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entre o singular eo coletivo o AColHIMENto DE - Instituto Fazendo ...

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o abrigo deveria então ser capaz de se estruturar para propiciar o<br />

acolhimento, conforme dita a lei, mas assumindo toda essa dimensão<br />

contraditória. É, então, essencial o projeto educacional, a formação e<br />

sustentação de seus trabalhadores – como este livro defende – para<br />

poder suportar o cotidiano de seu trabalho tão mobilizador. o presente<br />

texto se organiza justamente nessa perspectiva: oferece criteriosas<br />

referências que permitem acolher as inúmeras questões apresentadas<br />

àqueles que se propõem a cuidar de bebês em situações adversas, ao<br />

mesmo tempo em que abre espaços para a sensibilidade e a criatividade,<br />

mobilizadas em cada um na sua lida com bebês.<br />

Ao se pensar em situações de vulnerabilidade, quando parecem falhar<br />

todas as possibilidades do bem-estar social que a lei exige e que<br />

as políticas públicas deveriam garantir, um sentimento de desamparo se<br />

apodera de todos, e o risco de se instalarem programas assistencialistas,<br />

compensatórios, é enorme. deixar de se afetar por tudo que o bebê e a<br />

criança trazem representa um desafio ainda maior. o colo é tentador,<br />

como forma de calar o choro e o sofrimento, e ensurdecer diante das<br />

demandas incessantes é uma defesa possível. como propiciar que os<br />

bebês deixem de ser infans (etimologicamente o termo significa sem<br />

voz) para que adquiram voz e poder, num contexto que supostamente<br />

foi criado para ampará-los no insuportável sofrimento de estarem privados<br />

do convívio familiar, do amor e do carinho de suas mães? sim,<br />

os bebês em abrigo nos colocam face a face com a angústia primordial<br />

que nos funda: o horror ao abandono, a sensação catastrófica de perder<br />

a continuidade de ser, que o par perfeito mãe-bebê evoca e representa.<br />

Por isso mesmo tenho discutido (2010) 2 sobre como o abrigo nos<br />

retorna à angústia mais primordial que nos funda: o horror ao abandono,<br />

a sensação catastrófica de perder a continuidade de ser – ferida<br />

narcísica que jamais cicatriza e que encontra, nesse espaço, a tentação<br />

de ser acalmada quando o abandonado é o outro. A noção freudiana do<br />

2 FEBEM, Família e Identidade. O lugar do Outro. s. Paulo: escuta, 2010 (terceira edição revisada e atualizada)<br />

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