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DISCIPLINA:<<strong>br</strong> />
TRANSTORNO DE APRENDIZAGEM DA<<strong>br</strong> />
LEITURA E ESCRITA<<strong>br</strong> />
PROFESSOR:<<strong>br</strong> />
MS. ALBERICO CONY CAVALCANTI<<strong>br</strong> />
ALUNO (A)<<strong>br</strong> />
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Instituto Superior <strong>de</strong> Educaçaçãodo Vale do Juruena<<strong>br</strong> />
Associação Juinense <strong>de</strong> Ensino Superior do Vale do Juruena<<strong>br</strong> />
DISCIPLINA: TRANSTORNO DE APRENDIZAGEM DA LEITURA E ESCRITA<<strong>br</strong> />
Prof. MS. ALBERICO CONY CAVALCANTI<<strong>br</strong> />
INTRODUÇÃO<<strong>br</strong> />
Visamos <strong>de</strong>senvolver com a presente apostila, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sentir, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
compreen<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> argumentar, <strong>de</strong> imaginar, <strong>de</strong> gerar insights, so<strong>br</strong>e a socieda<strong>de</strong> no<<strong>br</strong> />
contexto mundial e, especialmente, no contexto <strong>br</strong>asileiro, <strong>de</strong>ntro do <strong>de</strong>safio sem fim <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
construí-las sempre mais harmonizadas, equili<strong>br</strong>adas, igualitárias. É indispensável para o<<strong>br</strong> />
<strong>edu</strong>cador, pedagogo, professor, psicólogo, ou qualquer profissional e para o aluno o<<strong>br</strong> />
exercício da reflexão, que nos leve, so<strong>br</strong>etudo, a compreen<strong>de</strong>r 1 – além <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r – a<<strong>br</strong> />
socieda<strong>de</strong> como um todo, constituída pela “soma” dos indivíduos, dos lares, pela<<strong>br</strong> />
formação das instituições, pela constituição do Estado.<<strong>br</strong> />
Indispensável perceber a panorâmica dos problemas atuais que estamos<<strong>br</strong> />
vivendo: <strong>de</strong>semprego, violência e criminalida<strong>de</strong>, poluição, saú<strong>de</strong>, <strong>edu</strong>cação, <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
social, habitação, entre outros, on<strong>de</strong> o indivíduo é o epicentro.<<strong>br</strong> />
Perceber que embora a geração <strong>de</strong> empregos tenha aumentado nos últimos<<strong>br</strong> />
anos, graças ao crescimento da economia, ainda existe milhões <strong>de</strong> <strong>br</strong>asileiros<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sempregados.<<strong>br</strong> />
A violência está crescendo a cada dia, principalmente nas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>asileiras. Os crimes estão cada vez mais presentes no cotidiano das pessoas.<<strong>br</strong> />
O problema ambiental tem afetado diretamente a saú<strong>de</strong> das pessoas em nosso<<strong>br</strong> />
país. Os rios estão sendo poluídos por lixo doméstico e industrial, trazendo doenças e<<strong>br</strong> />
afetando os ecossistemas. O ar, principalmente nas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, está recendo<<strong>br</strong> />
toneladas <strong>de</strong> gases poluentes, <strong>de</strong>rivados da queima <strong>de</strong> combustíveis fósseis. Nos dias <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
hoje, pessoas que possuem uma condição financeira melhor estão procurando os planos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e o sistema privado, pois a saú<strong>de</strong> pública encontra-se em estado <strong>de</strong> crise<<strong>br</strong> />
aguda. Os dados so<strong>br</strong>e o <strong>de</strong>sempenho dos alunos, principalmente da re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
ensino, são alarmantes. A <strong>edu</strong>cação pública encontra vários problemas e dificulda<strong>de</strong>s:<<strong>br</strong> />
prédios mal conservados, falta <strong>de</strong> professores, poucos recursos didáticos, baixos salários,<<strong>br</strong> />
greves, violência <strong>de</strong>ntro das escolas, entre outros.<<strong>br</strong> />
O Brasil é um país <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> contraste social. A distribuição <strong>de</strong> renda é<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sigual, sendo que uma pequena parcela da socieda<strong>de</strong> é muito rica, enquanto gran<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
parte da população vive na po<strong>br</strong>eza e miséria. Embora a distribuição <strong>de</strong> renda tenha<<strong>br</strong> />
melhorado nos últimos anos, em função dos programas sociais, ainda vivemos num país<<strong>br</strong> />
muito injusto.<<strong>br</strong> />
O déficit habitacional é gran<strong>de</strong>. Existem milhões <strong>de</strong> famílias que não possuem<<strong>br</strong> />
condições habitacionais a<strong>de</strong>quadas. Nas gran<strong>de</strong>s e médias cida<strong>de</strong>s é muito comum a<<strong>br</strong> />
presença <strong>de</strong> favelas e cortiços. Encontramos também pessoas morando nas ruas,<<strong>br</strong> />
embaixo <strong>de</strong> viadutos e pontes.<<strong>br</strong> />
O que fazer? Educar. Como?<<strong>br</strong> />
1 Compreen<strong>de</strong>r, em sentido próprio, supõe algo mais do que o frio entendimento <strong>de</strong> uma mensagem objetiva: envolve, <strong>de</strong> algum modo, a captação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
um alguém, um alguém vivo e concreto que expressou aquela mensagem. Nesses contextos, "compreen<strong>de</strong>r" não se <strong>de</strong>ixa substituir por "enten<strong>de</strong>r",<<strong>br</strong> />
"conhecer" etc.<<strong>br</strong> />
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DISCIPLINA: TRANSTORNO DE APRENDIZAGEM DA LEITURA E ESCRITA<<strong>br</strong> />
Prof. MS. ALBERICO CONY CAVALCANTI<<strong>br</strong> />
A construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> pessoal e coletiva é um processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
sujeitos enquanto pessoas, enquanto seres humanos. Tal processo é marcado pela<<strong>br</strong> />
contingência que imprime a abertura que lhe é característica, <strong>de</strong>ntro do reconhecimento<<strong>br</strong> />
que emana das relações sociais. O indivíduo <strong>de</strong>fine-se a partir <strong>de</strong> como se reconhece no<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> papéis sociais e <strong>de</strong> como é reconhecido pelos outros no meio social.<<strong>br</strong> />
Neste sentido a principal referência <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> é a família e, posteriormente o<<strong>br</strong> />
relacionamento consigo próprio. Esta constituição no jogo do reconhecimento, forma-se,<<strong>br</strong> />
então, por dois pólos – o do auto-reconhecimento (como o sujeito se reconhece) e o do<<strong>br</strong> />
alter-reconhecimento (como é reconhecido pelos outros).<<strong>br</strong> />
Consi<strong>de</strong>rar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> inserida nesse jogo pressupõe uma concepção do<<strong>br</strong> />
sujeito humano como portador da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> simbolizar, <strong>de</strong> representar, <strong>de</strong> criar e<<strong>br</strong> />
compartilhar significados em relação aos objetos com os quais convive.<<strong>br</strong> />
Tomamos como processo precursor da construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> a<<strong>br</strong> />
i<strong>de</strong>ntificação, por sugerir um vínculo ou atração, por parte do indivíduo, para algum objeto<<strong>br</strong> />
que esteja “lá” on<strong>de</strong> ele <strong>de</strong>seja estar.<<strong>br</strong> />
A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rá ser construída através <strong>de</strong> um processo em que se toma o<<strong>br</strong> />
outro como mo<strong>de</strong>lo, implicando, conforme a psicologia, a psicanálise, a formação do I<strong>de</strong>al<<strong>br</strong> />
do Ego, e também do Superego, enquanto instâncias que internalizam normalizações e<<strong>br</strong> />
regulações culturais.<<strong>br</strong> />
Além <strong>de</strong> falarmos so<strong>br</strong>e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> pessoal, po<strong>de</strong>remos falar so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> profissional. Enquanto pensamos so<strong>br</strong>e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> pessoal consi<strong>de</strong>ramos<<strong>br</strong> />
melhor os aspectos ligados ao individual, contudo, a idéia <strong>de</strong> profissional leva-nos a<<strong>br</strong> />
pensar mais em aspectos do social.<<strong>br</strong> />
Po<strong>de</strong>mos associar, <strong>de</strong> certo modo, a construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> pessoal ao<<strong>br</strong> />
processo <strong>de</strong> socialização primária e a construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> social, ao processo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
socialização secundária. A internalização <strong>de</strong> papéis caracteriza-se como um fenômeno <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>aprendizagem</strong>.<<strong>br</strong> />
A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> pessoal diz respeito à própria construção pessoal do sujeito,<<strong>br</strong> />
objeto <strong>de</strong> estudo da Psicologia e da Psicanálise. A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> social, por sua vez, objeto<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> estudo mais especificamente da Sociologia, refere-se a pessoas consi<strong>de</strong>radas<<strong>br</strong> />
mem<strong>br</strong>os da mesma categoria, por características comuns, o que caracteriza o campo da<<strong>br</strong> />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> comum, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> conviverem juntos. É nesse sentido, pois, que<<strong>br</strong> />
estamos tomando a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> profissional como um tipo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> social.<<strong>br</strong> />
A concepção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> social, conforme explicitada acima, não po<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />
portanto, ser fundamentada no princípio <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> lógica, on<strong>de</strong> A = A. Ao invés <strong>de</strong>ssa<<strong>br</strong> />
relação que não admite diferença, há uma relação <strong>de</strong> semelhança, pela qual os “pares”<<strong>br</strong> />
que compartilham algumas semelhanças não necessariamente precisam estar diante <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
iguais.<<strong>br</strong> />
Diante da problemática <strong>edu</strong>cacional perguntamos o que fazer? Educar. Mas<<strong>br</strong> />
logo <strong>de</strong>pois perguntamos: como?<<strong>br</strong> />
Po<strong>de</strong>mos iniciar com a instauração <strong>de</strong> um trabalho interdisciplinar, que,<<strong>br</strong> />
cuidadosamente, perceberá limitações e facilida<strong>de</strong>s efetivando-se gradualmente. Se a<<strong>br</strong> />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> pessoal é algo que vai sendo construída num processo <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
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consciência gradativa das capacida<strong>de</strong>s, possibilida<strong>de</strong>s e probabilida<strong>de</strong>s das relações<<strong>br</strong> />
intrapessoais e interpessoais associamo-nos neste trabalho com vistas a um projeto<<strong>br</strong> />
maior: o do grupo social ao qual o indivíduo pertence. Neste sentido recomendamos a<<strong>br</strong> />
leitura do livro Pedagogia do Oprimido 2 , do saudoso Paulo Freire.<<strong>br</strong> />
Isto possibilitará a formação <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s mais igualitárias, no sentido<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>mocrático, orientadas pela idéia <strong>de</strong> que o bem comum <strong>de</strong>verá prevalecer so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />
apropriações individuais ou minoritárias. Competência, envolvimento, sentimento,<<strong>br</strong> />
compromisso, marcam o itinerário <strong>de</strong>ste profissional que luta por uma <strong>edu</strong>cação melhor e<<strong>br</strong> />
mais igualitária para todos, afirmando-a diariamente.<<strong>br</strong> />
O hábito do estudo sistematizado, o domínio da interpretação através do<<strong>br</strong> />
mundo da leitura que o leve a leitura do mundo, para que viva contextualizado, <strong>de</strong>vendo<<strong>br</strong> />
pautar-se por diretrizes metodológicas que <strong>de</strong>senvolvam a contento, com eficiência e<<strong>br</strong> />
competência, a arte do pensar inteligente, da investigação, da criativida<strong>de</strong>, do imaginar,<<strong>br</strong> />
do relacionar, para sentir-se concretamente integrado àquele projeto maior: o projeto do<<strong>br</strong> />
grupo social.<<strong>br</strong> />
Ao nos propormos construir uma apostila dispensando atenção aos<<strong>br</strong> />
TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E NA ESCRITA, estudando<<strong>br</strong> />
algumas contribuições teóricas da psicologia, da antropologia, da filosofia, da sociologia, a<<strong>br</strong> />
compreensão da gênese e da evolução da inteligência humana, analisando fatores que<<strong>br</strong> />
interferem na construção do conhecimento e as possibilida<strong>de</strong>s da ação docente no<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>senvolvimento cognitivo, emocional e volitivo, julgamos que seria <strong>de</strong> maior utilida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
evi<strong>de</strong>nciar não somente as atitu<strong>de</strong>s sociais não apenas como “fases evolutivas”, mas<<strong>br</strong> />
também como dimensões que po<strong>de</strong>m ocorrer, concomitantemente em um mesmo<<strong>br</strong> />
momento, em uma mesma socieda<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Refletindo um posicionamento baseado no potencial <strong>de</strong> realização do ser<<strong>br</strong> />
humano, as atitu<strong>de</strong>s sociais <strong>de</strong>vem se concretizar em ações voltadas para a organização<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> serviços e recursos <strong>edu</strong>cacionais, médicos, psicológicos, <strong>de</strong> lazer, etc., integrativos,<<strong>br</strong> />
para que todos possamos, juntos, fluir uma vida social digna, saudável, honesta, criativa,<<strong>br</strong> />
feliz, portanto, cidadã.<<strong>br</strong> />
E no tocante a <strong>aprendizagem</strong>, verifica-se que sempre existem alunos que não<<strong>br</strong> />
acompanham o ritmo acadêmico <strong>de</strong> seus colegas em sala <strong>de</strong> aula. Os motivos são<<strong>br</strong> />
diversos, e vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> problemas mais sérios <strong>de</strong> incapacida<strong>de</strong> intelectual, até pequenas<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sadaptações que, quando não cuidadas, se transformam em verda<strong>de</strong>iros obstáculos<<strong>br</strong> />
para uma <strong>aprendizagem</strong> significativa.<<strong>br</strong> />
Muitos professores, preocupados com o ensino das primeiras letras, e não<<strong>br</strong> />
sabendo como resolver as dificulda<strong>de</strong>s apresentadas por seus alunos, várias vezes os<<strong>br</strong> />
encaminham para as diversas clínicas especializadas que os rotulam como "doentes",<<strong>br</strong> />
incapazes ou preguiçosos. Na realida<strong>de</strong>, muitas <strong>de</strong>ssas dificulda<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>riam ser<<strong>br</strong> />
resolvidas <strong>de</strong>ntro da própria escola, com o auxílio fundamental dos lares.<<strong>br</strong> />
A compreensão so<strong>br</strong>e a construção da cognição e da <strong>aprendizagem</strong> é uma das<<strong>br</strong> />
valiosas opções para auxiliar e capacitar melhor o aluno para a assimilação dos<<strong>br</strong> />
2 FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 27ª ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Paz e Terra, 1970.<<strong>br</strong> />
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conteúdos das aprendizagens, tanto no âmbito da <strong>edu</strong>cação quanto da re<strong>edu</strong>cação.<<strong>br</strong> />
Neste sentido vale <strong>de</strong>stacar:<<strong>br</strong> />
“É importante observar que um dos aspectos mais significativos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
nossa situação atual é a chamada crise <strong>de</strong> significado. As visões da vida e do<<strong>br</strong> />
mundo, freqüentemente <strong>de</strong> natureza científica, proliferam a tal ponto que nos<<strong>br</strong> />
vemos diante <strong>de</strong> uma crescente fragmentação do conhecimento. Isso torna a<<strong>br</strong> />
busca <strong>de</strong> significado difícil e, freqüentemente, infrutífera.”<<strong>br</strong> />
- PAPA JOÃO PAULO II<<strong>br</strong> />
Há uma profunda mudança que está se manifestando em todos os domínios da<<strong>br</strong> />
nossa existência e, <strong>de</strong> certa forma, estamos perguntando qual ou quais as direções <strong>de</strong>sta<<strong>br</strong> />
mudança.<<strong>br</strong> />
Afirmar que estamos numa época <strong>de</strong> crise, já é lugar-comum. Poucos são os<<strong>br</strong> />
cidadãos neste planeta que escapam <strong>de</strong>ssa crise.<<strong>br</strong> />
Em todos os planos, individual, social e ambiental, e em toda as classes<<strong>br</strong> />
sociais, reina um certo mal-estar que po<strong>de</strong> chegar até ao sofrimento físico ou moral.<<strong>br</strong> />
Fome, violência, guerras, estresse para os que trabalham, angustia do<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>semprego, aumento <strong>de</strong>mográfico e consumo <strong>de</strong>senfreado, mudanças climáticas,<<strong>br</strong> />
poluição, ameaça <strong>de</strong> extinção da vida no planeta, são algumas das manifestações mais<<strong>br</strong> />
aparentes <strong>de</strong>ssa crise.<<strong>br</strong> />
A gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se ensinar alguma coisa para alguém é saber se esse<<strong>br</strong> />
alguém quer apren<strong>de</strong>r. Se quiser, tudo se torna mais fácil.<<strong>br</strong> />
As palavras do Papa João Paulo II nos levam a profundas reflexões: “um dos<<strong>br</strong> />
aspectos mais significativos <strong>de</strong> nossa situação atual é a chamada crise <strong>de</strong> significado.”<<strong>br</strong> />
Qual será o significado da Paz para o mundo? Existirá alguma dimensão humana que<<strong>br</strong> />
trabalhe o homem e a mulher para essa Paz que almejamos?<<strong>br</strong> />
Vamos a nossa primeira dinâmica. Tomemos <strong>de</strong> uma bexiga. Vamos inflála<<strong>br</strong> />
e em seguida dar um nó cego. Muito bem! Quem aqui gostaria <strong>de</strong> ganhar R$<<strong>br</strong> />
10,00?<<strong>br</strong> />
Qual será o significado da Paz para o mundo? A resposta é, sem dúvida, a<<strong>br</strong> />
tranqüilida<strong>de</strong> da vida humana, com ausência <strong>de</strong> fome, da violência, <strong>de</strong> guerras, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
angustias, sem poluição, sem ameaça <strong>de</strong> extinção da vida no planeta. Existirá alguma<<strong>br</strong> />
dimensão humana que trabalhe o homem e a mulher para essa Paz que almejamos? A<<strong>br</strong> />
resposta é SIM! A EDUCAÇÃO. Uma <strong>edu</strong>cação que construa autonomia, pensamentos<<strong>br</strong> />
inteligentes, criticida<strong>de</strong>, cidadania. Uma <strong>edu</strong>cação da pessoa que vitalize continuamente o<<strong>br</strong> />
processo <strong>de</strong> harmonização e <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da sensação, do sentimento, da razão e<<strong>br</strong> />
da intuição. Com o aluno sendo consi<strong>de</strong>rado como sujeito, participante ativo do processo<<strong>br</strong> />
<strong>edu</strong>cativo, on<strong>de</strong> sua família, a escola, a igreja e o seu grupo social se integrem num<<strong>br</strong> />
esforço concentrado para consecução da formação que se <strong>de</strong>seja: plena, integrativa,<<strong>br</strong> />
autônoma, cidadã, repetimos! On<strong>de</strong> os métodos <strong>de</strong> <strong>edu</strong>cação propugnem pelo pesquisa e<<strong>br</strong> />
trabalho individual e grupal, com exposições verbais e orais para os estudantes e<<strong>br</strong> />
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professores. On<strong>de</strong> haja uma integração, uma interação, com exposições, visitas,<<strong>br</strong> />
excursões, on<strong>de</strong> o professor será um conselheiro, um orientador, um facilitador no<<strong>br</strong> />
processo ensino-<strong>aprendizagem</strong> dando o exemplo <strong>de</strong> integração <strong>de</strong> princípios e<<strong>br</strong> />
comportamentos que recomenda. Educação que possibilite a formação <strong>de</strong> caracteres<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a criança pequena até o adulto ou que possibilite a mudança <strong>de</strong> comportamento,<<strong>br</strong> />
conforme proposta do jornalista Jankel Lebesch Fuks, quando escreveu o seguinte:<<strong>br</strong> />
“Recentemente conversei com um empresário dono <strong>de</strong> restaurante. O tema<<strong>br</strong> />
era a r<strong>edu</strong>ção <strong>de</strong> custos que estava efetuando em seu estabelecimento, motivado pela<<strong>br</strong> />
alta concorrência que vinha sofrendo”.<<strong>br</strong> />
Dentro da sua metodologia <strong>de</strong> trabalho, havia diagnosticado que o seu<<strong>br</strong> />
estabelecimento estava jogando no lixo uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimentos<<strong>br</strong> />
consi<strong>de</strong>rados próprios para consumo. O próximo passo foi <strong>de</strong> re<strong>de</strong>senhar o processo<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> trabalho que existia. Criou dois novos conceitos, que foram o “alimento so<strong>br</strong>a” e o<<strong>br</strong> />
“alimento resto”.<<strong>br</strong> />
“Alimento so<strong>br</strong>a” significava o alimento que fora para a mesa do cliente e que<<strong>br</strong> />
não havia sido tocado, po<strong>de</strong>ndo, portanto, ser reaproveitado sem comprometer a<<strong>br</strong> />
qualida<strong>de</strong> e a segurança do cliente.<<strong>br</strong> />
“Alimento resto” significava que a comida não tinha mais condições <strong>de</strong> uso e<<strong>br</strong> />
que <strong>de</strong>veria ir para o lixo, pois foi tocada pelo cliente ou por algum processo no servir. Ele<<strong>br</strong> />
argumentava que, em sua casa, quando so<strong>br</strong>ava comida do almoço, ela era servida no<<strong>br</strong> />
jantar tranqüilamente, pois não tinha sido tocada. O que ele fez foi introduzir este conceito<<strong>br</strong> />
no restaurante.<<strong>br</strong> />
Conta este empresário que, por ocasião <strong>de</strong> um almoço, so<strong>br</strong>ou uma travessa<<strong>br</strong> />
gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> arroz, que nem havia sido tocada. Voltou para a cozinha da mesma forma que<<strong>br</strong> />
havia saído. Dentro da conceituação que foi <strong>de</strong>finida para o re<strong>de</strong>senho do processo, esse<<strong>br</strong> />
arroz seria classificado como “alimento so<strong>br</strong>a” e, portanto, po<strong>de</strong>ria ser reaproveitado<<strong>br</strong> />
novamente sem prejudicar a segurança do cliente.<<strong>br</strong> />
No entanto, ao entrar na cozinha ele viu toda aquela ban<strong>de</strong>ja, que era gran<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
por sinal, no lixo. Perguntou para a cozinheira: “Por que você jogou este arroz no lixo se<<strong>br</strong> />
você sabia que era so<strong>br</strong>a?”. Ela respon<strong>de</strong>u que para ele tudo que voltava das mesas era<<strong>br</strong> />
resto.<<strong>br</strong> />
O empresário argumentou que havia a classificação dos alimentos e que todos<<strong>br</strong> />
foram avisados so<strong>br</strong>e isso.<<strong>br</strong> />
Conhecedor da situação difícil pela qual a funcionária e a família passavam - o<<strong>br</strong> />
marido <strong>de</strong>la estava <strong>de</strong>sempregado -, o empresário disse-lhe que se ela tivesse pedido<<strong>br</strong> />
este arroz para sua família que estava passando necessida<strong>de</strong>s, ele teria dado <strong>de</strong> bom<<strong>br</strong> />
coração, pois o alimento estava em condições <strong>de</strong> ser consumido e que ele havia entrado<<strong>br</strong> />
na cozinha para pedir que servissem aquele arroz para ele e seus filhos que ali se<<strong>br</strong> />
encontravam. Mas para surpresa <strong>de</strong>le, a resposta que obteve da cozinheira foi que ela<<strong>br</strong> />
jamais daria resto <strong>de</strong> comida para seus filhos.<<strong>br</strong> />
Este exemplo mostra como não po<strong>de</strong>mos apenas mudar os processos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
trabalho, como se fossem a programação <strong>de</strong> uma máquina, e consi<strong>de</strong>rar que tudo vai<<strong>br</strong> />
funcionar perfeitamente bem. As mudanças necessitam que as pessoas mu<strong>de</strong>m também<<strong>br</strong> />
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os seus hábitos e comportamentos, caso contrário os novos processos, por melhores que<<strong>br</strong> />
sejam, não irão aten<strong>de</strong>r os objetivos a que se propõem.<<strong>br</strong> />
Muitos <strong>de</strong> nós quase sempre culpamos o que está ao nosso redor por todos os<<strong>br</strong> />
males e, por outro lado, cultivamos o hábito <strong>de</strong> esperar por soluções milagrosas que<<strong>br</strong> />
resolvam os mesmos males. Talvez, no fundo, ainda temos o hábito <strong>de</strong> acreditar que<<strong>br</strong> />
Papai Noel existe e que vai nos trazer um presentão para resolver todos os nossos<<strong>br</strong> />
problemas. Temos o hábito <strong>de</strong> viver no mundo do “se” e do “quando”: “Se eu ganhar na<<strong>br</strong> />
loto...”, “Se eu passar <strong>de</strong> ano...”, “Se eu ganhar mais...”, “Quando eu me formar...”,<<strong>br</strong> />
“Quando eu conquistar...”, etc.<<strong>br</strong> />
Os comportamentos acabam acompanhando nossos hábitos. Como vivemos<<strong>br</strong> />
com os hábitos <strong>de</strong> esperar algo acontecer, adquirimos os comportamentos típicos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
quem fica esperando.<<strong>br</strong> />
O que acontece com as pessoas que ficam esperando por algo?<<strong>br</strong> />
Têm <strong>de</strong> estruturar o seu tempo para que ele possa passar. E qual a melhor<<strong>br</strong> />
forma <strong>de</strong> esperar algo? Tomando um refrigerante com batatinha frita. Sim, infelizmente, a<<strong>br</strong> />
maioria tem o comportamento <strong>de</strong> ficar apático no mundo. Estruturamos o nosso tempo<<strong>br</strong> />
para que algo <strong>de</strong> importante aconteça em nossas vidas e não adquirimos os<<strong>br</strong> />
comportamentos necessários para fazer as coisas acontecerem.<<strong>br</strong> />
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2. O SURGIMENTO DE UM NOVO PARADIGMA E A EDUCAÇÃO.<<strong>br</strong> />
Vamos realizar uma reflexão?<<strong>br</strong> />
Quantos quadrados você po<strong>de</strong>rá formar com o <strong>de</strong>senho na<<strong>br</strong> />
página seguinte?<<strong>br</strong> />
PARADIGMA – <strong>de</strong> acordo com Thomas S. Kuhn, filósofo e<<strong>br</strong> />
historiador da ciência, paradigma significa “a constelação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
crenças, valores e técnicas partilhadas pelos mem<strong>br</strong>os <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />
comunida<strong>de</strong> científica.” É o mo<strong>de</strong>lo, a maneira, a forma que<<strong>br</strong> />
permite a explicação <strong>de</strong> certos aspectos da realida<strong>de</strong>. É um conjunto <strong>de</strong> regras e padrões<<strong>br</strong> />
que nos mostra como resolver problemas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> certos limites. É, <strong>de</strong> forma simplista,<<strong>br</strong> />
como percebemos o mundo.<<strong>br</strong> />
PARADIGMA MATERIALISTA - percebe a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma forma material, mecânica.<<strong>br</strong> />
Interpreta a “realida<strong>de</strong>” <strong>de</strong> uma forma newtoniana/cartesiana, isto é, <strong>de</strong> modo<<strong>br</strong> />
r<strong>edu</strong>cionista. Este paradigma r<strong>edu</strong>z e limita o ser humano a um conjunto atômico que,<<strong>br</strong> />
através <strong>de</strong> um epifenômeno, produz inteligência. Tem o foco nas partes do conjunto e,<<strong>br</strong> />
mesmo quando enxerga o todo não o relaciona com as partes.<<strong>br</strong> />
PARADIGMA HOLÍSTICO – percebe a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma maneira mais ampla, mais total.<<strong>br</strong> />
Tem o foco no todo relacionando com as partes, sabendo que o todo é maior que a soma<<strong>br</strong> />
das partes. Nesta dimensão o ser humano é analisado com todas as suas<<strong>br</strong> />
potencialida<strong>de</strong>s: biológicas, psicológicas, sociais e espirituais (não necessariamente um<<strong>br</strong> />
termo religioso).<<strong>br</strong> />
ANAXÁGORAS, século VI a.C., asseverou:<<strong>br</strong> />
“Tudo aquilo que vejo não é; tudo aquilo que não vejo é.”<<strong>br</strong> />
Vamos a nossa segunda dinâmica. Todos fiquem <strong>de</strong> pé.<<strong>br</strong> />
Vamos usar o espelho?<<strong>br</strong> />
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COMO NASCE UM PARADIGMA?<<strong>br</strong> />
O CASO DOS MACACOS QUE NUNCA QUESTIONAVAM<<strong>br</strong> />
Damásio <strong>de</strong> Jesus (com adaptações)<<strong>br</strong> />
Contam que um grupo <strong>de</strong> cientistas colocou cinco macacos numa jaula. No meio,<<strong>br</strong> />
uma escada e so<strong>br</strong>e ela um cacho <strong>de</strong> bananas. Quando um macaco subia na escada<<strong>br</strong> />
para pegar as bananas, os cientistas jogavam um jato <strong>de</strong> água fria nos que estavam no<<strong>br</strong> />
chão. Depois <strong>de</strong> certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros o pegavam<<strong>br</strong> />
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e o enchiam <strong>de</strong> pancadas. Com mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a<<strong>br</strong> />
escada, apesar da tentação das bananas.<<strong>br</strong> />
Então, os cientistas substituíram um dos macacos por um novo. A primeira<<strong>br</strong> />
coisa que ele fez foi subir a escada, sendo retirado pelos outros, que o surraram. Depois<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> algumas surras, o novo integrante do grupo não subia mais a escada.<<strong>br</strong> />
Um segundo macaco foi substituído e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro<<strong>br</strong> />
substituto participado com entusiasmo da surra do novato.<<strong>br</strong> />
Um terceiro foi trocado, um quarto, até que o último dos veteranos foi<<strong>br</strong> />
substituído. Os cientistas então ficaram com um grupo <strong>de</strong> cinco macacos que, mesmo<<strong>br</strong> />
nunca tendo tomado o jato d’água, continuavam batendo naquele que tentasse pegar as<<strong>br</strong> />
bananas. Se fosse possível perguntar a algum <strong>de</strong>les por que eles batiam em quem<<strong>br</strong> />
tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: “Não sei, mas as coisas sempre<<strong>br</strong> />
foram assim por aqui”. Passou a ser lei entre eles a proibição <strong>de</strong> subir a escada para<<strong>br</strong> />
apanhar as bananas, e a pena era severa. Mas nenhum <strong>de</strong>les conhecia e nem<<strong>br</strong> />
questionava a razão da proibição.<<strong>br</strong> />
– Aprendi muitos princípios na faculda<strong>de</strong> e nos livros e nunca os questionei.<<strong>br</strong> />
Escrevi livros so<strong>br</strong>e eles, aceitando passivamente a proibição ou permissão sem indagar<<strong>br</strong> />
o fundamento, ou, conhecendo-o, sem procurar saber se estava certo ou errado.<<strong>br</strong> />
Durante muito tempo, como na experiência dos símios, fui um “macaco novo”,<<strong>br</strong> />
levando surras sem saber a razão e contrariando a natureza das coisas pela comodida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> não controverter. Mas comecei a questionar. Daí por que passei a adotar a<<strong>br</strong> />
subjetivida<strong>de</strong> como integrando o conhecimento científico, os sentimentos superiores,<<strong>br</strong> />
como o amor, a compaixão, a humilda<strong>de</strong>, a paciência, como fatores imprescindíveis na<<strong>br</strong> />
teoria/prática pedagógica no contexto <strong>edu</strong>cacional, a escola como sendo o melhor lugar<<strong>br</strong> />
para ensinar a apren<strong>de</strong>r...<<strong>br</strong> />
Hoje, posso apanhar, mas quero saber porque estou apanhando.<<strong>br</strong> />
"É MAIS FÁCIL DESINTEGRAR UM ÁTOMO DO QUE UM PRECONCEITO".<<strong>br</strong> />
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ALBERT EINSTEIN.<<strong>br</strong> />
Esta apostila propõe reflexões e vivências so<strong>br</strong>e as dificulda<strong>de</strong>s e qualida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />
nas relações interpessoais visando o crescimento e o <strong>de</strong>senvolvimento pleno do <strong>edu</strong>cador<<strong>br</strong> />
e <strong>edu</strong>cando sob a luz da relação e <strong>edu</strong>cação cuidadosa, empática, afetiva, <strong>de</strong>ntro e fora<<strong>br</strong> />
da sala <strong>de</strong> aula. Despertando a responsabilida<strong>de</strong> quanto a permanente auto-<strong>edu</strong>cação,<<strong>br</strong> />
autocuidado e o compromisso evolutivo para consigo mesmo, para com o outro, para com<<strong>br</strong> />
a vida, facilitando a construção do amor (qualida<strong>de</strong>s) como forma <strong>de</strong> superar todo<<strong>br</strong> />
obstáculo criado (dificulda<strong>de</strong>s) nas relações humanas e, especificamente, nas relações<<strong>br</strong> />
pedagógicas. Certo? Muito bem! Po<strong>de</strong>mos, com isso, caminharmos para mais uma<<strong>br</strong> />
reflexão!<<strong>br</strong> />
QUEM É VOCÊ? _________________________________________________________<<strong>br</strong> />
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Depois <strong>de</strong>ssas reflexões, penso que temos melhores possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
realizarmos uma apreensão mais profunda dos fatos e problemas que envolvem a<<strong>br</strong> />
realida<strong>de</strong> <strong>edu</strong>cacional vivida por professores e alunos. Esta é uma disciplina que se<<strong>br</strong> />
integra a outras disciplinas como a Sociologia da Educação, a Filosofia da Educação, etc.,<<strong>br</strong> />
buscando interferir racionalmente nos processos <strong>edu</strong>cacionais.<<strong>br</strong> />
A escola está inserida no contexto da socieda<strong>de</strong> <strong>br</strong>asileira, marcada pelas<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s do sistema capitalista. Compreen<strong>de</strong>r as relações entre esta escola e o<<strong>br</strong> />
contexto político, econômico e social é <strong>de</strong> fundamental importância. O que se quer é<<strong>br</strong> />
buscar subsídios teóricos e instrumentos <strong>de</strong> reflexão que contribuam para colocar os<<strong>br</strong> />
alunos <strong>de</strong> frente para a escola e para a socieda<strong>de</strong> no sentido <strong>de</strong> (re)conhecê-la em seus<<strong>br</strong> />
múltiplos aspectos. Nesta proposta, está em jogo a compreensão das razões que, até<<strong>br</strong> />
hoje, impossibilitaram superar ou amenizar o problema <strong>edu</strong>cacional, procurando formas<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> contribuir para essa superação.<<strong>br</strong> />
Acreditamos que po<strong>de</strong>remos, a partir <strong>de</strong> do <strong>de</strong>senvolvimento intelectual e<<strong>br</strong> />
afetivo, auxiliar na compreensão <strong>de</strong>ssa escola, participando da construção <strong>de</strong> novas<<strong>br</strong> />
práticas escolares, alternativas às vigentes.<<strong>br</strong> />
A escola <strong>br</strong>asileira está inserida no sistema social mais amplo do país,<<strong>br</strong> />
marcado pelo sistema capitalista. Embora com características comuns, o capitalismo não<<strong>br</strong> />
se realiza da mesma maneira em todos os lugares. É preciso i<strong>de</strong>ntificar suas diferentes<<strong>br</strong> />
formas <strong>de</strong> realização: na coleta <strong>de</strong> peixes na Amazônia, na extração <strong>de</strong> minérios do Brasil<<strong>br</strong> />
Central ou, ainda, nas relações que se <strong>de</strong>senvolvem no campo ou na cida<strong>de</strong>. É preciso<<strong>br</strong> />
não só <strong>de</strong>svendá-lo, mas também buscar na realida<strong>de</strong> escolar, no funcionamento das<<strong>br</strong> />
escolas e das práticas docentes, mecanismos que revelem traços ou necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssa<<strong>br</strong> />
escola, situada nessa realida<strong>de</strong> específica.<<strong>br</strong> />
Os estudos que têm sido realizados so<strong>br</strong>e a escola, a partir <strong>de</strong> vários enfoques<<strong>br</strong> />
– sociológicos, políticos, i<strong>de</strong>ológicos – têm mostrado que um dos pontos críticos <strong>de</strong>ssa<<strong>br</strong> />
escola são os mecanismos <strong>de</strong> seletivida<strong>de</strong> nela presentes, responsáveis pela repetência<<strong>br</strong> />
e expulsão <strong>de</strong> parcelas significativas <strong>de</strong> alunos, em geral originários das populações mais<<strong>br</strong> />
po<strong>br</strong>es.<<strong>br</strong> />
Temos claro que a solução <strong>de</strong>sse problema não é meramente técnica, é<<strong>br</strong> />
política, e passa pela capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organização e <strong>de</strong> pressão da população, o que inclui<<strong>br</strong> />
pais, alunos, professores, funcionários, autorida<strong>de</strong>s e trabalhadores <strong>de</strong> modo geral.<<strong>br</strong> />
De família reconhecidamente bem-<strong>edu</strong>cada po<strong>de</strong> resultar filho mal-<strong>edu</strong>cado,<<strong>br</strong> />
assim como mãe pedagoga não implica capacida<strong>de</strong> aprimorada <strong>de</strong> <strong>edu</strong>car. Talvez até se<<strong>br</strong> />
pu<strong>de</strong>sse insinuar – na fofoca das comadres – que geralmente filho <strong>de</strong> pedagogo é mais<<strong>br</strong> />
mal-<strong>edu</strong>cado, assim como filho <strong>de</strong> psicólogo po<strong>de</strong> ser ainda mais maluco. Mesmo assim,<<strong>br</strong> />
costumamos acreditar em “berço”, insinuando aí que o contexto familiar positivo tem<<strong>br</strong> />
influência profunda na vida dos filhos.<<strong>br</strong> />
Apesar <strong>de</strong> todas as mudanças profundas pelas quais passa a família, talvez<<strong>br</strong> />
ainda estivéssemos inclinados a aceitar que o melhor lugar para <strong>edu</strong>car um filho é numa<<strong>br</strong> />
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família estável, ten<strong>de</strong>ncialmente tradicional. Socieda<strong>de</strong>s dotadas <strong>de</strong> altos índices <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>edu</strong>cação po<strong>de</strong>m ser muito agressivas, beligerantes, como as eurocêntricas 3 .<<strong>br</strong> />
Por baixo da afabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> muitas culturas, po<strong>de</strong> se escon<strong>de</strong>r <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
acerba, como é o caso da socieda<strong>de</strong> <strong>br</strong>asileira, aparentemente divertida, alegre, mas uma<<strong>br</strong> />
das mais <strong>de</strong>siguais do planeta. Por isso mesmo, as avaliações quantitativas da <strong>edu</strong>cação<<strong>br</strong> />
são muito frágeis, quando contamos os anos <strong>de</strong> estudos e os tomamos como indicadores<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> <strong>edu</strong>cação: po<strong>de</strong> haver pessoas analfabetas mais “finas” que outras com curso<<strong>br</strong> />
superior, se nossa intenção é avaliar a no<strong>br</strong>eza humana, não a ascendência intelectual.<<strong>br</strong> />
A relação com o mercado também é complicada, a começar pela constatação<<strong>br</strong> />
simples <strong>de</strong> que <strong>edu</strong>cação, como regra, não produz emprego, tendo que se encaixar na<<strong>br</strong> />
estrutura vigente da <strong>de</strong>manda. O estreitamento do mercado, no entanto, em vez <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>svalorizar, aguça ainda mais a busca por <strong>edu</strong>cação, porque dificilmente haveria outro<<strong>br</strong> />
meio mais eficaz <strong>de</strong> concorrência, o que aproxima <strong>edu</strong>cação <strong>de</strong> um dos efeitos mais<<strong>br</strong> />
dúbios da globalização - a competitivida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Enquanto as melhores teorias e práticas <strong>edu</strong>cacionais visualizam a importância<<strong>br</strong> />
da <strong>edu</strong>cação, como plataforma para a vida em termos <strong>de</strong> formação e ética, o mercado,<<strong>br</strong> />
cada vez mais absurdamente competitivo, busca submetê-la às suas expectativas,<<strong>br</strong> />
invertendo a boa lógica das coisas: <strong>edu</strong>cação é fim, mercado é meio.<<strong>br</strong> />
Olhando a nossa volta, não será difícil observar que pessoas bem estudadas,<<strong>br</strong> />
que tiveram oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> freqüentar escolas e universida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ponta, ten<strong>de</strong>m a<<strong>br</strong> />
apresentar nível <strong>de</strong> vida e bem-estar mais elevado, ainda que seja fátuo <strong>de</strong>duzir que a<<strong>br</strong> />
<strong>edu</strong>cação sozinha tenha esse po<strong>de</strong>r. Como regra, ocorre o inverso: pessoas com<<strong>br</strong> />
condição socioeconômica elevada mais facilmente têm acesso privilegiado à <strong>edu</strong>cação,<<strong>br</strong> />
funcionando esta muito mais como expediente <strong>de</strong> confirmação/exacerbação dos<<strong>br</strong> />
privilégios, do que <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> social ascen<strong>de</strong>nte.<<strong>br</strong> />
Quem não nasce rico, tem que estudar. Uma boa escola po<strong>de</strong>ria ser sua<<strong>br</strong> />
gran<strong>de</strong> chance. Essa idéia está na base da “escola o<strong>br</strong>igatória” (ensino fundamental <strong>de</strong> 7<<strong>br</strong> />
a 14 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>), fenômeno hoje universal – todos os países reconhecem esse direito,<<strong>br</strong> />
embora possam variar os anos o<strong>br</strong>igatórios e sua duração, sem falar na tendência <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
incluir na escola o<strong>br</strong>igatória também o ensino médio e, aos poucos, a <strong>edu</strong>cação infantil,<<strong>br</strong> />
chamando-se esse processo longo, que iria do nascimento até por volta dos 18 anos, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>edu</strong>cação básica.<<strong>br</strong> />
Enquanto o po<strong>br</strong>e vê na <strong>edu</strong>cação a oportunida<strong>de</strong>, por vezes extremamente<<strong>br</strong> />
longínqua, <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfrutar, um dia, relativo bem-estar, o rico vê nela a tática <strong>de</strong> permanência<<strong>br</strong> />
e possível ampliação do seu bem-estar. Entretanto, a tendência, em particular no<<strong>br</strong> />
capitalismo e ainda mais no capitalismo periférico, é <strong>de</strong> reservar para o po<strong>br</strong>e escola<<strong>br</strong> />
po<strong>br</strong>e, tão precária que só ele a freqüenta. Havendo escola pública e gratuita <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
qualida<strong>de</strong> reconhecida, será ocupada pelo rico, como é o caso, entre nós, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
universida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> alto nível ou <strong>de</strong> escolas básicas <strong>de</strong> renome (Colégio Pedro II no Rio <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Janeiro e Colégios Militares).<<strong>br</strong> />
