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Visão Judaica

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VISÃO JUDAICA • julho de 2003 • Av • 5763<br />

Dalton Catunda Rocha *<br />

Supremo Tribunal Federal decidiu<br />

em definitivo. O escritor<br />

gaúcho Siegfried Ellwanger foi<br />

condenado por crime de racismo.<br />

Tal figura, que costuma assinar<br />

os livros que escreve sob o<br />

pseudônimo S. E. Castan foi condenado<br />

em definitivo. Reconheço que o julgamento<br />

não acabou, por causa do pedido<br />

de vistas do processo, por parte de<br />

um dos novos juízes do STF. Ainda assim,<br />

o pseudo-historiador Ellwanger já foi condenado.<br />

A maioria absoluta dos juízes do<br />

STF já o condenou. Como disse antes, não<br />

cabe recurso a esta condenação. O julgamento<br />

não terminou, mas a maioria absoluta<br />

dos juízes condenou Ellwanger.<br />

Criou-se uma jurisprudência. A discriminação<br />

contra grupo religioso, agora é<br />

considerada racismo no Brasil.<br />

Argumentavam os advogados de<br />

Ellwanger, que judeus não são uma raça.<br />

Há judeus pretos, brancos, mulatos. Judeus<br />

são um grupo religioso e não racial.<br />

Ainda assim, todas as instâncias da justiça<br />

brasileira decidiram, pela condenação<br />

do pseudo-historiador Ellwanger. Decidiram<br />

eles que ao publicar livros, com<br />

fatos falsos e absurdos sobre a História<br />

judaica, Ellwanger cometeu crimes de racismo.<br />

Ainda não sendo os atingidos de<br />

uma raça, mas de um grupo religioso,<br />

Ellwanger foi condenado. E a condenação<br />

é definitiva, sem recurso.<br />

Se o mesmo critério, de condenar pessoas<br />

pelo fato delas difundirem farsas<br />

absurdas e caluniosas, sobre povos,<br />

Ellwanger teria que ser seguido por muitas<br />

centenas de pseudo-historiadores.<br />

Ellwanger não é nem de longe, o único<br />

caluniador de povos que tem por aí.<br />

Exemplo de caluniadores de povos,<br />

são aqueles, que “garantem” que os brasileiros<br />

massacraram mais de 1 milhão de<br />

paraguaios, na guerra do Paraguai. Na<br />

verdade, a população paraguaia, antes do<br />

início daquela guerra, sequer chegava a<br />

300 mil almas. Outra maluquice é a transformação<br />

de Solano Lopez, em herói e<br />

figura a ser admirada, até mesmo por<br />

descendentes de parte das vítimas deles,<br />

os brasileiros. O supostamente heróico<br />

Solano Lopez, dentre outros feitos, mandou<br />

prender e torturar a própria mãe. Para<br />

completar, mandou matar dois cunhados,<br />

por imaginárias traições. Livros que se<br />

dizem didáticos dizem, que o Brasil entrou<br />

em guerra contra o Paraguai, a fim<br />

de agradar os imperialistas britânicos. Na<br />

verdade, o Brasil entrou em guerra, contra<br />

Lopez, não para agradar os imperialistas<br />

britânicos, mas sim devido à não<br />

provocada invasão de nosso território.<br />

Há outros caluniadores de povos, que<br />

preferem caluniar com base em farsas, da<br />

História recente. Um exemplo são as dúzias<br />

de caluniadores, que garantiram que<br />

quem havia armado o Iraque, tinham sido<br />

os americanos. Na verdade, menos de 1%<br />

do arsenal do deposto ditador Saddam<br />

Hussein, era de origem americana. A<br />

maioria absoluta era de origem soviéti-<br />

Discípulos de Ellwanger<br />

ca. A França vinha em segundo lugar.<br />

Usando o mesmo critério, de calunia<br />

a povos, Ellwanger ficaria cercado<br />

de centenas de companheiros<br />

de pena. Brasileiros e americanos,<br />

não são raças, mas sim povos. Há<br />

brasileiros e americanos brancos,<br />

negros, mulatos, etc.<br />

Mesmo no caso de calúnias diretas<br />

