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entre o singular eo coletivo o AColHIMENto DE - Instituto Fazendo ...

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com o bebê e ser capazes de ter essa ilusão antecipadora, isto é, possam<br />

ver o que ainda não está ali, para que, então, um sujeito possa se constituir<br />

– é o que o pediatra e psicanalista inglês donald Winnicott chamou<br />

de “loucura normal das mães”. trata-se de um olhar do adulto cuidador<br />

em relação ao bebê que o veja como capaz, como um “reizinho”, um<br />

“atleta”, uma “bailarina” quando ainda é só um pequeno bebê e que lhe<br />

atribua um saber. Por exemplo, quando a mãe ou o educador diz que a<br />

criança só gosta de dormir com o “paninho” no rosto, está expressando<br />

um saber da criança sobre o jeito como gosta de dormir, está supondo<br />

que a criança tem esse saber, tal como no caso de Julia 23 .<br />

conforme vimos na introdução, há um momento em que o bebê se<br />

aliena ao desejo do adulto cuidador e um momento posterior, já previsto<br />

por aquele que atua como agente da função materna, em que há a separação,<br />

e o bebê pode se apropriar desse desejo e das produções que lhe<br />

são inerentes. Por exemplo, os pais supõem que o bebê vai começar a dar<br />

os primeiros passinhos e lhe oferecem e sustentam essa possibilidade em<br />

um momento em que a imaturidade orgânica do bebê ainda não lhe permite<br />

tal façanha. essa antecipação, no entanto, é importante, na medida<br />

em que possibilita ao bebê se identificar com ela e poder se aventurar a<br />

andar logo mais. diante dos primeiros passos do bebê, o adulto se surpreende!<br />

A surpresa ocorre porque, embora isso já tivesse sido antecipado<br />

para a criança, embora já fosse esperado, quando ela efetivamente anda<br />

passa a ser uma produção sua, de sua autoria, e não mais uma antecipação<br />

do adulto. essa alienação inicial à imagem idealizada que o adulto<br />

cuidador constrói em relação ao bebê fica evidente:<br />

“(...) no fato de a criança, ao começar a falar de si mesma, se referir<br />

como ‘nenê’ ou pelo apelido com que a mãe comumente a chama.<br />

A criança se denomina em terceira pessoa, nomeando-se como a<br />

mãe a nomeia.” (Jerusalinsky, J., 2009, p. 98)<br />

23 Apresentado no capítulo 1<br />

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