3 Por eurocentrismo entenda-se o conjunto das socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> formato europeu <strong>de</strong>senvolvido,<<strong>br</strong> />
consi<strong>de</strong>rando-se, também, países <strong>de</strong> culturas próximas como Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão.<<strong>br</strong> />
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A esperança do po<strong>br</strong>e <strong>de</strong> que <strong>edu</strong>cação pública e gratuita <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
pu<strong>de</strong>sse ser sua gran<strong>de</strong> sorte vira pelo avesso – será excluído <strong>de</strong>la, não só por falta <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
condições socioeconômicas <strong>de</strong> concorrência (não consegue passar nas provas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
seleção), mas igualmente por armadilhas legais, sendo a principal a noção perversa <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
acesso igual.<<strong>br</strong> />
Escon<strong>de</strong>-se que pessoas tão <strong>de</strong>siguais não po<strong>de</strong>m ter acesso igual, o que indica<<strong>br</strong> />
claramente que uma lei feita pelo ladrão só po<strong>de</strong> favorecer o ladrão. Se todos<<strong>br</strong> />
dispusessem das mesmas armas, po<strong>de</strong>ríamos falar <strong>de</strong> acesso igual. Como isso é<<strong>br</strong> />
exatamente o gran<strong>de</strong> problema, é ironia supor igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso, resultando que<<strong>br</strong> />
somente os ricos o têm. Ainda assim, essa perversida<strong>de</strong> não <strong>de</strong>sfaz o argumento – se o<<strong>br</strong> />
po<strong>br</strong>e pu<strong>de</strong>sse aproveitar escola pública e gratuita <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, teria melhores<<strong>br</strong> />
oportunida<strong>de</strong>s, não só frente ao mercado, mas, acima <strong>de</strong> tudo, perante a vida.<<strong>br</strong> />
Apesar da virulência do neoliberalismo, há países europeus que mantêm um<<strong>br</strong> />
sistema <strong>de</strong> <strong>edu</strong>cação público e gratuito por inteiro, há mais <strong>de</strong> 200 anos, indicando que,<<strong>br</strong> />
mesmo no capitalismo, é possível implantar a idéia <strong>de</strong> que <strong>edu</strong>cação não se compra, não<<strong>br</strong> />
se ven<strong>de</strong>, porque é direito humano fundamental.<<strong>br</strong> />
Diante <strong>de</strong> tudo isto, como será que nos comportamos?<<strong>br</strong> />
O PROFESSOR VOLTADO PARA O MÉTODO:<<strong>br</strong> />
SEGURANÇA E APOIO NAS TEORIAS E TÉCNICAS.<<strong>br</strong> />
TECNOLOGIA =TECHNOLOGOS<<strong>br</strong> />
A ARTE DIRIGIDA POR LOGOS,<<strong>br</strong> />
PELA SABEDORIA, PELO SENTIDO<<strong>br</strong> />
A “DECLARAÇÃO DE VANCOUVER para a so<strong>br</strong>evivência do século xxi” é um<<strong>br</strong> />
contun<strong>de</strong>nte documento assinado por várias autorida<strong>de</strong>s, sob a égi<strong>de</strong> da unesco (1989),<<strong>br</strong> />
conclamando para a urgente tarefa <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r inteligentemente à ameaça <strong>de</strong> colapso<<strong>br</strong> />
do equilí<strong>br</strong>io entre a humanida<strong>de</strong> e a vida planetária.<<strong>br</strong> />
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A ênfase excessiva nos procedimentos metodológicos po<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar um<<strong>br</strong> />
obstáculo ao êxito, quando se trata da arte <strong>de</strong> facilitar o <strong>de</strong>senvolvimento pessoal.<<strong>br</strong> />
Quando <strong>de</strong>svinculado do amor, o saber técnico perverte-se em manipulação e<<strong>br</strong> />
uso personalístico do po<strong>de</strong>r.<<strong>br</strong> />
O PROFESSOR VOLTADO PARA O ALUNO:<<strong>br</strong> />
ABRINDO CAMINHO PARA O ENCONTRO<<strong>br</strong> />
ORDENANDO OS PROCESSOS: DO INDIVIDUAL PARA O UNIVERSAL<<strong>br</strong> />
O que torna alguém um professor voltado para o aluno não é meramente um<<strong>br</strong> />
diploma ou currículo sofisticado. são algumas características básicas da personalida<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>stacando-se a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aceitação, a empatia ou habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sentir-se como se<<strong>br</strong> />
fora momentaneamente o outro e a congruência ou qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser verda<strong>de</strong>iro,<<strong>br</strong> />
expressando concordância entre o que se diz e o que se faz.<<strong>br</strong> />
A compreensão e percepção aberta produzem novas teorias e técnicas, cada<<strong>br</strong> />
encontro gerando seu caminho singular. logo, é necessário silêncio interior. para ouvir o<<strong>br</strong> />
outro com clareza temos que silenciar nossos diálogos internos. o pensamento, neste<<strong>br</strong> />
momento, é um ruído interior que interfere no encontro. é a voz do passado e da memória<<strong>br</strong> />
contaminando o presente vivo, pois o real é sempre <strong>de</strong>sconhecido e dinâmico.<<strong>br</strong> />
O PROFESSOR VOLTADO PARA O TODO:<<strong>br</strong> />
A MISSÃO, A EXCELÊNCIA A MAESTRIA.<<strong>br</strong> />
A MAIÊUTICA SOCRÁTICA<<strong>br</strong> />
PENSAMENTO-SENTIMENTO<<strong>br</strong> />
SENSAÇÃO-INTUIÇÃO<<strong>br</strong> />
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INCLUSIVIDADE<<strong>br</strong> />
INOCÊNCIA<<strong>br</strong> />
ESPAÇO INTERIOR SILÊNCIO INTERIOR<<strong>br</strong> />
ABERTURA<<strong>br</strong> />
FLEXIBILIDADE<<strong>br</strong> />
MOVIMENTO<<strong>br</strong> />
PLENA ATENÇÃO<<strong>br</strong> />
HUMOR<<strong>br</strong> />
VOCAÇÃO<<strong>br</strong> />
INTUIÇÃO<<strong>br</strong> />
PACIÊNCIA<<strong>br</strong> />
HUMILDADE<<strong>br</strong> />
TER AS MÃOS VAZIAS<<strong>br</strong> />
VER A PARTE NO TODO E O TODO NA PARTE<<strong>br</strong> />
Vamos a mais uma reflexão.<<strong>br</strong> />
Conta-se que uma mãe queria que seu filho parasse <strong>de</strong> comer doces. Como<<strong>br</strong> />
não conseguia convencê-lo, pensou em levá-lo para conversar com Gandhi, na esperança<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> que este o convencesse. Lá chegando, ela explicou a Gandhi o problema e este, por<<strong>br</strong> />
sua vez, pediu para que retornasse <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma semana.<<strong>br</strong> />
Decorrida a semana, voltaram mãe e filho para falar com Gandhi. Lá chegando,<<strong>br</strong> />
foram recebidos pelo mesmo, que olhou para os olhos do menino e disse:<<strong>br</strong> />
- Pare <strong>de</strong> comer doce.<<strong>br</strong> />
A mãe ficou indignada:<<strong>br</strong> />
- O quê!! Uma semana para só dizer isso?<<strong>br</strong> />
No que Gandhi respon<strong>de</strong>u:<<strong>br</strong> />
- É que há uma semana atrás eu comia doce...<<strong>br</strong> />
E aqui fica o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio para que possamos mudar o nosso<<strong>br</strong> />
comportamento e entrarmos no mundo globalizado com sucesso: cada um <strong>de</strong> nós <strong>de</strong>ve<<strong>br</strong> />
iniciar o processo <strong>de</strong> mudanças <strong>de</strong> hábitos e comportamentos e servir <strong>de</strong> exemplo para o<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>mais. Não espere que o outro mu<strong>de</strong>. Mu<strong>de</strong> você!<<strong>br</strong> />
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Assim iniciaremos uma conquista para realizarmos futuramente a Paz. Assim<<strong>br</strong> />
faremos a caminhada para um mundo uno, pois ele é uno, como afirma Mikhail<<strong>br</strong> />
Sergeevich Gorbachev em seu extraordinário livro PERESTROIKA 4 .<<strong>br</strong> />
Lem<strong>br</strong>ando das palavras <strong>de</strong> Manacorda mais estamos convictos <strong>de</strong> que nossa<<strong>br</strong> />
ação, nossa intervenção ajudará a PAZ MUNDIAL:<<strong>br</strong> />
“Toda atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> respeito à espontaneida<strong>de</strong>, em sua aparência <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
respeito pela natureza da criança é, em realida<strong>de</strong>, renúncia a <strong>edu</strong>car, a formar<<strong>br</strong> />
o homem segundo um plano humano.”<<strong>br</strong> />
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(MANACORDA, 1977)<<strong>br</strong> />
Buscamos <strong>de</strong>senvolver uma <strong>edu</strong>cação para a cidadania que possibilite a<<strong>br</strong> />
reflexão dos alunos so<strong>br</strong>e os problemas sociais. Isto, por si só, justifica um trabalho<<strong>br</strong> />
voltado para a busca da paz.<<strong>br</strong> />
Nesse caminho, necessário se faz também a a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> novas políticas<<strong>br</strong> />
<strong>edu</strong>cacionais que enfoquem mais amplamente os temas transversais voltados,<<strong>br</strong> />
didaticamente, para este trabalho.<<strong>br</strong> />
A escola é um lugar <strong>de</strong> transformações que se manifestam através <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
pequenas atitu<strong>de</strong>s, envolvendo as questões <strong>de</strong> valores que possibilitam o<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>senvolvimento das capacida<strong>de</strong>s necessárias a participação social efetiva.<<strong>br</strong> />
Alcançar esta participação efetiva <strong>de</strong> forma tranqüila, individual e<<strong>br</strong> />
coletivamente, em nossas salas <strong>de</strong> aula, faz-se urgente diante dos últimos<<strong>br</strong> />
acontecimentos no cenário internacional, pois estes acontecimentos trouxeram agitações<<strong>br</strong> />
e muitas perguntas por parte da maioria dos alunos, <strong>de</strong> professores, <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadoras.<<strong>br</strong> />
Perguntas so<strong>br</strong>e a continuida<strong>de</strong> da vida na Terra, so<strong>br</strong>e a violência, so<strong>br</strong>e a guerra, e,<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>etudo, so<strong>br</strong>e o que fazer para acabar com toda essa situação.<<strong>br</strong> />
Consi<strong>de</strong>ramos como <strong>de</strong> excelente alvitre o que se encontra instituído nos<<strong>br</strong> />
Parâmetros Curriculares Nacionais em todo seu bojo, principalmente quanto ao início da<<strong>br</strong> />
construção da “Escola e a Constituição da Cidadania”, visando neste iniciar, <strong>de</strong> forma<<strong>br</strong> />
coletiva e permanente, levar para os alunos a uma visão crítica da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
iniciarmos reformas atitudinais, comportamentais, procedimentais, para alcançarmos<<strong>br</strong> />
futuramente uma vida em socieda<strong>de</strong> mais harmonizada, menos competitiva e mais<<strong>br</strong> />
cooperativa, <strong>de</strong> forma a apren<strong>de</strong>r e ensinar, construir e interagir, nesse contexto <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
ressignificação da relação ensino-<strong>aprendizagem</strong> como um dos pilares principais para a<<strong>br</strong> />
integração da socieda<strong>de</strong>, dando o “primeiro” passo em nossas salas <strong>de</strong> aula, na relação<<strong>br</strong> />
professor-aluno-aluno.<<strong>br</strong> />
O <strong>de</strong>senvolvimento das capacida<strong>de</strong>s para o início <strong>de</strong> uma participação social<<strong>br</strong> />
efetiva, configura o exercício da cidadania, dando valor ao agir <strong>de</strong>mocrático, on<strong>de</strong> a<<strong>br</strong> />
convivência <strong>de</strong> forma pacífica permite a união <strong>de</strong> forças sociais em torno <strong>de</strong> objetivos<<strong>br</strong> />
comuns dos grupos sociais que constituem uma <strong>de</strong>terminada socieda<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Os temas transversais trazem conteúdos que, <strong>de</strong> acordo com a proposta <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
transversalida<strong>de</strong>, fazem parte do ensino das áreas. Dessa forma, a contribuição que<<strong>br</strong> />
4 GORBACHEV, Mikhail Sergeevich. PERESTROIKA. 23ª ed. Best Seller. São Paulo, 1988.<<strong>br</strong> />
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trazem para o investimento <strong>edu</strong>cativo na dimensão da paz é muito importante, por<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>monstrar a necessida<strong>de</strong> do trabalho conjunto, do trabalho humano comum em busca,<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>etudo, da so<strong>br</strong>evivência, do <strong>de</strong>senvolvimento social.<<strong>br</strong> />
No dia-a-dia escolar é importante investir nos temas transversais, <strong>de</strong>spertando,<<strong>br</strong> />
nos alunos, o sentimento humano <strong>de</strong> convivência em socieda<strong>de</strong> para vivermos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>mocraticamente, respeitando os diferentes grupos e culturas que constituem a<<strong>br</strong> />
socieda<strong>de</strong>, bem como o meio-ambiente: patrimônio básico para a vida humana.<<strong>br</strong> />
O <strong>de</strong>spertar <strong>de</strong>sses valores e do conhecimento levam os alunos a iniciarem<<strong>br</strong> />
uma prática escolar e, consequentemente, social, saudável, pois a escola está inserida na<<strong>br</strong> />
socieda<strong>de</strong>, verificando-se <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seus muros, diferentes etnias, diferente modos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
pensar, <strong>de</strong> sentir, <strong>de</strong> ver o mundo, na convivência entre alunos, professores,<<strong>br</strong> />
coor<strong>de</strong>nadores, funcionários, diretores. Convivência que po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ser harmoniosa,<<strong>br</strong> />
equili<strong>br</strong>ada, saudável.<<strong>br</strong> />
A concretização futura <strong>de</strong>sse processo passa pela compreensão <strong>de</strong> que as<<strong>br</strong> />
práticas pedagógicas são sociais e políticas e <strong>de</strong> que não se trata <strong>de</strong> <strong>edu</strong>car para a<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>mocracia – para o futuro. Na ação mesma da <strong>edu</strong>cação, <strong>edu</strong>cadores e <strong>edu</strong>candos<<strong>br</strong> />
estabelecem uma <strong>de</strong>terminada relação com o trabalho que fazem (ensina e apren<strong>de</strong>r) e a<<strong>br</strong> />
natureza <strong>de</strong>ssa relação po<strong>de</strong> conter (em maior ou menor medida) os princípios<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>mocráticos.<<strong>br</strong> />
A relação <strong>edu</strong>cativa no <strong>de</strong>spertar para a paz se faz so<strong>br</strong>emaneira significativa,<<strong>br</strong> />
estabelecendo uma relação política uma vez que está ínsito no aspecto político, presente<<strong>br</strong> />
no trabalho pedagógico, <strong>de</strong>senvolvido na escola, em sala <strong>de</strong> aula, a intencionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
construção <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado tipo <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>, formada por homens e mulheres livres,<<strong>br</strong> />
autônomos, críticos, ativos, ou <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> moldada por homens e mulheres<<strong>br</strong> />
submisso, passivos, etc. Ora, quando falamos em política a primeira palavra que<<strong>br</strong> />
inicialmente associamos é po<strong>de</strong>r. Realmente, pois a ação dos homens em socieda<strong>de</strong> –<<strong>br</strong> />
em toda a História da Humanida<strong>de</strong> – sempre foi uma ação <strong>de</strong> caráter político, ou seja, o<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong>r é um elemento presente, constante, na socieda<strong>de</strong>, ou no social.<<strong>br</strong> />
Po<strong>de</strong>r e força <strong>de</strong>vem associar-se para, dialeticamente, construir uma socieda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
mais justa, mais humana, mais lógica, mais crítica, que elege a “força do direito” para<<strong>br</strong> />
regular todas as relações interpessoais. Logo, po<strong>de</strong>mos pela força, pelo po<strong>de</strong>r da<<strong>br</strong> />
<strong>edu</strong>cação, iniciarmos esse processo <strong>de</strong> construção da paz, dando o “primeiro” passo em<<strong>br</strong> />
nossas salas <strong>de</strong> aula.<<strong>br</strong> />
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3. COGNIÇÃO, APRENDIZAGEM E OS ASPECTOS PSICOLÓGICOS<<strong>br</strong> />
A finalida<strong>de</strong> principal da psicologia da <strong>edu</strong>cação é utilizar e aplicar os<<strong>br</strong> />
conhecimentos, os princípios e os métodos da psicologia para a análise e o estudo dos<<strong>br</strong> />
fenômenos <strong>edu</strong>cativos. Por esse motivo, a sua origem e a sua evolução são inseparáveis<<strong>br</strong> />
tanto da origem e da evolução da psicologia científica como da evolução das práticas<<strong>br</strong> />
<strong>edu</strong>cativas, das funções que lhes são atribuídas socialmente e da sua vinculação a outras<<strong>br</strong> />
áreas da ativida<strong>de</strong> humana. A psicologia da <strong>edu</strong>cação está situada em um espaço<<strong>br</strong> />
intermediário, por um lado, entre as exigências epistemológicas da psicologia científica,<<strong>br</strong> />
com as suas coor<strong>de</strong>nadas teóricas, conceituais e metodológicas, e, por outro, entre as<<strong>br</strong> />
exigências <strong>de</strong> uma ação prática, inserida em algumas coor<strong>de</strong>nadas sociais, políticas,<<strong>br</strong> />
econômicas e culturais que lhe dão sentido. Nesse espaço, a psicologia da <strong>edu</strong>cação está<<strong>br</strong> />
submetida a um estado <strong>de</strong> tensão permanente, provocado pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r<<strong>br</strong> />
simultaneamente ambos os tipos <strong>de</strong> exigências: respeitar os cânones da psicologia<<strong>br</strong> />
científica e oferecer conhecimentos relevantes e diretamente aplicáveis à ação <strong>edu</strong>cativa.<<strong>br</strong> />
Dessa forma, o <strong>de</strong>bate so<strong>br</strong>e a natureza, as finalida<strong>de</strong>s, o objeto <strong>de</strong> estudo e<<strong>br</strong> />
os conteúdos da psicologia da <strong>edu</strong>cação centra-se na questão <strong>de</strong> como é preciso<<strong>br</strong> />
enten<strong>de</strong>r o caráter aplicado e <strong>de</strong> como é preciso atuar para gerar um conhecimento que<<strong>br</strong> />
respeite as exigências teóricas e que seja, no momento, relevante, útil e diretamente<<strong>br</strong> />
aplicável à <strong>edu</strong>cação. O <strong>de</strong>senvolvimento histórico e o estado atual da psicologia da<<strong>br</strong> />
<strong>edu</strong>cação são, em boa parte, uma conseqüência e um reflexo <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>bate e das<<strong>br</strong> />
diferentes posições assumidas com relação a este tema. Ele se refere a posições que vão<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> as propostas <strong>de</strong> planejamento que a concebem, como uma simples aplicação aos<<strong>br</strong> />
fenômenos <strong>edu</strong>cativos <strong>de</strong> conhecimento psicológico já elaborados – portanto,<<strong>br</strong> />
preexistentes à sua utilização e à sua aplicação –, até a posição <strong>de</strong> outros que<<strong>br</strong> />
compartilham da base que os colocam diante <strong>de</strong> uma disciplina possuidora <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> própria, <strong>de</strong> alguns objetivos específicos e <strong>de</strong> uma agenda <strong>de</strong> pesquisa<<strong>br</strong> />
orientada para gerar conhecimentos novos que vão mais além da pura e simples<<strong>br</strong> />
aplicação e contextualização no campo <strong>edu</strong>cativo <strong>de</strong> alguns conhecimentos já existentes.<<strong>br</strong> />
A psicologia da <strong>edu</strong>cação configurou-se, progressivamente, como resultado <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
um esforço ininterrupto <strong>de</strong> aplicação e <strong>de</strong> utilização dos princípios, das explicações e dos<<strong>br</strong> />
métodos da psicologia científica nas renovadas tentativas <strong>de</strong> melhorar as práticas<<strong>br</strong> />
<strong>edu</strong>cativas em geral, concretamente a <strong>edu</strong>cação escolar, e também nas intenções <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
elaborar explicações a<strong>de</strong>quadas e úteis para o planejamento e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ssas<<strong>br</strong> />
práticas. Ela tem a sua origem na crença racional e na argumentação <strong>de</strong> que a <strong>edu</strong>cação<<strong>br</strong> />
e o ensino po<strong>de</strong>m melhorar sensivelmente como conseqüência da utilização correta dos<<strong>br</strong> />
conhecimentos psicológicos.<<strong>br</strong> />
Atualmente, parece evi<strong>de</strong>nte que a <strong>edu</strong>cação escolar, a fim <strong>de</strong> alcançar os<<strong>br</strong> />
seus objetivos, <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar as características dos alunos e das alunas. Da mesma<<strong>br</strong> />
maneira, o seguinte comentário que Edouard Claparè<strong>de</strong> formula, em 1905, recorda-nos<<strong>br</strong> />
que, no princípio <strong>de</strong>ste século, a situação era completamente diferente. A importância da<<strong>br</strong> />
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psicologia da <strong>edu</strong>cação estava <strong>de</strong>cisivamente centrada na mudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>nunciada por Claparè<strong>de</strong> 5 :<<strong>br</strong> />
“(...) que a pedagogia <strong>de</strong>ve basear-se no conhecimento da criança da<<strong>br</strong> />
mesma maneira que a afirmação <strong>de</strong> que horticultura tem sua base no<<strong>br</strong> />
conhecimento das plantas é uma verda<strong>de</strong> aparentemente elementar.<<strong>br</strong> />
Porém, por sua vez, é totalmente <strong>de</strong>sconhecida por parte da maioria<<strong>br</strong> />
dos pedagogos e por parte <strong>de</strong> quase todas as autorida<strong>de</strong>s escolares<<strong>br</strong> />
(...) Duvido que, nas escolas <strong>de</strong> horticultura, não haja no programa<<strong>br</strong> />
algumas horas <strong>de</strong>dicadas à botânica e ao conhecimento das plantas.”<<strong>br</strong> />
Ao olharmos nossos alunos, enquanto eles estão na sala <strong>de</strong> aula ou <strong>br</strong>incando<<strong>br</strong> />
no recreio, vemos cada um <strong>de</strong>les movendo-se, agitando-se ou parados. I<strong>de</strong>ntificamos<<strong>br</strong> />
cada um <strong>de</strong>les pela sua altura, pela cor <strong>de</strong> seus cabelos, seus olhos. O que se torna<<strong>br</strong> />
visível para nós são os seus corpos.<<strong>br</strong> />
Verificamos que há alunos que correm, <strong>br</strong>incam e que participam <strong>de</strong> todos os<<strong>br</strong> />
jogos. Nas salas <strong>de</strong> aula não apresentam qualquer problema <strong>de</strong> postura, <strong>de</strong> atenção,<<strong>br</strong> />
lêem e escrevem sem dificulda<strong>de</strong>s, conhecem a noção <strong>de</strong> tempo e espaço.<<strong>br</strong> />
Verificamos também a existência <strong>de</strong> alguns que são diferentes, embora tenham<<strong>br</strong> />
uma inteligência normal. São "<strong>de</strong>sastrados", isto é, <strong>de</strong>rrubam coisas quando passam,<<strong>br</strong> />
possuem movimentos muito lentos e pesados e têm dificulda<strong>de</strong>s em participar dos jogos<<strong>br</strong> />
com outras crianças. Nas salas <strong>de</strong> aula não conseguem pegar corretamente no lápis,<<strong>br</strong> />
apresentando uma letra ilegível; às vezes escrevem com tanta força que chegam a rasgar<<strong>br</strong> />
o papel, ou então escrevem tão clarinho que não se enxerga; muitos possuem uma<<strong>br</strong> />
postura relaxada, têm dificulda<strong>de</strong> em se concentrar e enten<strong>de</strong>r or<strong>de</strong>ns, sentem-se<<strong>br</strong> />
perdidos, por exemplo, quando se exige o conhecimento direita-esquerda; não<<strong>br</strong> />
conseguem manusear uma tesoura; pulam letras quando lêem ou escrevem, não<<strong>br</strong> />
conseguem controlar o tempo <strong>de</strong> suas tarefas. Enfim, são diversos os problemas que as<<strong>br</strong> />
crianças po<strong>de</strong>m apresentar.<<strong>br</strong> />
O que exatamente está se passando?<<strong>br</strong> />
O que torna as primeiras crianças mais capazes <strong>de</strong> agir no meio?<<strong>br</strong> />
O que se po<strong>de</strong> faze para ajudar as crianças com problemas?<<strong>br</strong> />
Estas questões são constantemente formuladas por alguns <strong>edu</strong>cadores que se<<strong>br</strong> />
preocupam com o <strong>de</strong>senvolvimento integral do aluno no processo ensino-<strong>aprendizagem</strong>.<<strong>br</strong> />
Muitas das dificulda<strong>de</strong>s apresentadas pelos alunos po<strong>de</strong>m ser facilmente<<strong>br</strong> />
sanadas no âmbito da sala <strong>de</strong> aula, bastando para isto que o professor esteja mais atento<<strong>br</strong> />
e mais consciente <strong>de</strong> sua responsabilida<strong>de</strong> como <strong>edu</strong>cador e <strong>de</strong>spenda mais esforço e<<strong>br</strong> />
energia para ajudar a aumentar e melhorar o potencial motor, cognitivo e afetivo do aluno.<<strong>br</strong> />
Na realida<strong>de</strong>, o que acontece é que, frente às mínimas dificulda<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />
encontradas com os alunos e não sabendo resolvê-las, os <strong>edu</strong>cadores encaminham-nos a<<strong>br</strong> />
especialistas, em clínicas geralmente caras. Existem, porém, muitos pais que não têm<<strong>br</strong> />
5 CLAPAREDE E. Phychologie <strong>de</strong> l'enfant et Pédagogie Expérimentale. I. Le développement. mental (11ª<<strong>br</strong> />
edição, p. 71). Neuchâtel et Paris: Delachaux et Niestlé. 1972.<<strong>br</strong> />
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condições <strong>de</strong> tratar seus filhos com estes profissionais, quer por razões econômicas, quer<<strong>br</strong> />
por ignorância. Para estas crianças, às vezes, são abertas classes especiais e elas são<<strong>br</strong> />
discriminadas como preguiçosas, sem força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>, e recebem o rótulo <strong>de</strong> "criançasproblema".<<strong>br</strong> />
Com isto elas estão ainda mais fadadas a um fracasso escolar e à<<strong>br</strong> />
conseqüente evasão da escola.<<strong>br</strong> />
Os professores, em vez <strong>de</strong> fazerem um exame <strong>de</strong> consciência so<strong>br</strong>e sua<<strong>br</strong> />
atuação como <strong>edu</strong>cadores, enquanto mem<strong>br</strong>os <strong>de</strong> uma instituição escolar, isentam-se <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
qualquer responsabilida<strong>de</strong> e culpam o meio sócio-econômico-cultural do aluno ou a<<strong>br</strong> />
incapacida<strong>de</strong> do mesmo ou ainda a falta <strong>de</strong> esforço em apren<strong>de</strong>r o que eles ensinam.<<strong>br</strong> />
Por outro lado, para as crianças <strong>de</strong> maior po<strong>de</strong>r aquisitivo, este<<strong>br</strong> />
encaminhamento dá origem a uma longa novela, on<strong>de</strong> o protagonista é a criança e cujos<<strong>br</strong> />
cenários são constantemente renovados <strong>de</strong>ntre as clínicas <strong>de</strong> pediatria, neurologia,<<strong>br</strong> />
psicologia, fonoaudiologia e outras "especializadas". Os profissionais <strong>de</strong>stas clínicas, por<<strong>br</strong> />
seu lado, buscam uma avaliação segura para po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>tectar qual o problema que <strong>de</strong>vem<<strong>br</strong> />
sanar. Como normalmente estão distantes das salas <strong>de</strong> aula e do processo ensino<strong>aprendizagem</strong>,<<strong>br</strong> />
muitas vezes vão procurar as falhas para o não aproveitamento nas<<strong>br</strong> />
próprias crianças. Catalogam-nas como possuidoras <strong>de</strong> distúrbios <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong><<strong>br</strong> />
(nome mais comum) e passam a re<strong>edu</strong>cá-las como tais, como se fossem portadoras <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
alguma doença. Está instalada aí a chamada medicalização do fracasso escolar. Esta<<strong>br</strong> />
medicalização simplesmente consiste na busca <strong>de</strong> causas e soluções médicas, a nível<<strong>br</strong> />
organicista e individual para problemas <strong>de</strong> origem eminentemente social”.<<strong>br</strong> />
A medicalização do fracasso escolar encontra aqui um meio explicativo que se<<strong>br</strong> />
adapta à tendência <strong>de</strong> isentar o sistema escolar e as condições familiares e sociais da<<strong>br</strong> />
criança para colocar ao nível individual, orgânico, a responsabilida<strong>de</strong> pelo mau<<strong>br</strong> />
rendimento escolar. Os pais aceitam mais a <strong>de</strong>cepção pelo fracasso escolar <strong>de</strong> seu filho<<strong>br</strong> />
quando se apresenta a alternativa <strong>de</strong> uma "doença".<<strong>br</strong> />
O que todos esquecem é que estas andanças da criança por todos esses<<strong>br</strong> />
lugares e ao longo dos anos po<strong>de</strong>m acarretar um outro problema, talvez maior, <strong>de</strong> origem<<strong>br</strong> />
afetivo-emocional. A criança começa a se sentir diferente das outras e sofre com isto. A<<strong>br</strong> />
visão <strong>de</strong> si mesma é abalada e ela po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver um sentimento <strong>de</strong> inferiorida<strong>de</strong> que<<strong>br</strong> />
interfere em sua auto-imagem.<<strong>br</strong> />
Auto-imagem é o retrato ou perfil psicológico <strong>de</strong> si mesmo que o indivíduo<<strong>br</strong> />
organiza e reorganiza permanentemente, conservando em sua memória, como resultado<<strong>br</strong> />
das interações vividas no passado, ao longo <strong>de</strong> sua história <strong>de</strong> vida.<<strong>br</strong> />
Isto quer dizer que o indivíduo vai constantemente reformulando sua visão <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
vida e <strong>de</strong> si mesmo <strong>de</strong> acordo com seus sucessos e fracassos pessoais.<<strong>br</strong> />
Diante <strong>de</strong> sua experiência <strong>de</strong> vida, boa ou má, o indivíduo estabelece critérios<<strong>br</strong> />
para julgar-se a si mesmo, começando a formação <strong>de</strong> uma opinião favorável ou<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sfavorável acerca <strong>de</strong> si mesmo. Utiliza, portanto, uma série <strong>de</strong> valores como marco <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
referência para sua auto-realização e conseqüentemente sua auto-estima.<<strong>br</strong> />
Intimamente ligada à auto-imagem está a auto-estima que é um juízo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
valor, um julgamento que fazemos <strong>de</strong> nós mesmos. A auto-estima tem dois componentes<<strong>br</strong> />
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inter-relacionados. Um é o senso básico <strong>de</strong> confiança diante dos <strong>de</strong>safios da vida: a<<strong>br</strong> />
auto-eficiência. O outro, o senso <strong>de</strong> merecer a felicida<strong>de</strong>: o auto-respeito.<<strong>br</strong> />
Auto-eficiência significa confiança no meu funcionamento mental, em<<strong>br</strong> />
minha capacida<strong>de</strong> para pensar, compreen<strong>de</strong>r, apren<strong>de</strong>r, escolher e tomar <strong>de</strong>cisões; é a<<strong>br</strong> />
confiança em minha capacida<strong>de</strong> para enten<strong>de</strong>r os fatos da realida<strong>de</strong>, que pertencem à<<strong>br</strong> />
esfera dos meus interesses e necessida<strong>de</strong>s, autoconfiança e segurança pessoal.<<strong>br</strong> />
Auto-respeito significa a certeza <strong>de</strong> que tenho valor como pessoa; é uma<<strong>br</strong> />
atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> afirmação <strong>de</strong> meu direito <strong>de</strong> viver e <strong>de</strong> ser feliz; é sentir-me confortável ao<<strong>br</strong> />
expressar, <strong>de</strong> maneira apropriada, minhas idéias, vonta<strong>de</strong>s e necessida<strong>de</strong>s; é a<<strong>br</strong> />
sensação, é o sentimento <strong>de</strong> que o prazer e a satisfação são meus direitos naturais.<<strong>br</strong> />
AS RAÍZES DA AUTO-ESTIMA<<strong>br</strong> />
1. A prática <strong>de</strong> viver conscientemente. Aqui se inclui o respeito pelos fatos;<<strong>br</strong> />
participar intensamente daquilo que fazemos enquanto o fazemos; buscar e estar<<strong>br</strong> />
totalmente aberto a qualquer informação, conhecimento ou feedback que afirme nossos<<strong>br</strong> />
interesses, valores, metas e planos; buscar compreen<strong>de</strong>r não apenas o mundo a nossa<<strong>br</strong> />
volta, mas também nosso mundo interior.<<strong>br</strong> />
2. A prática da auto-aceitação. É a disposição <strong>de</strong> admitir, experimentar e<<strong>br</strong> />
assumir a responsabilida<strong>de</strong> por nossos pensamentos, sentimentos e ações, sem fugir,<<strong>br</strong> />
negar ou refutar, e sem se repudiar, permitindo-nos avaliar nossos conceitos, vivenciar<<strong>br</strong> />
nossas emoções e analisar nossas ações sem necessariamente apreciá-las, aprová-las<<strong>br</strong> />
ou justificá-las.<<strong>br</strong> />
3. A prática do senso <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>. O senso <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
consiste em perceber que somos os autores <strong>de</strong> nossas escolhas e ações; que cada um<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> nós é responsável pela própria vida, pelo próprio bem-estar e pela realização <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
nossas metas; que, se precisarmos da cooperação <strong>de</strong> outras pessoas para atingir nossos<<strong>br</strong> />
objetivos, <strong>de</strong>vemos oferecer um valor em troca; e que a pergunta não é "<strong>de</strong> quem é a<<strong>br</strong> />
culpa?", mas sempre "O que precisa ser feito?"<<strong>br</strong> />
4. A prática da afirmação. Afirmar a si mesmo significa ser autêntico nas<<strong>br</strong> />
relações interpessoais; respeitar os próprios valores e as outras pessoas em contextos<<strong>br</strong> />
sociais; recusar-se a camuflar a realida<strong>de</strong> so<strong>br</strong>e quem somos ou do que gostamos para<<strong>br</strong> />
evitar a <strong>de</strong>saprovação do outro; é estar disposto a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a si mesmo e suas idéias da<<strong>br</strong> />
maneira apropriada em circunstâncias apropriadas.<<strong>br</strong> />
5. A prática <strong>de</strong> viver objetivamente. Consiste em estabelecer nossos<<strong>br</strong> />
objetivos ou planos <strong>de</strong> curto e longo prazo e as providências necessárias para concretizálos,<<strong>br</strong> />
organizar o comportamento em função <strong>de</strong>sses objetivos, monitorar as ações para<<strong>br</strong> />
garantir que está no caminho certo e prestar atenção ao resultado para saber se<<strong>br</strong> />
precisaremos voltar à estaca zero e quando teremos <strong>de</strong> fazê-lo.<<strong>br</strong> />
6. A prática da integrida<strong>de</strong> pessoal. É viver coerentemente com nossos<<strong>br</strong> />
conhecimentos, palavras e atos; é dizer a verda<strong>de</strong>, honrar nossos compromissos e servir<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> exemplo dos valores que <strong>de</strong>claramos admirar; é tratar os outros <strong>de</strong> maneira justa e<<strong>br</strong> />
benevolente. Quando traímos nossos valores, traímos nossas próprias mentes e a autoestima<<strong>br</strong> />
é inevitavelmente prejudicada.<<strong>br</strong> />
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Sabemos que a experiência escolar tem gran<strong>de</strong> influência na imagem que a<<strong>br</strong> />
criança faz <strong>de</strong> si mesma. Ela po<strong>de</strong> ter alguma experiência <strong>de</strong> fracasso na escola e isto<<strong>br</strong> />
vem abalar sua autoconfiança, além <strong>de</strong> contribuir para um número maior <strong>de</strong> fracassos.<<strong>br</strong> />
Sentir-se-á pior ainda se for rotulada como aluno-problema e passar a enfrentar diversos<<strong>br</strong> />
profissionais que tentarão resolver esses seus fracassos. Acaba vendo-se com uma<<strong>br</strong> />
severa autocrítica prejudicando assim seu <strong>de</strong>sempenho escolar.<<strong>br</strong> />
Muitas vezes, muitos <strong>de</strong>sses encaminhamentos não precisariam ser feitos se<<strong>br</strong> />
os profissionais estivessem atentos a uma <strong>edu</strong>cação mais integral do aluno e aptos para<<strong>br</strong> />
realizar uma re<strong>edu</strong>cação em seu âmbito escolar.<<strong>br</strong> />
Verificamos, também, que existem muitos casos em que as crianças são<<strong>br</strong> />
prejudicadas porque este encaminhamento se faz tardiamente, quando já foram<<strong>br</strong> />
reprovadas por dois ou três anos seguidos e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> terem automatizado os erros,<<strong>br</strong> />
principalmente <strong>de</strong> leitura e escrita.<<strong>br</strong> />
Desta maneira, o processo <strong>edu</strong>cativo, que po<strong>de</strong>ria ser mais rápido e mais<<strong>br</strong> />
facilmente resolvido, torna-se mais doloroso, mais complexo e mais <strong>de</strong>morado.<<strong>br</strong> />
Ao nosso ver, precisar-se-ia capacitar melhor os professores para que eles<<strong>br</strong> />
estivessem sempre aptos para promover uma <strong>edu</strong>cação integral do aluno, para <strong>de</strong>tectar<<strong>br</strong> />
aqueles alunos que apresentam algum déficit <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>, realizando, quando<<strong>br</strong> />
necessária, uma re<strong>edu</strong>cação e no âmbito da sala <strong>de</strong> aula, encaminhando ao profissional<<strong>br</strong> />
competente quando os seus recurso se esgotarem.<<strong>br</strong> />
Acreditamos que o professor <strong>de</strong>ve esgotar os seus recursos antes <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r<<strong>br</strong> />
a um encaminhamento para os diversos especialistas. Como já afirmamos, há crianças<<strong>br</strong> />
que não conseguem acompanhar o ritmo <strong>de</strong> suas colegas.<<strong>br</strong> />
O problema existe, isto é, há crianças que preocupam os professores porque<<strong>br</strong> />
"não conseguem acompanhar" o ritmo das outras. Como ficam estes alunos? O que se<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong> fazer com eles, principalmente com aqueles que não po<strong>de</strong>m ir a especialistas?<<strong>br</strong> />
Deixar que suas dificulda<strong>de</strong>s se resolvam sozinhas? Deixar que cada vez mais eles se<<strong>br</strong> />
distanciem dos outros e acabem abandonando a escola?<<strong>br</strong> />
Sabemos que a escola precisa sofrer muitas modificações no sentido <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino e promover uma <strong>aprendizagem</strong> mais significativa.<<strong>br</strong> />
Acreditamos, também, que nem todos os problemas apresentados pelos alunos<<strong>br</strong> />
sejam <strong>de</strong> inteira responsabilida<strong>de</strong> da escola. O fato real é que o problema existe, já está<<strong>br</strong> />
instalado e algo tem que ser feito no âmbito escolar, antes que se processe um<<strong>br</strong> />
encaminhamento para os diversos especialistas.<<strong>br</strong> />
Verificamos que existem alunos que possuem um <strong>de</strong>senvolvimento lento das<<strong>br</strong> />
funções neuropsicológicas <strong>de</strong>vido a um atraso em sua maturação e isto po<strong>de</strong> influenciar<<strong>br</strong> />
seu aprendizado.<<strong>br</strong> />
Po<strong>de</strong>mos apresentar uma proposta que leve os recursos para serem<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>senvolvidos em classe, tanto no âmbito da <strong>edu</strong>cação quanto da re<strong>edu</strong>cação dos<<strong>br</strong> />
alunos. Esta proposta po<strong>de</strong>rá ser a psicomotricida<strong>de</strong>, estudos que serão construídos<<strong>br</strong> />
possivelmente no próximo módulo.<<strong>br</strong> />
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Falamos da auto-estima e suas raízes. Vamos ver agora, por oportuno, ver as<<strong>br</strong> />
fontes interiores da auto-estima:<<strong>br</strong> />
Razão – agir com bom-senso em todos as situações, buscando<<strong>br</strong> />
refletir so<strong>br</strong>e cada ação a ser tomada.<<strong>br</strong> />
Realismo - Ter uma atitu<strong>de</strong> realista com<<strong>br</strong> />
otimismo perante a vida, sem subestimar ou<<strong>br</strong> />
superestimar suas capacida<strong>de</strong>s; indivíduos<<strong>br</strong> />
com auto-estima elevada ten<strong>de</strong>m a avaliar<<strong>br</strong> />
suas capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> maneira realista.<<strong>br</strong> />
Intuição/ Emoção – buscar ouvir a intuição,<<strong>br</strong> />
sentir a própria emoção nas ações a serem<<strong>br</strong> />
tomadas, valorizando a inspiração,<<strong>br</strong> />
conectando-a com a razão.<<strong>br</strong> />
Criativida<strong>de</strong> - Pessoas criativas ouvem seus<<strong>br</strong> />
sinais interiores e confiam neles mais do que a média. São mais autosuficientes.<<strong>br</strong> />
Po<strong>de</strong>m apren<strong>de</strong>r com os outros ou inspirar-se neles. Mas<<strong>br</strong> />
valorizam os próprios pensamentos e as próprias percepções mais que<<strong>br</strong> />
a média das pessoas.<<strong>br</strong> />
In<strong>de</strong>pendência - A prática <strong>de</strong> pensar por si mesmo é tanto causa como conseqüência da<<strong>br</strong> />
auto-estima saudável. Também o é a prática <strong>de</strong> assumir toda a responsabilida<strong>de</strong> pela<<strong>br</strong> />
própria existência - pela concretização <strong>de</strong> seus objetivos e pela conquista da felicida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Flexibilida<strong>de</strong> - Ser flexível é ser capaz <strong>de</strong> reagir às mudanças sem apegos ina<strong>de</strong>quados<<strong>br</strong> />
ao passado. O apego ao passado diante <strong>de</strong> circunstâncias novas e mutáveis é, em si,<<strong>br</strong> />
produto da insegurança, da falta <strong>de</strong> autoconfiança. A rigi<strong>de</strong>z é, em geral, a reação da<<strong>br</strong> />
mente que não confia em si mesma para lidar com o novo, ou dominar o <strong>de</strong>sconhecido.<<strong>br</strong> />
Capacida<strong>de</strong> para enfrentar mudanças - A auto-estima não consi<strong>de</strong>ra a mudança algo<<strong>br</strong> />
assustador, pelas razões <strong>de</strong>scritas no parágrafo anterior. A auto-estima flui com a<<strong>br</strong> />
realida<strong>de</strong>; a in<strong>de</strong>cisão íntima luta contra ela. A auto-estima acelera o tempo <strong>de</strong> reação; a<<strong>br</strong> />
in<strong>de</strong>cisão íntima retarda-o.<<strong>br</strong> />
Disponibilida<strong>de</strong> para admitir (e corrigir) erros -. A pessoa com auto-estima saudável<<strong>br</strong> />
não se envergonha <strong>de</strong> dizer, quando a ocasião exige, "Eu estava errado".<<strong>br</strong> />
Benevolência e cooperação - Se estou centrado em mim mesmo, se estou seguro <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
meus limites, confiante em meu direito <strong>de</strong> dizer "sim" e "não" quando quero, a<<strong>br</strong> />
benevolência será a conseqüência natural. Não tenho por que ter medo dos outros, nem<<strong>br</strong> />
preciso me proteger atrás das muralhas da hostilida<strong>de</strong>. Se estou seguro <strong>de</strong> meu direito<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> existir, se confio que pertenço a mim mesmo, se não me sinto ameaçado pela certeza<<strong>br</strong> />
e pela autoconfiança dos outros, então a cooperação com eles para obtermos resultados<<strong>br</strong> />
comuns ten<strong>de</strong>rá a ser <strong>de</strong>senvolvida com espontaneida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
