Anarquia Cotidiana - Portal Libertarianismo
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uso da força contra você, é um tanto irracional (no mínimo) que eu diga que só estou<br />
agindo para protegê-lo do uso da força.<br />
Essa é uma razão central por que nunca se fala sobre a agressão que os governos<br />
iniciam contra seus cidadãos para conseguir dinheiro e soldados para suas guerras. É<br />
difícil sustentar a tese de que os governos existem para proteger seus cidadãos se a<br />
primeira ameaça aos cidadãos é sempre seu próprio governo.<br />
Se eu tenho que roubar de você para custear a "proteção" contra roubos da sua<br />
propriedade, no mínimo, eu acabo de criar uma contradição lógica inescapável, senão<br />
uma situação moral altamente ambígua.<br />
Em geral, quando a coerção é um meio infeliz mas necessário de atingir um bem moral,<br />
essa coerção não é escondida dos olhos públicos. Nos dramas policiais, a violência da<br />
polícia não é escondida. Nos filmes de guerra, bombas, balas e partes de corpos voam<br />
pela tela com grande liberdade.<br />
Contudo, a coerção nas raízes da guerra e dos programas sociais do estado permanece<br />
ignorada, não reconhecida, reprimida, escondida; é loucura, uma vergonha e uma<br />
imprudência falar sobre ela.<br />
O caçador que usa um silenciador, atira num cervo no meio da noite e cuidadosamente<br />
esconde seu corpo, sem deixar rastros, não pode se orgulhar do que faz - e, de fato, ele<br />
tem muita vergonha de seu hobby.<br />
Portanto, quando um anarquista olha para a sociedade, ele vê uma vergonha<br />
desesperada em relação ao uso da violência para atingir fins sociais como o custeio da<br />
máquina militar, a saúde e a educação públicas. Qualquer anarquista que tenha nem que<br />
seja um vago interesse em psicologia - e eu certamente me coloco nesta categoria -<br />
entende que essa vergonha reprimida é absolutamente tóxica, tanto para o indivíduo<br />
quanto para a sociedade.<br />
Assim, inevitavelmente recai sobre os anarquistas a tarefa ingrata de "desenterrar o corpo<br />
no jardim", ou seja, de apontar para o comum, predominante e crescente uso da violência<br />
para atingir objetivos morais na sociedade. "Isso é certo?", pergunta o anarquista -<br />
plenamente consciente dos olhares hostis e ressentidos que recebe daqueles à sua volta.<br />
"Como pode a violência ser tanto o maior mal quanto o maior bem?" "Se a violência que<br />
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