ou indiretas aos judeus, Ellwanger<br />

tem muitos discípulos. A maioria<br />

destes discípulos gosta de caluniar<br />

Israel e os judeus que vivem<br />

nele. A maioria das mentiras dirigidas<br />

contra Israel é indireta.<br />

A maioria liga-se ao suposto tratamento<br />

dado aos palestinos pelos<br />

governos de Israel. Sempre quando<br />

um palestino, mesmo com uma ficha<br />

quilométrica de crimes terroristas,<br />

contra judeus, é eliminado ou<br />

sofre ferimentos, a maioria da mídia<br />

brasileira anuncia.<br />

Quando muçulmanos massacram<br />

em massa, outros muçulmanos ou<br />

não muçulmanos, a maioria da mídia<br />

brasileira cala a boca. Sim, o finado<br />

ditador Hafez Assad da Síria, mandou<br />

massacrar toda a população de<br />

uma cidade síria por uma rebelião<br />

contra ele. Quando tal ditador morreu<br />

no poder, não vi nenhum grande<br />

jornal brasileiro que lembrasse este<br />

fato da vida de Assad.<br />

Quando este ou aquele palestino<br />

é morto, a mídia anuncia em coro.<br />

Ao lado disto, há um silêncio sepulcral<br />

sobre a escravidão de negros, por<br />

parte de muçulmanos no Sudão. Quando<br />

o regime talebã no Afeganistão<br />

decretou pena de morte a crianças<br />

que soltassem pipas ou mulheres que<br />

pintassem as unhas, mal se falou<br />

nisto. Toda vez que Israel resolve<br />

controlar, com toque de recolher, os<br />

palestinos, a mídia tece imensos<br />

comentários. É aquilo que George<br />

Orwell, em seu livro “1984”, chamou<br />

de duplipensar, se manifesta.<br />

Um exemplo do ódio da maioria<br />

da imprensa brasileira, a Israel é o<br />

eterno enfoque aos tiros e bombas,<br />

que de fato ocorrem por lá. Considerando-se<br />

as mortes totais de pessoas,<br />

por causas violentas, em Israel e territórios<br />

palestinos, tenho que dizer<br />

que Israel é muito mais calmo que o<br />

Rio de Janeiro. A revista “Força Aérea”<br />

nº 31, que está nas bancas atualmente,<br />

mostra que para o mesmo<br />

período de tempo, houve mais de quatro<br />

vezes mais mortes violentas no Rio<br />

de Janeiro, que em Israel mais Gaza e<br />

Cisjordânia. Quem duvide que leia a<br />

página 101, da referida revista. O autor<br />

do artigo é Carlos Lorch. A mídia<br />

simplemente recusa-se a dizer, que o<br />

Exército de Israel é uma criança inocente,<br />

comparado ao comando vermelho<br />

(CV) ou ao terceiro comando. Ambos<br />

vampiros insaciáveis, tanto o CV,<br />

como o terceiro comando, não têm<br />

em geral, qualquer cuidado na escolha<br />

de quem vão matar.<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

No entanto, a maioria da imprensa<br />

brasileira condena sempre Israel.<br />

Sempre destaca aquele país, como se<br />

ele fosse o mais violento do mundo.<br />

O que é uma clara mentira. E difundida<br />

como se fosse verdade. Israel é<br />

muitas vezes mais calmo que o Brasil,<br />

embora jamais eu vi nenhum telejornal<br />

importante dizer isto.<br />

Um outro exemplo recente foi o<br />

ataque terrorista à maior cidade judaica<br />

do mundo, Nova York em 11/<br />

09/2001. Mais de 3.600 mortos, sendo<br />

muitos deles judeus. Ainda assim,<br />

não faltaram aqueles que “garantiram”<br />

serem as vítimas, os verdadeiros<br />

culpados. Quando a reação americana<br />

começou, um político brasileiro,<br />

chamou tal reação de “injusta<br />

agressão ao povo afegão”.<br />

Mais recentemente, um outro conhecido<br />

político brasileiro, declarou<br />

que o terrorismo se deve à fome. Como<br />

se Osama Bin Laden não fosse filho<br />

de um bilionário saudita, tendo Bin<br />

Laden herdado várias centenas de milhões<br />