É muito mais provável encontrarmos empatia e compaixão, tanto quanto<<strong>br</strong> />
benevolência e cooperação, em pessoas com auto-estima elevada do que nas <strong>de</strong> baixa<<strong>br</strong> />
auto-estima; meu relacionamento com os outros ten<strong>de</strong> a espelhar e refletir meu<<strong>br</strong> />
relacionamento comigo mesmo. Ao comentar a máxima “ama ao teu próximo como a ti<<strong>br</strong> />
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mesmo", o filósofo Eric Hoffer 6 observa que o problema é que as pessoas fazem<<strong>br</strong> />
exatamente o contrário: elas o<strong>de</strong>iam os outros como o<strong>de</strong>iam a si mesmas. Os criminosos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ste mundo, no sentido literal e figurado, não são pessoas que mantêm um<<strong>br</strong> />
relacionamento íntimo e afetivo com seu eu interior.<<strong>br</strong> />
Vamos fazer um exercício? Vamos ficar <strong>de</strong> pé e em dupla. Muito bom! Agora<<strong>br</strong> />
vamos tomar um pedaço <strong>de</strong> barbante que o professor está passando e vamos nos<<strong>br</strong> />
amarrar um no outro. Como po<strong>de</strong>mos sair? Será fácil a solução?<<strong>br</strong> />
Vamos fazer um segundo exercício? Uma reflexão para mudança <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
comportamento?<<strong>br</strong> />
Mentalize um comportamento negativo que dificulta a sua auto-estima e o<<strong>br</strong> />
relacionamento com outras pessoas o qual você <strong>de</strong>seja transmutar, transformar.<<strong>br</strong> />
Reflita so<strong>br</strong>e esse comportamento. Pense em todas as conseqüências para você<<strong>br</strong> />
e para os outros que realmente ocorreram - e aquelas que po<strong>de</strong>riam ocorrer no futuro – como<<strong>br</strong> />
resultado <strong>de</strong>sse comportamento. Medite permitindo que todos os sentimentos associados a<<strong>br</strong> />
esse comportamento venham a sua mente. Examine as conseqüências e sentimentos<<strong>br</strong> />
cuidadosamente formulando-os claramente em sua mente.<<strong>br</strong> />
Agora reflita so<strong>br</strong>e as possibilida<strong>de</strong>s que você tem em mudar esse<<strong>br</strong> />
comportamento. Medite em todos os benefícios e satisfações que você obterá mudando os<<strong>br</strong> />
sentimentos que levam a esse comportamento. Examine os benefícios e satisfações<<strong>br</strong> />
cuidadosamente formulando-os claramente em sua mente. Consinta que os sentimentos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>spertados por esses pensamentos prevaleçam: a alegria das possibilida<strong>de</strong>s que se a<strong>br</strong>em<<strong>br</strong> />
diante <strong>de</strong> você, o <strong>de</strong>sejo intenso <strong>de</strong> realizá-las e o forte impulso para começar imediatamente.<<strong>br</strong> />
Agora recor<strong>de</strong>-se <strong>de</strong> situações em que você teve esse comportamento que <strong>de</strong>seja<<strong>br</strong> />
transmutar e reflita que você po<strong>de</strong> mudá-lo agindo <strong>de</strong> forma diferente. Medite so<strong>br</strong>e as<<strong>br</strong> />
qualida<strong>de</strong>s que você precisa <strong>de</strong>senvolver para mudar esse comportamento. Reflita que essas<<strong>br</strong> />
qualida<strong>de</strong>s são necessárias para tornar a sua vida muito melhor.<<strong>br</strong> />
Agora imagine que você possui uma vonta<strong>de</strong> forte e persistente, que você tem as<<strong>br</strong> />
qualida<strong>de</strong>s necessárias para mudar esse comportamento; veja-se prosseguindo firme e<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>cidido, atuando em várias situações com esforço, persistência, perseverança e<<strong>br</strong> />
autocontrole; resistindo a qualquer tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sistir <strong>de</strong> prosseguir. Veja-se alcançando<<strong>br</strong> />
com êxito os objetivos <strong>de</strong>sejados.<<strong>br</strong> />
4. COGNIÇÃO, APRENDIZAGEM E OS ASPECTOS NEUROLÓGICOS<<strong>br</strong> />
O movimento, as ações, enfim, a integração do homem às condições do meio<<strong>br</strong> />
ambiente estão na <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> um sistema muito especial chamado sistema nervoso.<<strong>br</strong> />
6 HOFFER Eric. O verda<strong>de</strong>iro crente. 1ª edição, Saraiva. Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1968<<strong>br</strong> />
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O sistema nervoso coor<strong>de</strong>na e controla todas as ativida<strong>de</strong>s do organismo,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> as contrações musculares, o funcionamento <strong>de</strong> órgãos e até mesmo a velocida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> secreção das glândulas endócrinas. Integra sensações e idéias, opera os fenômenos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> consciência, interpreta os estímulos advindos da superfície do corpo, das vísceras e <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
todas as funções orgânicas e é responsável pelas respostas a<strong>de</strong>quadas a cada um<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>stes estímulos. Muitas <strong>de</strong>ssas informações são selecionadas e às vezes eliminadas<<strong>br</strong> />
pelo cére<strong>br</strong>o como não significativas. Por exemplo: po<strong>de</strong>-se não tomar conhecimento da<<strong>br</strong> />
pressão do corpo quando se <strong>de</strong>ita, do contato do corpo com as roupas, da visão <strong>de</strong> algum<<strong>br</strong> />
objeto em sala <strong>de</strong> aula, <strong>de</strong> um barulho constante.<<strong>br</strong> />
Muitas vezes, essas informações se tornam completamente irrelevantes. Uma<<strong>br</strong> />
das funções do sistema nervoso é selecionar e processar as informações, canalizá-las<<strong>br</strong> />
para as regiões motoras correspon<strong>de</strong>ntes do cére<strong>br</strong>o para <strong>de</strong>pois emitir respostas<<strong>br</strong> />
a<strong>de</strong>quadas, <strong>de</strong> acordo com a vivência e experiência <strong>de</strong> cada indivíduo.<<strong>br</strong> />
Tentaremos, aqui, dar algumas noções, embora não aprofundadas, so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />
sistema nervoso a fim <strong>de</strong> esclarecer melhor o que se passa no organismo das crianças e<<strong>br</strong> />
assim ter mais condições <strong>de</strong> agir no sentido <strong>de</strong> propiciar um maior <strong>de</strong>senvolvimento<<strong>br</strong> />
pessoal.<<strong>br</strong> />
Ao nascer, o ser humano apresenta algumas estruturas já prontas, <strong>de</strong>finidas,<<strong>br</strong> />
como, por exemplo, a cor dos olhos, dos cabelos, o sexo. Outras ainda estão por<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>senvolver. Neste último caso encontra-se à parte do sistema nervoso, que precisa <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
condições favoráveis para o seu pleno funcionamento e <strong>de</strong>senvolvimento.<<strong>br</strong> />
As células do sistema nervoso são chamadas <strong>de</strong> neurônios. Um indivíduo<<strong>br</strong> />
adulto possui aproximadamente cem bilhões <strong>de</strong> neurônios. O neurônio é um célula<<strong>br</strong> />
diferenciada e tem as funções <strong>de</strong> receber e conduzir os estímulos.<<strong>br</strong> />
O córtex cere<strong>br</strong>al é o centro on<strong>de</strong> são avaliadas as informações e são<<strong>br</strong> />
processadas as instruções ao organismo.<<strong>br</strong> />
Para que haja uma transmissão <strong>de</strong> informações, o córtex cere<strong>br</strong>al necessita <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
impulsos que lhe chegam dos receptores exteroceptivos (ex. pele, retina, ouvido interno,<<strong>br</strong> />
olfato, paladar), proprioceptivos (músculos, tendões e articulações) e interoceptivos<<strong>br</strong> />
(vísceras).<<strong>br</strong> />
A condução dos impulsos advindos <strong>de</strong>sses receptores aos centros nervosos se<<strong>br</strong> />
faz através das fi<strong>br</strong>as nervosas sensitivas ou aferentes e a transmissão aos músculos do<<strong>br</strong> />
comando dos centros nervosos é efetuada pelas fi<strong>br</strong>as eferentes ou motoras.<<strong>br</strong> />
A velocida<strong>de</strong> dos impulsos nervosos se faz através do revestimento da bainha<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> mielina encontrada nas fi<strong>br</strong>as nervosas e que é composta por colesterol, fosfatí<strong>de</strong>os e<<strong>br</strong> />
açúcares. Esta bainha possui a função não só <strong>de</strong> condução como também <strong>de</strong> isolante.<<strong>br</strong> />
As neurociências <strong>de</strong>dicam-se ao estudo do sistema nervoso humano, ao<<strong>br</strong> />
estudo do cére<strong>br</strong>o e das bases biológicas da consciência, da percepção, da memória e da<<strong>br</strong> />
<strong>aprendizagem</strong>.<<strong>br</strong> />
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O sistema nervoso e o cére<strong>br</strong>o são as bases físicas/biológicas do nosso<<strong>br</strong> />
processo <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>, o suporte material do<<strong>br</strong> />
funcionamento intelectual. Este suporte é composto por<<strong>br</strong> />
três cére<strong>br</strong>os: o arqueocortex (cére<strong>br</strong>o "réptil", que data<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> há 250 milhões <strong>de</strong> anos), que controla as funções<<strong>br</strong> />
básicas sensório-motoras, assegurando as relações com<<strong>br</strong> />
o meio e a adaptação; o paleocortex (cére<strong>br</strong>o "Iímbico",<<strong>br</strong> />
ou “cére<strong>br</strong>o mamífero” que data 150 milhões <strong>de</strong> anos),<<strong>br</strong> />
que controla as emoções elementares (medo, fome, ...),<<strong>br</strong> />
instinto genésico (relativo à procriação), a memória, o<<strong>br</strong> />
olfato e outros instintos básicos; o "neocortex" ou cére<strong>br</strong>o<<strong>br</strong> />
primitivo (encarregado das funções no<strong>br</strong>es do ser, quais<<strong>br</strong> />
a inteligência, o raciocínio, a linguagem, etc., datando<<strong>br</strong> />
algumas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> anos).<<strong>br</strong> />
O cére<strong>br</strong>o não é um computador - A estrutura<<strong>br</strong> />
das conexões neuronais no cére<strong>br</strong>o é livre, flexível,<<strong>br</strong> />
"como que uma teia", so<strong>br</strong>eposta e r<strong>edu</strong>ndante. Para um<<strong>br</strong> />
sistema como este é impossível funcionar como qualquer<<strong>br</strong> />
computador <strong>de</strong> processamento linear ou paralelo. A<<strong>br</strong> />
melhor <strong>de</strong>scrição do cére<strong>br</strong>o será vê-Io como um sistema<<strong>br</strong> />
auto-regulável".<<strong>br</strong> />
O cére<strong>br</strong>o altera-se com o uso através <strong>de</strong> toda a vida. A concentração mental e<<strong>br</strong> />
o esforço alteram a estrutura física do cére<strong>br</strong>o.<<strong>br</strong> />
Os neurônios, conectados entre si através das "<strong>de</strong>ndrites", (o que chamamos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> sinapse) são cerca <strong>de</strong> 100 bilhões e po<strong>de</strong>m ter entre 1 e 10.,000 sinapses cada um. A<<strong>br</strong> />
complexida<strong>de</strong> das conexões possíveis é incalculável e o próprio padrão das conexões<<strong>br</strong> />
sinápticas po<strong>de</strong> alterar-se com o uso do cére<strong>br</strong>o, isto é, após uma conexão sináptica<<strong>br</strong> />
estabelece-se um padrão que faz com que essa mesma conexão seja mais fácil numa<<strong>br</strong> />
próxima vez (resultando mesmo numa alteração física da sinapse), como acontece por<<strong>br</strong> />
exemplo no campo da memória.<<strong>br</strong> />
CEREBRO DIREITO / CEREBRO ESQUERDO<<strong>br</strong> />
Uma teoria acerca da estrutura e funções do cére<strong>br</strong>o sugere que:<<strong>br</strong> />
a) os diferentes hemisférios cere<strong>br</strong>ais controlam diferentes "modos" <strong>de</strong> pensar;<<strong>br</strong> />
b) todos nós temos uma preferência por um ou outro <strong>de</strong>sses modos.<<strong>br</strong> />
A investigação tem <strong>de</strong>monstrado que os dois lados (hemisférios) do cére<strong>br</strong>o<<strong>br</strong> />
são responsáveis por diferentes modos <strong>de</strong> pensamento admitindo- se que, em geral essa<<strong>br</strong> />
divisão implica:<<strong>br</strong> />
HEMISFÉRIO ESQUERDO HEMISFÉRIO DIREITO<<strong>br</strong> />
LÓGICO ALEATÓRIO<<strong>br</strong> />
SEQUENCIAL HOLÍSTICO<<strong>br</strong> />
RACIONAL INTUITIVO<<strong>br</strong> />
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ANALÍTICO SENTÉTICO<<strong>br</strong> />
OBJETIVO SUBJETIVO<<strong>br</strong> />
PERCEBE O DETALHE PERCEBE A FORMA<<strong>br</strong> />
A maioria dos indivíduos tem uma preferência por um <strong>de</strong>stes “modos” <strong>de</strong> usar o<<strong>br</strong> />
pensamento, ou melhor, <strong>de</strong> usar o cére<strong>br</strong>o; poucos, no entanto, exercitam os dois<<strong>br</strong> />
“modos” (ambi<strong>de</strong>stras). Em geral a Escola ten<strong>de</strong> a valorizar o modo <strong>de</strong> pensar do<<strong>br</strong> />
hemisfério esquerdo (que enfatiza o pensamento lógico e a análise) em <strong>de</strong>trimento do<<strong>br</strong> />
modo característico do hemisfério direito (que é mais a<strong>de</strong>quado para as artes, os<<strong>br</strong> />
sentimentos e a criativida<strong>de</strong>).<<strong>br</strong> />
Analisaremos algumas funções do sistema nervoso no que se relaciona aos<<strong>br</strong> />
movimentos. Po<strong>de</strong>mos classificar os movimentos em três gran<strong>de</strong>s grupos: voluntários,<<strong>br</strong> />
reflexo e automático.<<strong>br</strong> />
Movimento voluntário <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossa vonta<strong>de</strong>. Exemplo: andar em<<strong>br</strong> />
direção a um objeto é um movimento voluntário. Neste ato supõe-se que houve uma<<strong>br</strong> />
intenção, um <strong>de</strong>sejo ou uma necessida<strong>de</strong> e finalmente o <strong>de</strong>senvolvimento do movimento.<<strong>br</strong> />
Escolhemos conscientemente <strong>de</strong> acordo com a nossa história passada, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
acordo com a nossa personalida<strong>de</strong>, que reações nos parecem mais gratificantes diante da<<strong>br</strong> />
complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estímulos que recebemos diariamente. Este estímulo po<strong>de</strong> ser a<<strong>br</strong> />
percepção <strong>de</strong> um objeto, <strong>de</strong> um acontecimento, lem<strong>br</strong>anças, sensações.<<strong>br</strong> />
No movimento voluntário, portanto, há primeiramente uma representação<<strong>br</strong> />
mental e global do movimento, uma intenção, um <strong>de</strong>sejo ou uma necessida<strong>de</strong> e, por<<strong>br</strong> />
último, a execução do movimento propriamente dito. O ato voluntário é sempre aprendido<<strong>br</strong> />
e é constituído por diversas ações enca<strong>de</strong>adas.<<strong>br</strong> />
Movimento reflexo é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> nossa vonta<strong>de</strong> e normalmente só<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> executado é que tomamos conhecimento <strong>de</strong>le.<<strong>br</strong> />
É uma reação orgânica suce<strong>de</strong>ndo-se a uma excitação sensorial. O estímulo é<<strong>br</strong> />
captado pelos receptores sensoriais do organismo e levado ao centro nervoso. De lá<<strong>br</strong> />
provoca direta e imediatamente uma resposta motora.<<strong>br</strong> />
I.P. Pavlov, fisiólogo russo, dividiu os reflexos em:<<strong>br</strong> />
a) inatos: são in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da <strong>aprendizagem</strong> e são <strong>de</strong>terminados pela<<strong>br</strong> />
bagagem biológica. São, portanto, hereditários, quase sempre permanentes e comuns a<<strong>br</strong> />
uma mesma espécie animal. Exemplos: uma luz forte incidindo so<strong>br</strong>e os olhos provoca<<strong>br</strong> />
uma resposta imediata <strong>de</strong> contração pupilar. Este pe um movimento inato, pois não<<strong>br</strong> />
implica em <strong>aprendizagem</strong> para a sua produção. Outro exemplo: uma gota d limão na boca<<strong>br</strong> />
provoca, como resposta, a salivação, preparando o organismo para a ingestão do<<strong>br</strong> />
elemento ácido.<<strong>br</strong> />
b) adquiridos: são reflexos aprendidos ou condicionados. Sua ocorrência<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma história <strong>de</strong> associação entre estímulos inatos, que produzem resposta<<strong>br</strong> />
reflexa a outros estímulos. No 2° exemplo acima, a simples palavra ou visão do limão<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong> eliciar uma resposta condicionada <strong>de</strong> salivação.<<strong>br</strong> />
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Movimento automático <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> normalmente da <strong>aprendizagem</strong>, da história<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> vida e <strong>de</strong> experiências próprias <strong>de</strong> cada um. Depen<strong>de</strong>, portanto, do treino, da prática e<<strong>br</strong> />
da repetição.<<strong>br</strong> />
A aquisição <strong>de</strong> automatismos é importante porque propicia formas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
adaptação ao meio em que vivemos com uma economia <strong>de</strong> tempo e esforço, pois não se<<strong>br</strong> />
exige muito trabalho mental. Campos 7 (1973, p. 55) <strong>de</strong>fine muito bem este movimento:<<strong>br</strong> />
Os automatismos tanto po<strong>de</strong>m ser mentais quanto motores e até sociais<<strong>br</strong> />
como, por exemplo, a cortesia, o cavalheirismo, a cooperação, etc. A<<strong>br</strong> />
observação, a retenção mnemônica, a leitura rápida, a indução etc..<<strong>br</strong> />
constituem exemplos <strong>de</strong> hábitos mentais. A eficiente realização <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssa natureza <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> um bom <strong>de</strong>senvolvimento dos<<strong>br</strong> />
hábitos, das habilida<strong>de</strong>s mentais e motoras; através da experiência e do<<strong>br</strong> />
treino, o homem torna-se capaz <strong>de</strong> realizar esses atos com o mínimo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
rendimento, em tempo e em qualida<strong>de</strong>, sem mesmo necessitar concentrar<<strong>br</strong> />
a sua atenção para executá-los.<<strong>br</strong> />
Normalmente o movimento se inicia <strong>de</strong> forma voluntária e, uma vez iniciado,<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong>-se interrompê-lo a qualquer momento <strong>de</strong> acordo com a nossa vonta<strong>de</strong>. Exemplo:<<strong>br</strong> />
quando andamos, não pensamos no balançar <strong>de</strong> nossos <strong>br</strong>aços, temos a intenção <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
andar (voluntário) mas a execução <strong>de</strong>sse movimento torna-se automática.<<strong>br</strong> />
Este movimento, porém, nem sempre é iniciado pela vonta<strong>de</strong>. Alguns são<<strong>br</strong> />
iniciados sem que se tenha conhecimento, como por exemplo à manutenção do equilí<strong>br</strong>io<<strong>br</strong> />
e da postura.<<strong>br</strong> />
Existem os automatismos que são <strong>de</strong>senvolvidos através do processo da<<strong>br</strong> />
<strong>aprendizagem</strong>. Passam do plano voluntário para o plano automático. Exemplo: tocar<<strong>br</strong> />
piano, andar <strong>de</strong> bicicleta, nadar, escrever à máquina. Ocorrem na nossa vida individual,<<strong>br</strong> />
profissional e esportiva.<<strong>br</strong> />
Para uma pessoa agir no meio ambiente é necessário que possua, além <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
uma organização motora, uma vonta<strong>de</strong>, um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> realizar um movimento. Não se<<strong>br</strong> />
consegue <strong>edu</strong>car ou re<strong>edu</strong>car ninguém contra sua própria vonta<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
O movimento "pelo movimento" não leva a nenhuma <strong>aprendizagem</strong>. É<<strong>br</strong> />
necessário e fundamental que o aluno <strong>de</strong>seje, reflita e analise seus movimentos,<<strong>br</strong> />
interiorizando-os. Só assim conseguirá atingir uma <strong>aprendizagem</strong> mais significativa <strong>de</strong> si<<strong>br</strong> />
mesmo e <strong>de</strong> suas possibilida<strong>de</strong>s.<<strong>br</strong> />
Vemos muitos professores preocupados em promover nos alunos um maior<<strong>br</strong> />
controle <strong>de</strong> seu corpo, o<strong>br</strong>igando-os a realizarem uma série interminável <strong>de</strong> exercícios,<<strong>br</strong> />
acabando por <strong>de</strong>sestimulá-los completamente.<<strong>br</strong> />
Apren<strong>de</strong>r neurologicamente falando, significa usar sinapses normalmente não<<strong>br</strong> />
usadas. O uso, portanto, <strong>de</strong> maior ou menor número <strong>de</strong> sinapses é o que condiciona uma<<strong>br</strong> />
<strong>aprendizagem</strong> no sentido neurológico.<<strong>br</strong> />
Desta maneira, um <strong>edu</strong>cador, com sua atitu<strong>de</strong> estimuladora, está ajudando seu<<strong>br</strong> />
aluno a diferenciar seu sistema nervoso, ampliando seu número <strong>de</strong> sinapses.<<strong>br</strong> />
7 CAMPOS, Dinah Martins <strong>de</strong> Souza. Psicologia da <strong>aprendizagem</strong>. 3ª ed. Vozes, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1973.<<strong>br</strong> />
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Embora tenhamos salientado a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma boa estimulação do meio<<strong>br</strong> />
ambiente, temos que tomar cuidado para não nos exce<strong>de</strong>rmos, pois isso, além <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
provocar ansieda<strong>de</strong> na criança, não irá apressar o processo <strong>de</strong> maturação do sistema<<strong>br</strong> />
nervoso.<<strong>br</strong> />
O sistema nervoso não se <strong>de</strong>senvolve <strong>de</strong> uma só vez e obe<strong>de</strong>ce a uma<<strong>br</strong> />
seqüência. É preciso pedir para a criança o que ela é capaz <strong>de</strong> realizar, levando em<<strong>br</strong> />
consi<strong>de</strong>ração seu processo <strong>de</strong> maturação.<<strong>br</strong> />
A importância da maturação nervosa para a <strong>aprendizagem</strong> tem merecido<<strong>br</strong> />
muitas discussões por parte <strong>de</strong> diversos autores.<<strong>br</strong> />
A <strong>aprendizagem</strong> supõe um mínimo <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong> <strong>de</strong> on<strong>de</strong> possa partir<<strong>br</strong> />
qualquer que seja o comportamento consi<strong>de</strong>rado. Para que o exercício <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
complexa como a leitura possa integrar-se, exigir-se-á a fortiori, <strong>de</strong>terminado nível <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
maturida<strong>de</strong> anterior. Sem ele, será inútil iniciar a <strong>aprendizagem</strong>.<<strong>br</strong> />
Brandão (1984, p. 41) 8 também ressalta a importância da maturida<strong>de</strong> para o<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>senvolvimento da <strong>aprendizagem</strong>:<<strong>br</strong> />
A <strong>aprendizagem</strong> não po<strong>de</strong>rá proporcionar um <strong>de</strong>senvolvimento superior à<<strong>br</strong> />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organização das estruturas do sistema nervoso do<<strong>br</strong> />
indivíduo; uma criança não po<strong>de</strong>rá apren<strong>de</strong>r das experiências vividas,<<strong>br</strong> />
conhecimentos para os quais tenha adquirido, ainda, uma suficiente<<strong>br</strong> />
maturida<strong>de</strong>. A maturida<strong>de</strong> é, no entanto, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, em parte, do que foi<<strong>br</strong> />
herdado, e, em parte, do que foi adquirido pelas experiências vividas.<<strong>br</strong> />
Para ele, portanto, a maturida<strong>de</strong> está sempre em <strong>de</strong>senvolvimento e nunca<<strong>br</strong> />
estaciona.<<strong>br</strong> />
É possível pensar que a maturida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rá ser construída <strong>de</strong> forma<<strong>br</strong> />
progressiva contando com a interação <strong>de</strong> fatores internos e externos. Po<strong>de</strong>mos acreditar<<strong>br</strong> />
que, para isto, <strong>de</strong>vem ser proporcionadas "condições nutricionais, afetivas e estimulação<<strong>br</strong> />
que são indispensáveis". Haverá uma distinção entre maturida<strong>de</strong> escolar e prontidão.<<strong>br</strong> />
Prontidão implica em uma disposição, um "estar pronto para..." <strong>de</strong>terminada<<strong>br</strong> />
<strong>aprendizagem</strong>... a <strong>de</strong>finição do termo inclui as ativida<strong>de</strong>s ou experiências <strong>de</strong>stinadas a<<strong>br</strong> />
preparar a criança para enfrentar as distintas tarefas que a <strong>aprendizagem</strong> escolar exige.<<strong>br</strong> />
Maturida<strong>de</strong> escolar implicaria em um conceito globalizador que incluiria estados<<strong>br</strong> />
múltiplos <strong>de</strong> prontidão.<<strong>br</strong> />
Maturida<strong>de</strong> será portanto a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que a criança possua, no momento<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> ingressar no sistema escolar, um nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento físico, psicológico e social<<strong>br</strong> />
que lhe permita enfrentar a<strong>de</strong>quadamente uma situação e suas exigências.<<strong>br</strong> />
Jean Piaget 9 aponta a maturação nervosa como um dos fatores relevantes do<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>senvolvimento mental. Embora ele acredite que não se conhecem bem as condições <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
maturação e a relação entre as operações intelectuais e o cére<strong>br</strong>o, reconhece sua<<strong>br</strong> />
influência.<<strong>br</strong> />
8<<strong>br</strong> />
BRANDÃO, Samarão. Desenvolvimento psicomotor da mão. 1ª ed. Enelivros. Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1984.<<strong>br</strong> />
9<<strong>br</strong> />
PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança. 4. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Zahar, 1982.<<strong>br</strong> />
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A maturação a<strong>br</strong>e possibilida<strong>de</strong>s; constrói-se à medida que surgem certas<<strong>br</strong> />
condutas, mas que não é sua condição suficiente, pois <strong>de</strong>ve se reforçar pelo exercício e<<strong>br</strong> />
pelo funcionamento. A<strong>de</strong>mais, se o cére<strong>br</strong>o contém conexões hereditárias, ele contém um<<strong>br</strong> />
número sempre crescente <strong>de</strong> conexões, das quais a maioria é adquirida pelo exercício. A<<strong>br</strong> />
maturação é um fator, certamente necessário na gênese, mas que não explica todo o<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>senvolvimento.<<strong>br</strong> />
A maturação <strong>de</strong>sempenha um papel muito importante no <strong>de</strong>senvolvimento<<strong>br</strong> />
mental, embora não fundamental, pois tem-se que levar em consi<strong>de</strong>ração outros fatores<<strong>br</strong> />
como a transmissão social, a interação do indivíduo com o meio, através <strong>de</strong> exercícios e<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> experimentação em um processo <strong>de</strong> auto-regulação.<<strong>br</strong> />
Ajuriaguerra 10 (1980) tem a mesma opinião <strong>de</strong> Jean Piaget quando afirma que<<strong>br</strong> />
a maturação é uma condição necessária mas não suficiente para explicar o<<strong>br</strong> />
comportamento.<<strong>br</strong> />
Concordamos com Bee e Mitchell (op. cit., p. 129) quando dizem:<<strong>br</strong> />
O <strong>de</strong>senvolvimento motor é afetado pela oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> praticar e pelas<<strong>br</strong> />
variações ambientais mais importantes. O processo <strong>de</strong> maturação sem<<strong>br</strong> />
dúvida estabelece alguns limites so<strong>br</strong>e o ritmo <strong>de</strong> crescimento físico e<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>senvolvimento motor, mas o ritmo po<strong>de</strong> ser retardado pela ausência <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
prática ou experiências a<strong>de</strong>quadas.<<strong>br</strong> />
Com um atraso muito gran<strong>de</strong> da maturação nervosa, a criança não po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
passar das ativida<strong>de</strong>s informal e global a uma ativida<strong>de</strong> mais consciente, mais or<strong>de</strong>nada e<<strong>br</strong> />
mais dominada. A <strong>edu</strong>cação psicomotora po<strong>de</strong> permitir (à criança) recuperar em parte<<strong>br</strong> />
este atraso (da maturação nervosa) aumentando o seu vivido corporal.<<strong>br</strong> />
Crianças que resi<strong>de</strong>m em lugares <strong>de</strong>sprovidos <strong>de</strong> espaço para recreação e que<<strong>br</strong> />
acabem limitando as experiências motoras, ficam em <strong>de</strong>svantagens em seu<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>senvolvimento.<<strong>br</strong> />
A este respeito temos que <strong>de</strong>smistificar o conceito <strong>de</strong> que só po<strong>br</strong>e é<<strong>br</strong> />
prejudicado pela falta <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se exercitar. Muitos meninos "<strong>de</strong> rua" têm uma<<strong>br</strong> />
coor<strong>de</strong>nação motora global superior à criança <strong>de</strong> classe média, sempre protegida pelos<<strong>br</strong> />
medos e ansieda<strong>de</strong>s dos pais.<<strong>br</strong> />
Verificamos, também, que existem crianças ricas que são criadas por babás,<<strong>br</strong> />
que, não enten<strong>de</strong>ndo o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>de</strong>ixam-nas constantemente em<<strong>br</strong> />
frente à televisão, limitando assim sua exercitação. As mães superprotetoras que fazem<<strong>br</strong> />
tudo pelo filho também estão negando a ele a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver.<<strong>br</strong> />
Outro exemplo que po<strong>de</strong>mos citar é o <strong>de</strong> crianças criadas em creches e<<strong>br</strong> />
orfanatos, em que se verifica uma estimulação muito po<strong>br</strong>e do meio ambiente e<<strong>br</strong> />
conseqüentemente poucas respostas são solicitadas.<<strong>br</strong> />
Outras situações po<strong>de</strong>m ser lem<strong>br</strong>adas, mas não nos cabe aqui discutir o<<strong>br</strong> />
porquê <strong>de</strong>ssa não-exercitação motora das crianças. Basta salientar que existem muitas<<strong>br</strong> />
10 AJURIAGUERRA, J. <strong>de</strong>. A escrita infantil: Evolução e dificulda<strong>de</strong>s. 2ª ed. Artes Médicas, Porto<<strong>br</strong> />
Alegre, 1988.<<strong>br</strong> />
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<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s entre as crianças que entram na escola, provenientes <strong>de</strong> seu meio<<strong>br</strong> />
sócio-econômico-cultural e familiar.<<strong>br</strong> />
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5. COGNIÇÃO: PERSPECTIVAS EPISTEMOLÓGICAS<<strong>br</strong> />
Por <strong>de</strong>trás <strong>de</strong> toda prática <strong>edu</strong>cativa há sempre uma teoria do conhecimento.<<strong>br</strong> />
Esta é uma afirmação incontestável e mais incontestável ainda quando referida a pratica<<strong>br</strong> />
<strong>edu</strong>cativa escolar.<<strong>br</strong> />
A questão que as teorias do conhecimento colocam é: Como tem origem e<<strong>br</strong> />
como evolui o conhecimento? As diferentes respostas dadas a esta questão ao longo dos<<strong>br</strong> />
tempos se fazem presentes nas diferentes práticas <strong>edu</strong>cativas <strong>de</strong>senvolvidas no âmbito<<strong>br</strong> />
escolar. Situar estas diferentes concepções <strong>de</strong> conhecimento e conseqüentemente <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
ensino e <strong>aprendizagem</strong>, visando a eleger aquela que mais se aproxima <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />
concepção <strong>de</strong> <strong>edu</strong>cação escolar voltada para o <strong>de</strong>senvolvimento humano, interdisciplinar,<<strong>br</strong> />
é uma tarefa assumida por inúmeros <strong>edu</strong>cadores neste século. Incontestáveis são as<<strong>br</strong> />
contribuições <strong>de</strong> filósofos, psicólogos, sociólogos, antropólogos, cientistas e <strong>edu</strong>cadores<<strong>br</strong> />
nessa área, contudo não preten<strong>de</strong>mos aqui fazer uma revisão do conhecimento<<strong>br</strong> />
acumulado até aqui, mas antes recolocar alguns aspectos que consi<strong>de</strong>ramos relevantes<<strong>br</strong> />
frente às respostas dadas ao como tem origem e como evolui o conhecimento e suas<<strong>br</strong> />
implicações na prática <strong>edu</strong>cativa escolar. É nosso propósito ainda, refletir so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />
concepção <strong>de</strong> conhecimento que ao influenciar uma nova concepção <strong>de</strong> ensino e <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>aprendizagem</strong>, mais se aproxime <strong>de</strong> uma <strong>edu</strong>cação capaz <strong>de</strong> formar sujeitos capazes <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
“problematizar o mundo em que vivem para superar as contradições, comprometendo-se<<strong>br</strong> />
com esse mundo para recriá-lo constantemente".<<strong>br</strong> />
CONCEPÇÃO EMPIRISTA<<strong>br</strong> />
Ao examinar como se dá o conhecimento no homem, os empiristas afirmavam<<strong>br</strong> />
que o conhecimento vem primeiro <strong>de</strong> uma informação sensorial, transmitida do<<strong>br</strong> />
exterior para o interior, através dos sentidos. Assim, para os empiristas “o<<strong>br</strong> />
conhecimento tem sua fonte fora do indivíduo e que ele é internalizado através dos<<strong>br</strong> />
sentidos”. 11 Consi<strong>de</strong>ravam os indivíduos como uma cera virgem sob a qual se imprimem<<strong>br</strong> />
os conhecimentos, ou como uma lousa limpa on<strong>de</strong> na medida que o sujeito cresce vai-se<<strong>br</strong> />
inscrevendo o conhecimento trazido <strong>de</strong> fora e apreendido pelos sentidos.<<strong>br</strong> />
Esta maneira <strong>de</strong> se conceber o conhecimento influenciou amplamente teorias<<strong>br</strong> />
psicológicas e pedagógicas que se traduziram em concepções <strong>de</strong> ensino e <strong>aprendizagem</strong><<strong>br</strong> />
também empiristas.<<strong>br</strong> />
Como <strong>de</strong>corrência da corrente empirista, o processo ensino-<strong>aprendizagem</strong> é<<strong>br</strong> />
centrado no professor que organiza as informações do meio externo que <strong>de</strong>verão ser<<strong>br</strong> />
internalizadas pelos alunos, sendo estes apenas receptores <strong>de</strong> informações e do seu<<strong>br</strong> />
armazenamento na memória. O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> ensino é fechado, acabado, livresco, no qual a<<strong>br</strong> />
noção <strong>de</strong> conhecimento consiste no acúmulo <strong>de</strong> fatos e informações isoladas, imerso em<<strong>br</strong> />
simbolismos, quadros cheios <strong>de</strong> cálculos e fórmulas ou <strong>de</strong>finições a serem memorizadas<<strong>br</strong> />
sem significado real, numa concepção <strong>de</strong> memória associacionista/empirista, em que<<strong>br</strong> />
fatos são armazenados e, quando necessário, recuperados.<<strong>br</strong> />
11 KAMII, C., RHETA, D. A Teoria <strong>de</strong> Piaget e a Educação Pré-Escolar. Lisboa. Sociocultura. 1974.<<strong>br</strong> />
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Segundo Kamii “o ponto <strong>de</strong> vista empirista conduz a que se ponha a tônica<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e aquilo que é exterior à criança”.<<strong>br</strong> />
Po<strong>de</strong>mos encontrar em várias situações <strong>de</strong> sala <strong>de</strong> aula a confirmação da<<strong>br</strong> />
crença empirista so<strong>br</strong>e a <strong>aprendizagem</strong>: A disciplina do silêncio, só o professor fala, o<<strong>br</strong> />
aluno tem que ouvir; o professor mostra, o aluno tem que olhar. Ver e ouvir em silêncio,<<strong>br</strong> />
sem <strong>de</strong>sviar os sentidos para que o conhecimento possa "entrar" no indivíduo. Outros<<strong>br</strong> />
exemplos seriam: ler a tabuada em voz alta para ver e ouvir e assim <strong>de</strong>corar. Há uma<<strong>br</strong> />
preocupação excessiva em organizar o ensino, pois ensinando bem o aluno apren<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Todo o conhecimento está fora do sujeito, portanto no professor e nos livros, o aluno é um<<strong>br</strong> />
recipiente vazio on<strong>de</strong> é necessário "<strong>de</strong>spejar" o conhecimento.<<strong>br</strong> />
A este tipo <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> <strong>de</strong>nominamos <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> repetitiva on<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
o aluno recebe os conteúdos que <strong>de</strong>ve apren<strong>de</strong>r em sua forma final, pronta e acabada,<<strong>br</strong> />
não se fazendo necessário à compreensão ou à atribuição <strong>de</strong> significado aos mesmos,<<strong>br</strong> />
bastando que o aluno seja capaz <strong>de</strong> reproduzi-los quando solicitado.<<strong>br</strong> />
Pesquisas têm mostrado que esse é o mo<strong>de</strong>lo mais <strong>de</strong>finido nas escolas on<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
encontramos praticas <strong>edu</strong>cacionais fortemente cristalizadas, sendo esse o que recebe<<strong>br</strong> />
maior número <strong>de</strong> criticas e concentra um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> <strong>edu</strong>cadores e pesquisadores<<strong>br</strong> />
empenhados em sua superação.<<strong>br</strong> />
A perspectiva empirista, segundo Kamii impregna o pensamento <strong>de</strong> hoje<<strong>br</strong> />
porque a psicologia como ciência, <strong>de</strong>senvolveu-se a partir <strong>de</strong> uma tradição empirista da<<strong>br</strong> />
filosofia. Nesse sentido, po<strong>de</strong>mos afirmar que a pedagogia <strong>de</strong>senvolveu-se a partir <strong>de</strong>sta<<strong>br</strong> />
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mesma tradição já que tem buscado suporte na psicologia para compor seu corpo teórico,<<strong>br</strong> />
para a compreensão <strong>de</strong> como se dá o conhecimento.<<strong>br</strong> />
CORRENTE RACIONALISTA (APRIORISMO)<<strong>br</strong> />
Contrapondo-se ao empirismo, <strong>de</strong>senvolve-se a corrente<<strong>br</strong> />
racionalista, que rejeita a informação sensorial como fonte fundamental<<strong>br</strong> />
da verda<strong>de</strong>, e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a razão pura é o melhor meio <strong>de</strong> atingir a<<strong>br</strong> />
verda<strong>de</strong>. Segundo Kamii, “racionalistas como Descartes, Spinoza e<<strong>br</strong> />
Kant não negaram a importância da experiência sensorial mas<<strong>br</strong> />
insistiam em dizer que a razão é mais po<strong>de</strong>rosa do que a experiência<<strong>br</strong> />
sensorial, porque ela nos dá a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saber com certeza muitas verda<strong>de</strong>s que a<<strong>br</strong> />
observação sensorial nunca po<strong>de</strong>rá avaliar”.<<strong>br</strong> />
Afirmavam também os racionalistas que os nossos sentidos nos enganam<<strong>br</strong> />
através <strong>de</strong> ilusões perceptivas, <strong>de</strong>monstrando <strong>de</strong>sta maneira que não é possível se<<strong>br</strong> />
confiar nos sentidos para nos dar um conhecimento seguro e verda<strong>de</strong>iro. "O rigor, a<<strong>br</strong> />
precisão e a certeza da matemática, uma disciplina puramente <strong>de</strong>dutiva permanecem<<strong>br</strong> />
como o primeiro exemplo dos racionalistas na <strong>de</strong>fesa do po<strong>de</strong>r da razão”.<<strong>br</strong> />
Quando solicitado aos racionalistas explicações so<strong>br</strong>e a gênese <strong>de</strong>sta<<strong>br</strong> />
capacida<strong>de</strong> da razão, eles afirmavam que certos conhecimentos ou conceitos são inatos e<<strong>br</strong> />
que <strong>de</strong>sa<strong>br</strong>ocham em função da maturida<strong>de</strong>. Esta idéia é também conhecida por<<strong>br</strong> />
apriorismo.<<strong>br</strong> />
Os aprioristas acreditam que o conhecimento acontece em cada sujeito porque<<strong>br</strong> />
o mesmo já traz em seu sistema nervoso o programa já <strong>de</strong>finido que com o passar do<<strong>br</strong> />
tempo será atualizado.<<strong>br</strong> />
Encontramos, como <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong>sta corrente, concepções <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong><<strong>br</strong> />
e <strong>de</strong> ensino que indicam que cada indivíduo já traz o programa pronto em seu sistema<<strong>br</strong> />
nervoso, isto significa que, ao nascermos, já está <strong>de</strong>terminado quem será ou não<<strong>br</strong> />
inteligente. Assim, uns nasceram para apren<strong>de</strong>r, e apren<strong>de</strong>m facilmente; Outros não<<strong>br</strong> />
nasceram para o estudo, se fracassam o fracasso é só <strong>de</strong>le. Afirmações como: ninguém<<strong>br</strong> />
ensina a pessoa apren<strong>de</strong> praticamente por si; ele nasceu para o estudo, já seu irmão:<<strong>br</strong> />
matemática, física ... isso não é para qualquer um; quem nasceu para coisa (estudo), não<<strong>br</strong> />
precisa mais explicação; ele é muito novo, com o tempo o conhecimento aparece. Estas<<strong>br</strong> />
são falas <strong>de</strong> professores, pais e, freqüentemente, dos próprios alunos. Alguns professores<<strong>br</strong> />
afirmam dar boas aulas, mas que é natural que nem todos aprendam, e que nem todos<<strong>br</strong> />
tenham condições para apren<strong>de</strong>r. “Ele é fraco mesmo;” significando que nasceu fraco,<<strong>br</strong> />
não que esteja por alguns motivos <strong>de</strong>fasado.<<strong>br</strong> />
CORRENTE INTERACIONISTA<<strong>br</strong> />
A posição <strong>de</strong> PIAGET é uma síntese entre o<<strong>br</strong> />
empirismo e o racionalismo. PIAGET observou elementos<<strong>br</strong> />
verda<strong>de</strong>iros e não verda<strong>de</strong>iros nas duas correntes. Porém<<strong>br</strong> />
não concordava com os racionalistas na suposição <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
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uma capacida<strong>de</strong> inata <strong>de</strong> raciocínio que se impõe como resultado da maturação. KAMII<<strong>br</strong> />
diz que PIAGET é um interacionista relativista que crê na construção do conhecimento<<strong>br</strong> />
pela interação da experiência sensorial e da razão, indissociáveis uma da outra. Assim, o<<strong>br</strong> />
conhecimento não nasce com o indivíduo, nem é dado pelo meio social. O Sujeito constrói<<strong>br</strong> />
o conhecimento na interação com o meio físico e social, e esta construção vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r<<strong>br</strong> />
tanto das condições do indivíduo como das condições do meio.<<strong>br</strong> />
Como o sujeito e o objeto se constroem? Como o conhecimento é construído? Segundo<<strong>br</strong> />
Carvalho 12 encontramos na Teoria da Equili<strong>br</strong>ação Piagetiana (ou da auto-regulação)<<strong>br</strong> />
uma estrutura capaz <strong>de</strong> a<strong>br</strong>açar com os vários aspectos da questão <strong>de</strong> saber como o<<strong>br</strong> />
indivíduo constrói conhecimento. Para Piaget, o sistema cognitivo <strong>de</strong> todo o indivíduo<<strong>br</strong> />
funciona por meio <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> adaptação, o qual utiliza dois elementos<<strong>br</strong> />
