</strong> arte. O que a <strong>de</strong>finição do termo arte ganharia em<br />

48 CARNEIRO, 2009, p. 49-63.<br />

49 DICKIE, 2001, p. 95.<br />

29

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