de dólares.<br />

O mesmo conhecido político resolveu<br />

reagir com todo um palavrório<br />

contra a invasão americana ao Iraque<br />

de Saddam Hussein. Vale lembrar que<br />

o curriculum vitae de Saddam é horroroso.<br />

Saddam mandou jogar gás venenoso<br />

contra seu próprio povo, invadiu<br />

e massacrou iranianos, Saddam<br />

mandou enforcar em massa judeus em<br />

praças públicas do Iraque, Saddam<br />

torturou e matou pessoalmente judeus,<br />

etc. No entanto, segundo este<br />

conhecido político brasileiro, os americanos<br />

tinham que ter o aval da ONU<br />

VJ INDICA<br />

LIVRO<br />

para depor o anti-semita Saddam.<br />

Nunca uma pessoa viu este mesmo<br />

político brasileiro exigir aval da ONU<br />

para a então URSS invadir a Hungria<br />

(1956), a Tchecoslováquia (1968) ou o<br />

Afeganistão (1979). Este mesmo político<br />

brasileiro jamais exigiu aval da<br />

ONU para Fidel Castro financiar e armar<br />

guerrilhas no Brasil, Uruguai, Bolívia,<br />

Argentina, Chile, Venezuela, etc.<br />

Quando Fidel Castro enviou ajuda à Síria<br />

na guerra contra Israel, em 1973,<br />

não houve nenhuma resolução da ONU<br />

apoiando isso. No entanto, este político<br />

não exigiu de Fidel nenhuma resolução<br />

da ONU para nenhuma das várias<br />

intervenções patrocinadas pelo mais<br />

antigo ditador do mundo ao longo de<br />

mais de 44 anos de ditadura. Pelo contrário,<br />

todos sabem que este político<br />

brasileiro é o maior amigo de Fidel Castro<br />

no mundo inteiro. Pelo que dá entender<br />

este político, não é necessário<br />

que nenhum país inimigo de Israel tenha<br />

aval da ONU para intervir em qualquer<br />

outro país. Quando se deseja depor<br />

um inimigo de Israel, tem que haver<br />

aval da ONU para tal. Dois pesos e<br />

duas medidas: ambos contra Israel.<br />

Ellwanger não faria melhor.<br />

Concluindo: há menos o que comemorar<br />

com a condenação definitiva<br />

de Ellwanger do que se pensa. Gente<br />

tão mentirosa quanto o pseudo-historiador<br />

Ellwanger está por aí. Esta gente<br />

repete todos os dias um monte de farsas<br />

contra Israel. Eles difundem a farsa<br />

de um Israel cruel, malvado, violento<br />

e etc. Não poucos desses mentirosos<br />

são pessoas respeitadas, poderosas<br />

e em altos postos.<br />

* Dalton Catunda é engenheiro-agrônomo desempregado.<br />

E-mail:dalton@fortalnet.com.br<br />

Guia dos Perplexos<br />

Maimônides - Editora Sêfer<br />

O pensamento de Maimônides, o grande Rambam, talmudista, filósofo,<br />

codificador de leis, matemático e médico que<br />

viveu de 1135 a 1204, passa a fazer parte da coleção<br />

Clássicos da Editora Sêfer através desta edição<br />

única, uma obra compilada e comentada dos temas<br />

que compõem o famoso Guia dos Perplexos. O<br />

trabalho desvenda de maneira fascinante as relações<br />

que Maimônides estabelece entre filosofia e<br />

judaísmo. Profundo e acessível a um só tempo,<br />

apresenta a razão como caminho que leva o<br />

homem a D-us.<br />

A iniciativa encontrou obstáculos, mas o saber<br />

ímpar do genial Rambam prevaleceu e, graças<br />

a ele, estudiosos e leitores interessados puderam,<br />

século após século, compreender a verdade<br />

que tece os nítidos vínculos entre razão e<br />

religião. O lançamento desta edição especial de O<br />

Guia dos Perplexos em português permite que, a partir de agora,<br />

também o público brasileiro desfrute, explore e discuta as idéias e conceitos<br />

de um dos maiores luminares intelectuais da Humanidade – formulações<br />

tão atuais hoje quanto há 800 anos, quando foram escritas.

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