fundamentais para a construção do conhecimento: a assimilação e a acomodação.<<strong>br</strong> />
O sujeito age so<strong>br</strong>e o objeto assimilando-o ou incorporando o objeto <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
conhecimento a seus esquemas disponíveis, esta ação assimiladora transforma o objeto.<<strong>br</strong> />
Quando o objeto a ser assimilado resiste aos instrumentos <strong>de</strong> assimilação, o sujeito reage<<strong>br</strong> />
modificando ou construindo novos instrumentos. Estas transformações dos instrumentos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> assimilação constituem a ação acomodadora.<<strong>br</strong> />
A assimilação e a acomodação estão em permanente equilí<strong>br</strong>io. O sistema é<<strong>br</strong> />
perturbado e mecanismos <strong>de</strong> equili<strong>br</strong>ação são disparados no indivíduo, quando um<<strong>br</strong> />
conflito ou lacuna, reconhecidos antecipadamente como tais, são gerados frente a um<<strong>br</strong> />
objeto ou evento.<<strong>br</strong> />
A cada perturbação ou <strong>de</strong>sequilí<strong>br</strong>io o sistema constrói compensações que<<strong>br</strong> />
buscam o equilí<strong>br</strong>io superior. A esse processo <strong>de</strong> equili<strong>br</strong>ação, <strong>de</strong>sequili<strong>br</strong>ação contínuo e<<strong>br</strong> />
progressivo, Piaget chama <strong>de</strong> equili<strong>br</strong>ação majorante.<<strong>br</strong> />
Assim Piaget põe em xeque a idéia <strong>de</strong> conhecimento dado, seja na bagagem<<strong>br</strong> />
hereditária, ou no meio físico ou social e cria a idéia <strong>de</strong> conhecimento construído. Piaget<<strong>br</strong> />
constrói uma teoria construtivista do conhecimento: da sua gênese e do seu<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>senvolvimento.<<strong>br</strong> />
Princípios:<<strong>br</strong> />
O aluno é o construtor do seu próprio conhecimento;<<strong>br</strong> />
O conhecimento é um contínuo, isto é, todo conhecimento é construído a partir do que<<strong>br</strong> />
já existe elaborado;<<strong>br</strong> />
O conhecimento a ser ensinado <strong>de</strong>ve partir do conhecimento que o aluno já traz para<<strong>br</strong> />
sala <strong>de</strong> aula.<<strong>br</strong> />
Consi<strong>de</strong>rando o Relatório da Comissão Internacional so<strong>br</strong>e a Educação para o<<strong>br</strong> />
Século XXI, coor<strong>de</strong>nado por JADQUES DELORS, na UNESCO, em 1989, po<strong>de</strong>mos,<<strong>br</strong> />
quiçá, fazer um paralelo com alguns pensamentos <strong>de</strong> J. PIAGET e outros autores, como<<strong>br</strong> />
por exemplo, VYGOTSKY, para em outras palavras dizer:<<strong>br</strong> />
12 CARVALHO, A. M. P. Formação <strong>de</strong> Professores <strong>de</strong> Ciências: Tendências e Inovações. 3ª ed. Editora<<strong>br</strong> />
Cortez. São Paulo, 1992.<<strong>br</strong> />
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A <strong>aprendizagem</strong> é uma constante procura <strong>de</strong> significado das coisas. – APRENDER A<<strong>br</strong> />
APRENDER. A <strong>aprendizagem</strong> <strong>de</strong>ve, pois, começar pelos acontecimentos em que os<<strong>br</strong> />
alunos estão envolvidos – palavramundo (PAULO FREIRE) 13 e cujo significado<<strong>br</strong> />
procuram construir;<<strong>br</strong> />
A construção do significado requer não só a compreensão da “globalida<strong>de</strong>” como das<<strong>br</strong> />
“partes” que a constituem . – APRENDER A FAZER. As “partes” <strong>de</strong>vem ser<<strong>br</strong> />
compreendidas como integradas no “contexto” das “globalida<strong>de</strong>s”. O processo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>aprendizagem</strong> <strong>de</strong>ve portanto centrar-se nos “conceitos primários” e não nos fatos<<strong>br</strong> />
isolados.<<strong>br</strong> />
Para se po<strong>de</strong>r ensinar bem é necessário conhecer os mo<strong>de</strong>los mentais que os alunos<<strong>br</strong> />
utilizam na compreensão do mundo que os ro<strong>de</strong>ia e os pressupostos que suportam<<strong>br</strong> />
esses mo<strong>de</strong>los. – APRENDER A CONVIVER.<<strong>br</strong> />
Apren<strong>de</strong>r é construir o seu próprio significado e não a encontrar as “respostas certas”<<strong>br</strong> />
dadas por alguém. – APRENDER A SER.<<strong>br</strong> />
6. DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM<<strong>br</strong> />
A vida escolar contribui para diferentes trajetórias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, tendo<<strong>br</strong> />
influência so<strong>br</strong>e as experiências futuras do indivíduo. A época <strong>de</strong> ingresso na<<strong>br</strong> />
escolarida<strong>de</strong> formal <strong>de</strong>verá coincidir com a fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento psicossocial. Neste<<strong>br</strong> />
período, que para maioria estará compreendido entre os seis e doze anos, é a fase em<<strong>br</strong> />
que ocorre uma crescente evolução <strong>de</strong>corrente do <strong>de</strong>safio da produtivida<strong>de</strong> versus não<<strong>br</strong> />
produtivida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> a criança quer e precisa ser reconhecida pela sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
realizar tarefas valorizadas no seu meio ambiente. O sucesso escolar, nesta fase,<<strong>br</strong> />
contribui para a resolução satisfatória <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>safio, visto que garante à criança um<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sempenho valorizado pela socieda<strong>de</strong>. Por outro lado, o insucesso acadêmico po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
acarretar um senso <strong>de</strong> não cumprimento da sua tarefa psicossocial <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<<strong>br</strong> />
Os atrasos e problemas <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> foram, durante muito tempo,<<strong>br</strong> />
consi<strong>de</strong>rados como uma <strong>de</strong>ficiência em <strong>de</strong>terminada habilida<strong>de</strong>. No entanto, as teorias da<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ficiência apresentaram gran<strong>de</strong>s dificulda<strong>de</strong>s para estabelecer uma relação direta entre<<strong>br</strong> />
a dimensão psicológica alcançada e o rendimento acadêmico. Neste sentido, mais<<strong>br</strong> />
recentemente, ten<strong>de</strong>-se a consi<strong>de</strong>rar a interação <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> fatores, cuja confluência<<strong>br</strong> />
específica <strong>de</strong>termina o nível <strong>de</strong> rendimento da criança frente à situação <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>.<<strong>br</strong> />
Ao se fazer referência às dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> não se po<strong>de</strong> per<strong>de</strong>r <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
vista a presença <strong>de</strong> distorções inerentes ao próprio sistema <strong>edu</strong>cacional e às influências<<strong>br</strong> />
ambientais que funcionam como contexto para as manifestações comportamentais e as<<strong>br</strong> />
peculiarida<strong>de</strong>s do indivíduo que po<strong>de</strong> apresentar, no sistema escolar, o sintoma <strong>de</strong> não<<strong>br</strong> />
apren<strong>de</strong>r.<<strong>br</strong> />
Estudos so<strong>br</strong>e a didática, que po<strong>de</strong>ria ser sintetizada como sendo a arte e a<<strong>br</strong> />
técnica <strong>de</strong> construir a relação ensino-<strong>aprendizagem</strong>, <strong>de</strong> forma humanizada e<<strong>br</strong> />
13 FREIRE, Paulo. A importância do ato <strong>de</strong> ler. 12 ed. São Paulo: Cortez, 1986. p. 11-3.<<strong>br</strong> />
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humanizadora, vêm reforçando a importância das influências <strong>de</strong> variáveis internas como<<strong>br</strong> />
as crenças, valores, técnicas, expectativas e, so<strong>br</strong>etudo os afetos, que funcionam como<<strong>br</strong> />
motivadores para as crianças e para os adolescentes na construção <strong>de</strong> raciocínios,<<strong>br</strong> />
emoções, ações e, conseqüentemente, gosto pelas aulas...<<strong>br</strong> />
Dentre as variáveis acima, <strong>de</strong>staca-se a auto-eficácia. Define-se como autoeficácia<<strong>br</strong> />
a crença que o indivíduo possui so<strong>br</strong>e sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho em<<strong>br</strong> />
ativida<strong>de</strong>s específicas. Envolve o julgamento so<strong>br</strong>e suas capacida<strong>de</strong>s para mobilizar<<strong>br</strong> />
recursos cognitivos, emocionais e volitivos em ações <strong>de</strong> controle so<strong>br</strong>e eventos e<<strong>br</strong> />
resoluções <strong>de</strong> problemas. Tais crenças influenciam as aspirações e o envolvimento com<<strong>br</strong> />
metas estabelecidas, o nível <strong>de</strong> motivação, a perseverança face às dificulda<strong>de</strong>s, a<<strong>br</strong> />
resiliência às adversida<strong>de</strong>s, relacionando-se com a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensamento<<strong>br</strong> />
analítico/sintético e a vulnerabilida<strong>de</strong> para o estresse e <strong>de</strong>pressão.<<strong>br</strong> />
Falamos acima so<strong>br</strong>e resiliência. Como é um conceito relativamente novo, com<<strong>br</strong> />
aproximadamente quarenta anos, necessitamos <strong>de</strong> alguns esclarecimentos.<<strong>br</strong> />
Está sendo bastante comum escutar nas empresas, nas escolas e na imprensa<<strong>br</strong> />
falar <strong>de</strong> que temos que ser resilientes. E os resilientes são aqueles que são capazes <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
vencer as dificulda<strong>de</strong>s, os obstáculos, por mais fortes e traumáticos que elas sejam. Po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
ser <strong>de</strong>s<strong>de</strong> um <strong>de</strong>semprego inesperado, a morte <strong>de</strong> um parente querido, a separação dos<<strong>br</strong> />
pais, a repetência na escola ou uma catástrofe como um tsunami. Aliás, já se encontram<<strong>br</strong> />
muitos livros abordando o assunto como o Resiliência: <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>indo as próprias<<strong>br</strong> />
fortalezas, organizado por ALDO MELILO e ELBIO NESTOR SUÁREZ OJEDA. Nesse e<<strong>br</strong> />
noutros livros e artigos encontramos os autores relatando que o conceito <strong>de</strong> resiliência<<strong>br</strong> />
passou <strong>de</strong> uma fase <strong>de</strong> “qualida<strong>de</strong>s pessoais”, até ao conceito mais atual <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
compreendê-la como um atributo da personalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvido no contexto psicosócio-cultural<<strong>br</strong> />
em que as pessoas estão inseridas. E <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos 80 a escola tem sido<<strong>br</strong> />
vista como um <strong>de</strong>sses ambientes, por excelência, para haver o enriquecimento da<<strong>br</strong> />
resiliência.<<strong>br</strong> />
No Brasil, o assunto da resiliência se torna fundamental quando examinamos o<<strong>br</strong> />
fato <strong>de</strong> a taxa <strong>de</strong> crescimento econômico <strong>br</strong>asileiro – mesmo o país sendo tido como<<strong>br</strong> />
nação emergente – em 1996 ter sido <strong>de</strong> apenas 2,7%. Em 1997 ela terminou em 3,6% e,<<strong>br</strong> />
no ano seguinte, pifiamente – em apenas 0,12%. Em 1999 se marcou 0,8% e para 2000<<strong>br</strong> />
houve uma alentadora taxa <strong>de</strong> 4,2%. Os dados e as projeções elaboradas pelo próprio<<strong>br</strong> />
IBGE para o triênio (2001-2004), nesse tópico e naqueles relacionados ao crescimento da<<strong>br</strong> />
condição econômica e melhora <strong>de</strong> vida, foram números lamentados por toda a socieda<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Logo, é possível ter muito mais êxito na <strong>edu</strong>cação, se na vida houver<<strong>br</strong> />
flexibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se viver ricamente os vínculos e os afetos que nos ro<strong>de</strong>iam. A falta <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
flexibilida<strong>de</strong> em situações <strong>de</strong> traumas e sofrimentos é uma das dificulda<strong>de</strong>s para<<strong>br</strong> />
harmonizar um projeto <strong>de</strong> vida.<<strong>br</strong> />
Aqui é necessário voltarmos a falar so<strong>br</strong>e didática e so<strong>br</strong>e os termos cognitivo,<<strong>br</strong> />
emocional e volitivo.<<strong>br</strong> />
A didática <strong>de</strong>ve servir como mecanismo <strong>de</strong> tradução prática, no exercício<<strong>br</strong> />
<strong>edu</strong>cativo, <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões filosófico-políticas e epistemológicas <strong>de</strong> um projeto histórico <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>senvolvimento humano para o povo.<<strong>br</strong> />
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Assim, para dar um exemplo so<strong>br</strong>e o trabalho didático, po<strong>de</strong>mos dizer que<<strong>br</strong> />
todas as pessoas possuem conhecimento. Contudo, alguns têm mais, outros têm menos.<<strong>br</strong> />
Mas isto não torna ninguém melhor ou pior que o outro. Daí o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio da didática,<<strong>br</strong> />
perante a vida, é <strong>de</strong>monstrar, por assim dizer, o que cada um fará com o conhecimento<<strong>br</strong> />
que possui.<<strong>br</strong> />
Conhecimento é o que sabemos. Assim falamos<<strong>br</strong> />
quase que diariamente. Mas esta expressão ou este<<strong>br</strong> />
conceito é unilateral. Organiza-se somente no aspecto<<strong>br</strong> />
cognitivo. Contudo, faltam duas outras dimensões: a<<strong>br</strong> />
emocional e a volitiva.<<strong>br</strong> />
A Inteligência é uma só, contudo, didaticamente<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong>mos dividi-la em três partes, conforme o esquema ao<<strong>br</strong> />
lado.<<strong>br</strong> />
Assim temos: pensar, sentir e querer; razão, sentimento e vonta<strong>de</strong>. O uso das<<strong>br</strong> />
inteligências emocional e volitiva leva-nos a aplicabilida<strong>de</strong> do que sabemos humanizando<<strong>br</strong> />
sempre as nossas relações: primeiramente a intrapessoal e posteriormente a<<strong>br</strong> />
interpessoal. Isto nos traz sucesso.<<strong>br</strong> />
Os lares, as escolas e as igrejas, nos últimos tempos, têm privilegiado,<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>emaneira, as pessoas portadoras <strong>de</strong> muito conhecimento. Estas, se não usarem<<strong>br</strong> />
correlativamente as inteligências emocional e volitiva, po<strong>de</strong>rão se <strong>de</strong>ixar facilmente trair<<strong>br</strong> />
pela vaida<strong>de</strong> e com isso se tornarem até arrogantes. Ora, toda ação, todo posicionamento<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> arrogância não permite aplicar corretamente o que sabemos.<<strong>br</strong> />
Se voltarmos a resiliência po<strong>de</strong>remos <strong>de</strong>screver seis dimensões que<<strong>br</strong> />
constituem a resiliência:<<strong>br</strong> />
a) A administração das emoções, habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se manter<<strong>br</strong> />
tranqüilo sob pressão.<<strong>br</strong> />
b) O controle dos impulsos, habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> não agir impulsivamente<<strong>br</strong> />
e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mediar os impulsos e as emoções.<<strong>br</strong> />
c) Otimismo, habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser convicto <strong>de</strong> que as situações irão<<strong>br</strong> />
mudar quando envolvidas em adversida<strong>de</strong>s e manter firme a esperança <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
um futuro melhor.<<strong>br</strong> />
d) A análise do ambiente, habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar precisamente<<strong>br</strong> />
as causas dos problemas e adversida<strong>de</strong>s.<<strong>br</strong> />
e) A empatia, habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ler o estado emocional e psicológico<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> outra pessoa, “colocando-se no lugar <strong>de</strong>la para quando voltar para o<<strong>br</strong> />
seu”, pu<strong>de</strong>r alcançá-la, conectando-se com ela para viabilizar soluções para<<strong>br</strong> />
as intempéries da vida.<<strong>br</strong> />
f) Auto-eficácia, convicção <strong>de</strong> ser eficaz nas ações.<<strong>br</strong> />
Se numa <strong>de</strong>stas dimensões a pessoa não se encontrar bem, haverá alguma<<strong>br</strong> />
dificulda<strong>de</strong> no relacionamento, seja no intra, seja no interpessoal. Haverá uma área<<strong>br</strong> />
sensível na vida. Quando ocorrerem três dimensões em que a pessoa se sente com<<strong>br</strong> />
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dificulda<strong>de</strong> para trabalhar, para lidar, então ela se encontrará numa situação <strong>de</strong> risco.<<strong>br</strong> />
Estas dimensões são bem concretas e relativamente fáceis <strong>de</strong> serem mensuradas. Elas<<strong>br</strong> />
não esgotam a resiliência. Outras dimensões po<strong>de</strong>rão ser estudas em outros trabalhos.<<strong>br</strong> />
A administração das emoções é um aspecto humano que po<strong>de</strong> ser<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>senvolvido. Essa competência está presente nas mais diversas situações em que nos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>paramos na vida. Ela é responsável, muitas vezes, pelo sucesso ou fracasso na vida<<strong>br</strong> />
estudantil e profissional. Muitas vezes uma comunicação ina<strong>de</strong>quada, cria conflitos com<<strong>br</strong> />
outras pessoas, <strong>de</strong>ixando-as, possivelmente, fora <strong>de</strong> controle. Muitas vezes, sabemos<<strong>br</strong> />
que temos potencial para uma boa performance em <strong>de</strong>terminada situação, mas<<strong>br</strong> />
encontramos barreiras que não conseguimos transpor e nem mesmo i<strong>de</strong>ntificar a sua<<strong>br</strong> />
origem. Tomamos <strong>de</strong>cisões fundamentadas racionalmente e colhemos resultados<<strong>br</strong> />
inesperados. Será que o que fundamentamos equivale realmente àquilo que produzimos?<<strong>br</strong> />
O que na nossa racionalização correspon<strong>de</strong> à realida<strong>de</strong> e o que é apenas fantasia nossa?<<strong>br</strong> />
Enten<strong>de</strong>r nossos sentimentos é requisito fundamental para o <strong>de</strong>senvolvimento da<<strong>br</strong> />
competência na administração das emoções.<<strong>br</strong> />
Daniel Goleman, no livro Trabalhando com a inteligência emocional, cuja leitura<<strong>br</strong> />
recomendamos, apresenta uma situação extrema que lustra o que <strong>de</strong>nomina <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
“seqüestro emocional”. O autor relata o processo que dominou as ações <strong>de</strong> Mike Tyson<<strong>br</strong> />
numa luta em que arrancou com os <strong>de</strong>ntes um pedaço da orelha <strong>de</strong> Evan<strong>de</strong>r Holyfield.<<strong>br</strong> />
Isso lhe custou três milhões <strong>de</strong> dólares e a suspensão <strong>de</strong> um ano do boxe.<<strong>br</strong> />
Aspectos importantes <strong>de</strong>finem o grau <strong>de</strong> administração das emoções:<<strong>br</strong> />
a) Autopercepção (perceber os sentimentos presentes nas<<strong>br</strong> />
situações)<<strong>br</strong> />
receber<<strong>br</strong> />
b) Auto-estima e a autoconfiança (habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fornecer e<<strong>br</strong> />
Agora vamos ao controle dos impulsos, do gerenciamento <strong>de</strong> não agir<<strong>br</strong> />
impulsivamente e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mediar os impulsos e as emoções. Você é uma<<strong>br</strong> />
pessoa impulsiva? Quando foi a última vez que você falou algo sem pensar ou agiu sem<<strong>br</strong> />
refletir e logo em seguida se arrepen<strong>de</strong>u? É comum pela manhã surgir uma idéia que lhe<<strong>br</strong> />
agrada e, à tar<strong>de</strong>, não servir mais? E o nível <strong>de</strong> tolerância quando se sente sob pressão:<<strong>br</strong> />
é baixo, médio ou alto?<<strong>br</strong> />
Se <strong>de</strong> alguma forma, a resposta para as questões propostas for sim, e você<<strong>br</strong> />
perceber e compreen<strong>de</strong>r que elas são <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> e ocorram com certa<<strong>br</strong> />
freqüência, então é bem provável que você seja uma pessoa impulsiva.<<strong>br</strong> />
Mas será que isso é bom ou ruim? Quando agimos com prudência e<<strong>br</strong> />
serenida<strong>de</strong>, evitamos equívocos porque gerenciamos nossas emoções, logo, estar<<strong>br</strong> />
impulsivo não traz nenhuma vantagem.<<strong>br</strong> />
Algumas vezes po<strong>de</strong>-se confundir impulsivida<strong>de</strong> com agilida<strong>de</strong> em se<<strong>br</strong> />
posicionar frente a <strong>de</strong>safios, equivocando-se em pensar que estar impulsivo seja uma<<strong>br</strong> />
virtu<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Não resta dúvida que, quanto maior nosso nível <strong>de</strong> impulsivida<strong>de</strong>, maior nossa<<strong>br</strong> />
tendência em nos metermos em situações constrangedoras e, não raro, muito complexas.<<strong>br</strong> />
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Compras <strong>de</strong>snecessárias, discussões improdutivas, apontamentos <strong>de</strong>snecessários para<<strong>br</strong> />
os nossos alunos, atitu<strong>de</strong>s egoístas são alguns dos sinais que amealhamos quando não<<strong>br</strong> />
procuramos conter nossa impulsivida<strong>de</strong>. Agora, nem tudo é assim tão ruim. Ocorre nas<<strong>br</strong> />
raízes da impulsivida<strong>de</strong>, um <strong>de</strong>sejo muito bonito e importante que ainda não sabe se<<strong>br</strong> />
manifestar a<strong>de</strong>quadamente: o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> solucionar rápido nossos problemas para<<strong>br</strong> />
estarmos em paz!<<strong>br</strong> />
Toda atitu<strong>de</strong> impulsiva é a resposta máxima num dado momento que nosso<<strong>br</strong> />
sistema emocional consegue equacionar. Depois que passa, quando a pressão diminui,<<strong>br</strong> />
paramos para averiguar o saldo do que aconteceu e fica mais fácil observar que as<<strong>br</strong> />
conseqüências foram sérias, mas na hora da pressão, quando nos vemos sem saída, o<<strong>br</strong> />
impulso é um grito instantâneo <strong>de</strong> nosso sistema límbico (parte do cére<strong>br</strong>o relacionado a<<strong>br</strong> />
nossas emoções) ao estímulo estressor. Traduzindo: se somos impulsivos é porque ou<<strong>br</strong> />
não temos uma estratégia <strong>de</strong>finida mentalmente para agir quando pressionados, ou não a<<strong>br</strong> />
adaptamos em nosso inconsciente.<<strong>br</strong> />
Isso significa que primeiro precisamos i<strong>de</strong>ntificar e aceitar nossa impulsivida<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />
caso haja <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>scontrolada. Depois, procurar compreen<strong>de</strong>r suas raízes profundas e<<strong>br</strong> />
on<strong>de</strong> é que esses motivos que po<strong>de</strong>m ser justos per<strong>de</strong>m a razão. Então, começamos a<<strong>br</strong> />
buscar alternativas para mostrar ao nosso inconsciente que há respostas mais<<strong>br</strong> />
interessantes que as impulsivas negativas que temos vivenciado. Compreendo que não é<<strong>br</strong> />
simples, mas o início <strong>de</strong> um caminho com mais equilí<strong>br</strong>io.<<strong>br</strong> />
A terceira dimensão é o otimismo, que é a disposição para encarar as coisas<<strong>br</strong> />
pelo seu lado positivo e esperar sempre por um <strong>de</strong>sfecho favorável, mesmo em situações<<strong>br</strong> />
muito difíceis. Ora, po<strong>de</strong>rá ser <strong>de</strong>scrito como uma afirmação <strong>de</strong> que, sendo o universo<<strong>br</strong> />
criado por Deus, nele se torna possível conciliar o máximo <strong>de</strong> bem e o mínimo <strong>de</strong> mal, o<<strong>br</strong> />
que faz <strong>de</strong>le "o melhor dos mundos possíveis. Logo, po<strong>de</strong>mos dizer que uma posição<<strong>br</strong> />
pessoal otimista é fortemente vinculada à auto-estima, à auto-imagem, à confiança<<strong>br</strong> />
pessoas, ao bem-estar psicológico e à saú<strong>de</strong> física e mental. Com isto, pensamento<<strong>br</strong> />
positivo, mantemos o bom funcionamento do sistema imunológico e aumentamos a<<strong>br</strong> />
resistência ao stress.<<strong>br</strong> />
Na quarta dimensão temos a análise do ambiente. O homem é um ser social<<strong>br</strong> />
por natureza e baseado nessa premissa muitos estudos e pesquisas so<strong>br</strong>e a condição<<strong>br</strong> />
humana têm sido realizados. Pesquisas que tentam compreen<strong>de</strong>r a cultura e o<<strong>br</strong> />
comportamento humano que diferem sensivelmente, em suas peculiarida<strong>de</strong>s, dos <strong>de</strong>mais<<strong>br</strong> />
primatas.<<strong>br</strong> />
Certamente a vida social tem gran<strong>de</strong> importância na evolução da espécie<<strong>br</strong> />
humana e contribuiu, entre outros fatores, para o <strong>de</strong>senvolvimento da cultura, da<<strong>br</strong> />
linguagem, e também para a evolução do comportamento afetivo.<<strong>br</strong> />
Tantas mudanças favoreceram a formação <strong>de</strong> famílias, com um vínculo<<strong>br</strong> />
prolongado entre o homem e a mulher e com maior investimento parental na criação dos<<strong>br</strong> />
filhos. Surge, então, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizarmos um fórum <strong>de</strong> idéias so<strong>br</strong>e a <strong>edu</strong>cação<<strong>br</strong> />
ambiental como eixo estruturante da ação política, transformadora da socieda<strong>de</strong>, a partir<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aglutinar visões, vonta<strong>de</strong>s e expectativas em torno da questão<<strong>br</strong> />
sócio-ambiental, o que estimula o agir coletivo e a conquista progressiva <strong>de</strong> patamares<<strong>br</strong> />
cada vez mais elevados <strong>de</strong> cidadania.<<strong>br</strong> />
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No entanto, é importante esclarecer que estamos falando <strong>de</strong> uma <strong>edu</strong>cação<<strong>br</strong> />
ambiental que supera os limites impostos historicamente e que a r<strong>edu</strong>zem a ações e<<strong>br</strong> />
atitu<strong>de</strong>s conservacionistas do meio ambiente físico e natural. Enten<strong>de</strong>mos portanto, a<<strong>br</strong> />
<strong>edu</strong>cação ambiental como a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construir uma socieda<strong>de</strong> mais sustentável e<<strong>br</strong> />
justa, <strong>de</strong>mocrática e participativa, capaz <strong>de</strong> estabelecer uma re<strong>de</strong> solidária <strong>de</strong> relações<<strong>br</strong> />
não só com esta, mas com as futuras gerações.<<strong>br</strong> />
Acreditamos então que a <strong>edu</strong>cação ambiental é verda<strong>de</strong>iramente<<strong>br</strong> />
transformadora se nos leva a construir valores e atitu<strong>de</strong>s intimamente associadas às<<strong>br</strong> />
experiências cotidianas, que por sua vez, são dimensões da realida<strong>de</strong> com passado e<<strong>br</strong> />
futuro. Neste sentido a <strong>edu</strong>cação é a chave para renovar os valores e a percepção do<<strong>br</strong> />
problema, <strong>de</strong>senvolvendo uma consciência e um compromisso que possibilitem a<<strong>br</strong> />
mudança, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as pequenas atitu<strong>de</strong>s individuais e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a participação e o<<strong>br</strong> />
envolvimento com a resolução dos problemas.<<strong>br</strong> />
Neste sentido, vemos a ecologia profunda, <strong>de</strong>senvolvida pelo filósofo<<strong>br</strong> />
norueguês Arne Naess em 1973 como uma resposta a visão dominante so<strong>br</strong>e o uso dos<<strong>br</strong> />
recursos naturais. Arne Naess se inclui na tradição <strong>de</strong> pensamento ecológico-filosófico <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Henry Thoreau, proposto em Wal<strong>de</strong>n, e <strong>de</strong> Aldo Leopoldo, na sua Ética da Terra.<<strong>br</strong> />
Denominou <strong>de</strong> Ecologia Profunda por <strong>de</strong>monstrar claramente a sua distinção frente ao<<strong>br</strong> />
paradigma dominante. No Brasil, nesta mesma época, o Prof. José Lutzemberger já<<strong>br</strong> />
propunha idéias semelhantes, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando o movimento ecológico <strong>br</strong>asileiro.<<strong>br</strong> />
O quadro abaixo <strong>de</strong>monstra, pelo menos em parte, as propostas <strong>de</strong> Arne<<strong>br</strong> />
Naess e as suas diferenças frente à visão <strong>de</strong> mundo predominante.<<strong>br</strong> />
Visão <strong>de</strong> Mundo Ecologia Profunda<<strong>br</strong> />
Domínio da Natureza Harmonia com a Natureza<<strong>br</strong> />
Ambiente natural como recurso para os<<strong>br</strong> />
seres humanos<<strong>br</strong> />
Seres humanos são superiores aos <strong>de</strong>mais<<strong>br</strong> />
seres vivos<<strong>br</strong> />
Crescimento econômico e material como<<strong>br</strong> />
base para o crescimento humano<<strong>br</strong> />
Toda a Natureza tem valor intrínseco<<strong>br</strong> />
Igualda<strong>de</strong> entre as diferentes espécies<<strong>br</strong> />
Objetivos materiais a serviço <strong>de</strong> objetivos<<strong>br</strong> />
maiores <strong>de</strong> auto-realização<<strong>br</strong> />
Crença em amplas reservas <strong>de</strong> recursos Planeta tem recursos limitados<<strong>br</strong> />
Progresso e soluções baseados em alta<<strong>br</strong> />
tecnologia<<strong>br</strong> />
Tecnologia apropriada e ciência não<<strong>br</strong> />
dominante<<strong>br</strong> />
Consumismo Fazendo com o necessário e reciclando<<strong>br</strong> />
Comunida<strong>de</strong> nacional centralizada<<strong>br</strong> />
Biorregiões e reconhecimento <strong>de</strong> tradições<<strong>br</strong> />
das minorias<<strong>br</strong> />
Dessa forma, <strong>de</strong>senvolvemos um sentimento <strong>de</strong> pertencimento, on<strong>de</strong> nos<<strong>br</strong> />
inserimos tanto no contexto micro como macro social bem como no contexto micro ou<<strong>br</strong> />
macro da própria natureza.<<strong>br</strong> />
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Chegamos à Empatia. Empatia é a resposta afetiva que faz as vezes <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
outrem, ou seja, uma resposta afetiva apropriada à situação <strong>de</strong> outra pessoa, e não à<<strong>br</strong> />
própria situação.<<strong>br</strong> />
Na psicologia e nas neurociências contemporâneas a empatia é uma "espécie<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> inteligência emocional" e po<strong>de</strong> ser dividida em dois tipos: a cognitiva - relacionada à<<strong>br</strong> />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a perspectiva psicológica das outras pessoas; e a afetiva -<<strong>br</strong> />
relacionada à habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> experimentar reações emocionais por meio da observação da<<strong>br</strong> />
experiência alheia. Pesquisas indicam que a empatia tem uma resposta humana<<strong>br</strong> />
universal, comprovada fisiologicamente. Dessa forma a empatia po<strong>de</strong> ser tomada como<<strong>br</strong> />
causa do comportamento altruísta, uma vez que predispõe o indivíduo a tomar atitu<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />
altruístas.<<strong>br</strong> />
Hoje mais do que nunca sabemos que se relacionar uns com os outros é uma<<strong>br</strong> />
arte. E poucas pessoas conseguem <strong>de</strong>senvolver esse dom <strong>de</strong> maneira empática. Essa<<strong>br</strong> />
sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se colocar no lugar do outro e saber a forma correta <strong>de</strong> agir perante as<<strong>br</strong> />
circunstâncias. Muitos até conhecem o seu significado, mas, <strong>de</strong>sconhecem que seu uso<<strong>br</strong> />
diário é necessário.<<strong>br</strong> />
É perceptível <strong>de</strong>tectá-la nas pessoas que olham nos olhos, num olhar que<<strong>br</strong> />
traduz a própria condição humana, humanizadora, humanizante. É possível <strong>de</strong>tectá-la<<strong>br</strong> />
naqueles que sorriem ao verem um conhecido, que dão um aperto <strong>de</strong> mão firme, que<<strong>br</strong> />
sabem ouvir, que respon<strong>de</strong>m a uma mensagem ou ligação e se ocupa com os outros.<<strong>br</strong> />
A boa <strong>edu</strong>cação, na conquista dos relacionamentos interpessoais, utiliza-se<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sta ferramenta em qualquer momento. O bom senso <strong>de</strong>ve sempre prevalecer.<<strong>br</strong> />
Procure também utilizar-se do altruísmo, ou seja, tenha amor ao próximo.<<strong>br</strong> />
Cui<strong>de</strong> dos seus amigos, dos seus alunos, como se fosse alguém da família. Tenha<<strong>br</strong> />
respeito e carinho por eles.<<strong>br</strong> />
Quando não pu<strong>de</strong>r ir a algum convite avise com antecedência. Quando receber<<strong>br</strong> />
uma ligação e não pu<strong>de</strong>r aten<strong>de</strong>r no momento retorne posteriormente. Quando receber<<strong>br</strong> />
um e-mail responda. Quando prometer algo cumpra. Quando alguém fizer um trabalho<<strong>br</strong> />
interessante parabenize. Quando alguém fizer algo por você agra<strong>de</strong>ça. Quando encontrar<<strong>br</strong> />
algum amigo dê um sorriso, um a<strong>br</strong>aço ou simples aperto <strong>de</strong> mão. Isso é o mínimo que<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong>mos realizar com <strong>edu</strong>cação. As pessoas se sentem bem quando são bem tratadas.<<strong>br</strong> />
Um pouco <strong>de</strong> atenção faz toda a diferença nos relacionamentos. É por essa razão que<<strong>br</strong> />
algumas <strong>de</strong>las são mais queridas do que outras. Elas apenas utilizam estes <strong>de</strong>talhes<<strong>br</strong> />
simples e os colocam em prática. Agora que você já relem<strong>br</strong>ou estas dicas pratique cada<<strong>br</strong> />
vez mais a empatia e tenha sucesso em sua vida e nos seus relacionamentos.<<strong>br</strong> />
Principalmente, em nosso caso, com nossos alunos.<<strong>br</strong> />
Finalmente chegamos à auto-eficácia, a última dimensão da resiliência, pelo<<strong>br</strong> />
menos, por enquanto. As crenças <strong>de</strong> auto-eficácia figuram entre os fatores que compõem<<strong>br</strong> />
os mecanismos psicológicos da motivação dos alunos.<<strong>br</strong> />
Crenças <strong>de</strong> auto-eficácia pertencem à classe <strong>de</strong> expectativas e, como o próprio<<strong>br</strong> />
termo sugere expectativas ligadas ao self. A <strong>de</strong>finição universalmente aceita refere-se a<<strong>br</strong> />
um julgamento das próprias capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> executar ações exigidas para alcançarmos<<strong>br</strong> />
certo grau <strong>de</strong> performance. Na área escolar, as crenças <strong>de</strong> auto-eficácia são convicções<<strong>br</strong> />
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pessoais quanto a dar conta <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada tarefa e num grau <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>finida. Ressalta-se nessa <strong>de</strong>finição que se trata <strong>de</strong> uma avaliação ou percepção<<strong>br</strong> />
pessoal quanto à própria inteligência, habilida<strong>de</strong>s, conhecimentos etc., representados<<strong>br</strong> />
pelas próprias habilida<strong>de</strong>s e competências.<<strong>br</strong> />
Neste sentido, é necessário o <strong>de</strong>senvolvimento do autoconhecimento. Quem<<strong>br</strong> />
sou eu? Quem é você?<<strong>br</strong> />
São capacida<strong>de</strong>s que nos faz sentir: “eu posso fazer” <strong>de</strong>terminada tarefa.<<strong>br</strong> />
Portanto, as pessoas com tal crença <strong>de</strong> auto-eficácia consi<strong>de</strong>ram em pensamento<<strong>br</strong> />
simultaneamente as próprias potencialida<strong>de</strong>s, o objetivo <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r às exigências da<<strong>br</strong> />
situação proposta e as ações que conduzam a esse objetivo.<<strong>br</strong> />
Os julgamentos <strong>de</strong> auto-eficácia <strong>de</strong> uma pessoa <strong>de</strong>terminam seu nível <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
motivação. Em função <strong>de</strong>sses julgamentos a pessoa tem um incentivo para agir e imprimir<<strong>br</strong> />
uma <strong>de</strong>terminada direção a suas ações pelo fato <strong>de</strong> antecipar mentalmente o que po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
realizar para obter resultados. Portanto, as crenças <strong>de</strong> auto-eficácia influenciam nas<<strong>br</strong> />
escolhas <strong>de</strong> como agir em <strong>de</strong>terminadas situações, como escolher <strong>de</strong>terminados cursos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> ação, no estabelecimento <strong>de</strong> metas, na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> esforço e na perseverança em<<strong>br</strong> />
busca dos objetivos.<<strong>br</strong> />
No contexto acadêmico, os alunos motivam-se a envolverem-se nas ativida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> caso saibam que, com seus conhecimentos, talentos e habilida<strong>de</strong>s,<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong>rão adquirir novos conhecimentos, dominar um conteúdo, melhorar suas habilida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />
etc. Assim, esses alunos selecionarão ativida<strong>de</strong>s e estratégias <strong>de</strong> ação que, segundo<<strong>br</strong> />
prevêem, po<strong>de</strong>rão ser efetuadas por eles e abandonarão outros objetivos ou cursos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
ação que não lhes representem incentivo, porque sabem que não os po<strong>de</strong>rão<<strong>br</strong> />
implementar. Com fortes crenças <strong>de</strong> auto-eficácia, os esforços se farão presentes <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<<strong>br</strong> />
início e ao longo <strong>de</strong> todo o processo, <strong>de</strong> maneira persistente, mesmo que so<strong>br</strong>evenham<<strong>br</strong> />
dificulda<strong>de</strong>s e revezes.<<strong>br</strong> />
Quais as implicações <strong>edu</strong>cacionais advindas da auto-eficácia? A relevância das<<strong>br</strong> />
crenças <strong>de</strong> auto-eficácia para a motivação dos alunos geram conseqüências felizes,<<strong>br</strong> />
portanto, é imperioso que os <strong>edu</strong>cadores estejam atentos a elas e contribuam para o seu<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>senvolvimento. Todo <strong>edu</strong>cador <strong>de</strong>ve proporcionar aos alunos reais experiências <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
êxito, comunicar-lhes expectativas positivas quanto às suas capacida<strong>de</strong>s e evitar<<strong>br</strong> />
ocorrências e verbalizações que possam gerar dúvidas so<strong>br</strong>e elas.<<strong>br</strong> />
As crenças <strong>de</strong> auto-eficácia <strong>de</strong>senvolvem-se mediante o cumprimento <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
tarefas que tenham certo grau a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>. Assim, <strong>de</strong>safios excessivamente<<strong>br</strong> />
altos para um aluno com certeza lhe acarretarão fracassos que, entre outros efeitos<<strong>br</strong> />
nocivos à motivação, sinalizam que ele não dispõe <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>s suficientes. Por outro<<strong>br</strong> />
lado, dar conta <strong>de</strong> <strong>de</strong>safios mais fáceis nas fases iniciais da aquisição <strong>de</strong> novas<<strong>br</strong> />
habilida<strong>de</strong>s favorece a percepção <strong>de</strong> auto-eficácia, mas, na seqüência, são os <strong>de</strong>safios<<strong>br</strong> />
mais difíceis, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que acessíveis mediante o esforço, que po<strong>de</strong>m trazer informação<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e as verda<strong>de</strong>iras capacida<strong>de</strong>s.<<strong>br</strong> />
Aqui será necessário lem<strong>br</strong>ar que <strong>de</strong>veremos voltar sempre à página 48<<strong>br</strong> />
quando estivermos verificando qualquer dificulda<strong>de</strong> nas dimensões acima mencionadas, e<<strong>br</strong> />
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busquemos compreen<strong>de</strong>r a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento das inteligências emocional<<strong>br</strong> />
e volitiva.<<strong>br</strong> />
LINGUAGEM: NATUREZA E CONCEPÇÕES<<strong>br</strong> />
Os parâmetros Curriculares Nacionais para a área <strong>de</strong> Língua Portuguesa<<strong>br</strong> />
focalizam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> facilitar para o aluno condições <strong>de</strong> ampliar o domínio da<<strong>br</strong> />
língua e da linguagem, <strong>aprendizagem</strong> fundamental para o exercício da cidadania.<<strong>br</strong> />
Em outras palavras, propõem que a escola organize o ensino <strong>de</strong> modo que o<<strong>br</strong> />
aluno possa <strong>de</strong>senvolver seus conhecimentos discursivos e lingüísticos, sabendo:<<strong>br</strong> />
• Ler e escrever conforme sues propósitos e <strong>de</strong>mandas sociais;<<strong>br</strong> />
• Expressar-se apropriadamente em situações <strong>de</strong> interação oral diferentes<<strong>br</strong> />
daquelas próprias <strong>de</strong> seu universo imediato;<<strong>br</strong> />
• Refletir so<strong>br</strong>e os fenômenos da linguagem, particularmente os que tocam a<<strong>br</strong> />
questão das varieda<strong>de</strong>s lingüística, combatendo a estigmatização,<<strong>br</strong> />
discriminação e preconceitos relativos ao uso da língua.<<strong>br</strong> />
Uma vez que as práticas <strong>de</strong> linguagem são uma totalida<strong>de</strong> e que o sujeitos<<strong>br</strong> />
expan<strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso da linguagem e <strong>de</strong> reflexão so<strong>br</strong>e ela em situações<<strong>br</strong> />
significativas <strong>de</strong> interlocução, as propostas didáticas <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> Língua Portuguesa<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>vem organizar-se tomando o texto (oral ou escrito) como unida<strong>de</strong> básica <strong>de</strong> trabalho,<<strong>br</strong> />
consi<strong>de</strong>rando a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> textos que circulam socialmente. Propõe-se que as<<strong>br</strong> />
ativida<strong>de</strong>s planejadas sejam organizadas <strong>de</strong> maneira a tornar possível a análise crítica e<<strong>br</strong> />
criativa dos discursos para que o aluno possa i<strong>de</strong>ntificar pontos <strong>de</strong> vista, valores e<<strong>br</strong> />
eventuais preconceitos neles veiculados.<<strong>br</strong> />
Assim organizado, o ensino <strong>de</strong> Língua Portuguesa po<strong>de</strong>rá constituir-se em<<strong>br</strong> />
fonte efetiva <strong>de</strong> autonomia para o sujeito, condição para a participação social<<strong>br</strong> />
responsável.<<strong>br</strong> />
Com a resolução do exercício temos, na prática, uma melhor idéia <strong>de</strong>ssa<<strong>br</strong> />
perspectiva holística: uma visão da totalida<strong>de</strong>. A partir <strong>de</strong>sta perspectiva, baseando-me<<strong>br</strong> />
em Geraldi (1974), apresento três gran<strong>de</strong>s tendências como concepção <strong>de</strong> linguagem e o<<strong>br</strong> />
ensino <strong>de</strong> língua portuguesa, categorizando, a posteriori, os tipos <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong>rivados<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ssas diferentes tendências, <strong>de</strong>monstrando as influências <strong>de</strong>las no ensino da língua<<strong>br</strong> />
portuguesa.<<strong>br</strong> />
1° - Linguagem como expressão do pensamento;<<strong>br</strong> />
2° - Linguagem como meio objetivo para a comunicação;<<strong>br</strong> />
3° - Linguagem como processo <strong>de</strong> interação verbal.<<strong>br</strong> />
Da adoção <strong>de</strong> uma concepção ou outra, o ensino tomará rumos diferenciados,<<strong>br</strong> />
consubstanciando-se em práticas que concorrerão em maior ou menor grau para o<<strong>br</strong> />
problema do fracasso escolar.<<strong>br</strong> />
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A linguagem, faculda<strong>de</strong> humana universal, é um fenômeno complexo que tem<<strong>br</strong> />
sua especificida<strong>de</strong> num modo <strong>de</strong> funcionamento que se dimensiona no tempo e no<<strong>br</strong> />
espaço das práticas dos homens (Orlandi, 1988:102). Aquele que fala faz renascer do<<strong>br</strong> />
discurso o acontecimento e a sua experiência do acontecimento. Aquele que ouve<<strong>br</strong> />
apreen<strong>de</strong> o primeiro discurso e, através <strong>de</strong>sse discurso, o acontecimento produzido.<<strong>br</strong> />
Assim, a situação inerente ao exercício da linguagem que é a <strong>de</strong> troca e <strong>de</strong> diálogo<<strong>br</strong> />
confere ao ato do discurso dupla função: para o locutor, representa a realida<strong>de</strong>, para o<<strong>br</strong> />
ouvinte recria a realida<strong>de</strong>. Isto faz da linguagem o próprio instrumento da comunicação<<strong>br</strong> />
intersubjetiva (Bakhtin, 1986).<<strong>br</strong> />
A linguagem interpreta o mundo, mas submetendo-o a sua própria<<strong>br</strong> />
organização, ela não é simplesmente uma cópia do real, é sim, a representação que o<<strong>br</strong> />
homem faz <strong>de</strong>sse real. Essa representação se opera mediante a capacida<strong>de</strong> que o<<strong>br</strong> />
homem possui <strong>de</strong> representar o real por signo e <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r esse signo como<<strong>br</strong> />
representante do real.<<strong>br</strong> />
Essa capacida<strong>de</strong> que o homem tem <strong>de</strong> estabelecer uma relação entre algo e<<strong>br</strong> />
outro algo diferente é o que o faz um ser racional. Como o símbolo não tem relação direta<<strong>br</strong> />
com aquilo que simboliza, o homem precisa apren<strong>de</strong>r o sentido do símbolo para<<strong>br</strong> />
interpretá-lo na sua função significativa.<<strong>br</strong> />
Uma das diferenças entre o homem e o animal está justamente, nessa<<strong>br</strong> />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> representação simbólica, fonte comum do pensamento e da linguagem.<<strong>br</strong> />
Isso pinça-o à categoria <strong>de</strong> “Homo Sapiens.”<<strong>br</strong> />
Todavia, não basta colocar frente a frente dois "Homo Sapiens" quaisquer para<<strong>br</strong> />
que os signos se constituam. É preciso que esses indivíduos estejam socialmente<<strong>br</strong> />
organizados, que formem uma unida<strong>de</strong> social para que o sistema <strong>de</strong> signos possa se<<strong>br</strong> />
constituir, E indispensável que o locutor e o ouvinte pertençam à mesma comunida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
lingüística. E mais, faz-se necessário, ainda, que esses dois indivíduos estejam<<strong>br</strong> />
integrados na unicida<strong>de</strong> da situação social imediata; quer dizer, que tenham uma relação<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> pessoa para pessoa so<strong>br</strong>e terreno bem <strong>de</strong>finido. (Bakhtin, 1986)<<strong>br</strong> />
Estudar a teoria dos signos torna-se, portanto, imprescindível para a<<strong>br</strong> />
compreensão da linguagem.<<strong>br</strong> />
Os signos não existem somente como parte <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong>, eles po<strong>de</strong>m<<strong>br</strong> />
também refletir e refratar uma outra realida<strong>de</strong>, eles po<strong>de</strong>m distorcer essa realida<strong>de</strong>, ser<<strong>br</strong> />
fiel ou apreendê-la <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> vista específico, etc. Todo signo está sujeito aos<<strong>br</strong> />
critérios <strong>de</strong> avaliação i<strong>de</strong>ológica. O domínio do i<strong>de</strong>ológico coinci<strong>de</strong> com o domínio dos<<strong>br</strong> />
signos: são mutuamente correspon<strong>de</strong>ntes. (Bakhtin, 1986)<<strong>br</strong> />
Por isso estudar o signo implica compreendê-lo como signo i<strong>de</strong>ológico. Pensálo<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e outro viés é tirar sua característica fundamental.<<strong>br</strong> />
Se eu lhe pediu para chupara uma manga exatamente neste momento o<<strong>br</strong> />
que você fará, o que você me respon<strong>de</strong>rá?<<strong>br</strong> />
Vamos realizar mais um exercício?<<strong>br</strong> />
Olhe bem para a figura e <strong>de</strong>screva, por<<strong>br</strong> />
escrito o que vê.<<strong>br</strong> />
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Sem signos não há i<strong>de</strong>ologia, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se conclui que tanto a linguagem quanto<<strong>br</strong> />
a i<strong>de</strong>ologia, no sentido <strong>de</strong> visão <strong>de</strong> mundo, são <strong>de</strong> natureza semiótica. Para (Bakhtin,<<strong>br</strong> />
1986) a i<strong>de</strong>ologia é concebida como sendo o reflexo da estrutura social, assim toda<<strong>br</strong> />
a modificação da i<strong>de</strong>ologia enca<strong>de</strong>ia uma modificação na língua. A i<strong>de</strong>ologia é<<strong>br</strong> />
percebida como uma concepção <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> social, que veicula, escon<strong>de</strong>, articula e<<strong>br</strong> />
organiza os interesses da classe. Assim, a língua se estrutura no contexto da i<strong>de</strong>ologia,<<strong>br</strong> />
nas relações sociais materiais.<<strong>br</strong> />
Nessa questão da concepção dos signos e, por conseguinte, da concepção da<<strong>br</strong> />
linguagem, enquanto uma ativida<strong>de</strong> social que não po<strong>de</strong> ser pensada fora dos planos das<<strong>br</strong> />
relações sociais, como apenas um dado social, é que resi<strong>de</strong>m as divergências<<strong>br</strong> />
fundamentais entre as várias teorias da linguagem.<<strong>br</strong> />
Para alguns, a i<strong>de</strong>ologia é um fato do pensamento interior, sendo o signo uma<<strong>br</strong> />
representação <strong>de</strong> sua realização. Para outros, o pensamento se r<strong>edu</strong>z a nada: é<<strong>br</strong> />
simplesmente reações psicofisiológicas fortuitas que, por acaso, resulta numa criação<<strong>br</strong> />
i<strong>de</strong>ológica significante e unificada (Bakhtin, 1986).<<strong>br</strong> />
Aí está um dos equívocos <strong>de</strong> algumas concepções <strong>de</strong> linguagem, pois, geradas<<strong>br</strong> />
com base nos princípios acima, situam o signo fora das relações dos indivíduos<<strong>br</strong> />
socialmente organizados. Os signos só aparecem, na maioria dos estudos, no terreno<<strong>br</strong> />
interindividual.<<strong>br</strong> />
É preciso, entretanto, que se pense o signo sempre socialmente,<<strong>br</strong> />
contextualmente. Situá-lo fora da relação social é levar a discussão para um lado<<strong>br</strong> />
subjetivo.<<strong>br</strong> />
Todo signo, como diz Bakhtin, (1986): resulta <strong>de</strong> um consenso <strong>de</strong> indivíduos<<strong>br</strong> />
socialmente organizados no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> interação. Razão pela qual as<<strong>br</strong> />
formas dos signos são condicionadas tanto pela organização social <strong>de</strong> tais indivíduos<<strong>br</strong> />
como pelas condições em que a interação acontece.<<strong>br</strong> />
Pensar o signo apenas como resultado da consciência individual ou como<<strong>br</strong> />
“reações” psicofisiológicas fortuitas” sem levar em conta as condições gerais em que foi<<strong>br</strong> />
gerado, é, na realida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> percebê-lo como signo i<strong>de</strong>ológico, realizado no<<strong>br</strong> />
processo da interação social.<<strong>br</strong> />
Importa, pois, que se perceba a linguagem como um produto da realida<strong>de</strong> e, ao<<strong>br</strong> />
mesmo tempo, parte constitutiva <strong>de</strong>sta realida<strong>de</strong>. Bakhtin, por exemplo, situa a linguagem<<strong>br</strong> />
ao mesmo tempo como um processo social e um produto social, isto é, uma prática social<<strong>br</strong> />
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que se funda em <strong>de</strong>terminações materiais e, enquanto parte das relações sociais,<<strong>br</strong> />
também as influencia.<<strong>br</strong> />
O enfoque dado, até esse momento, ao signo leva em conta sua natureza<<strong>br</strong> />
semiótica, por isso, abarca todas as linguagens possíveis, enquanto fenômenos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
produção e sentido. Todavia, como ponto básico para esta apostila,. Situar-me-ei mais<<strong>br</strong> />
especificamente, daqui para frente, na linguagem verbal.<<strong>br</strong> />
Como uma das formas sociais <strong>de</strong> comunicação e <strong>de</strong> significação, que se<<strong>br</strong> />
diferencia das <strong>de</strong>mais por ser uma linguagem <strong>de</strong> sons, articulada, a linguagem verbal<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ve ser estudada à luz dos princípios acima apresentados, visto que na linguagem<<strong>br</strong> />
verbal é que aparece mais nitidamente o aspecto da natureza i<strong>de</strong>ológica do signo, sendo<<strong>br</strong> />
a palavra o fenômeno i<strong>de</strong>ológico por natureza.<<strong>br</strong> />
A palavra é o modo mais puro e sensível da relação social. Se nasce com<<strong>br</strong> />
caráter monossêmico, ao se contextualizar, passa a expandir valores, conceitos e préconceitos,<<strong>br</strong> />
portanto, a ter caráter polissêmico. As palavras, no contexto, passam a indicar<<strong>br</strong> />
i<strong>de</strong>ologias, cumprindo um amplo espectro <strong>de</strong> funções persuasivas às quais não faltam a<<strong>br</strong> />
normativida<strong>de</strong> e o caráter pedagógico. (Citelli, 1988).<<strong>br</strong> />
Per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista esta questão da significação da palavra é r<strong>edu</strong>zi-la apenas a<<strong>br</strong> />
sua realida<strong>de</strong> física, acompanhada do processo fisiológico <strong>de</strong> sua produção. O que faz da<<strong>br</strong> />
palavra uma palavra é a sua significação (Bakhtin, 1986).<<strong>br</strong> />
A transmissão <strong>de</strong> significados constitui o fluxo intersubjetivo pelo qual circula a<<strong>br</strong> />
cultura. A experiência vivida, o real sentido percebido ou compreendido, o mundo real ou<<strong>br</strong> />
imaginário, das teorias científicas ou dos mitos, enfim, da vigília ou do sonho, é mediado<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> homem a homem por estes concretos capazes <strong>de</strong> impressionar nossos sentidos: os<<strong>br</strong> />
signos (Epstein, 1986).<<strong>br</strong> />
Logo, o que importa num processo <strong>de</strong> interação verbal é o que o locutor seja<<strong>br</strong> />
capaz <strong>de</strong> utilizar um signo a<strong>de</strong>quado às condições <strong>de</strong> uma situação concreta dada e o<<strong>br</strong> />
locutor seja capaz <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r sua significação numa enunciação particular.<<strong>br</strong> />
Nesse momento cabe, então, perguntar: qual o papel da língua enquanto um<<strong>br</strong> />
suporte material para a realização <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> interlocução?<<strong>br</strong> />
A língua como um sistema <strong>de</strong> normas sociais somente existe se relacionado a<<strong>br</strong> />
consciência subjetiva dos indivíduos que participam da coletivida<strong>de</strong> regida por estas<<strong>br</strong> />
normas. Isso não implica que a língua existe para a consciência subjetiva do locutor<<strong>br</strong> />
unicamente como sistema objetivo <strong>de</strong> formas normativas e intocáveis, ele se serve da<<strong>br</strong> />
língua para suas necessida<strong>de</strong>s enunciativas. O que importa não é o aspecto da forma<<strong>br</strong> />
lingüística, mas aquilo que permite que a forma lingüística figure num dado contexto,<<strong>br</strong> />
aquilo que a torna um signo a<strong>de</strong>quado às condições <strong>de</strong> uma situação concreta dada. Para<<strong>br</strong> />
o locutor, a forma lingüística não tem importância enquanto sinal estável e sempre igual a<<strong>br</strong> />
si mesmo, mas somente enquanto signo sempre variável e flexível. Da mesma forma, ao<<strong>br</strong> />
receptor, para quem o essencial na tarefa <strong>de</strong> <strong>de</strong>codificação não consiste em reconhecer a<<strong>br</strong> />
forma utilizada, interessa compreendê-la num contexto concreto, preciso (Bakhtin, 1986).<<strong>br</strong> />
Na prática da língua, a consciência lingüística do locutor e do receptor nada<<strong>br</strong> />
tem a ver com o sistema abstrato <strong>de</strong> formas normativas,, mas apenas com a linguagem<<strong>br</strong> />
no sentido <strong>de</strong> conjunto dos contextos possíveis <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> cada forma particular,<<strong>br</strong> />
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A forma lingüística apresenta-se sempre aos locutores em situações precisas,<<strong>br</strong> />
O que implica sempre um contexto i<strong>de</strong>ológico preciso. A língua no seu uso prático é<<strong>br</strong> />
inseparável do seu conteúdo i<strong>de</strong>ológico ou relativo à vida,<<strong>br</strong> />
Portanto, se separar a forma lingüística do conteúdo i<strong>de</strong>ológico só se<<strong>br</strong> />
encontrarão sinais e não signos da linguagem. A separação da língua <strong>de</strong> seu conteúdo<<strong>br</strong> />
i<strong>de</strong>ológico constitui um dos problemas a ser consi<strong>de</strong>rado nas concepções <strong>de</strong> linguagem<<strong>br</strong> />
oriundas <strong>de</strong> correntes lingüísticas, que não levam em conta esse princípio.<<strong>br</strong> />
Embora pu<strong>de</strong>sse ir analisando e criticando as diferentes concepções <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
linguagem que não estão calcadas nos referenciais até aqui <strong>de</strong>scritos, preferi agrupá-las,<<strong>br</strong> />
juntamente com as que se sintonizam com esse referencial, em três gran<strong>de</strong>s linhas, que<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>nomino tendências e que, para efeito didático, serão apresentadas separadamente.<<strong>br</strong> />
PRIMEIRA TENDÊNCIA:<<strong>br</strong> />
LINGUAGEM COMO EXPRESSÃO DO PENSAMENTO<<strong>br</strong> />
Essa primeira tendência busca explicar a linguagem a partir das condições <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
vida psíquica individual do sujeito falante.<<strong>br</strong> />
Apóia-se na enunciação monológica como ponto <strong>de</strong> partida para sua reflexão<<strong>br</strong> />
a respeito da linguagem e a apresenta como um ato puramente individual. A expressão é<<strong>br</strong> />
tida como categoria geral <strong>de</strong> nível superior que engloba o ato <strong>de</strong> fala, a enunciação se<<strong>br</strong> />
forma no psiquismo do indivíduo, exteriorizando-se objetivamente para outro com a ajuda<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> algum código <strong>de</strong> signos exteriores (Bakhtin, 1986).<<strong>br</strong> />
Supõe, portanto, um certo dualismo entre o interior e o exterior, com primazia<<strong>br</strong> />
explícita do conteúdo interior, já que todo ato <strong>de</strong> objetivação proce<strong>de</strong> do interior para o<<strong>br</strong> />
exterior.<<strong>br</strong> />
A expressão, isto é, a linguagem, se constrói no interior, sendo sua<<strong>br</strong> />
exteriorização apenas uma tradução. É a ativida<strong>de</strong> mental que organiza a expressão,<<strong>br</strong> />
mo<strong>de</strong>lando e <strong>de</strong>terminando sua orientação. Não está presente o preceito <strong>de</strong> interação<<strong>br</strong> />
entre dois indivíduos, muito menos a situação social que <strong>de</strong>termina as condições reais da<<strong>br</strong> />
enunciação.<<strong>br</strong> />
O exterior, isto é, as condições sociais constituem-se, para essa tendência,<<strong>br</strong> />
material passivo do que está no interior, no psiquismo do indivíduo.<<strong>br</strong> />
Essa tendência está sintetizada por Bakhtin (1986: 72 e 73) nas seguintes<<strong>br</strong> />
proposições:<<strong>br</strong> />
1. A língua é uma ativida<strong>de</strong>, um processo ininterrupto <strong>de</strong> construção (energia)<<strong>br</strong> />
que se materializa sob atos individuais <strong>de</strong> fala;<<strong>br</strong> />
2. As leis da criação lingüística são essencialmente as leis da psicologia<<strong>br</strong> />
individual;<<strong>br</strong> />
3. A criação lingüística é uma criação significativa, análoga à criação artística;<<strong>br</strong> />
4. A língua, enquanto produto acabado (“ergon”), enquanto sistema estável<<strong>br</strong> />
(léxico, gramática, fonética) apresenta-se como um <strong>de</strong>pósito inerte, tal como<<strong>br</strong> />
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a lava fria da criação lingüística, abstratamente construída pelos lingüistas<<strong>br</strong> />
com vista à sua aquisição prática como instrumento para ser usado.<<strong>br</strong> />
Para os teóricos <strong>de</strong>ssa tendência, a linguagem é uma faculda<strong>de</strong> divina. O<<strong>br</strong> />
homem já nasce com a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exteriorizar seu pensamento que é gerado no<<strong>br</strong> />
psiquismo. De sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organizar o pensamento, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá sua exteriorização.<<strong>br</strong> />
Se o homem não consegue uma organização lógica para o seu pensamento, sua<<strong>br</strong> />
linguagem estará afetada, isto é, <strong>de</strong>sarticulada, <strong>de</strong>sorganizada. O pensamento <strong>de</strong>ve ser<<strong>br</strong> />
organizado, portanto, obe<strong>de</strong>cendo a uma <strong>de</strong>terminada lógica. Isso significa que se o<<strong>br</strong> />
indivíduo não se utilizar <strong>de</strong>ssa lógica, dificilmente terá condições <strong>de</strong> organizar seu<<strong>br</strong> />
pensamento. Equivale dizer que se ele não consegue se expressar com logicida<strong>de</strong> é<<strong>br</strong> />
porque não é capaz <strong>de</strong> pensar. Assim, presume-se que há regras a serem seguidas para<<strong>br</strong> />
se alcançar a organização lógica do pensamento e, consequentemente, da linguagem.<<strong>br</strong> />
Essas regras constituem-se mo<strong>de</strong>los formais a serem seguidos por todos aqueles que<<strong>br</strong> />
querem se expressar “bem” e, por isso mesmo, são passíveis <strong>de</strong> serem aprendidas. São<<strong>br</strong> />
elas que se constituirão nas normas da gramática <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong>ssa tendência, apresentada<<strong>br</strong> />
logo mais adiante como gramática do tipo 1.<<strong>br</strong> />
SEGUNDA TENDÊNCIA:<<strong>br</strong> />
LINGUAGEM COMO MEIO OBJETIVO PARA A COMUNICAÇÃO<<strong>br</strong> />
O centro organizador <strong>de</strong> todos os fatos da língua para essa tendência situa-se<<strong>br</strong> />
no sistema lingüístico, a saber: o sistema <strong>de</strong> formas fonéticas, gramaticais e léxicas da<<strong>br</strong> />
língua.<<strong>br</strong> />
A língua é consi<strong>de</strong>rada como um espectro imóvel, on<strong>de</strong> cada enunciação é<<strong>br</strong> />
única e não reiterável, mas em cada enunciação encontram-se elementos idênticos aos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> outras enunciações no seio <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado grupo <strong>de</strong> locutores. São esses traços<<strong>br</strong> />
idênticos que garantem a unicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma dada língua e sua compreensão por todos os<<strong>br</strong> />
locutores <strong>de</strong> uma mesma comunida<strong>de</strong> (Bakhtin, 1986:77).<<strong>br</strong> />
O sistema lingüístico é percebido como um fato objetivo externo à<<strong>br</strong> />
consciência individual e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>sta. A língua opõe ao indivíduo enquanto<<strong>br</strong> />
norma in<strong>de</strong>strutível, peremptória, que o indivíduo só po<strong>de</strong> aceitar como tal.<<strong>br</strong> />
Todas as formas da língua consi<strong>de</strong>radas num momento preciso, ou seja, do<<strong>br</strong> />
ponto <strong>de</strong> vista sincrônico, são indispensáveis umas as outras, completam-se mutuamente<<strong>br</strong> />
e fazem da língua um sistema estruturado que obe<strong>de</strong>ce a leis lingüísticas específicas.<<strong>br</strong> />
Estas leis, diferentemente das leis i<strong>de</strong>ológicas, que se referem a processos cognitivos, à<<strong>br</strong> />
criação artística, não po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da consciência individual.<<strong>br</strong> />
Po<strong>de</strong>-se sintetizar como essencial para essa tendência as seguintes<<strong>br</strong> />
proposições:<<strong>br</strong> />
1. A língua é um sistema estável, imutável, <strong>de</strong> formas lingüísticas submetidas<<strong>br</strong> />
a uma norma fornecida tal qual a consciência individual e peremptória para<<strong>br</strong> />
esta;<<strong>br</strong> />
2. As leis da língua são essencialmente leis lingüísticas específicas, que<<strong>br</strong> />
estabelecem ligações entre os signos lingüísticos no interior <strong>de</strong> um sistema<<strong>br</strong> />
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fechado. Essas leis são objetivas relativamente a toda consciência<<strong>br</strong> />
subjetiva;<<strong>br</strong> />
3. As ligações lingüísticas específicas nada têm a ver com valores i<strong>de</strong>ológicos<<strong>br</strong> />
(artísticos, cognitivos ou outros). Não se encontra na base dos fatos<<strong>br</strong> />
lingüísticos nenhum motos i<strong>de</strong>ológico. Entre a palavra e seu sentido não<<strong>br</strong> />
existe vínculo natural e compreensível para a consciência, nem vínculo<<strong>br</strong> />
artístico.<<strong>br</strong> />
4. Os atos individuais da fala constituem, do ponto <strong>de</strong> vista da língua, simples<<strong>br</strong> />
refrações ou variações fortuitas ou mesmo <strong>de</strong>formações das formas<<strong>br</strong> />
normativas. Mas são justamente estes atos individuais da fala que explicam<<strong>br</strong> />
a mudança histórica das formas da língua; enquanto tal, a mudança é, do<<strong>br</strong> />
ponto <strong>de</strong> vista do sistema, irracional e mesmo <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> sentido. Entre<<strong>br</strong> />
o sistema da língua e sua história não existe um vínculo nem afinida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
motivos. Eles são estranhos entre si. (Bakhtin, 82-83)<<strong>br</strong> />
Pelo exposto, po<strong>de</strong>-se afirmar que também essa tendência está voltada para o<<strong>br</strong> />
estudo da enunciação monológica isolada, r<strong>edu</strong>zindo-se às relações imanentes no interior<<strong>br</strong> />
do terreno da enunciação.<<strong>br</strong> />
Todos os problemas advindos das questões externas da enunciação ficam<<strong>br</strong> />
excluídos no estudo <strong>de</strong>ssa tendência, que vai além dos elementos constitutivos da<<strong>br</strong> />
enunciação monológica. Seu alcance máximo é a frase complexa (o período).<<strong>br</strong> />
Faz-se necessário explicitar que essa tendência teve origem num momento<<strong>br</strong> />
histórico em que as ciências humanas e sociais estavam em busca <strong>de</strong> uma metodologia<<strong>br</strong> />
que permitisse uma <strong>de</strong>marcação do objeto, no sentido <strong>de</strong> uma análise positiva<<strong>br</strong> />
semelhante às realizadas pelas ciências naturais.<<strong>br</strong> />
Saussure, através do seu curso <strong>de</strong> Lingüística Geral (1916), inaugura o<<strong>br</strong> />
movimento que vai ser conhecido como estruturalismo, passando, a partir daí, a<<strong>br</strong> />
lingüística a ser mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> ciência e referência o<strong>br</strong>igatória a qualquer retomada histórica<<strong>br</strong> />
nessa área.<<strong>br</strong> />
A pretensão do estruturalismo <strong>de</strong> fundar um método objetivo e científico da<<strong>br</strong> />
realida<strong>de</strong> social <strong>de</strong>rivou numa visão formalista, limitando o estudo da língua no seu<<strong>br</strong> />
funcionamento interno e separando-a do homem no seu contexto social.<<strong>br</strong> />
Saussure, ao consi<strong>de</strong>rar o indivíduo como circunstancial no processo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
comunicação, excluiu-o do processo <strong>de</strong> produção, isto é, daquilo que é propriamente<<strong>br</strong> />
social e histórico.<<strong>br</strong> />
Numa reação inicial a essa corrente, outra matriz do pensamento lingüístico<<strong>br</strong> />
surge com N. Chomsky, com gran<strong>de</strong> influência para essa tendência: a gramática gerativotransformacional.<<strong>br</strong> />
Tendo como pressuposto que um conjunto <strong>de</strong> enunciados potenciais em<<strong>br</strong> />
qualquer língua é numericamente infinito, Chomsky propôs um método para explicar a<<strong>br</strong> />
geração <strong>de</strong>sses enunciados, trabalhando com dois conceitos fundamentais: a<<strong>br</strong> />
competência lingüística e o <strong>de</strong>sempenho lingüístico.<<strong>br</strong> />
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Segundo Frigotto (1990), a distinção entre competência e <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Chomsky, é semelhante a que Saussure faz entre língua e fala. Ambos contam com a<<strong>br</strong> />
viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> excluir o que é lingüístico do que não é e ambos a<strong>de</strong>rem à fixação da<<strong>br</strong> />
homogeneida<strong>de</strong> do sistema lingüístico.<<strong>br</strong> />
Assim, para os teóricos <strong>de</strong>ssa tendência, que concebem a linguagem como<<strong>br</strong> />
meio objetivo para a comunicação, há um código que <strong>de</strong>ve ser dominado pelos falantes<<strong>br</strong> />
para que essa comunicação se processe.<<strong>br</strong> />
O uso do código é um ato social, isto é, sempre envolve pessoas, pelo menos<<strong>br</strong> />
duas, senão não haverá comunicação e, para que essa comunicação realmente se<<strong>br</strong> />
realize, é necessário que os envolvidos no ato manipulem os sinais do código <strong>de</strong> forma<<strong>br</strong> />
comum, preestabelecida.<<strong>br</strong> />
Dessa forma, existem regras que <strong>de</strong>vem ser perseguidas pelo falante-ouvinte<<strong>br</strong> />
para que se estabeleça a comunicação. Essas regras serão resgatadas pela gramática<<strong>br</strong> />
que cito mais adiante como tipo 2.<<strong>br</strong> />
TERCEIRA TENDÊNCIA: LINGUAGEM COMO PROCESSO DE<<strong>br</strong> />
INTERAÇÃO VERBAL<<strong>br</strong> />
Enten<strong>de</strong> essa tendência que a verda<strong>de</strong>ira substância da linguagem não é<<strong>br</strong> />
constituída por um sistema abstrato <strong>de</strong> formas lingüísticas, nem pela enunciação<<strong>br</strong> />
monológica isolada, nem pelo ato psicofisiológico <strong>de</strong> sua produção, mas pelo fenômeno<<strong>br</strong> />
social da interação verbal, realizada através da enunciação ou das enunciações. A<<strong>br</strong> />
interação verbal constitui, assim, a realida<strong>de</strong> fundamental da linguagem.<<strong>br</strong> />
O diálogo, no sentido estrito do termo, não constitui é claro senão uma das<<strong>br</strong> />
formas mais importantes da interação verbal mas po<strong>de</strong>-se compreen<strong>de</strong>r a palavra diálogo<<strong>br</strong> />
num sentido amplo, isto é, não apenas como comunicação em voz alta, <strong>de</strong> pessoas<<strong>br</strong> />
colocadas face a face, mas toda comunicação verbal <strong>de</strong> qualquer tipo.<<strong>br</strong> />
Qualquer enunciação, por mais significativa e completa que seja, constitui<<strong>br</strong> />
apenas uma fração <strong>de</strong> uma corrente <strong>de</strong> comunicação verbal ininterrupta (concernente à<<strong>br</strong> />
vida cotidiana, à literatura, à política, etc.), mas essa comunicação verbal ininterrupta<<strong>br</strong> />
constitui, por sua vez, apenas um momento na evolução contínua, em todas as direções,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> um grupo social <strong>de</strong>terminado (Bakhtin, 1986:125)<<strong>br</strong> />
A comunicação verbal só po<strong>de</strong> ser explicada e compreendida nas relações da<<strong>br</strong> />
interação concreta e na situação extralingüística, não só a situação imediata, mas<<strong>br</strong> />
também, através <strong>de</strong>la, o contexto social mais amplo.<<strong>br</strong> />
A comunicação verbal entrelaça-se, pois, aos outros tipos <strong>de</strong> comunicação e<<strong>br</strong> />
cresce com eles no terreno comum da situação <strong>de</strong> produção. Não se isola, assim. a<<strong>br</strong> />
comunicação verbal <strong>de</strong> uma comunicação global em perpétua evolução.<<strong>br</strong> />
A abordagem dada por essa tendência não separa a enunciação <strong>de</strong> seu curso<<strong>br</strong> />
histórico, colocando a enunciação como realida<strong>de</strong> da linguagem e como estrutura sócioi<strong>de</strong>ológica.<<strong>br</strong> />
Nesse sentido, as quatro proposições abaixo, apresentadas por Bakhtin,<<strong>br</strong> />
adéquam-se à concepção <strong>de</strong> língua adotada por essa tendência:<<strong>br</strong> />
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1. A língua como sistema estável <strong>de</strong> formas normativamente idênticas é<<strong>br</strong> />
apenas uma abstração científica que só po<strong>de</strong> servir a certos fins teóricos e<<strong>br</strong> />
práticos particulares. Essa abstração não dá conta <strong>de</strong> maneira a<strong>de</strong>quada da<<strong>br</strong> />
realida<strong>de</strong> concreta da língua;<<strong>br</strong> />
2. A língua constitui um processo em evolução ininterrupta, que se realiza<<strong>br</strong> />
através da interação verbal social dos locutores;<<strong>br</strong> />
3. A criativida<strong>de</strong> da língua não coinci<strong>de</strong> com a criativida<strong>de</strong> artística nem com<<strong>br</strong> />
qualquer outra criativida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ológica específica. Mas, ao mesmo tempo, a<<strong>br</strong> />
criativida<strong>de</strong> da língua não po<strong>de</strong> ser compreendida in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente dos<<strong>br</strong> />
conteúdos e valores i<strong>de</strong>ológicos que a ela se ligam;<<strong>br</strong> />
4. As leis da evolução lingüistica não são <strong>de</strong> maneira alguma as leis da<<strong>br</strong> />
psicologia individual, mas também não po<strong>de</strong>m ser divorciadas das<<strong>br</strong> />
ativida<strong>de</strong>s dos falantes. A lei da evolução lingüística é essencialmente lei<<strong>br</strong> />
sociológica;<<strong>br</strong> />
5. A estrutura da enunciação é uma estrutura puramente social. A enunciação<<strong>br</strong> />
como tal só se efetiva entre falantes. O ato da fala individual (no sentido<<strong>br</strong> />
estrito do termo individual) é uma contradição adjetiva. (Bakhtin, 1986:127)<<strong>br</strong> />
Essa tendência percebe a linguagem como produto histórico-social e, diferentemente da<<strong>br</strong> />
anterior, realça que a fala, como fenômeno social, está sempre ligada às estruturas<<strong>br</strong> />
sociais.<<strong>br</strong> />
AS DIFERENTES CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM<<strong>br</strong> />
EM RELAÇÃO AO ENSINO DAS LÍNGUAS<<strong>br</strong> />
Quando um estudante apren<strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada língua está implícito que há<<strong>br</strong> />
um concepção <strong>de</strong> linguagem sustentando as explicações do professor e/ou do material<<strong>br</strong> />
didático adotado.<<strong>br</strong> />
Se esse enforque da língua for in<strong>de</strong>vido, a gramática baseada nessa<<strong>br</strong> />
abordagem será imprópria e <strong>de</strong> pouco valor para o estudante. Irá oferecer-lhe categorias<<strong>br</strong> />
que não po<strong>de</strong> manejar e proposições que não po<strong>de</strong> interpretar ou aplicar. No pior dos<<strong>br</strong> />
casos, representará incorretamente os fatos da língua (Halliday, 1974).<<strong>br</strong> />
Às gramáticas cabem, pois dar uma compreensão e funcionamento da língua,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>screvendo-o <strong>de</strong> modo mais eficiente. As gramáticas <strong>de</strong>vem possibilitar uma<<strong>br</strong> />
<strong>aprendizagem</strong> do significado da língua para aqueles que a utilizam,<<strong>br</strong> />
Assim. é importantíssimo que se faça uma análise das teorias subjacentes às<<strong>br</strong> />
gramáticas utilizadas como base para o ensino das línguas, alem da forma como se<<strong>br</strong> />
estrutura o ensino baseado nessas gramáticas.<<strong>br</strong> />
1. GRAMÁTICA DO TIPO 1 (LIGADA AOS PRINCÍPIOS DA PRIMEIRA TENDÊNCIA:<<strong>br</strong> />
LINGUAGEM COMO EXPRESSÃO DO PENSAMENTO)<<strong>br</strong> />
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Derivada da primeira tendência, essa gramática <strong>de</strong>signa um conjunto <strong>de</strong> regras<<strong>br</strong> />
a ser seguido por aqueles que querem falar e escrever corretamente.<<strong>br</strong> />
Citando Soares Barbosa como ascen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> todos os autores <strong>de</strong>ssa<<strong>br</strong> />
chamada “gramática tradicional” que seguem seus princípios básicos, assim expostos: “A<<strong>br</strong> />
gramática da língua nacional é o primeiro estudo indispensável a todo homem bem criado,<<strong>br</strong> />
o qual, ainda que não aspire a outra literatura, <strong>de</strong>ve ter ao menos a <strong>de</strong> falar e escrever<<strong>br</strong> />
corretamente sua língua. (...) esta arte <strong>de</strong>ve compreen<strong>de</strong>r as razões das práticas do uso e<<strong>br</strong> />
mostrar os princípios gerais <strong>de</strong> toda linguagem no exercício das faculda<strong>de</strong>s da alma e<<strong>br</strong> />
formar assim uma lógica prática que, ao mesmo tempo que ensina a falar bem a própria<<strong>br</strong> />
língua, ensina a bem discorrer. As línguas são uns métodos analíticos que Deus <strong>de</strong>u ao<<strong>br</strong> />
homem para <strong>de</strong>senvolver suas faculda<strong>de</strong>s. Elas são o primeiro exemplo das regras <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
análise, da combinação e do método que as ciências mais exatas seguem em suas<<strong>br</strong> />
operações.”<<strong>br</strong> />
Como a língua é concebida como produto acabado, enquanto sistema estável,<<strong>br</strong> />
há regras e normas constituídas a priori que <strong>de</strong>vem ser seguidas. E como se tivesse um<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>pósito com pacotes prontos a serem usados por qualquer falante <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada<<strong>br</strong> />
língua.<<strong>br</strong> />
Nesse sentido, a língua é concebida como a única varieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>nominada<<strong>br</strong> />
padrão, que <strong>de</strong>ve ser seguida por todos os cidadãos falantes <strong>de</strong>ssa língua.<<strong>br</strong> />
Outras formas <strong>de</strong> falar e escrever que se afastem <strong>de</strong>ssa varieda<strong>de</strong> padrão são<<strong>br</strong> />
consi<strong>de</strong>radas erradas, não língua.<<strong>br</strong> />
Embora dê ênfase à oralida<strong>de</strong>, a gramática gerada <strong>de</strong>ssa tendência tem na<<strong>br</strong> />
escrita o instrumento necessário para a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> suas regras. Ao escolher a<<strong>br</strong> />
escrita como base elege os textos <strong>de</strong> escritores consagrados pela literatura, uma vez que<<strong>br</strong> />
quer <strong>de</strong>monstrar os bons usos da língua.<<strong>br</strong> />
Uma gramática assim concebida exclui qualquer varieda<strong>de</strong> da língua-oral ou<<strong>br</strong> />
escrita. Trata-a como vício <strong>de</strong> linguagem e como tal <strong>de</strong>ve ser corrigida, tendo em vista a<<strong>br</strong> />
varieda<strong>de</strong> padrão. A variação lingüística é vista como <strong>de</strong>svio e aquilo que foge à norma é<<strong>br</strong> />
consi<strong>de</strong>rado erro. O falar e o escrever corretamente tem que seguir, portanto, os cânones<<strong>br</strong> />
ditados pelas regras gramaticais que <strong>de</strong>terminam a linguagem correta.<<strong>br</strong> />
A gramática para essa tendência é concebida como <strong>de</strong>finitiva e explorada nas<<strong>br</strong> />
aulas <strong>de</strong> forma fragmentada e arbitrária, visto que os tópicos gramaticais são<<strong>br</strong> />
apresentados como fragmentos que não possuem relação entre si e sua seriação, não<<strong>br</strong> />
apresentando nenhum critério que <strong>de</strong>termine as razões para que esse ou aquele assunto<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>vam vir antes ou <strong>de</strong>pois.<<strong>br</strong> />
Como a linguagem é concebida como expressão do pensamento, aquele que<<strong>br</strong> />
não se expressa <strong>de</strong>ntro dos padrões impostos pela gramática é tido, ao nível do senso<<strong>br</strong> />
comum, como pessoa que não sabe ou não é capaz <strong>de</strong> pensar.<<strong>br</strong> />
2. GRAMÁTICA DO TIPO 2 (LIGADA AOS PRINCÍPIOS DA SEGUNDA TENDÊNCIA:<<strong>br</strong> />
LINGUAGEM COMO MEIO OBJETIVO PARA A COMUNICAÇÃO)<<strong>br</strong> />
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A gramática concebida corno um conjunto <strong>de</strong> regras que o cientista da<<strong>br</strong> />
linguagem encontra nos dados que analisa, à luz <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada teoria e método. São as<<strong>br</strong> />
regras utilizadas pelos falantes <strong>de</strong>terminada língua na construção real <strong>de</strong> enunciados.<<strong>br</strong> />
Para esse tipo <strong>de</strong> gramática, a língua equivale a um construtor teórico,<<strong>br</strong> />
necessariamente abstrato e que, por isso não prevê variações no sistema.<<strong>br</strong> />
Isso não quer dizer, entretanto, que essa gramática <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>re as variações<<strong>br</strong> />
lingüísticas, pelo contrário, não apresenta nenhum preconceito para qualquer tipo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
língua ou contra qualquer varieda<strong>de</strong> lingüística.<<strong>br</strong> />
Esse tipo <strong>de</strong> gramática baseado na oralida<strong>de</strong>, utilizando-se como base para<<strong>br</strong> />
sua análise uma concepção <strong>de</strong> língua como um sistema in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> fatores<<strong>br</strong> />
extralingüísticos, exclui totalmente o papel da história e das reais relações entre os<<strong>br</strong> />
faIantes.<<strong>br</strong> />
Tanto a gramática estrutural quanto a gerativo-transformacional enquadram-se<<strong>br</strong> />
nesta segunda tendência.<<strong>br</strong> />
A gramática estrutural tem a concepção <strong>de</strong> linguagem como meio <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
comunicação, não implicando, todavia o aspecto da interlocução. Descreve a língua em<<strong>br</strong> />
uso <strong>de</strong> uma certa comunida<strong>de</strong> e em certa época, introduzindo progressivamente a noção<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> nível <strong>de</strong> língua: formal, familiar, etc. Dá ênfase aos aspectos morfológicos e<<strong>br</strong> />
fonológicos da língua, dando tratamento insuficiente à sintaxe, uma vez que <strong>de</strong>screve<<strong>br</strong> />
somente as estruturas superficiais da oração.<<strong>br</strong> />
Já a gramática gerativo-transformacional só consi<strong>de</strong>ra enunciados i<strong>de</strong>ais<<strong>br</strong> />
aqueles produzidos por um falante i<strong>de</strong>al, que pertence a uma comunida<strong>de</strong> lingüística<<strong>br</strong> />
i<strong>de</strong>al.<<strong>br</strong> />
Estabelece que somente po<strong>de</strong> haver comunicação entre alguém se houver o<<strong>br</strong> />
mesmo conhecimento subjacente da língua. Por isso, fornece as regras que permitem<<strong>br</strong> />
construir sistematicamente orações complexas e gerar um número infinito <strong>de</strong> construções<<strong>br</strong> />
gramaticais. Admite a existência <strong>de</strong> universais lingüísticos e analogias entre as línguas a<<strong>br</strong> />
nível <strong>de</strong> estrutura profunda, permitindo a caracterização <strong>de</strong> noções <strong>de</strong> gramaticalida<strong>de</strong> e<<strong>br</strong> />
agramaticalida<strong>de</strong> das línguas.<<strong>br</strong> />
Embora com enfoques diferentes, as correntes lingüísticas que sustentam<<strong>br</strong> />
esse tipo <strong>de</strong> gramática têm em comum o fato <strong>de</strong> abstraírem a linguagem do seu contexto<<strong>br</strong> />
histórico-social e proporem uma homogeneida<strong>de</strong> do sistema lingüístico.<<strong>br</strong> />
3. GRAMÁTICA DO TIPO 3 (LIGADA AOS PRINCÍPIOS DA TERCEIRA<<strong>br</strong> />
TENDÊNCIA QUE CONCEBE A LÍNGUA COMO UM CONJUNTO DE VARIEDADES<<strong>br</strong> />
LINGÜÍSTICAS QUE PERMEIA O PROCESSO DA INTERAÇÃO VERBAL)<<strong>br</strong> />
Embora possa haver discussão a respeito <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> "gramática"<<strong>br</strong> />
à caracterização que vemos nesse item, entendo que é perfeitamente possível fazê-lo, se<<strong>br</strong> />
se consi<strong>de</strong>rar a língua como um conjunto das varieda<strong>de</strong>s lingüísticas utilizadas por<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>terminada comunida<strong>de</strong>; o conjunto das regras que o falante <strong>de</strong> fato apren<strong>de</strong>u e das<<strong>br</strong> />
quais lança mão ao falar construir-se-á em lima "gramática".<<strong>br</strong> />
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Daí ter <strong>de</strong>nominado nessa perspectiva, <strong>de</strong> "gramática do tipo 3", aquelas que<<strong>br</strong> />
têm como compreensão que as varieda<strong>de</strong>s lingüísticas não <strong>de</strong>terminam diferenças do tipo<<strong>br</strong> />
bem/mal, bom/ruim, mas simplesmente formas coexistentes. As varieda<strong>de</strong>s não são,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ssa forma, erros, mas diferenças.<<strong>br</strong> />
Para esses tipos <strong>de</strong> gramática, não existe o erro lingüístico. O que há são<<strong>br</strong> />
ina<strong>de</strong>quações <strong>de</strong> linguagem que consistem não no uso <strong>de</strong> uma varieda<strong>de</strong>, ao invés <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
outra, mas no uso <strong>de</strong> uma varieda<strong>de</strong> ao invés <strong>de</strong> outra numa situação em que as regras<<strong>br</strong> />
sociais não abonam aquela regra da fala.<<strong>br</strong> />
Todas as varieda<strong>de</strong>s são consi<strong>de</strong>radas boas c corretas e funcionam sempre <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
acordo com regras rígidas, impostas pelas próprias comunida<strong>de</strong>s que as falam. Isto<<strong>br</strong> />
implica que os falantes atribuam valores as formas lingüísticas, valorizando, eles<<strong>br</strong> />
próprios, às vezes, uma <strong>de</strong>terminada forma.<<strong>br</strong> />
Assim, para essa gramáticas não existe nenhuma varieda<strong>de</strong> boa ou ruim em si<<strong>br</strong> />
mesma. O que há são línguas e varieda<strong>de</strong>s que merecem maior atenção do que outras,<<strong>br</strong> />
segundo necessida<strong>de</strong>s e eleições historicamente explicáveis.<<strong>br</strong> />
O contexto extra lingüístico é tido como fundamental, uma vez que só na interrelação<<strong>br</strong> />
a linguagem se estabelece, isto é, ligada a outros fatos sociais. As línguas, assim,<<strong>br</strong> />
não são sistemas que pairam acima dos que falam e não são isentas <strong>de</strong> valores<<strong>br</strong> />
atribuídos pelos que falam.<<strong>br</strong> />
A linguagem vista como processo interativo permite, portanto, o uso <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
diferentes gramáticas, em conformida<strong>de</strong> com o propósito da interlocução e do contexto<<strong>br</strong> />
em que se estabelece.<<strong>br</strong> />
O ENSINO DA LÍNGUA A PARTIR DAS CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM<<strong>br</strong> />
Baseando-se nas concepções <strong>de</strong> linguagem anteriormente <strong>de</strong>scritas, o ensino<<strong>br</strong> />
da língua portuguesa po<strong>de</strong> configurar-se num dos tipos abaixo:<<strong>br</strong> />
TIPO 1 ENSINO TRADICIONAL OU PRESCRITIVO<<strong>br</strong> />
O ensino prescritivo, apoiado na concepção <strong>de</strong> linguagem <strong>de</strong>scrita na primeira<<strong>br</strong> />
tendência, tem como finalida<strong>de</strong> ensinar os alunos a substituírem seus padrões <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
ativida<strong>de</strong>s lingüísticas consi<strong>de</strong>rados errados por outros consi<strong>de</strong>rados corretos.<<strong>br</strong> />
Este ensino significa selecionar os padrões em qualquer nível, que são<<strong>br</strong> />
apontados por alguns mem<strong>br</strong>os da comunida<strong>de</strong> lingüística, e usar práticas padronizadas<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> ensino para persuadir o aluno a se conformar àqueles padrões.<<strong>br</strong> />
Através do ensino prescritivo, induz-se o estudante a substituir sua linguagem<<strong>br</strong> />
por outra “melhor” elaborada, por constituir-se a forma gramaticalmente correta.<<strong>br</strong> />
As experiências dos alunos são <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>radas nesse tipo <strong>de</strong> ensino, visto<<strong>br</strong> />
que, a priori, são tidas como incorretas.<<strong>br</strong> />
A língua escrita tem predomínio so<strong>br</strong>e a língua falada e os exemplos utilizados<<strong>br</strong> />
com padrão <strong>de</strong> correção são retirados da literatura clássica tida como mo<strong>de</strong>lo do “bem”<<strong>br</strong> />
escrever.<<strong>br</strong> />
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A correção dos aspectos formais da linguagem escrita é um dos objetivos<<strong>br</strong> />
básicos <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> ensino. Dessa maneira, o aluno é impedido <strong>de</strong> utilizar na língua<<strong>br</strong> />
escrita os padrões aceitáveis da língua falada.<<strong>br</strong> />
Destacam-se no ensino moldado, nessas características:<<strong>br</strong> />
• O apego aos cânones gramaticais, estruturados segundo os mol<strong>de</strong>s da<<strong>br</strong> />
tradição clássica;<<strong>br</strong> />
• A repetição, anos a fio, dos mesmos enunciados, regras e exemplos dos<<strong>br</strong> />
mo<strong>de</strong>los selecionados como “corretos” e “bons”;<<strong>br</strong> />
• A ausência quase total das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> leitura e produção <strong>de</strong> textos;<<strong>br</strong> />
Além <strong>de</strong> prescrever é assim não é assado, o ensino tradicional, mesmo antes<<strong>br</strong> />
que os alunos dominem a varieda<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rada padrão, já começa a trabalhar a<<strong>br</strong> />
metalinguagem <strong>de</strong> análise <strong>de</strong>ssa varieda<strong>de</strong>, com exercícios <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição gramatical,<<strong>br</strong> />
estudo <strong>de</strong> regras, <strong>de</strong>finições, etc.<<strong>br</strong> />
A maior parte do tempo nas aulas <strong>de</strong> língua nesses mol<strong>de</strong>s é gasta para o<<strong>br</strong> />
aluno apren<strong>de</strong>r a metalinguagem <strong>de</strong> análise da língua, passando, assim, as aulas a serem<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>finições, classificações dos fatos gramaticais, completamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
exercício <strong>de</strong> linguagem, que raras vezes ou nenhuma vez acontece.<<strong>br</strong> />
Em aulas cujo foco é o ensino prescritivo, tudo é transformado em exercícios<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e a língua, aquela que não é conhecida do aluno, que é inerte, estando à disposição<<strong>br</strong> />
para dissecação e classificação.<<strong>br</strong> />
Nesse sentido, as aulas <strong>de</strong> língua apresentam-se como um conjunto <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>svinculadas umas das outras e que apenas se somam e se acumulam. Anos<<strong>br</strong> />
a fio, é dada uma repetição dos mesmos tópicos gramaticais, consi<strong>de</strong>rados essenciais<<strong>br</strong> />
para o bem falar e o bem escrever. Tópicos como classe <strong>de</strong> palavras bem como as<<strong>br</strong> />
funções sintáticas dos elementos da frase são dados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiro até o segundo<<strong>br</strong> />
grau.<<strong>br</strong> />
A gramática é dada, portanto, para se cumprir um programa previamente<<strong>br</strong> />
estabelecido sem se levar em conta as dificulda<strong>de</strong>s ou não dos alunos no emprego que<<strong>br</strong> />
fazem efetivamente da linguagem, nessa ou naquela ocasião, num processo <strong>de</strong> interação<<strong>br</strong> />
verbal.<<strong>br</strong> />
TIPO 2 ENSINO DESCRITIVO<<strong>br</strong> />
O ensino <strong>de</strong>scritivo, tendo como suporte a segunda tendência, preocupa-se<<strong>br</strong> />
com o modo como a linguagem funciona. A língua que o aluno domina <strong>de</strong>sempenha papel<<strong>br</strong> />
fundamental, uma vez que não há mo<strong>de</strong>lo privilegiado <strong>de</strong> língua ou variações lingüísticas.<<strong>br</strong> />
Todas as varieda<strong>de</strong>s, em princípio, possuem igual valor.<<strong>br</strong> />
O objetivo <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> ensino é que os alunos aprendam alguma coisa so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />
a natureza da linguagem, usando-a sem lhes ser necessário compreen<strong>de</strong>r porque e como<<strong>br</strong> />
as funções que <strong>de</strong>la se espera, ou, na verda<strong>de</strong>, quais são essas funções.<<strong>br</strong> />
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O ensino baseado nesses princípios pressupõe que o aluno internalizará regras<<strong>br</strong> />
lingüísticas diferentes daquelas que usa, a partir do momento que estiver exposto às<<strong>br</strong> />
noções so<strong>br</strong>e o que a linguagem faz e como faz.<<strong>br</strong> />
Esse ensino consiste, pois, em mostrar ao aluno como a língua funciona,<<strong>br</strong> />
mediante a or<strong>de</strong>nações e os acréscimos relativos ao seu uso da língua materna.<<strong>br</strong> />
Como a gramática da língua nessa perspectiva preocupa-se em <strong>de</strong>screver e<<strong>br</strong> />
revelar relações que se estabelecem entre os elementos do sistema lingüístico, nos seus<<strong>br</strong> />
mais diversos níveis (fonológico, morfo-semântico, e sintático), a maneira como se<<strong>br</strong> />
organizam os elementos <strong>de</strong>ntro do sistema vais ser o objetivo do ensino que se utilizará<<strong>br</strong> />
dos exercícios estruturais para treinar as estruturar lingüísticas.<<strong>br</strong> />
Os exercícios estruturais vão ser, pois, ponta <strong>de</strong> lança da metodologia<<strong>br</strong> />
construída com base nos princípios acima <strong>de</strong>scritos, visando à automatização <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
estruturas da língua para sua utilização, quando necessária, na situação <strong>de</strong> comunicação.<<strong>br</strong> />
O objetivo é que o aluno adquira hábitos lingüísticos que são reações<<strong>br</strong> />
aprendidas e que se repetem em circunstâncias semelhantes. Esse tipo <strong>de</strong> ensino enfoca,<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>etudo, o saber fazer. Através da repetição, o aluno irá absorvendo formas que<<strong>br</strong> />
comporão seu universo lingüístico, ficando munido <strong>de</strong> estruturas que o auxiliem no<<strong>br</strong> />
aperfeiçoamento da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> um meio <strong>de</strong> comunicação;<<strong>br</strong> />
É bom lem<strong>br</strong>ar que os exercícios estruturais que os livros didáticos trazem o<<strong>br</strong> />
são para “corrigir”. Usa-se a mecanização para essa correção.<<strong>br</strong> />
TIPO 3 ENSINO PRODUTIVO<<strong>br</strong> />
O ensino produtivo, diferentemente dos outros dois tipos já apresentados, não<<strong>br</strong> />
tem por objetivo alterar padrões que o aluno já adquiriu, mas aumentar os recurso que<<strong>br</strong> />
possui e fazer isto <strong>de</strong> modo tal que ao aluno tenha a seu dispor, para uso a<strong>de</strong>quado, a<<strong>br</strong> />
maior escala possível <strong>de</strong> potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sua língua, em todas as diversas situações<<strong>br</strong> />
em que tem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>las.<<strong>br</strong> />
Apoiado nos princípios da terceira tendência, ao aluno é dada a oportunida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r diferentes varieda<strong>de</strong>s da língua, a<strong>de</strong>quadas a diferentes situações. O ensino<<strong>br</strong> />
tem por objetivo, portanto, colocar o aluno em situações efetivas <strong>de</strong> uso da língua. É a<<strong>br</strong> />
amplitu<strong>de</strong> e o uso <strong>de</strong> diferente varieda<strong>de</strong>s o foco <strong>de</strong>sse ensino.<<strong>br</strong> />
Como não se elege uma varieda<strong>de</strong> como boa ou correta, esse tipo <strong>de</strong> ensino<<strong>br</strong> />
mostra aquilo que é a<strong>de</strong>quado e/ou eficiente para <strong>de</strong>terminado propósito.<<strong>br</strong> />
Assim, a linguagem é vista como produção, fruto do trabalho coletivo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
indivíduos e das circunstâncias. Os alunos são consi<strong>de</strong>rados como falantes da língua<<strong>br</strong> />
ensinada em constante trabalho <strong>de</strong> produção.<<strong>br</strong> />
As gramáticas da língua são entendidas, portanto, como conhecimento<<strong>br</strong> />
produzido coletivamente a partir <strong>de</strong> um trabalho lingüístico realizado nas situações<<strong>br</strong> />
concretas <strong>de</strong> interação verbal, um conhecimento da língua construído pelo seu uso<<strong>br</strong> />
efetivo.<<strong>br</strong> />
x<<strong>br</strong> />
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Nesse ponto voltaremos ao primeiro parágrafo da nossa apostila para lem<strong>br</strong>ar<<strong>br</strong> />
que buscamos <strong>de</strong>senvolver a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> argumentar, <strong>de</strong> criticar, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
redizer, <strong>de</strong> resumir, <strong>de</strong> resenhar, para, principalmente, apren<strong>de</strong>r a pensar<<strong>br</strong> />
inteligentemente.<<strong>br</strong> />
<strong>Pos</strong>sivelmente, no início, a frase em negrito po<strong>de</strong> ter assustado um pouco.<<strong>br</strong> />
Porém, agora está melhor entendida e, quando isto ocorre, há modificações relevantes.<<strong>br</strong> />
Vejamos a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um texto elaborado com apenas 10 linhas.<<strong>br</strong> />
Escreva, neste momento, so<strong>br</strong>e suas perspectivas para o futuro, com base no que você<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>senvolveu até agora neste módulo.<<strong>br</strong> />
Vamos dar uma dica. Quando você elabora um texto <strong>de</strong>ve atentar para três<<strong>br</strong> />
princípios básicos: conteúdo, forma e correção. Vejamos cada um <strong>de</strong>sses itens<<strong>br</strong> />
isoladamente.<<strong>br</strong> />
O CONTEÚDO<<strong>br</strong> />
Contarão, neste aspecto, o seu enfoque pessoal ou a maneira como abordou o<<strong>br</strong> />
assunto, a lógica e a coerência das idéias apresentadas, sua relação com o tema, sua<<strong>br</strong> />
atualida<strong>de</strong> e sua argumentação. Para se sair bem nessa etapa, você precisa refletir<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e o tema, relacionar e enca<strong>de</strong>ar informações atuais so<strong>br</strong>e ele, <strong>de</strong>senvolver a<<strong>br</strong> />
composição coerentemente, sem se afastar <strong>de</strong> seu propósito inicial. Para isso você<<strong>br</strong> />
precisará <strong>de</strong> um esquema <strong>de</strong> trabalho e esta é uma das coisas que apren<strong>de</strong>rá fazer no<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>correr da leitura.<<strong>br</strong> />
A FORMA<<strong>br</strong> />
Antes <strong>de</strong> mais nada, você <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>senvolver seu trabalho com concisão e<<strong>br</strong> />
clareza, tendo em mente que concisão é a exposição das idéias em poucas palavras e<<strong>br</strong> />
clareza é a qualida<strong>de</strong> do que é claro ou inteligível (bom entendimento).<<strong>br</strong> />
O domínio das formas da língua e afluência na construção das frases, orações<<strong>br</strong> />
e períodos são <strong>de</strong>cisivos, assim como um bom domínio e riqueza <strong>de</strong> vocabulário.<<strong>br</strong> />
Finalmente, um toque <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong> para temperar tudo isso, não se esquecendo<<strong>br</strong> />
jamais que o professor que fará a leitura e pontuará seu trabalho certamente gostará <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
enten<strong>de</strong>r tudo facilmente, razão pela qual, ao passar a limpo seu trabalho, faça-o com<<strong>br</strong> />
caligrafia legível e caprichada, sob pena <strong>de</strong> pôr em risco todo o resultado.<<strong>br</strong> />
A CORREÇÃO<<strong>br</strong> />
Seu trabalho <strong>de</strong>ve ser o mais correto possível. Isso significa que <strong>de</strong>verá estar<<strong>br</strong> />
isento <strong>de</strong> erros gramaticais e ortográficos, corrigido com atenção, elegância e a<strong>de</strong>quação<<strong>br</strong> />
ao seu propósito. Os aspectos que mais saltam à vista, nesse momento, são a<<strong>br</strong> />
acentuação gráfica, a ortografia, pontuação, concordâncias verbal e nominal,<<strong>br</strong> />
regência e colocação pronominal.<<strong>br</strong> />
Quanto mais harmoniosas forem essas etapas <strong>de</strong> sua redação, mais chance <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
sucesso você terá. Para chegar a isso, não se esqueça <strong>de</strong> que terá <strong>de</strong> fazer uso <strong>de</strong> muito<<strong>br</strong> />
“CHÁ” – conhecimento, habilida<strong>de</strong> e atitu<strong>de</strong>, lem<strong>br</strong>a?<<strong>br</strong> />
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A questão, agora, é perguntar: você está disposto(a) a seguir em frente? Está<<strong>br</strong> />
disposto(a) a adquirir conhecimentos e <strong>de</strong>senvolver suas habilida<strong>de</strong>s? Se a resposta for<<strong>br</strong> />
positiva, você está pronto( a) para continuar.<<strong>br</strong> />
ENTENDENDO ALGUNS CONCEITOS<<strong>br</strong> />
Sempre insisti que o ato <strong>de</strong> escrever é uma ativida<strong>de</strong> que exige ação, um<<strong>br</strong> />
processo que <strong>de</strong>ve ser estruturado e obe<strong>de</strong>cer a um método. A partir do momento em que<<strong>br</strong> />
você pratica, você vai internalizando paradigmas ou mo<strong>de</strong>los que serão utilizados<<strong>br</strong> />
automaticamente em seus trabalhos.<<strong>br</strong> />
Saber como isso ocorre é importante, pois po<strong>de</strong> permitir que você assuma o<<strong>br</strong> />
controle <strong>de</strong> algo que, por falsas informações ou conceitos errados, julgue ser um ato<<strong>br</strong> />
instintivo, inato, um "dom" que privilegia poucos e penaliza muitos.<<strong>br</strong> />
Aceitando essa premissa, tenha em mente que escrever é argumentar e para<<strong>br</strong> />
fazer isso, alguns requisitos básicos são necessários.<<strong>br</strong> />
PENSAMENTOS<<strong>br</strong> />
A ética é uma qualida<strong>de</strong> indispensável em qualquer pessoa que pretenda fazer<<strong>br</strong> />
uma argumentação. Da mesma forma, po<strong>de</strong>-se afirmar que não existe o<strong>br</strong>a literária sem<<strong>br</strong> />
sentimento. Por mais impessoal que tente ser, fatalmente essas qualida<strong>de</strong>s ou a<<strong>br</strong> />
ausência <strong>de</strong>las vão refletir em seu trabalho. Assim, é importante que você entenda isso,<<strong>br</strong> />
uma vez que po<strong>de</strong> afetar diretamente o seu estilo e sua o<strong>br</strong>a.<<strong>br</strong> />
Pensamento é toda concepção da mente ou do espírito. Deve ser verda<strong>de</strong>iro,<<strong>br</strong> />
isto é, conforme com a realida<strong>de</strong>, já que um pensamento falso po<strong>de</strong> fazê-lo enveredar por<<strong>br</strong> />
uma argumentação totalmente equivocada.<<strong>br</strong> />
Exige-se que seja claro para ser compreendido sem esforço. Por isso, todos os<<strong>br</strong> />
bons manuais <strong>de</strong> redação recomendam que se busque a simplicida<strong>de</strong> na comunicação,<<strong>br</strong> />
fugindo a tudo que possa comprometer sua clareza. Devem ser ainda naturais,<<strong>br</strong> />
espontâneos, ajustados ao assunto e ao caráter das pessoas que os expressam.<<strong>br</strong> />
Numa redação objetiva, como a do vestibular e a <strong>de</strong> um concurso público,<<strong>br</strong> />
recomenda-se evitar os pensamentos por <strong>de</strong>mais profundos, que não po<strong>de</strong>m ser<<strong>br</strong> />
concebidos senão por espíritos superiores e cuja exatidão só será medida por séria e<<strong>br</strong> />
profunda reflexão.<<strong>br</strong> />
Os professores que corrigirão seu trabalho po<strong>de</strong>m não dispor <strong>de</strong> tempo para<<strong>br</strong> />
tais mergulhos. Da mesma forma, <strong>de</strong>ve-se evitar todos que, vulgares e triviais, evocam<<strong>br</strong> />
coisas ou aspectos grosseiros ou comum <strong>de</strong>mais.<<strong>br</strong> />
SENTIMENTO<<strong>br</strong> />
O sentimento po<strong>de</strong> ser religioso, quando tem Deus ou as coisas santas ou<<strong>br</strong> />
saudáveis por objeto; natural, se nasce da contemplação do mundo exterior.<<strong>br</strong> />
São exemplos <strong>de</strong> sentimentos: amor, ódio, amiza<strong>de</strong>, gratidão, alegria, tristeza,<<strong>br</strong> />
admiração, ternura, compaixão, esperança, inveja.<<strong>br</strong> />
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A primeira qualida<strong>de</strong> do sentimento é a naturalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vendo estar a<strong>de</strong>quado<<strong>br</strong> />
ao assunto e correspon<strong>de</strong>r aos estados <strong>de</strong> alma dos autores ou das personagens<<strong>br</strong> />
envolvidas.<<strong>br</strong> />
À naturalida<strong>de</strong> opõe-se a exageração, quando o autor se <strong>de</strong>ixa s<strong>edu</strong>zir pela<<strong>br</strong> />
sonorida<strong>de</strong> das palavras e pela ousadia das expressões que substituem a justeza e a<<strong>br</strong> />
sincerida<strong>de</strong> do sentimento.<<strong>br</strong> />
Os sentimentos são também no<strong>br</strong>es e sublimes, quando próprios a realçar as<<strong>br</strong> />
melhores tendências da alma, as suas heróicas resoluções e elevadas aspirações para a<<strong>br</strong> />
verda<strong>de</strong>, o bem, o bom e o belo.<<strong>br</strong> />
Ao redigir uma redação, <strong>de</strong>ixe aflorar aqueles sentimentos que possam<<strong>br</strong> />
contribuir para o seu sucesso, evitando a todo custo <strong>de</strong>ixar-se contagiar pela ira, pela<<strong>br</strong> />
ironia, pela revolta, que seguramente o levarão a pensamentos obscuros, falsos, confusos<<strong>br</strong> />
ou totalmente <strong>de</strong>sviados da realida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
LINGUAGEM ORAL E LINGUAGEM ESCRITA<<strong>br</strong> />
A linguagem escrita tem i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> própria e seu caráter formal distancia-se da<<strong>br</strong> />
linguagem oral. Ao redigir, usa-se o significado das palavras para transmitir conteúdos.<<strong>br</strong> />
Assim, a redação é a expressão <strong>de</strong> idéias, por escrito. Para atingir seus objetivos, precisa<<strong>br</strong> />
ser feita <strong>de</strong> forma clara, organizada e coerente.<<strong>br</strong> />
Simplificadamente, redigir bem é utilizar conhecimentos <strong>de</strong> gramática e <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
vocabulário para discorrer so<strong>br</strong>e um tema. Para se discorrer so<strong>br</strong>e um tema, é preciso<<strong>br</strong> />
entendê-lo, refletir so<strong>br</strong>e ele, associar idéias, usar a memória e a imaginação. Em<<strong>br</strong> />
seguida, ainda que mentalmente, é preciso estabelecer um roteiro para essa redação,<<strong>br</strong> />
obe<strong>de</strong>cendo aos seguintes passos:<<strong>br</strong> />
1 - Seleção da forma a ser utilizada (dissertação, <strong>de</strong>scrição, narração ou<<strong>br</strong> />
correspondência comercial).<<strong>br</strong> />
2 - Reflexão so<strong>br</strong>e o tema, organizando e associando idéias.<<strong>br</strong> />
3 - Escolha <strong>de</strong> palavras significativas e atreladas ao tema para expor as idéias <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
forma concatenada, conforme as regras do idioma e seguindo seu próprio<<strong>br</strong> />
estilo.<<strong>br</strong> />
Num vestibular ou num concurso público, a seleção da forma será automática,<<strong>br</strong> />
como exigência da prova. Refletir so<strong>br</strong>e o tema, no segundo passo, implica em usar a<<strong>br</strong> />
memória, lem<strong>br</strong>ando-se <strong>de</strong> leituras ou <strong>de</strong> informações recebidas <strong>de</strong> outras fontes. Ao<<strong>br</strong> />
fazer isso, faça uma análise cuidadosa do assunto a ser tratado, sob todos os aspectos,<<strong>br</strong> />
sejam eles concretos, emocionais ou filosóficos. Após isso, faça o rascunho inicial,<<strong>br</strong> />
ponto <strong>de</strong> partida para seu trabalho.<<strong>br</strong> />
Um dos aspectos mais importantes, tendo em vista que a originalida<strong>de</strong> é um<<strong>br</strong> />
dos pontos cruciais <strong>de</strong> toda redação, é o <strong>de</strong> criar e <strong>de</strong>senvolver um estilo próprio. A<<strong>br</strong> />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> observar, analisar, compilar e apresentar dados <strong>de</strong> forma própria e<<strong>br</strong> />
individual <strong>de</strong>terminará seu grau <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong>. Para isso, não há como fugir da leitura <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
jornais, revistas e, principalmente, dos gran<strong>de</strong>s nomes da língua portuguesa em todos os<<strong>br</strong> />
tempos. Lem<strong>br</strong>e-se <strong>de</strong> que quanto maior for o seu vocabulário, mais fácil será a tarefa.<<strong>br</strong> />
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Nesse aspecto, algumas regras são básicas: evitar arcaísmos (palavras<<strong>br</strong> />
antiquadas) e neologismos (palavra ou frase nova ou palavra antiga com sentido novo),<<strong>br</strong> />
dando preferência a um vocabulário atualizado, fugindo das cacofonias (som<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sagradável resultante da sílaba final <strong>de</strong> uma palavra com a sílaba inicial da seguinte),<<strong>br</strong> />
do uso repetitivo <strong>de</strong> palavras e expressões. Afinal, uma frase gramaticalmente incorreta,<<strong>br</strong> />
sintaticamente mal estruturada e grafada com erros não atinge o seu objetivo.<<strong>br</strong> />
Para <strong>de</strong>senvolver sua habilida<strong>de</strong>, crie o hábito <strong>de</strong> escrever diariamente,<<strong>br</strong> />
revisando e corrigindo o texto pois isto é imprescindível para automatizar o processo e<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>senvolver a habilida<strong>de</strong>, vez que essa familiarida<strong>de</strong> com o ato <strong>de</strong> escrever constrói a<<strong>br</strong> />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressar-se <strong>de</strong> forma clara, coerente e correta.<<strong>br</strong> />
Uma boa forma <strong>de</strong> treinar é automatizar os paradigmas da língua, através da<<strong>br</strong> />
elaboração <strong>de</strong> paráfrases. Para isso, comece copiando uma trecho <strong>de</strong> um livro e <strong>de</strong>pois<<strong>br</strong> />
reproduza-o, mudando o sentido, sem mudar as estruturas das frases, como no exemplo<<strong>br</strong> />
a seguir:<<strong>br</strong> />
"O corpo se agitou no colchão <strong>de</strong> palha: ruído <strong>de</strong> ventania arrastando<<strong>br</strong> />
folhas. " (L P Baçan, Sassarico)<<strong>br</strong> />
Paráfrase:<<strong>br</strong> />
O carro se agitou no lamaçal: barulho <strong>de</strong> animal <strong>br</strong>incando na água. "<<strong>br</strong> />
Comece com frases simples e vá aumentando, até conseguir trabalhar textos<<strong>br</strong> />
entre 20 e 30 linhas. Use tudo que tiver a sua disposição, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> trechos <strong>de</strong> escritores<<strong>br</strong> />
famosos até reportagens <strong>de</strong> revistas ou <strong>de</strong> jornais. Verá que, com o tempo, torna-se mais<<strong>br</strong> />
fácil fazer isso. Quando eu disse que para apren<strong>de</strong>r a escrever usava-se 10% <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
inspiração e 90% <strong>de</strong> transpiração, estava me referindo a isso: trabalho constante,<<strong>br</strong> />
sistemático e organizado.<<strong>br</strong> />
É importante que você jamais se esqueça <strong>de</strong> que um texto <strong>de</strong>ve ser objetivo,<<strong>br</strong> />
um instrumento para você transmitir informações, <strong>de</strong>vendo fazê-lo da forma mais clara<<strong>br</strong> />
possível. Como é um texto com um número limitado <strong>de</strong> linhas, um esforço extra po<strong>de</strong>rá<<strong>br</strong> />
ser exigido para concentrar essas informações em seu corpo, evitando alongar-se<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>snecessariamente, o que implicaria em riscos <strong>de</strong> cometer erros <strong>de</strong>snecessários,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sviar-se do assunto ou per<strong>de</strong>r-se nele. Por isso recomenda-se um pequeno roteiro, que<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong> ser feito no rascunho. O esquema mais simples é:<<strong>br</strong> />
1 - Início (relacione palavras-chaves para introduzir o assunto )<<strong>br</strong> />
2 - Meio ou <strong>de</strong>senvolvimento (relacione idéias a serem <strong>de</strong>senvolvidas,<<strong>br</strong> />
lem<strong>br</strong>ando-se sempre <strong>de</strong> analisar a questão por prismas diferentes, buscando<<strong>br</strong> />
enfoques originais).<<strong>br</strong> />
3 - Conclusão (fuja à tentação <strong>de</strong> transformar sua conclusão numa lição <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
moral ou em apresentar simplesmente a "moral da história". À luz dos<<strong>br</strong> />
argumentos, escolha sua opção).<<strong>br</strong> />
Tudo isso, porém, <strong>de</strong>ve ser parte <strong>de</strong> um processo natural. Se você está lendo<<strong>br</strong> />
esta apostila é porque, <strong>de</strong> certo modo, não tem muita familiarida<strong>de</strong> com o assunto e<<strong>br</strong> />
precisa apren<strong>de</strong>r sempre.<<strong>br</strong> />
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De fato, a primeira regra para <strong>de</strong>senvolver um bom texto é a análise do tema.<<strong>br</strong> />
Para isso, são necessárias algumas etapas que <strong>de</strong>vem ser automatizadas e praticadas<<strong>br</strong> />
com freqüência, buscando o <strong>de</strong>senvolvimento e aprimoramento <strong>de</strong>ssa habilida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Po<strong>de</strong>, aparentemente, parecer uma coisa difícil <strong>de</strong> ser feita, mas, na verda<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />
não envolve nenhum gran<strong>de</strong> segredo. Antes <strong>de</strong> tudo, é importante manter a calma. Muitos<<strong>br</strong> />
estudantes acabam ficando nervosos e per<strong>de</strong>ndo a concentração ao se <strong>de</strong>parar com um<<strong>br</strong> />
tema inesperado e isso compromete todo o seu <strong>de</strong>sempenho posterior.<<strong>br</strong> />
Antes <strong>de</strong> mais nada, fique calmo. Leia o tema como algo impessoal, como um<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>grau a ser vencido ou um obstáculo a mais a ser superado. Siga os seguintes passos,<<strong>br</strong> />
respon<strong>de</strong>ndo às seguintes perguntas:<<strong>br</strong> />
1) Qual é o tema, o que é, qual é a sua <strong>de</strong>finição, a que visa ou o que busca, on<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
quer chegar e qual é a sua a<strong>br</strong>angência? Faça a si mesmo perguntas <strong>de</strong>sse tipo<<strong>br</strong> />
e vá or<strong>de</strong>nando as respostas. Po<strong>de</strong> fazer um pequeno rascunho com essas<<strong>br</strong> />
respostas, apenas para orientar-se. Se apren<strong>de</strong>r a fazer isso logo no início, com<<strong>br</strong> />
o tempo fará todas essas questões e associará todas as respostas<<strong>br</strong> />
mentalmente, usando suas habilida<strong>de</strong>s.<<strong>br</strong> />
2) De que se compõe, po<strong>de</strong> ser enumerado, há pontos <strong>de</strong> vista divergentes ou<<strong>br</strong> />
convergentes?<<strong>br</strong> />
3) Quais seus aspectos principais, como <strong>de</strong>screvê-lo, quais são as suas palavraschaves?<<strong>br</strong> />
4) Quem? O quê? On<strong>de</strong>? Como? Por quê? De que forma? Quando?<<strong>br</strong> />
5) Quais são as suas causas e efeitos.<<strong>br</strong> />
6) Que fatos, notícias, relatos ou informações tenho na memória a respeito?<<strong>br</strong> />
7) Que exemplos, mo<strong>de</strong>los, bibliografia ou informações complementares posso<<strong>br</strong> />
usar?<<strong>br</strong> />
8) Que comparações posso fazer?<<strong>br</strong> />
9) Há teses, antíteses e alusões possíveis?<<strong>br</strong> />
10) Que hipóteses po<strong>de</strong>m ser formuladas so<strong>br</strong>e o tema?<<strong>br</strong> />
Ao fazer isso, respon<strong>de</strong>ndo a essa série <strong>de</strong> questões, possivelmente você terá<<strong>br</strong> />
entendido o tema, seu objetivo, seu conteúdo e esboçado a forma como vai abordá-lo,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>senvolvê-lo e concluí-lo.<<strong>br</strong> />
Quer testar? Peça a alguém próximo <strong>de</strong> você que lhe dê um tema, por mais<<strong>br</strong> />
imprevisível que possa ser e percorra todos os passos recomendados acima.<<strong>br</strong> />
A MEMÓRIA<<strong>br</strong> />
A memória é um <strong>de</strong> seus mais preciosos aliados quando se trata <strong>de</strong> redigir. Ela<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong> guiá-lo na seleção das informações, lem<strong>br</strong>ando instintivamente tudo que se referir<<strong>br</strong> />
ao tema. A reflexão fará o resto. Não espere que sua memória encontre sozinha as<<strong>br</strong> />
informações <strong>de</strong> que necessita. Você precisa municiá-la com a leitura <strong>de</strong> bons autores,<<strong>br</strong> />
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boas fontes, atualida<strong>de</strong>s, novida<strong>de</strong>s e tudo que pu<strong>de</strong>r ser explorado ou necessário no<<strong>br</strong> />
futuro. Isto porque se você souber aplicar bem um pensamento alheio, terá quase tanto<<strong>br</strong> />
talento como o autor <strong>de</strong>le.<<strong>br</strong> />
Apesar disso, apenas faça citações se as souber <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que sejam exatas.<<strong>br</strong> />
Evite expressões como "se não me falha a memória", "li algures", "no dizer <strong>de</strong> céle<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />
crítico, <strong>de</strong> conhecido historiador, do filósofo, do famoso poeta", que muitas vezes po<strong>de</strong>m<<strong>br</strong> />
ser expedientes para tentar reforçar afirmações <strong>de</strong> sua própria autoria.<<strong>br</strong> />
Na <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> uma paisagem, recorra à memória para adaptar a essa<<strong>br</strong> />
paisagem as particularida<strong>de</strong>s pitorescas <strong>de</strong> outra semelhante, da natureza real. Para dar<<strong>br</strong> />
vida a um diálogo, recor<strong>de</strong>-se <strong>de</strong> palestras espirituosas e <strong>de</strong> réplicas inteligentes que<<strong>br</strong> />
possa ter ouvido recentemente.<<strong>br</strong> />
ALGUNS ASPECTOS DA PSICOPATOLOGIA MEU IDEAL SERIA<<strong>br</strong> />
ESCREVER...<<strong>br</strong> />
Meu i<strong>de</strong>al seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está<<strong>br</strong> />
doente naquela casa cinzenta quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto que<<strong>br</strong> />
chegasse a chorar e dissesse – “ai meu Deus, que história mais engraçada!” E então a<<strong>br</strong> />
contasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para contar a história;<<strong>br</strong> />
e todos a quem ela contasse rissem muito e ficassem alegremente espantados <strong>de</strong> vê-Ia<<strong>br</strong> />
tão alegre. Ah, que minha história fosse como um raio <strong>de</strong> sol, irresistivelmente louro,<<strong>br</strong> />
quente, vivo, em sua vida <strong>de</strong> moça reclusa, enlutada, doente. Que ela mesma ficasse<<strong>br</strong> />
admirada ouvindo o próprio riso, e <strong>de</strong>pois repetisse para si própria – “mas essa história é<<strong>br</strong> />
mesmo muito engraçada!”<<strong>br</strong> />
Que um casal que estivesse em casa mal-humorado, o marido bastante<<strong>br</strong> />
aborrecido com a mulher, a mulher bastante irritada com o marido, que esse casal<<strong>br</strong> />
também fosse atingido pela minha história. O marido a leria e começaria a rir, o que<<strong>br</strong> />
aumentaria a irritação da mulher. Mas <strong>de</strong>pois que esta, apesar <strong>de</strong> sua má-vonta<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />
tomasse conhecimento da história, ela também risse muito, e ficassem os dois rindo sem<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong>r olhar um para o outro sem rir mais; e que um, ouvindo aquele riso do outro, se<<strong>br</strong> />
lem<strong>br</strong>asse do alegre tempo <strong>de</strong> namoro, e reencontrassem os dois a alegria perdida <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
estarem juntos.<<strong>br</strong> />
Que nas ca<strong>de</strong>ias, nos hospitais, em todas as salas <strong>de</strong> espera a minha história<<strong>br</strong> />
chegasse - e tão fascinante <strong>de</strong> graça, tão irresistível, tão colorida e tão pura que todos<<strong>br</strong> />
limpassem seu coração com lágrimas <strong>de</strong> alegria; que o comissário do distrito, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
ler minha história, mandasse soltar aqueles bêbados e também aquelas po<strong>br</strong>es mulheres<<strong>br</strong> />
colhidas na calçada e lhes dissesse – “por favor, se comportem, que diabo! eu não gosto<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> pren<strong>de</strong>r ninguém!” E que assim todos tratassem melhor seus empregados, seus<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e seus semelhantes em alegre e espontânea homenagem à minha história.<<strong>br</strong> />
E que ela aos poucos se espalhasse pelo mundo e fosse contada <strong>de</strong> mil<<strong>br</strong> />
maneiras, e fosse atribuída a um persa, na Nigéria, a um australiano, em Dublin, a um<<strong>br</strong> />
japonês, em Chicago - mas que em todas as línguas ela guardasse a sua frescura, a sua<<strong>br</strong> />
pureza, o seu encanto surpreen<strong>de</strong>nte; e que no fundo <strong>de</strong> uma al<strong>de</strong>ia da China, um chinês<<strong>br</strong> />
muito po<strong>br</strong>e, muito sábio e muito velho dissesse:<<strong>br</strong> />
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"Nunca ouvi uma história assim tão engraçada e tão boa em toda a minha<<strong>br</strong> />
vida; valeu a pena ter vivido até hoje para ouvi-la; essa história não po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
ter sido inventada por nenhum homem, foi com certeza algum anjo<<strong>br</strong> />
tagarela que a contou aos ouvidos <strong>de</strong> um santo que dormia, e que ele<<strong>br</strong> />
pensou que já estivesse morto; sim, <strong>de</strong>ve ser uma história do céu que se<<strong>br</strong> />
filtrou por acaso até nosso conhecimento; é divina".<<strong>br</strong> />
E quando todos me perguntassem –<<strong>br</strong> />
"mas <strong>de</strong> on<strong>de</strong> é que você tirou essa história?”, - eu respon<strong>de</strong>ria que<<strong>br</strong> />
ela não é minha, que eu a ouvi por acaso na rua, <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sconhecido que a contava a outro <strong>de</strong>sconhecido, e que por sinal<<strong>br</strong> />
começara a contar assim: "Ontem ouvi um sujeito contar uma<<strong>br</strong> />
história...”<<strong>br</strong> />
E eu escon<strong>de</strong>ria completamente a humil<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>: que eu inventei<<strong>br</strong> />
toda a minha história em um só segundo, quando pensei na tristeza<<strong>br</strong> />
daquela moça que está doente, que sempre está doente e sempre<<strong>br</strong> />
está <strong>de</strong> luto e sozinha naquela pequena casa cinzenta <strong>de</strong> meu<<strong>br</strong> />
bairro.<<strong>br</strong> />
Rubem Braga<<strong>br</strong> />
A linguagem é um processo <strong>de</strong> interação social consciente, significativa e<<strong>br</strong> />
orientada para o contato interpessoal. Apesar do processo da linguagem ser<<strong>br</strong> />
essencialmente consciente, entretanto enten<strong>de</strong>-se que o fluxo e a articulação <strong>de</strong>sta<<strong>br</strong> />
provém <strong>de</strong> camadas mais profundas e não conscientes, tais como do subconsciente e<<strong>br</strong> />
inconsciente, segundo o esquema <strong>de</strong> Willian James.<<strong>br</strong> />
No estudo da linguagem, <strong>de</strong>ve-se distinguir a expressão verbal e a expressão<<strong>br</strong> />
gráfica. Ambas expressões são um conjunto <strong>de</strong> sinais próprios <strong>de</strong> cada língua com os<<strong>br</strong> />
quais manifestamos nosso pensamento e tanto a expressão verbal quanto a expressão<<strong>br</strong> />
gráfica, <strong>de</strong>vem constar <strong>de</strong> dois elementos fundamentais - a sintaxe e a palavra.<<strong>br</strong> />
A sintaxe tem por objeto estabelecer as relações entre as palavras e as frases,<<strong>br</strong> />
e correspon<strong>de</strong> à própria organização do pensamento. As representações e os conceitos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>vem ser expostos numa <strong>de</strong>terminada or<strong>de</strong>m necessária para se formar o raciocínio<<strong>br</strong> />
lógico. Esse arranjo racional da linguagem é a sintaxe....<<strong>br</strong> />
.Em 1924, Pavlov consi<strong>de</strong>rava a palavra como uma espécie <strong>de</strong> estímulo<<strong>br</strong> />
condicionado, comparável aos <strong>de</strong>mais estímulos, mas com um caráter próprio. Dizia que<<strong>br</strong> />
se nossas sensações e representações do mundo externo nos dão os primeiros sinais da<<strong>br</strong> />
realida<strong>de</strong>, as palavras constituem os segundos sinais, os sinais dos sinais, representam a<<strong>br</strong> />
abstração da realida<strong>de</strong> e se prestam a generalizações, formando justamente nosso modo<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> pensamento humano e superior.<<strong>br</strong> />
Escutar a fala e falar são os modos mais comuns da Comunicação Humana.<<strong>br</strong> />
Uma perda auditiva obviamente causa graves problemas na comunicação auditivo-oral.<<strong>br</strong> />
Por isso a avaliação audiológica em bebês e crianças é <strong>de</strong> fundamental importância para<<strong>br</strong> />
a prevenção e tratamento fonoaudiológico.<<strong>br</strong> />
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A linguagem costuma refletir o pensamento e po<strong>de</strong> ser tida como o elo final da<<strong>br</strong> />
ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> processos psíquicos que se iniciam com a percepção e terminam com a palavra<<strong>br</strong> />
falada ou escrita .<<strong>br</strong> />
Costuma-se ter por certo que não existem pensamentos que não sejam<<strong>br</strong> />
formulados por palavras, ao ponto <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r se afirmar que todo pensamento correspon<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
a alguma <strong>de</strong>terminada expressão verbal. É por isso que não se estabelecem<<strong>br</strong> />
diferenciações entre as perturbações do pensamento e as alterações da linguagem.<<strong>br</strong> />
Se existissem apenas alterações da linguagem, estas ficariam limitadas aos<<strong>br</strong> />
distúrbios da articulação da palavra e da sintaxe mas, na realida<strong>de</strong>, as perturbações da<<strong>br</strong> />
linguagem são muito mais complexas. Se a linguagem é um atributo humano dirigido à<<strong>br</strong> />
comunicação entre pessoas, começamos a consi<strong>de</strong>rar o conteúdo da linguagem. Sim,<<strong>br</strong> />
porque os esquizofrênicos po<strong>de</strong>m expressar os maiores disparates <strong>de</strong>lirantes, mantendo<<strong>br</strong> />
uma perfeita correção da sintaxe. Ainda aqui não é <strong>de</strong>mais relem<strong>br</strong>ar que a separação<<strong>br</strong> />
entre os diferentes processos psíquicos é feita apenas para facilitar o ensino.<<strong>br</strong> />
Analisando as alterações da linguagem falada <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> vista<<strong>br</strong> />
estritamente prático, po<strong>de</strong>m-se dividir essas alterações em dois grupos principais:<<strong>br</strong> />
1) Alterações da linguagem <strong>de</strong>vidas a causas predominantemente orgânicas;<<strong>br</strong> />
2) Alterações da linguagem <strong>de</strong> natureza predominantemente funcionais.<<strong>br</strong> />
ALTERAÇÕES PREDOMINANTEMENTE ORGÂNICAS<<strong>br</strong> />
DISARTRIA<<strong>br</strong> />
Neste grupo, incluem-se todas as perturbações que resultam <strong>de</strong> uma lesão ao<<strong>br</strong> />
nível <strong>de</strong> qualquer das partes que intervêm na elaboração e na emissão dos sons, <strong>de</strong> cuja<<strong>br</strong> />
articulação resulta a palavra falada. As principais alterações <strong>de</strong>ste grupo são as<<strong>br</strong> />
seguintes:<<strong>br</strong> />
Consiste na dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> articular as palavras, normalmente resultante <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
paresia, paralisia ou ataxia dos músculos que intervêm nesta articulação. A perturbação é<<strong>br</strong> />
mais acentuada quando se trata <strong>de</strong> pronunciar as consoantes labiais e linguais, as quais<<strong>br</strong> />
são omitidas ao dizer as palavras, ou a pessoa titubeia ao pronunciá-las. A alteração<<strong>br</strong> />
torna-se mais evi<strong>de</strong>nte quando se utilizam as frases <strong>de</strong> prova, como por exemplo, pedindo<<strong>br</strong> />
ao paciente que pronuncie "sou caricaturista, vou caricaturar-me no caricaturista", ou<<strong>br</strong> />
"artilheiro <strong>de</strong> artilharia", "ministro plenipotenciário".<<strong>br</strong> />
Desta feita a Disartria acaba sendo sempre conseqüência <strong>de</strong> alteração<<strong>br</strong> />
neurológica e, normalmente, as pessoas portadoras <strong>de</strong> lesões suficientes para produzir<<strong>br</strong> />
Disartria acabam por mostrar outras alterações ao exame clínico. A Disartria po<strong>de</strong> ser<<strong>br</strong> />
encontrada nos traumatismos crânios-encefálicos, nas patologias tumorais do cére<strong>br</strong>o,<<strong>br</strong> />
cerebelo ou tronco encefálico, nas lesões vasculares encefálicas, na intoxicação alcoólica,<<strong>br</strong> />
na esclerose em placas, na paralisia pseudobulbar, nas paralisias periféricas do gran<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
hipoglosso, pneumogástrico e facial.<<strong>br</strong> />
Os sintomas iniciais da Doença <strong>de</strong> Parkinson, por exemplo, incluem<<strong>br</strong> />
modificação na escrita, por exemplo, assinatura diferente, perda da agilida<strong>de</strong> muscular<<strong>br</strong> />
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para atos que eram até então corriqueiros, lentidão da marcha e Disartria. Também na<<strong>br</strong> />
Coréia <strong>de</strong> Sy<strong>de</strong>nhan a constelação sintomática inclui movimentos anormais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
amplitu<strong>de</strong>, predominantemente nas gran<strong>de</strong>s articulações, po<strong>de</strong>ndo afetar a mímica e<<strong>br</strong> />
outros grupos <strong>de</strong> inervação craniana, hipotonia ou atonia (bonecos <strong>de</strong> pano), labilida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
emocional e Disartria. Completando o quadro <strong>de</strong> doenças neurológicas com<<strong>br</strong> />
comprometimento da linguagem, temos ainda a Doença <strong>de</strong> Huntington, on<strong>de</strong> se observa<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>cadência mental progressiva, seguida ou acompanhada <strong>de</strong> movimentos coreiformes,<<strong>br</strong> />
alteração da mímica com formação involuntária <strong>de</strong> caretas, Disartria e disfagia<<strong>br</strong> />
progressivas. Na Doença <strong>de</strong> Huntington a fala po<strong>de</strong> se tornar ininteligível e os engasgos<<strong>br</strong> />
são freqüentes.<<strong>br</strong> />
Também as síndromes isquêmicas, quando afetam a região cerebelar superior<<strong>br</strong> />
e produzem conseqüente e<strong>de</strong>ma, po<strong>de</strong>m levar a obstrução do 4° ventrículo, <strong>de</strong>terminando<<strong>br</strong> />
hidrocefalia e herniação do cerebelo para cima através do tentório e para baixo pelo<<strong>br</strong> />
Forame Magno, tendo como sintoma a ataxia da marcha, cefaléia náuseas e vômitos,<<strong>br</strong> />
atabalhoamento homolateral e Disartria.<<strong>br</strong> />
DISLALIAS<<strong>br</strong> />
Consiste na má pronúncia das palavras, seja omitindo ou acrescentando<<strong>br</strong> />
fonemas, trocando um fonema por outro ou ainda distorcendo-os. A falha na emissão das<<strong>br</strong> />
palavras po<strong>de</strong> ainda ocorrer a nível <strong>de</strong> fonemas ou <strong>de</strong> sílabas. Assim sendo, os sintomas<<strong>br</strong> />
da Dislalia consistem em omissão, substituição ou <strong>de</strong>formação os fonemas.<<strong>br</strong> />
De modo geral, a palavra do dislálico é fluida, embora possa ser até<<strong>br</strong> />
ininteligível, po<strong>de</strong>ndo o <strong>de</strong>senvolvimento da linguagem ser normal ou levemente<<strong>br</strong> />
retardado. Não se observam <strong>transtorno</strong>s no movimento dos músculos que intervêm na<<strong>br</strong> />
articulação e emissão da palavra. Em muitos casos, a pronúncia das vogais e dos<<strong>br</strong> />
ditongos costuma ser correta, bem como a habilida<strong>de</strong> para imitar sons. Não há disfonia<<strong>br</strong> />
nem ronqueira.<<strong>br</strong> />
Diante do paciente dislálico costuma-se fazer uma pesquisa das condições<<strong>br</strong> />
físicas dos órgãos necessários à emissão das palavras, verifica-se a mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes<<strong>br</strong> />
órgãos, ou seja, do palato, lábios e língua, assim como a audição, tanto sua quantida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
como sua qualida<strong>de</strong> (percepção) auditiva.<<strong>br</strong> />
As Dislalias constituem um grupo numeroso <strong>de</strong> perturbações orgânicas ou<<strong>br</strong> />
funcionais da palavra. No primeiro caso, resultam da malformações ou <strong>de</strong> alterações <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
inervação da língua, da abóbada palatina e <strong>de</strong> qualquer outro órgão da fonação.<<strong>br</strong> />
Encontram-se em casos <strong>de</strong> malformações congênitas, tais como o lábio leporino ou como<<strong>br</strong> />
conseqüência <strong>de</strong> traumatismos dos órgãos fonadores. Por outro lado, certas Dislalias são<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>vidas a enfermida<strong>de</strong>s do sistema nervoso central.<<strong>br</strong> />
Quando não se encontra nenhuma alteração orgânica a que possa ser<<strong>br</strong> />
atribuído a Dislalia, esta é chamada <strong>de</strong> Dislalia Funcional. Nesses casos, pensa-se em<<strong>br</strong> />
hereditarieda<strong>de</strong>, imitação ou alterações emocionais e, entre essas, nas crianças é comum<<strong>br</strong> />
a Dislalia típica dos hipercinéticos ou hiperativos. Também nos <strong>de</strong>ficientes mentais se<<strong>br</strong> />
observa uma Dislalia, às vezes grave ao ponto da linguagem ser acessível apenas ao<<strong>br</strong> />
grupo familiar.<<strong>br</strong> />
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Até os quatro anos, os erros na linguagem são normais, mas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>ssa fase<<strong>br</strong> />
a criança po<strong>de</strong> ter problemas se continuar falando errado. A Dislalia, troca <strong>de</strong> fonemas<<strong>br</strong> />
(sons das letras), po<strong>de</strong> afetar também a escrita. Na prática o personagem Cebolinha, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Maurício, é um exemplo <strong>de</strong> criança com Dislalia. Ele troca o som da letra R pelo da letra<<strong>br</strong> />
L.<<strong>br</strong> />
Alguns fonoaudiólogos consi<strong>de</strong>ram que a Dislalia não seja um problema <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
or<strong>de</strong>m neurológica, mas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m funcional. Segundo eles, o som alterado po<strong>de</strong> se<<strong>br</strong> />
manifestar <strong>de</strong> diversas formas, havendo distorções, sons muito próximos mas diferentes<<strong>br</strong> />
do real, omissão, ato em que se <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> pronunciar algum fonema da palavra,<<strong>br</strong> />
transposições na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> apresentação dos fonemas (dizer mánica em vez <strong>de</strong> máquina,<<strong>br</strong> />
por exemplo) e, por fim, acréscimos <strong>de</strong> sons. Estas alterações mais comuns caracterizam<<strong>br</strong> />
uma Dislalia. Entretanto, do ponto <strong>de</strong> vista fisiopatológico, a Dislalia numa criança<<strong>br</strong> />
hipercinética, por exemplo, terá que ser consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> natureza orgânica, já que<<strong>br</strong> />
tratando a hipercinesia <strong>de</strong>saparece a Disartria.<<strong>br</strong> />
Crianças com perdas auditivas leves e mo<strong>de</strong>radas também costumam ter<<strong>br</strong> />
Dislalia, fazendo trocas <strong>de</strong> alguns fonema, como por exemplo, "t" por "d", "f" por "v", "p"<<strong>br</strong> />
por "b", "q" por "g". Muitas <strong>de</strong>stas crianças, principalmente se estão em fase <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
alfabetização, apresentam também trocas na escrita. Este tipo <strong>de</strong> aluno costuma ser<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>satento na escola, porque tem dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ouvir a professora. A mãe costuma<<strong>br</strong> />
queixar <strong>de</strong> que a criança com perda auditiva não aten<strong>de</strong> quando é chamado e/ou ouve o<<strong>br</strong> />
aparelho <strong>de</strong> som ou a televisão alto <strong>de</strong>mais..<<strong>br</strong> />
DISLEXIA<<strong>br</strong> />
Dislexia é um distúrbio específico da linguagem caracterizado pela dificulda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
em <strong>de</strong>codificar (compreen<strong>de</strong>r) palavras. Segundo a <strong>de</strong>finição elaborada pela Associação<<strong>br</strong> />
Brasileira <strong>de</strong> Dislexia, trata-se <strong>de</strong> uma insuficiência do processo fonoaudiológico e incluise<<strong>br</strong> />
freqüentemente entre os problemas <strong>de</strong> leitura e aquisição da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escrever e<<strong>br</strong> />
soletrar. Resumidamente po<strong>de</strong>mos enten<strong>de</strong>r a Dislexia como uma alteração <strong>de</strong> leitura.<<strong>br</strong> />
Apesar da criança disléxica ter dificulda<strong>de</strong> em <strong>de</strong>codificar certas letras, não o<<strong>br</strong> />
faz <strong>de</strong>vido a algum problema <strong>de</strong> déficit cognitivo. Normalmente esses pacientes<<strong>br</strong> />
apresentam um QI perfeitamente compatível com a ida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
A origem da Dislexia, segundo Thereza Cristina dos Santos, está no eixo<<strong>br</strong> />
corporal, na base psicomotora, cujo <strong>de</strong>senvolvimento é anterior à escrita. Para apren<strong>de</strong>r a<<strong>br</strong> />
ler, a criança precisa ter consciência <strong>de</strong> seu eixo corporal, lado direito, lado esquerdo, etc.<<strong>br</strong> />
O disléxico não tem essa noção <strong>de</strong> lateralida<strong>de</strong> e vai confundir eternamente direita e<<strong>br</strong> />
esquerda.<<strong>br</strong> />
O diagnóstico da Dislexia é muito semelhante ao do <strong>de</strong> outros distúrbios <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>aprendizagem</strong>. Por isto, é preciso muito cuidado para não rotular toda e qualquer<<strong>br</strong> />
alteração <strong>de</strong> leitura como Dislexia. A Dislexia tem sempre como causa primária a relação<<strong>br</strong> />
espacial alterada, fazendo com que a criança não consiga <strong>de</strong>cifrar satisfatoriamente os<<strong>br</strong> />
códigos da escrita. O diagnóstico da Dislexia exige quase sempre uma equipe<<strong>br</strong> />
multidisciplinar, formada por neurologista, psicólogo, psiquiatra e psicopedagogo. Esta<<strong>br</strong> />
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equipe tem a função básica <strong>de</strong> eliminar outras causas responsáveis pelas trocas <strong>de</strong> letras<<strong>br</strong> />
e outras alterações <strong>de</strong> linguagem.<<strong>br</strong> />
AFASIA<<strong>br</strong> />
Uma lesão cere<strong>br</strong>al <strong>de</strong> extensão limitada interessando o hemisfério esquerdo<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> uma pessoa <strong>de</strong>stra po<strong>de</strong>rá fazê-la per<strong>de</strong>r a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilizar a linguagem como<<strong>br</strong> />
meio <strong>de</strong> comunicação e como meio <strong>de</strong> representação simbólica: o indivíduo não po<strong>de</strong>rá<<strong>br</strong> />
se exprimir oralmente ou por escrito <strong>de</strong> uma forma inteligível; ele não mais <strong>de</strong>cifra as<<strong>br</strong> />
mensagens que recebe sob a forma <strong>de</strong> linguagem falada ou escrita.<<strong>br</strong> />
Afasia po<strong>de</strong> ser entendida como uma perturbação da linguagem caracterizada<<strong>br</strong> />
pela perda parcial ou total da faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> exprimir os pensamentos por sinais e <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
compreen<strong>de</strong>r esses sinais. Alguns autores referem a Afasia como a perda da memória<<strong>br</strong> />
dos sinais pelos quais se realiza a troca idéias. De qualquer forma, o fato dominante na<<strong>br</strong> />
Afasia é a incompreensão da palavra falada e a impossibilida<strong>de</strong>, em grau variável, <strong>de</strong> ler<<strong>br</strong> />
ou <strong>de</strong> escrever.<<strong>br</strong> />
A <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Afasia exclui as perturbações restritas à função da linguagem e<<strong>br</strong> />
que estão sob a <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>sorganização global do funcionamento cere<strong>br</strong>al,<<strong>br</strong> />
tal como acontece na confusão mental. Ela exclui, também, as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
comunicação resultantes <strong>de</strong> uma alteração do aparelho sensorial (sur<strong>de</strong>z, cegueira), ou<<strong>br</strong> />
do sistema motor, como ocorre na Disartria ou na hemiplegia, os quais intervêm<<strong>br</strong> />
normalmente na percepção e/ou na expressão da lingüística.<<strong>br</strong> />
Assim sendo, para o diagnóstico da Afasia é importante que ela aconteça sem<<strong>br</strong> />
que haja alguma patologia dos aparelhos sensoriais e sem que hajam paralisias capazes<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> impedir a elocução da palavra oral ou sua expressão escrita. A Afasia sempre diz<<strong>br</strong> />
respeito à perda dos conhecimentos <strong>de</strong> linguagem adquiridos, o que normalmente se<<strong>br</strong> />
acompanha <strong>de</strong> algum prejuízo das funções intelectuais. Seria, então, a perda da<<strong>br</strong> />
inteligência específica da linguagem, tanto para expressar o pensamento por meio da<<strong>br</strong> />
palavra oral ou gráfica, quanto para compreen<strong>de</strong>r a palavra falada ou escrita (na Afasia<<strong>br</strong> />
motora po<strong>de</strong> estar preservada a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r).<<strong>br</strong> />
Tanto a Afasia quanto a Disartria po<strong>de</strong>m perturbar gravemente a expressão,<<strong>br</strong> />
porém, são dois os caracteres semiológicos que distinguem esses dois tipos <strong>de</strong> alteração<<strong>br</strong> />
da linguagem. Na Disartria há sempre uma conservação perfeita da compreensão da<<strong>br</strong> />
linguagem oral e escrita e existe sempre a possibilida<strong>de</strong> do paciente se expressar<<strong>br</strong> />
perfeitamente por escrito.<<strong>br</strong> />
DISCALCULIA<<strong>br</strong> />
A matemática para algumas crianças ainda é um bicho <strong>de</strong> sete cabeças. Muitos<<strong>br</strong> />
não compreen<strong>de</strong>m os problemas que a professora passa no quadro e ficam muito tempo<<strong>br</strong> />
tentando enten<strong>de</strong>r se é para somar, diminuir ou multiplicar; não sabem nem o que o<<strong>br</strong> />
problema está pedindo. Alguns, em particular, não enten<strong>de</strong>m os sinais, muito menos as<<strong>br</strong> />
expressões. Contas? Só nos <strong>de</strong>dos e olhe lá.<<strong>br</strong> />
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Em muitos casos o problema não está na criança, mas no professor que<<strong>br</strong> />
elabora problemas com enunciados ina<strong>de</strong>quados para a ida<strong>de</strong> cognitiva da criança.<<strong>br</strong> />
Carraher afirma que:<<strong>br</strong> />
“Vários estudos so<strong>br</strong>e o <strong>de</strong>senvolvimento da criança mostram que termos<<strong>br</strong> />
quantitativos como “mais”, “menos”, maior”, “menor” etc. são adquiridos<<strong>br</strong> />
gradativamente e, <strong>de</strong> início, são utilizados apenas no sentido absoluto <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
“o que tem mais”, “o que é maior” e não no sentido relativo <strong>de</strong> “ ter mais<<strong>br</strong> />
que” ou “ser maior que”. A compreensão <strong>de</strong>ssas expressões como<<strong>br</strong> />
indicando uma relação ou uma comparação entre duas coisas parece<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da aquisição da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usar da lógica que é adquirida no<<strong>br</strong> />
estágio das operações concretas”...”O problema passa então a ser algo<<strong>br</strong> />
sem sentido e a solução, ao invés <strong>de</strong> ser procurada através do uso da<<strong>br</strong> />
lógica, torna-se uma questão <strong>de</strong> adivinhação” (2002, p. 72).<<strong>br</strong> />
No entanto, em outros casos a dificulda<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser realmente da criança e<<strong>br</strong> />
trata-se <strong>de</strong> um distúrbio e não <strong>de</strong> preguiça como pensam muitos pais e professores<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sinformados.<<strong>br</strong> />
Em geral, a dificulda<strong>de</strong> em apren<strong>de</strong>r matemática po<strong>de</strong> ter várias causas.<<strong>br</strong> />
De acordo com Johnson e Myklebust, terapeutas <strong>de</strong> crianças com <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns e<<strong>br</strong> />
fracassos em aritmética, existem alguns distúrbios que po<strong>de</strong>riam interferir nesta<<strong>br</strong> />
<strong>aprendizagem</strong>:<<strong>br</strong> />
Distúrbios <strong>de</strong> memória auditiva:<<strong>br</strong> />
- A criança não consegue ouvir os enunciados que lhes são passados<<strong>br</strong> />
oralmente, sendo assim, não conseguem guardar os fatos, isto lhe incapacitaria para<<strong>br</strong> />
resolver os problemas matemáticos.<<strong>br</strong> />
- Problemas <strong>de</strong> reorganização auditiva: a criança reconhece o número quando<<strong>br</strong> />
ouve, mas tem dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> lem<strong>br</strong>ar do número com rapi<strong>de</strong>z.<<strong>br</strong> />
DISTÚRBIOS DE LEITURA:<<strong>br</strong> />
- Os dislexos e outras crianças com distúrbios <strong>de</strong> leitura apresentam dificulda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
em ler o enunciado do problema, mas po<strong>de</strong>m fazer cálculos quando o problema é lido em<<strong>br</strong> />
voz alta. É bom lem<strong>br</strong>ar que os dislexos po<strong>de</strong>m ser excelentes matemáticos, tendo<<strong>br</strong> />
habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> visualização em três dimensões, que as ajudam a assimilar conceitos,<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong>ndo resolver cálculos mentalmente mesmo sem <strong>de</strong>compor o cálculo. Po<strong>de</strong>m<<strong>br</strong> />
apresentar dificulda<strong>de</strong> na leitura do problema, mas não na interpretação.<<strong>br</strong> />
- Distúrbios <strong>de</strong> percepção visual: a criança po<strong>de</strong> trocar 6 por 9, ou 3 por 8 ou 2<<strong>br</strong> />
por 5 por exemplo. Por não conseguirem se lem<strong>br</strong>ar da aparência elas têm dificulda<strong>de</strong> em<<strong>br</strong> />
realizar cálculos.<<strong>br</strong> />
DISTÚRBIOS DE ESCRITA:<<strong>br</strong> />
- Crianças com disgrafia têm dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escrever letras e números.<<strong>br</strong> />
Estes problemas dificultam a <strong>aprendizagem</strong> da matemática, mas a discalculia<<strong>br</strong> />
impe<strong>de</strong> a criança <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r os processos matemáticos.<<strong>br</strong> />
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A discalculia é um dos <strong>transtorno</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> que causa a dificulda<strong>de</strong> na<<strong>br</strong> />
matemática. Este <strong>transtorno</strong> não é causado por <strong>de</strong>ficiência mental, nem por déficits<<strong>br</strong> />
visuais ou auditivos, nem por má escolarização, por isso é importante não confundir a<<strong>br</strong> />
discalculia com os fatores citados acima.<<strong>br</strong> />
O portador <strong>de</strong> discalculia comete erros diversos na solução <strong>de</strong> problemas<<strong>br</strong> />
verbais, nas habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> contagem, nas habilida<strong>de</strong>s computacionais, na compreensão<<strong>br</strong> />
dos números.<<strong>br</strong> />
Kocs (apud García, 1998) classificou a discalculia em seis subtipos, po<strong>de</strong>ndo<<strong>br</strong> />
ocorrer em combinações diferentes e com outros <strong>transtorno</strong>s:<<strong>br</strong> />
Discalculia Verbal - dificulda<strong>de</strong> para nomear as quantida<strong>de</strong>s matemáticas, os<<strong>br</strong> />
números, os termos, os símbolos e as relações.<<strong>br</strong> />
Discalculia Practognóstica - dificulda<strong>de</strong> para enumerar, comparar e manipular<<strong>br</strong> />
objetos reais ou em imagens matematicamente.<<strong>br</strong> />
Discalculia Léxica - Dificulda<strong>de</strong>s na leitura <strong>de</strong> símbolos matemáticos.<<strong>br</strong> />
Discalculia Gráfica - Dificulda<strong>de</strong>s na escrita <strong>de</strong> símbolos matemáticos.<<strong>br</strong> />
Discalculia I<strong>de</strong>ognóstica – Dificulda<strong>de</strong>s em fazer operações mentais e na<<strong>br</strong> />
compreensão <strong>de</strong> conceitos matemáticos.<<strong>br</strong> />
Discalculia Operacional - Dificulda<strong>de</strong>s na execução <strong>de</strong> operações e cálculos<<strong>br</strong> />
numéricos.<<strong>br</strong> />
Na área da neuropsicologia as áreas afetadas são:<<strong>br</strong> />
Áreas terciárias do hemisfério esquerdo que dificulta a leitura e compreensão<<strong>br</strong> />
dos problemas verbais, compreensão <strong>de</strong> conceitos matemáticos;<<strong>br</strong> />
Lobos frontais dificultando a realização <strong>de</strong> cálculos mentais rápidos, habilida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> solução <strong>de</strong> problemas e conceitualização abstrata.<<strong>br</strong> />
Áreas secundárias occípito-parietais esquerdos dificultando a discriminação<<strong>br</strong> />
visual <strong>de</strong> símbolos matemáticos escritos.<<strong>br</strong> />
Lobo temporal esquerdo dificultando memória <strong>de</strong> séries, realizações<<strong>br</strong> />
matemáticas básicas.<<strong>br</strong> />
De acordo com Johnson e Myklebust a criança com discalculia é incapaz <strong>de</strong>:<<strong>br</strong> />
Visualizar conjuntos <strong>de</strong> objetos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um conjunto maior;<<strong>br</strong> />
Conservar a quantida<strong>de</strong>: não compreen<strong>de</strong>m que 1 quilo é igual a quatro<<strong>br</strong> />
pacotes <strong>de</strong> 250 gramas.<<strong>br</strong> />
sucessor.<<strong>br</strong> />
Seqüenciar números: o que vem antes do 11 e <strong>de</strong>pois do 15 – antecessor e<<strong>br</strong> />
Classificar números.<<strong>br</strong> />
Compreen<strong>de</strong>r os sinais +, -, ÷, ×.<<strong>br</strong> />
Montar operações.<<strong>br</strong> />
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Enten<strong>de</strong>r os princípios <strong>de</strong> medida.<<strong>br</strong> />
Lem<strong>br</strong>ar as seqüências dos passos para realizar as operações matemáticas.<<strong>br</strong> />
Estabelecer correspondência um a um: não relaciona o número <strong>de</strong> alunos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
uma sala à quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carteiras.<<strong>br</strong> />
Contar através dos cardinais e ordinais.<<strong>br</strong> />
Os processos cognitivos envolvidos na discalculia são:<<strong>br</strong> />
1. Dificulda<strong>de</strong> na memória <strong>de</strong> trabalho;<<strong>br</strong> />
2. Dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> memória em tarefas não-verbais;<<strong>br</strong> />
3. Dificulda<strong>de</strong> na soletração <strong>de</strong> não-palavras (tarefas <strong>de</strong> escrita);<<strong>br</strong> />
4. Não há problemas fonológicos;<<strong>br</strong> />
5. Dificulda<strong>de</strong> na memória <strong>de</strong> trabalho que implica contagem;<<strong>br</strong> />
6. Dificulda<strong>de</strong> nas habilida<strong>de</strong>s visuo-espaciais;<<strong>br</strong> />
7. Dificulda<strong>de</strong> nas habilida<strong>de</strong>s psicomotoras e perceptivo-táteis.<<strong>br</strong> />
De acordo com o DSM-IV, o Transtorno da Matemática caracteriza-se da<<strong>br</strong> />
seguinte forma:<<strong>br</strong> />
A capacida<strong>de</strong> matemática para a realização <strong>de</strong> operações aritméticas, cálculo e<<strong>br</strong> />
raciocínio matemático, encontra-se substancialmente inferior à média esperada para a<<strong>br</strong> />
ida<strong>de</strong> cronológica, capacida<strong>de</strong> intelectual e nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> do indivíduo.<<strong>br</strong> />
As dificulda<strong>de</strong>s da capacida<strong>de</strong> matemática apresentadas pelo indivíduo trazem<<strong>br</strong> />
prejuízos significativos em tarefas da vida diária que exigem tal habilida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Em caso <strong>de</strong> presença <strong>de</strong> algum déficit sensorial, as dificulda<strong>de</strong>s matemáticas<<strong>br</strong> />
exce<strong>de</strong>m aquelas geralmente a este associadas.<<strong>br</strong> />
Diversas habilida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m estar prejudicadas nesse Transtorno, como as<<strong>br</strong> />
habilida<strong>de</strong>s lingüísticas (compreensão e nomeação <strong>de</strong> termos, operações ou conceitos<<strong>br</strong> />
matemáticos, e transposição <strong>de</strong> problemas escritos em símbolos matemáticos),<<strong>br</strong> />
perceptuais (reconhecimento <strong>de</strong> símbolos numéricos ou aritméticos, ou agrupamento <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
objetos em conjuntos), <strong>de</strong> atenção (copiar números ou cifras, observar sinais <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
operação), e matemáticas (dar seqüência a etapas matemáticas, contar objetos e<<strong>br</strong> />
apren<strong>de</strong>r tabuadas <strong>de</strong> multiplicação).<<strong>br</strong> />
Quais os comprometimentos?<<strong>br</strong> />
Organização espacial;<<strong>br</strong> />
Auto-estima;<<strong>br</strong> />
Orientação temporal;<<strong>br</strong> />
Memória;<<strong>br</strong> />
Habilida<strong>de</strong>s sociais;<<strong>br</strong> />
Habilida<strong>de</strong>s grafomotoras;<<strong>br</strong> />
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Linguagem/leitura;<<strong>br</strong> />
Impulsivida<strong>de</strong>;<<strong>br</strong> />
Inconsistência (memorização).<<strong>br</strong> />
AJUDA DO PROFESSOR:<<strong>br</strong> />
O aluno <strong>de</strong>ve ter um atendimento individualizado por parte do professor que<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ve evitar:<<strong>br</strong> />
Ressaltar as dificulda<strong>de</strong>s do aluno, diferenciando-o dos <strong>de</strong>mais;<<strong>br</strong> />
Mostrar impaciência com a dificulda<strong>de</strong> expressada pela criança ou interrompêla<<strong>br</strong> />
várias vezes ou mesmo tentar adivinhar o que ela quer dizer completando sua fala;<<strong>br</strong> />
Corrigir o aluno freqüentemente diante da turma, para não o expor;<<strong>br</strong> />
Ignorar a criança em sua dificulda<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
DICAS PARA O PROFESSOR:<<strong>br</strong> />
Não force o aluno a fazer as lições quando estiver nervoso por não ter<<strong>br</strong> />
conseguido;<<strong>br</strong> />
precisar;<<strong>br</strong> />
Explique a ele suas dificulda<strong>de</strong>s e diga que está ali para ajudá-lo sempre que<<strong>br</strong> />
Proponha jogos na sala;<<strong>br</strong> />
Não corrija as lições com canetas vermelhas ou lápis;<<strong>br</strong> />
Procure usar situações concretas, nos problemas.<<strong>br</strong> />
AJUDA DO PROFISSIONAL:<<strong>br</strong> />
Um psicopedagogo po<strong>de</strong> ajudar a elevar sua auto-estima valorizando suas<<strong>br</strong> />
ativida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>indo qual o seu processo <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> através <strong>de</strong> instrumentos<<strong>br</strong> />
que ajudarão em seu entendimento. Os jogos irão ajudar na seriação, classificação,<<strong>br</strong> />
habilida<strong>de</strong>s psicomotoras, habilida<strong>de</strong>s espaciais, contagem.<<strong>br</strong> />
criança.<<strong>br</strong> />
Recomenda-se pelo menos três sessões semanais.<<strong>br</strong> />
O uso do computador é bastante útil, por se tratar <strong>de</strong> um objeto <strong>de</strong> interesse da<<strong>br</strong> />
O neurologista irá confirmar, através <strong>de</strong> exames apropriados, a dificulda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
específica e encaminhar para tratamento. Um neuropsicologista também é importante<<strong>br</strong> />
para <strong>de</strong>tectar as áreas do cére<strong>br</strong>o afetadas. O psicopedagogo, se procurado antes, po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
solicitar os exames e avaliação neurológica ou neuropsicológica.<<strong>br</strong> />
O que ocorre com crianças que não são tratadas precocemente?<<strong>br</strong> />
Comprometimento do <strong>de</strong>senvolvimento escolar <strong>de</strong> forma global<<strong>br</strong> />
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O aluno fica inseguro e com medo <strong>de</strong> novas situações<<strong>br</strong> />
Baixa auto-estima <strong>de</strong>vido a críticas e punições <strong>de</strong> pais e colegas<<strong>br</strong> />
Ao crescer o adolescente / adulto com discalculia apresenta dificulda<strong>de</strong> em<<strong>br</strong> />
utilizar a matemática no seu cotidiano.<<strong>br</strong> />
Qual a diferença? Acalculia e Discalculia.<<strong>br</strong> />
A discalculia já foi relatada acima.<<strong>br</strong> />
A acalculia ocorre quando o indivíduo, após sofrer lesão cere<strong>br</strong>al, como um<<strong>br</strong> />
aci<strong>de</strong>nte vascular cere<strong>br</strong>al ou um traumatismo crânio-encefálico, per<strong>de</strong> as habilida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />
matemáticas já adquiridas. A perda ocorre em níveis variados para realização <strong>de</strong> cálculos<<strong>br</strong> />
matemáticos.<<strong>br</strong> />
Cuidado!<<strong>br</strong> />
As crianças, <strong>de</strong>vido a uma série <strong>de</strong> fatores, ten<strong>de</strong>m a não gostar da<<strong>br</strong> />
matemática, achar chata, difícil. Verifique se não é uma inadaptação ao ensino da escola,<<strong>br</strong> />
ou ao professor que po<strong>de</strong> estar causando este mal estar. Se sua criança é saudável e<<strong>br</strong> />
está se <strong>de</strong>senvolvendo normalmente em outras disciplinas não se <strong>de</strong>sespere, mas é<<strong>br</strong> />
importante procurar um psicopedagogo para uma avaliação.<<strong>br</strong> />
Muitas confun<strong>de</strong>m inclusive maior-menor, mais-menos, igual-diferente,<<strong>br</strong> />
acarretando erros que po<strong>de</strong>rão ser melhorados com a ajuda <strong>de</strong> um professor mais atento.<<strong>br</strong> />
FRACASSO ESCOLAR, PATOLOGIA DO NOSSO TEMPO<<strong>br</strong> />
IMPACTO DO DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA NAS DOENÇAS E NAS NEUROSES<<strong>br</strong> />
Cada época produz suas patologias. Houve a peste e o cólera, e, mais<<strong>br</strong> />
próximas <strong>de</strong> nós, a tuberculose e a sífilis. Se os antibióticos <strong>de</strong>ram conta <strong>de</strong>ssas doenças,<<strong>br</strong> />
se as vacinações extinguiram muitas epi<strong>de</strong>mias, outros males, no entanto, aparecem,<<strong>br</strong> />
fazendo fracassar o saber médico, tal como a AIDS (Síndrome da Imuno<strong>de</strong>ficiência<<strong>br</strong> />
Adquirida),que vem nos lem<strong>br</strong>ar os limites da medicina e o triunfo <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iro da morte.<<strong>br</strong> />
Essa medicina cujas <strong>de</strong>scobertas não cessam <strong>de</strong> nos surpreen<strong>de</strong>r (técnicas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
exploração do corpo, pesquisas genéticas, etc.) nos faz crer que <strong>de</strong>tém um total saber<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e o corpo; a matéria viva teria liberado todos os segredos, o corpo <strong>de</strong>cifrado teria se<<strong>br</strong> />
tornado transparente, sem mistérios. Dessa forma, todo distúrbio não <strong>de</strong>tectado pelas vias<<strong>br</strong> />
habituais <strong>de</strong> pesquisa, sejam elas biológicas, radiológicas ou outras, torna-se suspeito. Se<<strong>br</strong> />
não se vê nada, é porque não há nada: nem doença, nem doente. "Você não tem nada",<<strong>br</strong> />
diz o médico, o que subenten<strong>de</strong>: "Sua queixa é imaginária".<<strong>br</strong> />
Nessa perspectiva, a categoria das neuroses é excluída da cena médica.<<strong>br</strong> />
Embora 50% da clientela dos clínicos gerais seja composta <strong>de</strong> doentes que apresentam<<strong>br</strong> />
uma patologia histérica, esta palavra nunca é pronunciada; quando o médico encaminha<<strong>br</strong> />
um doente a um colega, emprega pudicamente o termo "H", como se a própria palavra<<strong>br</strong> />
histeria tivesse uma conotação infame. Durante seus estudos médicos, não lhe teriam<<strong>br</strong> />
ensinado a associar a histeria a algum embuste? De fato, a semiologia clássica fala <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
simulação, inautenticida<strong>de</strong>, comportamento histriônico, teatralismo, tantos epítetos<<strong>br</strong> />
pejorativos que convidam à <strong>de</strong>sconfiança e fazem temer o engodo. Confiante em seu<<strong>br</strong> />
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conhecimento científico, o corpo médico não po<strong>de</strong> conceber uma doença que seja a<<strong>br</strong> />
expressão <strong>de</strong> um conflito psíquico inconsciente; ele multiplica, então, as mais sofisticadas<<strong>br</strong> />
investigações (raio X, scanners, ecografias, etc.) para encurralar uma causa que não<<strong>br</strong> />
cessa <strong>de</strong> escapar: Quem melhor do que o histérico, com efeito, sabe levar ao fracasso o<<strong>br</strong> />
saber do mestre, protegido pela inteira confiança que ele lhe confere?<<strong>br</strong> />
Esse saber médico, cada vez mais complexo e tecnizado, induziu a um<<strong>br</strong> />
profundo remanejo da patologia histérica. Quem ousaria, hoje, em nossa cultura oci<strong>de</strong>ntal,<<strong>br</strong> />
produzir estes gran<strong>de</strong>s ataques à la Charcot? Eles evocam muito, para nossos<<strong>br</strong> />
contemporâneos, os transes observados em certas cerimônias animistas. São raros,<<strong>br</strong> />
também, os acessos catalépticos, as crises letárgicas, as gran<strong>de</strong>s paralisias. Quanto às<<strong>br</strong> />
conversões histéricas, das quais Freud nos falou durante muito tempo, essas assumem<<strong>br</strong> />
uma outra forma. A própria terminologia mudou: os ataques espasmódicos tornaram-se<<strong>br</strong> />
uma doença, a espasmofilia, cujo substrato (<strong>de</strong>ficiência em cálcio), embora controvertido,<<strong>br</strong> />
guarda esse aspecto científico o<strong>br</strong>igatório que lhe permite entrar para o círculo dás<<strong>br</strong> />
doenças "verda<strong>de</strong>iras". A medicina clássica tenta, <strong>de</strong>ssa forma, a recuperação <strong>de</strong> toda<<strong>br</strong> />
uma patologia que, na verda<strong>de</strong>, lhe escapa.<<strong>br</strong> />
Os próprios pacientes encontraram outras formulações para suas queixas: eles<<strong>br</strong> />
se colapsam, têm crises <strong>de</strong> nervos, têm mal-estar, fazem <strong>de</strong>pressão, enfim, "somatizam".<<strong>br</strong> />
Faço questão <strong>de</strong> salientar que, com os progressos da medicina, não apenas a<<strong>br</strong> />
terminologia se transformou, mas a própria natureza dos distúrbios mudou. Surgiu uma<<strong>br</strong> />
nova patologia que se situa mais na vertente somática. Atualmente, muitos pacientes têm<<strong>br</strong> />
danos somáticos graves com lesões <strong>de</strong> órgãos, doenças passíveis, no entanto, <strong>de</strong> cura<<strong>br</strong> />
psicanalítica. A fronteira que separava as manifestações histéricas dos fenômenos<<strong>br</strong> />
psicossomáticos se torna cada vez mais imprecisa. A noção <strong>de</strong> estresse, reintroduzindo<<strong>br</strong> />
uma causa física para a doença, traz uma garantia <strong>de</strong> autenticida<strong>de</strong> que permite à<<strong>br</strong> />
medicina clássica melhor retomar o fenômeno.<<strong>br</strong> />
As manifestações da neurose evoluíram, pois, em função <strong>de</strong> um discurso<<strong>br</strong> />
comum so<strong>br</strong>e a doença, discurso esse que reflete a evolução do discurso médico. A<<strong>br</strong> />
mensagem que o histérico dirige ao outro se nutre dos significantes mestres <strong>de</strong> sua<<strong>br</strong> />
época. Não é a socieda<strong>de</strong> que secreta a neurose como alguns queriam fazer crer, mas<<strong>br</strong> />
sim o sujeito que leva em conta um novo olhar dirigido ao corpo doente. Ele encontra,<<strong>br</strong> />
então, uma outra forma <strong>de</strong> expressar seu sofrimento, esperando assim ser mais bem<<strong>br</strong> />
ouvido. Mas, ao ser encaminhado aos mestres <strong>de</strong> um puro saber <strong>de</strong>ssubjetivado, o apelo<<strong>br</strong> />
corre o risco <strong>de</strong> se repetir in<strong>de</strong>finidamente, pois à queixa respon<strong>de</strong> a verificação<<strong>br</strong> />
exploratória <strong>de</strong> um organismo e não a escuta <strong>de</strong> um corpo que se faz linguagem.<<strong>br</strong> />
Perguntas e respostas estão sempre <strong>de</strong>fasadas, o mal-entendido se instala, e, com ele,<<strong>br</strong> />
seu cortejo <strong>de</strong> reiteração <strong>de</strong> atos médicos e <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamentos <strong>de</strong> sintoma.<<strong>br</strong> />
Quando encontram um psicanalista, esses pacientes freqüentemente <strong>de</strong>ram<<strong>br</strong> />
longas voltas pelos serviços especializados, on<strong>de</strong> todos os exames foram feitos e nada<<strong>br</strong> />
mostraram. Eles esgotaram os recursos da medicina clássica, da farmacologia e, às<<strong>br</strong> />
vezes, da cirurgia, antes <strong>de</strong> encontrar alguém que tivesse vocação para escutar aquilo<<strong>br</strong> />
que se diz para além da queixa somática. Eles ficam, então, espantados com a mudança<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> discurso. A questão que lhes é posta não é mais "De que você sofre?", mas "Quem é<<strong>br</strong> />
você para sofrer <strong>de</strong>ssa maneira?".<<strong>br</strong> />
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Assim como a evolução da medicina modificou a sintomatologia das neuroses,<<strong>br</strong> />
a evolução mesma da socieda<strong>de</strong> fez nascer uma nova patologia: o fracasso escolar. Se<<strong>br</strong> />
relacionamos aqui as duas é porque elas têm em comum o fato <strong>de</strong> terem sido produzidas<<strong>br</strong> />
por uma mudança social. No caso da histeria, é antes <strong>de</strong> tudo o <strong>de</strong>senvolvimento da<<strong>br</strong> />
ciência médica; no caso do fracasso escolar, é a transformação rápida do mundo do<<strong>br</strong> />
trabalho em uma socieda<strong>de</strong> cada vez mais tecnicizada. As novas exigências <strong>de</strong>ssa<<strong>br</strong> />
socieda<strong>de</strong> acrescentam-se as <strong>de</strong>vastações produzidas pela exploração ina<strong>de</strong>quada dos<<strong>br</strong> />
testes <strong>de</strong> nível intelectual. Teremos oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> voltar a falar das conseqüências<<strong>br</strong> />
implicadas numa medida numérica da inteligência, quando se dá a essa medida o valor<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> uma verda<strong>de</strong> científica reconhecida.<<strong>br</strong> />
O <strong>de</strong>sconhecimento <strong>de</strong>ssas duas patologias custa caro à socieda<strong>de</strong>. Uma, a<<strong>br</strong> />
histeria ou o fenômeno psicossomático, onera o orçamento da Segurida<strong>de</strong> Social, e a<<strong>br</strong> />
outra, o fracasso escolar, onera a Educação Nacional pelo fato <strong>de</strong> colocar em prática<<strong>br</strong> />
medidas dispendiosas com objetivos re<strong>edu</strong>cativos e pedagógicos muitas vezes<<strong>br</strong> />
inapropriados.<<strong>br</strong> />
FRACASSO ESCOLAR E SOCIEDADE MODERNA<<strong>br</strong> />
O fracasso escolar é uma patologia recente. Só pô<strong>de</strong> surgir com a instauração<<strong>br</strong> />
da escolarida<strong>de</strong> o<strong>br</strong>igatória no fim do século XIX e tomou um lugar consi<strong>de</strong>rável nas<<strong>br</strong> />
preocupações <strong>de</strong> nossos contemporâneos em conseqüência <strong>de</strong> uma mudança radical da<<strong>br</strong> />
socieda<strong>de</strong>. Também nesse caso, não é somente a exigência da socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna que<<strong>br</strong> />
causa os distúrbios, como se pensa muito freqüentemente, mas um sujeito que expressa<<strong>br</strong> />
seu mal-estar na linguagem <strong>de</strong> uma época em que o po<strong>de</strong>r do dinheiro e o sucesso social<<strong>br</strong> />
são valores predominantes. A pressão social serve <strong>de</strong> agente <strong>de</strong> cristalização para um<<strong>br</strong> />
distúrbio que se inscreve <strong>de</strong> forma singular na história <strong>de</strong> cada um.<<strong>br</strong> />
Jules Ferry estabeleceu a instrução laica e o<strong>br</strong>igatória em 1880; é pouco<<strong>br</strong> />
provável que a noção <strong>de</strong> fracasso escolar tenha surgido durante os primeiros <strong>de</strong>cênios<<strong>br</strong> />
que se seguiram. O que estava previsto pela lei, a saber, "a mistura dos ricos e dos<<strong>br</strong> />
po<strong>br</strong>es nos bancos escolares" (discurso pronunciado em 10 <strong>de</strong> a<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 1870, por Jules<<strong>br</strong> />
Ferry), a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> chances para todos, a supressão das classes sociais, esteve longe<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> se realizar. O fato <strong>de</strong> pertencer a uma classe social <strong>de</strong>terminará, por muito tempo<<strong>br</strong> />
ainda, o limite do curso escolar.<<strong>br</strong> />
Apenas as crianças da burguesia freqüentavam o liceu, que era pago e<<strong>br</strong> />
permitia acesso às carreiras liberais, essencialmente direito e medicina. Se a<<strong>br</strong> />
o<strong>br</strong>igatorieda<strong>de</strong> escolar era ditada por um i<strong>de</strong>al republicano "que tomou a si a tarefa <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
construir a liberda<strong>de</strong> suprimindo as distinções <strong>de</strong> classe através da <strong>edu</strong>cação do povo"<<strong>br</strong> />
(Jules Ferry), esse i<strong>de</strong>al era a tradução jurídica <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s econômicas; a revolução<<strong>br</strong> />
industrial que estava se completando iria modificar profundamente a paisagem social: as<<strong>br</strong> />
máquinas <strong>de</strong>viam substituir o homem, como se <strong>de</strong>sejava e se temia, e era necessário se<<strong>br</strong> />
adaptar, adquirir outras competências, em particular um saber diferente do savoir- faire<<strong>br</strong> />
manual. Entrávamos na era do proletariado.<<strong>br</strong> />
O professor primário da III República tinha por missão formar cidadãos,<<strong>br</strong> />
transmitindo-lhes a moral republicana, e ministrava um ensino prático e enciclopédico ao<<strong>br</strong> />
qual eles fariam referência durante toda a sua vida. Esperava-se que aos 12 anos o aluno<<strong>br</strong> />
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não mais fizesse erros ortográficos e conhecesse <strong>de</strong> cor as Secretarias do Estado, a<<strong>br</strong> />
Prefeitura e outros órgãos administrativos.<<strong>br</strong> />
Mais próxima <strong>de</strong> nós, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prosseguir estudos era ainda - para<<strong>br</strong> />
nossos avós e, às vezes, até para nossos pais - reservada a uma classe privilegiada.<<strong>br</strong> />
Quando uma criança <strong>de</strong> classe média se revelava muito dotada, era o professor primário<<strong>br</strong> />
quem propunha a solicitação <strong>de</strong> uma bolsa e pleiteava, junto aos pais, a permissão para a<<strong>br</strong> />
criança prosseguir os estudos no colégio após a obtenção do Certificado <strong>de</strong> Estudos. Isso<<strong>br</strong> />
era, para os pais, um pesado "sacrifício", e o professor <strong>de</strong>via usar <strong>de</strong> todo o seu prestígio<<strong>br</strong> />
para suplantar a resistência <strong>de</strong>les.<<strong>br</strong> />
Quando a criança estava em uma instituição religiosa, era o seminário que lhe<<strong>br</strong> />
era proposto. Guy Georgy, em uma autobiografia apaixonante, conta esse périplo vencido<<strong>br</strong> />
por um pequeno camponês po<strong>br</strong>e do Périgord, nascido em 1914, que se tornou<<strong>br</strong> />
embaixador da França. .<<strong>br</strong> />
Nessa socieda<strong>de</strong> hierarquizada que so<strong>br</strong>eviveu até o final do século XIX e o<<strong>br</strong> />
início do século XX, cada um tinha seu lugar <strong>de</strong>finido. O analfabetismo não era visto<<strong>br</strong> />
o<strong>br</strong>igatoriamente como uma <strong>de</strong>ficiência. Os que "não tinham instrução" podiam ter acesso<<strong>br</strong> />
a ofícios que permitiam a eles e suas famílias viverem; tinham seu lugar na socieda<strong>de</strong>, e a<<strong>br</strong> />
modéstia <strong>de</strong> seus proventos não os tornava fatalmente excluídos.<<strong>br</strong> />
DO PROLETÁRIO AO ESTUDANTE<<strong>br</strong> />
Atualmente, essa mudança da socieda<strong>de</strong> que começou no final do século XIX<<strong>br</strong> />
prossegue em ritmo cada vez mais rápido. No espaço <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> uma a duas gerações,<<strong>br</strong> />
a socieda<strong>de</strong> se transformou profundamente. O campesinato diminuiu consi<strong>de</strong>ravelmente<<strong>br</strong> />
em número, e os agricultores <strong>de</strong> hoje, se quiserem so<strong>br</strong>eviver, <strong>de</strong>vem tornar rentável sua<<strong>br</strong> />
produção com métodos mo<strong>de</strong>rnos, acompanhar a economia <strong>de</strong> mercado, informatizar<<strong>br</strong> />
para administrar melhor, etc. Os artesãos são o<strong>br</strong>igados a fazer estágios <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
administração antes <strong>de</strong> a<strong>br</strong>ir uma loja. Quase não há mais pequenos ofícios lucrativos. O<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>semprego veio agravar as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> inserção daqueles que "não estudaram", pois<<strong>br</strong> />
essa nova or<strong>de</strong>m econômica exige dos trabalhadores um nível <strong>de</strong> competência cada vez<<strong>br</strong> />
mais elevado. Po<strong>de</strong>mos comparar nossas máquinas <strong>de</strong> hoje, tão sofisticadas e invasoras,<<strong>br</strong> />
com os primeiros teares mecânicos? À era do proletariado suce<strong>de</strong>u o tempo do<<strong>br</strong> />
estudante.<<strong>br</strong> />
Agora, são as crianças <strong>de</strong> todos os meios, <strong>de</strong> todas as classes sociais que são<<strong>br</strong> />
o<strong>br</strong>igadas a prosseguir sua escolarida<strong>de</strong> até os 16 anos. Essa o<strong>br</strong>igatorieda<strong>de</strong> não<<strong>br</strong> />
instaura, no entanto, a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s.<<strong>br</strong> />
O sonho <strong>de</strong> Jules Ferry se <strong>de</strong>slocou para a atualida<strong>de</strong> sem se realizar.<<strong>br</strong> />
Veremos que o sucesso nos estudos não se atém unicamente à qualida<strong>de</strong> do ensino<<strong>br</strong> />
ministrado; muitos fatores entram em jogo na incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atingir o nível <strong>de</strong> instrução<<strong>br</strong> />
exigido hoje. Já po<strong>de</strong>mos salientar o quanto a rapi<strong>de</strong>z da transformação social inverteu os<<strong>br</strong> />
velhos esquemas <strong>de</strong> transmissão da herança cultural. Muitas vezes, há discordância entre<<strong>br</strong> />
as tradições familiares e os novos modos <strong>de</strong> vida. Essa ruptura <strong>br</strong>utal implica conflitos<<strong>br</strong> />
entre as gerações, conflitos que são, eles próprios, fontes <strong>de</strong> fracasso escolar. Por outro<<strong>br</strong> />
lado, um sucesso muito estrondoso para uma criança <strong>de</strong> origem mo<strong>de</strong>sta po<strong>de</strong> provocar a<<strong>br</strong> />
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rejeição quando não o <strong>de</strong>sprezo <strong>de</strong> seus próprios pais. O sujeito guardará vestígios disso<<strong>br</strong> />
durante sua vida: <strong>de</strong>sgostos, vergonha, questionamento so<strong>br</strong>e sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Annie<<strong>br</strong> />
Ernaux, professora concursada <strong>de</strong> Letras cujos pais mantinham um bar nos subúrbios <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
uma pequena cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>screveu nos seus livros toda a violência e o sofrimento que<<strong>br</strong> />
implica uma tal ruptura cultural. Ela conta seu <strong>de</strong>sprezo pela falta <strong>de</strong> cultura <strong>de</strong> seus pais<<strong>br</strong> />
e a culpa posterior por tê-los rejeitado.<<strong>br</strong> />
QUE SIGNIFICADO DAR AO TERMO “FRACASSO”?<<strong>br</strong> />
O fracasso, opondo-se ao sucesso, implica um julgamento <strong>de</strong> valor; ora, esse<<strong>br</strong> />
valor é função <strong>de</strong> um i<strong>de</strong>al. Um sujeito se constrói perseguindo i<strong>de</strong>ais que se apresentam<<strong>br</strong> />
a ele no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> sua existência. Ele é, assim, o produto <strong>de</strong> suas i<strong>de</strong>ntificações<<strong>br</strong> />
sucessivas, que formam a trama do seu ego. Esses i<strong>de</strong>ais são, essencialmente, aqueles<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> seu meio sociocultural e <strong>de</strong> sua família, ela mesma marcada pelos valores da<<strong>br</strong> />
socieda<strong>de</strong> à qual pertence. Ora, esses i<strong>de</strong>ais variam <strong>de</strong> uma cultura à outra; o que é<<strong>br</strong> />
valorizado em um certo meio po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>preciado em outro. Os valores oci<strong>de</strong>ntais ligados<<strong>br</strong> />
ao capitalismo felizmente ainda não são reconhecidos em todas as culturas. A força física,<<strong>br</strong> />
por exemplo, a agilida<strong>de</strong>, a coragem, a combativida<strong>de</strong> e o <strong>de</strong>sprezo pela morte po<strong>de</strong>m ser<<strong>br</strong> />
colocados bem acima <strong>de</strong> qualquer valor intelectual. Po<strong>de</strong> também prevalecer, em certos<<strong>br</strong> />
povos, um i<strong>de</strong>al contemplativo. O próprio dinheiro po<strong>de</strong> não ser um valor em si em<<strong>br</strong> />
culturas que utilizam o sistema <strong>de</strong> troca. A riqueza po<strong>de</strong> ser construída com aposse <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
bens <strong>de</strong> valor mais simbólico do que comercial, e o po<strong>de</strong>r se apoiar na ida<strong>de</strong> e na<<strong>br</strong> />
sabedoria.<<strong>br</strong> />
O i<strong>de</strong>al po<strong>de</strong> também ser ditado pelos valores familiares que são transmitidos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> geração a geração. Conhecemos o apego das antigas famílias oriundas da no<strong>br</strong>eza às<<strong>br</strong> />
"virtu<strong>de</strong>s aristocráticas". Há famílias <strong>de</strong> politécnicos em que o filho mais velho<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>cepcionaria se fracassasse na Escola Politécnica, há o apego das <strong>de</strong>scendências<<strong>br</strong> />
campesinas à terra e os combates da classe operária, tantas características quantos são<<strong>br</strong> />
os tipos <strong>de</strong>scritos com <strong>br</strong>ilhantismo por nossos gran<strong>de</strong>s romancistas: nisso Balzac e Zola<<strong>br</strong> />
excelem. O sujeito conforma-se ou opõe-se a esses valores; po<strong>de</strong> procurar parecer-se a<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>terminados personagens que os ilustram. Ele constrói, assim, seu ego i<strong>de</strong>ntificando-se<<strong>br</strong> />
com personagens que admira e dos quais gosta, apegando-se a valores que julga<<strong>br</strong> />
respeitáveis e que <strong>de</strong>seja adquirir. Ora, em nossas socieda<strong>de</strong>s oci<strong>de</strong>ntais, o sucesso, o<<strong>br</strong> />
dinheiro, a posse <strong>de</strong> bens e o po<strong>de</strong>r que resulta disso representam, no grau mais elevado,<<strong>br</strong> />
valores que todos sonham possuir.<<strong>br</strong> />
POR QUE FALAR EM FRACASSO DE VIDA A PROPÓSITO DO FRACASSO<<strong>br</strong> />
ESCOLAR?<<strong>br</strong> />
Por que o sucesso escolar ocupa um lugar tão importante na vida <strong>de</strong> nossos<<strong>br</strong> />
contemporâneos, crianças, pais, ensinantes e governantes? Que projetos, que fantasmas<<strong>br</strong> />
estão por trás <strong>de</strong>ssa aspiração ao sucesso?<<strong>br</strong> />
Ser bem-sucedido na escola é ter a perspectiva do ter, mais tar<strong>de</strong>, uma bela<<strong>br</strong> />
situação, <strong>de</strong> ter acesso, portanto, ao consumo <strong>de</strong> bens. Significa também "ser alguém",<<strong>br</strong> />
isto é, possuir o falo imaginário, ser consi<strong>de</strong>rado, respeitado. O dinheiro e o po<strong>de</strong>r, não<<strong>br</strong> />
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são eles a felicida<strong>de</strong>? O próprio Estado alimenta essa aspiração. Para ser gran<strong>de</strong>, uma<<strong>br</strong> />
nação não <strong>de</strong>ve sempre aumentar suas riquezas e suas competências?<<strong>br</strong> />
O fracasso escolar pressupõe a renúncia a tudo isso, a renúncia ao gozo.<<strong>br</strong> />
Quando se fala do futuro para uma criança em situação <strong>de</strong> fracasso escolar, muito<<strong>br</strong> />
freqüentemente ela evoca o fato <strong>de</strong> que se tornará um mendigo. Para muitas crianças é<<strong>br</strong> />
algo temido, angustiante, é o que as espera "se elas não trabalharem na escola". Em<<strong>br</strong> />
contrapartida, vi uma criança com rejeição escolar maciça reivindicar como um <strong>de</strong>safio<<strong>br</strong> />
sua aspiração a se tornar mendigo!<<strong>br</strong> />
Essa incursão pelo domínio social que acabamos <strong>de</strong> fazer nos dá uma primeira<<strong>br</strong> />
amostragem dos pontos sensíveis <strong>de</strong> on<strong>de</strong> po<strong>de</strong> se originar uma rejeição escolar, rejeição<<strong>br</strong> />
essa às vezes <strong>de</strong>liberadamente expressa e assumida, mas em geral ligada a um conflito<<strong>br</strong> />
inconsciente entre os diferentes modos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação do sujeito. Freud nos forneceu<<strong>br</strong> />
referências para listar os diferentes tipos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação que o sujeito coloca em prática<<strong>br</strong> />
para construir seu ego. O ego i<strong>de</strong>al e o i<strong>de</strong>al do ego encontram sua fonte, em parte, nos<<strong>br</strong> />
mo<strong>de</strong>los sociais, enquanto o superego está ligado à posição edipiana do sujeito, ele é o<<strong>br</strong> />
"her<strong>de</strong>iro do complexo <strong>de</strong> Édipo", diz Freud.<<strong>br</strong> />
Po<strong>de</strong> haver conflito entre todas essas instâncias, quando urna contra- dição<<strong>br</strong> />
advém nas aspirações do sujeito. Tomemos o exemplo clássico do adolescente <strong>br</strong>ilhante<<strong>br</strong> />
que fracassa <strong>de</strong> repente em seus estudos porque se proíbe ultrapassar um pai que jamais<<strong>br</strong> />
havia sido bem-sucedido. Trata-se, nesse caso, <strong>de</strong> um conflito entre o superego e o i<strong>de</strong>al<<strong>br</strong> />
do ego. O superego, com seu peso <strong>de</strong> culpabilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> interdito, barra o acesso a toda<<strong>br</strong> />
realização do i<strong>de</strong>al do ego, i<strong>de</strong>al que o sujeito encontra, nesse caso, em seu meio:<<strong>br</strong> />
competitivida<strong>de</strong> com seus pares, <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> saber, sucesso social. à vista.<<strong>br</strong> />
O i<strong>de</strong>al do ego tem por origem a i<strong>de</strong>ntificação com um traço (o traço unário)j<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong> ser um valor moral, religioso ou outro. O ego i<strong>de</strong>al funda-se predominantemente em<<strong>br</strong> />
um mo<strong>de</strong>lo humano; exemplos são estes adolescentes que falam, vestem-se, comportamse<<strong>br</strong> />
como seus ídolos ou imitam algum personagem que os subjuga. Esses i<strong>de</strong>ais mudam<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> acordo com a época ou a ida<strong>de</strong> das crianças. Houve um tempo em que todos os<<strong>br</strong> />
meninos queriam se tomar exploradores, e todas as garotas, enfermeiras!<<strong>br</strong> />
Um conflito entre i<strong>de</strong>ntificações antinômicas po<strong>de</strong> paralisar o sujeito e bloquear<<strong>br</strong> />
toda e qualquer realização (inibição). Isso se vê, freqüentemente, no período da<<strong>br</strong> />
adolescência. No adulto, os conflitos recalcados se encontram nas organizações<<strong>br</strong> />
neuróticas.<<strong>br</strong> />
Para ilustrar essas propostas, citarei o caso <strong>de</strong> uma criança adotada por um<<strong>br</strong> />
casal <strong>de</strong> universitários. Ela tinha vivido até a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 3-4 anos no seio <strong>de</strong> uma família<<strong>br</strong> />
adotiva <strong>de</strong> condição mo<strong>de</strong>sta. Ela ficava "estacionada", no dizer dos pais adotivos, atrás<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> uma cerquinha em um pequeno espaço no fundo da sala <strong>de</strong> jantar. Aos 3 anos, não<<strong>br</strong> />
falava, e um retardo escolar foi inicialmente i<strong>de</strong>ntificado e tratado por meio <strong>de</strong> numerosos<<strong>br</strong> />
cuidados. Tendo começado a vir à análise por volta da ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 9 anos, pu<strong>de</strong> constatar<<strong>br</strong> />
nela uma certa po<strong>br</strong>eza <strong>de</strong> linguagem, seqüela <strong>de</strong> uma carência <strong>edu</strong>cativa dos primeiros<<strong>br</strong> />
anos. Se é verda<strong>de</strong> que até os 4 anos haviam faltado trocas verbais com as pessoas que<<strong>br</strong> />
acercavam, apareceu uma outra razão que explicava esse atraso escolar e essa aparente<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>: ela permanecia profundamente marcada por sua primeira família. Durante a<<strong>br</strong> />
terapia, através <strong>de</strong> seus relatos, <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>senhos, ela retraçava, sem o saber, os quatro<<strong>br</strong> />
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primeiros anos <strong>de</strong> sua vida, jamais lem<strong>br</strong>ados, no entanto, na família adotiva. De trás <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
sua cerquinha, ela tinha visto tudo: os objetos, os lugares, os moradores da casa, em<<strong>br</strong> />
particular um rapaz que saía cedo toda manhã numa moto barulhenta para trabalhar. A<<strong>br</strong> />
mãe servia o café da manhã para ele, e a criança ganhava sua mama<strong>de</strong>ira em seguida.<<strong>br</strong> />
Esse rapaz ouvia e cantava rock. É assim que, aos 9 anos, nossa criança, um garotinho<<strong>br</strong> />
que cresceu, sonhava ser cantor <strong>de</strong> rock e dar a volta ao mundo com seu grupo; ele<<strong>br</strong> />
conhecia geografia <strong>de</strong> cor como muitas <strong>de</strong>stas crianças vindas <strong>de</strong> outros lugares e que<<strong>br</strong> />
sonham retomar para lá. Tais gostos e perspectivas <strong>de</strong> futuro eram absolutamente<<strong>br</strong> />
inimagináveis para os pais adotivos e fontes <strong>de</strong> conflitos maiores e <strong>de</strong> rejeição, pois esse<<strong>br</strong> />
menino não via a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adquirir o "gosto pelos estudos" que se queria, a todo<<strong>br</strong> />
custo, inculcar nele. I<strong>de</strong>ntificações muito precoces no tocante ao ego i<strong>de</strong>al, ser um<<strong>br</strong> />
roqueiro, entravam em conflito com o i<strong>de</strong>al do ego familiar, que privilegiava a inteligência,<<strong>br</strong> />
o saber, os estudos; essa criança havia se tomado um estranho nessa família, com todas<<strong>br</strong> />
as conseqüências dolorosas que isso implica; foram, so<strong>br</strong>etudo, esse sofrimento e essa<<strong>br</strong> />
rejeição que levamos em conta durante a análise.<<strong>br</strong> />
Insisto em salientar que na fonte <strong>de</strong> todos esses fracassos, <strong>de</strong> todos esses<<strong>br</strong> />
bloqueios, encontraremos o mesmo fenômeno <strong>de</strong> paradas nas operações do<<strong>br</strong> />
pensamento, a que chamamos inibição.<<strong>br</strong> />
A inibição po<strong>de</strong> manifestar-se em diferentes campos. Freud cita a inibição da<<strong>br</strong> />
função alimentar (anorexia), a inibição sexual... Quanto à nós, trataremos somente da<<strong>br</strong> />
inibição intelectual.<<strong>br</strong> />
A DEMANDA E O DESEJO<<strong>br</strong> />
Para que uma criança "aprenda", é necessário que ela tenha o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
apren<strong>de</strong>r. Ora, nada nem ninguém po<strong>de</strong> o<strong>br</strong>igar alguém a <strong>de</strong>sejar. A linguagem popular<<strong>br</strong> />
diz: "O <strong>de</strong>sejo e o amor não se comandam". É nisso, no entanto, que acreditam muitos<<strong>br</strong> />
pais que querem "motivar seus filhos e tudo fazer para que eles se interessem pela<<strong>br</strong> />
escola". Não é preciso "fazer" nem impor quando o "saber" adquiriu o <strong>br</strong>ilho do objeto do<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sejo para os pais, não é preciso imperativo algum para que a criança se apo<strong>de</strong>re <strong>de</strong>sse<<strong>br</strong> />
saber. 0 comando é um paradoxo com o qual se confronta a criança a quem é repetido:<<strong>br</strong> />
"Eu te or<strong>de</strong>no a <strong>de</strong>sejar apren<strong>de</strong>r". Presa, assim, em uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>mandas, veremos<<strong>br</strong> />
por que se torna impossível para ela sustentar seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> conhecimento e como ela<<strong>br</strong> />
chega mesmo a anulá-lo.<<strong>br</strong> />
Para abordar com mais clareza essa questão, nos inspiraremos nas categorias<<strong>br</strong> />
lacanianas da necessida<strong>de</strong>, da <strong>de</strong>manda e do <strong>de</strong>sejo e veremos como a <strong>de</strong>manda vem<<strong>br</strong> />
"esmagar" o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r em algumas patologias. Lacan falava disso a propósito<<strong>br</strong> />
da anorexia, que é a inibição <strong>de</strong> se alimentar. Mas o processo é o mesmo na inibição para<<strong>br</strong> />
apren<strong>de</strong>r.<<strong>br</strong> />
A DEMANDA DOS PAIS<<strong>br</strong> />
A criancinha ouve bem cedo a <strong>de</strong>manda que lhe é feita: ela <strong>de</strong>ve apren<strong>de</strong>r, ela<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ve ser bem-sucedida. Des<strong>de</strong> a pré-escola, alguns pais se inquietam com as<<strong>br</strong> />
performances intelectuais <strong>de</strong> seus filhos e com suas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sucesso; querem,<<strong>br</strong> />
às vezes, fazê-los "pular o último ano da pré-escola, pois um ano <strong>de</strong> avanço é sempre útil<<strong>br</strong> />
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para a preparação dos concursos mais tar<strong>de</strong>! A criança percebe muito bem que ela tem<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a uma expectativa. O sucesso é exatamente este objeto <strong>de</strong> satisfação que<<strong>br</strong> />
ela <strong>de</strong>ve proporcionar aos pais. Boas notas, bons curriculums são <strong>de</strong>stinados a dar<<strong>br</strong> />
prazer. Ela po<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r docilmente a essa <strong>de</strong>manda durante um certo tempo, mas,<<strong>br</strong> />
cedo ou tar<strong>de</strong>, sozinha diante da folha <strong>br</strong>anca ou da tarefa a <strong>de</strong>sempenhar, ela será<<strong>br</strong> />
confrontada com seu próprio <strong>de</strong>sejo.<<strong>br</strong> />
Além <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>manda dos pais, há a pressão social da qual já falamos<<strong>br</strong> />
longamente que se exerce so<strong>br</strong>e todos e gera uma angústia surda que a criança tem<<strong>br</strong> />
dificulda<strong>de</strong> em i<strong>de</strong>ntificar.<<strong>br</strong> />
A DEMANDA DO CORPO DOCENTE<<strong>br</strong> />
Esse discurso em que o sucesso é <strong>de</strong>sejado e esperado não é sustentado<<strong>br</strong> />
somente pelos pais; as crianças o ouvem também <strong>de</strong> seus mestres, que têm, eles<<strong>br</strong> />
próprios, um contrato a cumprir. Eles também são submetidos a um imperativo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
sucesso, a turma pela qual são responsáveis <strong>de</strong>ve ter suficiente performance para que,<<strong>br</strong> />
no final do ano, a maioria dos alunos passe para o ano seguinte. São, portanto, os bons<<strong>br</strong> />
resultados dos alunos que fazem os bons mestres serem reconhecidos pela hierarquia:<<strong>br</strong> />
direção, inspeção acadêmica, etc., e pelos pais <strong>de</strong> alunos. A angústia que essa<<strong>br</strong> />
competitivida<strong>de</strong> gera, se ela se manifesta em todos os níveis, parece-nos mais<<strong>br</strong> />
particularmente nociva durante os primeiros anos da <strong>aprendizagem</strong> escolar. De fato,<<strong>br</strong> />
a inquietu<strong>de</strong> ligada às performances suscita na criança um questionamento permanente:<<strong>br</strong> />
Conseguirá passar <strong>de</strong> ano? Terá "maturida<strong>de</strong>" suficiente? <strong>Pos</strong>suirá todas as capacida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />
intelectuais que se supunha que tivesse? Os julgamentos so<strong>br</strong>e ela terão sérias<<strong>br</strong> />
conseqüências e serão, às vezes, <strong>de</strong>terminantes para o prosseguimento da<<strong>br</strong> />
escolarida<strong>de</strong>, pois po<strong>de</strong>m modificar e até mesmo <strong>de</strong>teriorar gran<strong>de</strong>mente as<<strong>br</strong> />
relações com o ambiente. A criança nem sempre faz a separação entre um julgamento<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> valor e o amor que alguém lhe <strong>de</strong>dica. Ser um mau aluno equivale para ela a ser um<<strong>br</strong> />
mau filho. Será necessário acrescentar que a ferida narcísica vivida pelos pais <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />
criança precocemente consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong>ficiente mental po<strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar neles uma<<strong>br</strong> />
ferocida<strong>de</strong> insuspeitada e medidas <strong>de</strong> retorsão sem relação com a natureza do distúrbio?<<strong>br</strong> />
DA DEMANDA AO DESEJO. O DESEJO IMPEDIDO<<strong>br</strong> />
Façamos abstração, por um instante, dos alunos com problemas e<<strong>br</strong> />
consi<strong>de</strong>remos as crianças para as quais a escolarida<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senrola normalmente.<<strong>br</strong> />
Des<strong>de</strong> os primeiros dias <strong>de</strong> sua vida, a criança se lança na exploração <strong>de</strong> seu<<strong>br</strong> />
corpo e <strong>de</strong> seu ambiente, parte para a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> si mesma e do mundo que a cerca<<strong>br</strong> />
para assegurar seu domínio. O <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> saber e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r estão<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la e vão se prolongar através das inumeráveis perguntas que ela vai fazer<<strong>br</strong> />
posteriormente. A curiosida<strong>de</strong>, o prazer da <strong>de</strong>scoberta e a aquisição <strong>de</strong> conhecimentos<<strong>br</strong> />
fazem parte da própria dinâmica da vida. Da <strong>aprendizagem</strong> pelo jogo, ela <strong>de</strong>ve passar, no<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>correr da infância, a uma outra forma <strong>de</strong> saber, aquele que a escola oferece. Ora, é<<strong>br</strong> />
freqüentemente nesse momento que a mecânica emperra, há uma parada, uma recusa<<strong>br</strong> />
inconsciente <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> entrar em um novo sistema <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> conhecimentos.<<strong>br</strong> />
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Esse <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> saber, que Freud assimila a uma pulsão, a pulsão<<strong>br</strong> />
epistemofílica, é inibida, há uma suspensão dos investimentos cognitivos, inversão da<<strong>br</strong> />
pulsão (o "nada saber" equivale ao "nada comer" do anoréxico). Freud <strong>de</strong>fine a inibição<<strong>br</strong> />
como "a expressão <strong>de</strong> uma limitação funcional do ego que po<strong>de</strong> ter origens diferentes".<<strong>br</strong> />
Ele <strong>de</strong>screve três: aquela que evita um conflito com o id; uma segunda, a serviço da<<strong>br</strong> />
autopunição: "O ego não tem o direito <strong>de</strong> fazer tais coisas, porque elas lhe trariam<<strong>br</strong> />
proveito e sucesso, o que a severida<strong>de</strong> do superego lhe recusou", diz ele. Deixaremos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
lado a terceira causa, que diz respeito ao luto, e retomaremos o estudo das duas<<strong>br</strong> />
primeiras posteriormente .<<strong>br</strong> />
Diante <strong>de</strong> um sintoma tão complexo como o fracasso escolar, <strong>de</strong>vemos dar<<strong>br</strong> />
seguimento a uma exploração cada vez mais acirrada para <strong>de</strong>stacar as motivações<<strong>br</strong> />
inconscientes. Para isso, as categorias lacanianas do Real, do Simbólico e do Imaginário<<strong>br</strong> />
nos serão úteis. Lacan, em seu afã <strong>de</strong> "retorno a Freud" , <strong>de</strong>stacou bem o interesse que<<strong>br</strong> />
havia em distinguir, <strong>de</strong> um lado, o que é <strong>de</strong> caráter do imaginário, isto é, aquilo que se<<strong>br</strong> />
refere ao ego, e, <strong>de</strong> outro, o que ele chama <strong>de</strong> sujeito, e escreve $, sujeito do<<strong>br</strong> />
inconsciente, marcado com a barra do recalcamento.<<strong>br</strong> />
O FRACASSO ESCOLAR COMO REVELAÇÃO DO SUJEITO<<strong>br</strong> />
O traço do sintoma tem significações múltiplas. Ele é super<strong>de</strong>terminado, diz<<strong>br</strong> />
Freud; é uma "con<strong>de</strong>nsação", uma metáfora, diz Lacan. Informa acerca dos diferentes<<strong>br</strong> />
estratos da constituição do sujeito. Para ilustrar esse fenômeno, tomarei o exemplo da<<strong>br</strong> />
anorexia mental. A recusa da alimentação é da or<strong>de</strong>m da inibição da pulsão oral, mas o<<strong>br</strong> />
sintoma reagrupa as múltiplas problemáticas do sujeito.<<strong>br</strong> />
A análise <strong>de</strong> jovens anoréxicas revela, com efeito, em um primeiro nível <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
i<strong>de</strong>ntificação, o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> se a<strong>de</strong>quar a um i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> magreza forjado em nossa época.<<strong>br</strong> />
Essa explicação dada pela paciente reco<strong>br</strong>e, ao mesmo tempo, uma recusa das formas<<strong>br</strong> />
arredondadas da infância e a repugnância por adquirir formas femininas. Por trás da<<strong>br</strong> />
ambivalência quanto à feminilida<strong>de</strong>, aparece a relação conflituosa com a mãe, com sua<<strong>br</strong> />
implicação pulsional oral: fixação e recusa <strong>de</strong> uma mãe nutridora, angústias <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>voramento, etc. Essa relação apaixonada e mortífera em relação à mãe escon<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
pulsões <strong>de</strong> morte extremamente violentas e difíceis <strong>de</strong> mobilizar. A persistência da<<strong>br</strong> />
anorexia é, <strong>de</strong> fato, uma tentativa <strong>de</strong> suicídio disfarçada, enquanto no discurso a magreza<<strong>br</strong> />
e a morte são, ao mesmo tempo, <strong>de</strong>negadas e engran<strong>de</strong>cidas. Lacan salienta que, no<<strong>br</strong> />
caso da anoréxica, a <strong>de</strong>manda da mãe empanturradora não <strong>de</strong>ixa espaço ao <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> se<<strong>br</strong> />
nutrir; a pulsão oral da adolescente se expressa, então, no "nada comer", e sabe-se que<<strong>br</strong> />
força ela <strong>de</strong>spen<strong>de</strong> para realizar esse <strong>de</strong>sejo, às vezes, até chegando a morrer por causa<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>le.<<strong>br</strong> />
Quando a pulsão <strong>de</strong> saber é interditada, o <strong>de</strong>sejo fica abandonado. Da mesma<<strong>br</strong> />
forma que a anoréxica não come, o sujeito em estado <strong>de</strong> anorexia escolar <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>rá<<strong>br</strong> />
toda a sua energia para nada saber. Antes <strong>de</strong> voltar a essa problemática da inibição,<<strong>br</strong> />
saibamos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já, que a razão mais freqüente <strong>de</strong>ssa parada <strong>de</strong>ve ser procurada do lado<<strong>br</strong> />
da <strong>de</strong>manda esmagadora do outro, seja o "coma" ou o "aprenda".<<strong>br</strong> />
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"O sintoma da criança encontra-se em condições <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r ao que há <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
sintomático na estrutura familiar." Essa frase <strong>de</strong> Lacan faz refletir so<strong>br</strong>e o porquê dos<<strong>br</strong> />
sintomas da criança. Ela <strong>de</strong>ve ser completada por uma outra: "A criança realiza a<<strong>br</strong> />
presença do objeto "a" no fantasma (na fantasia inconsciente). Ela satura, substituindo<<strong>br</strong> />
este objeto da falta, que é específico da mãe, qualquer que seja a estrutura <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>sejo:<<strong>br</strong> />
neurótico, perverso ou psicótico".<<strong>br</strong> />
É verda<strong>de</strong> que a criança continua sendo um objeto preso na economia libidinal<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> seus pais; ela é parte interessada das pulsões, dos fantasmas e dos <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> seu<<strong>br</strong> />
pai e <strong>de</strong> sua mãe. É através das <strong>de</strong>mandas que lhe são feitas que ela toma consciência<<strong>br</strong> />
disso: coma, faça (cocô), seja bonita, limpa, gentil, trabalhadora, etc. Através <strong>de</strong>ssas<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>mandas, ela se coloca a questão do <strong>de</strong>sejo do outro: ele me pe<strong>de</strong> isto, mas o que ele<<strong>br</strong> />
quer realmente? Se a criança se <strong>de</strong>dica somente a satisfazer a <strong>de</strong>manda do outro, corre o<<strong>br</strong> />
risco <strong>de</strong> ficar enleada na armadilha no seu status <strong>de</strong> objeto. Por trás da <strong>de</strong>manda, ela<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>verá adivinhar aquilo que existe <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo e <strong>de</strong> amor. É medindo as incertezas e os<<strong>br</strong> />
limites do outro (sua castração, dizemos) que ela po<strong>de</strong>rá se liberar <strong>de</strong> seu domínio e se<<strong>br</strong> />
construir como ser <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo.<<strong>br</strong> />
As neuroses têm a ver com os malogros da <strong>de</strong>manda e do <strong>de</strong>sejo. A criança<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong> satisfazer, por muito tempo, a <strong>de</strong>manda do outro e parecer satisfazer-se, sem que<<strong>br</strong> />
isso contrarie a construção <strong>de</strong> seu ser imaginário. As coisas se complicam quando a<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>manda muda <strong>de</strong> registro, quando o outro (maternal, o mais freqüentemente) passa do<<strong>br</strong> />
"coma, seja comportada" ao "aprenda, seja bem-sucedida", pois respon<strong>de</strong>r a esse<<strong>br</strong> />
imperativo supõe que o sujeito ao qual ele se dirige esteja, ele mesmo, em posição ativa,<<strong>br</strong> />
que ele possa emitir um ato autônomo. Uma criança com fracasso escolar me dizia: "Isto<<strong>br</strong> />
entra por um ouvido e sai pelo outro", pois apren<strong>de</strong>r não é escutar, mas elaborar o saber<<strong>br</strong> />
que é proposto, a passivida<strong>de</strong> já não conta mais.<<strong>br</strong> />
Montaigne dizia lindamente a mesma coisa (Ensaios, I, XXVI): "As abelhas<<strong>br</strong> />
sugam as flores, mas <strong>de</strong>pois fazem o mel, que é algo <strong>de</strong>las, não é mais nem tomilho nem<<strong>br</strong> />
manjerona". Apren<strong>de</strong>r implica um <strong>de</strong>sejo, um projeto, uma perspectiva, não é apenas<<strong>br</strong> />
compreen<strong>de</strong>r.<<strong>br</strong> />
Quanto a ter sucesso, <strong>br</strong>ilhar, ser o melhor, já é po<strong>de</strong>r assumir uma posição<<strong>br</strong> />
fálica. Ora, é aí, nessa virada, que as coisas se complicam.<<strong>br</strong> />
Veremos, nos casos clínicos relatados adiante, que os momentos chave <strong>de</strong>ssa<<strong>br</strong> />
problemática <strong>de</strong> <strong>de</strong>svencilhamento do sujeito se situam no período <strong>de</strong> resolução edipiana<<strong>br</strong> />
- quando a angústia <strong>de</strong> castração está no auge - e no período <strong>de</strong> adolescência - quando o<<strong>br</strong> />
sujeito recoloca em questão suas i<strong>de</strong>ntificações edipianas. Nesses dois casos, estamos<<strong>br</strong> />
no trabalho <strong>de</strong> luto que implica a separação.<<strong>br</strong> />
ENTRADA NA EDUCAÇÃO BÁSICA. AS CRIANÇAS A PARTIR DOS 6<<strong>br</strong> />
ANOS<<strong>br</strong> />
A <strong>de</strong>mocratização do ensino implica que as crianças sejam ou se tornem<<strong>br</strong> />
iguais. Ora, essa i<strong>de</strong>ologia igualitária é um logro, ela quer ignorar a disparida<strong>de</strong> entre as<<strong>br</strong> />
crianças <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ingresso no primário. A aspiração a um ensino único, o mesmo para<<strong>br</strong> />
todos, supõe, <strong>de</strong> fato, que todas as crianças sejam semelhantes no início. A partir <strong>de</strong>sse a<<strong>br</strong> />
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priori, há uma uniformização, uma rigi<strong>de</strong>z dos programas. Determinados critérios <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong>m também parecer aberrantes. A ida<strong>de</strong> exigida para entrar no primário é fixa e não<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong> ser facilmente transgredida, embora se encontrem, na mesma classe, crianças com<<strong>br</strong> />
até um ano <strong>de</strong> diferença, já que são nascidas no início <strong>de</strong> janeiro até o fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>zem<strong>br</strong>o<<strong>br</strong> />
do mesmo ano. Esse nivelamento dos programas, da ida<strong>de</strong>, das condições <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
escolarização não leva em conta a disparida<strong>de</strong> existente entre as crianças que têm entre<<strong>br</strong> />
6 e 8 anos. Essa diversida<strong>de</strong> se <strong>de</strong>ve a muitos fatores.<<strong>br</strong> />
Primeiro, é a diferença <strong>de</strong> nível cultural familiar em relação, muitas vezes, ao<<strong>br</strong> />
meio social. Uma boa qualida<strong>de</strong> das trocas lingüísticas e afetivas dos primeiros anos<<strong>br</strong> />
e uma estimulação intelectual colocam a criança em situação <strong>de</strong> abordar facilmente<<strong>br</strong> />
as primeiras aprendizagens escolares. As crianças oriundas <strong>de</strong> família em que se<<strong>br</strong> />
gosta <strong>de</strong> ler, falar, discutir, em que as observações cotidianas são matérias <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>aprendizagem</strong> lúdicas - contar os objetos da vida diária, ler as letras nas caixas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
produtos consumidos no café da manhã, por exemplo - não terão nenhuma dificulda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
para abordar a leitura e a escrita. A creche e <strong>de</strong>pois a pré-escola po<strong>de</strong>m também iniciar<<strong>br</strong> />
um trabalho <strong>de</strong> <strong>de</strong>codificação dos signos e, ao mesmo tempo, um início <strong>de</strong> socialização e<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> adaptação à vida em grupo.<<strong>br</strong> />
Ao contrário, a criança que não teve a sorte <strong>de</strong> ter essas condições, aquela que<<strong>br</strong> />
domina mal a linguagem, que não está familiarizada com o <strong>de</strong>senho, a escrita e os jogos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> formas, terá uma <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> início. Essa <strong>de</strong>ficiência será agravada se ela ingressar<<strong>br</strong> />
diretamente no primário, sem ter freqüentado a pré-escola.<<strong>br</strong> />
Mas há uma outra disparida<strong>de</strong> entre as crianças: é a que diz respeito à crise<<strong>br</strong> />
que o sujeito atravessa nesse período-chave <strong>de</strong> sua evolução. Em plena crise edipiana,<<strong>br</strong> />
ele <strong>de</strong>ve renunciar à sua posição <strong>de</strong> criancinha protegida, garantida pelo meio familiar, e<<strong>br</strong> />
se tornar um ser social confrontado à lei do grupo. É a ida<strong>de</strong> em que ela <strong>de</strong>ve relaxar sua<<strong>br</strong> />
ligação com a mãe. A separação implica um trabalho <strong>de</strong> luto, um doloroso trabalho<<strong>br</strong> />
psíquico <strong>de</strong> remanejo das posições subjetivas. Em vez <strong>de</strong> ser o objeto que satisfaz o<<strong>br</strong> />
outro, a criança <strong>de</strong>ve-se tornar um sujeito por inteiro: do status <strong>de</strong> objeto que satisfaz o<<strong>br</strong> />
outro, <strong>de</strong>ve passar ao status <strong>de</strong> sujeito <strong>de</strong>sejante. Esse trabalho <strong>de</strong> separação, nós<<strong>br</strong> />
dizemos, <strong>de</strong> castração, é freqüentemente impedido ou retardado pela mãe, que não po<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />
ela mesma, "soltar" seu filho sob pena <strong>de</strong> reviver seus próprios conflitos edipianos. Ora,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ingresso no curso primário, o ambiente, pais e professores, comporta-se como se<<strong>br</strong> />
o problema estivesse resolvido. "Agora você é gran<strong>de</strong>", dizia-se outrora, ou "sete anos é a<<strong>br</strong> />
ida<strong>de</strong> da razão". Todos agiam como se a tempesta<strong>de</strong> tivesse passado, como se a criança<<strong>br</strong> />
houvesse entrado no período <strong>de</strong> latência no instante em que passou pela porta da escola.<<strong>br</strong> />
Veremos até que ponto essa problemática edipiana não-resolvida envenena os<<strong>br</strong> />
primeiros passos do sujeito em sua vida escolar. A resolução edipiana, a superação da<<strong>br</strong> />
angústia da castração, ambas são etapas o<strong>br</strong>igatórias do <strong>de</strong>senvolvimento. A amplitu<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ssa crise varia <strong>de</strong> uma criança para outra, bem como o tempo <strong>de</strong> resolução, que se<<strong>br</strong> />
apresenta mais ou menos longo. Po<strong>de</strong>-se, no entanto, afirmar que, qualquer que seja a<<strong>br</strong> />
forma como a Criança enfrenta esse período, não ficará sem efeito so<strong>br</strong>e o <strong>de</strong>spertar <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
sua inteligência lógica e so<strong>br</strong>e o interesse que dispensará às aprendizagens escolares.<<strong>br</strong> />
O fracasso escolar da adolescência é, freqüentemente, uma retomada da crise<<strong>br</strong> />
edipiana. O adolescente <strong>de</strong>ve também superar a prova da separação, mas a crise se<<strong>br</strong> />
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complica com as novas recolocações das questões <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação: o i<strong>de</strong>al do ego,<<strong>br</strong> />
calcado, mais freqüentemente, nas imagos parentais, é posto em questão, e os estudos,<<strong>br</strong> />
valorizados pelo meio, são a contrapartida do <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> emancipação. O <strong>de</strong>sa<strong>br</strong>ochar<<strong>br</strong> />
pubertário com a necessida<strong>de</strong> do sujeito <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar suas escolhas sexuais vem<<strong>br</strong> />
subverter ainda mais as referências <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Todos sabem o quanto são difíceis as<<strong>br</strong> />
turmas do secundário!<<strong>br</strong> />
ABORDAGEM FENOMENOLÓGICA SOBRE O FRACASSO ESCOLAR<<strong>br</strong> />
Antes <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver uma posição em relação à inibição intelectual e às<<strong>br</strong> />
dificulda<strong>de</strong>s escolares, elaborarei alguns argumentos imaginários a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar, ainda<<strong>br</strong> />
uma vez, a complexida<strong>de</strong> dos fatores em jogo nesse processo.<<strong>br</strong> />
Nunca há uma causa única para o fracasso escolar; há sempre a conjunção <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
várias causas que, agindo umas so<strong>br</strong>e as outras, interferem. Essa interação, com seus<<strong>br</strong> />
efeitos <strong>de</strong> bumerangue, lem<strong>br</strong>a uma espécie <strong>de</strong> círculo vicioso, com a dificulda<strong>de</strong>, quando<<strong>br</strong> />
não a impossibilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> sair <strong>de</strong>le num <strong>de</strong>terminado momento.<<strong>br</strong> />
O MAU COMEÇO<<strong>br</strong> />
Imaginemos algumas situações possíveis.<<strong>br</strong> />
Tomemos uma criança <strong>de</strong> meio sociocultural <strong>de</strong>sfavorecido. Nesse tipo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
família, a so<strong>br</strong>evivência no cotidiano <strong>de</strong>ixa pouco espaço para um outro investimento<<strong>br</strong> />
cultural do que aquele que o audiovisual dispensa. Nesse meio, observa-se<<strong>br</strong> />
freqüentemente um certo <strong>de</strong>sinteresse pelas ativida<strong>de</strong>s escolares das crianças, mais por<<strong>br</strong> />
ignorância ou fadiga do que por franca hostilida<strong>de</strong>. Os pais raramente assistem às<<strong>br</strong> />
reuniões <strong>de</strong> pais e mestres e, ainda menos, às reuniões <strong>de</strong> pais <strong>de</strong> alunos. Todo um<<strong>br</strong> />
trabalho <strong>de</strong> informação e <strong>de</strong> incitação à participação <strong>de</strong>ve, ainda, ser feito. Nesse meio, a<<strong>br</strong> />
expressão lingüística é muitas vezes po<strong>br</strong>e. Em algumas famílias <strong>de</strong> imigrantes, acontece<<strong>br</strong> />
das crianças ouvirem seus pais falarem entre si uma língua que elas não compreen<strong>de</strong>m,<<strong>br</strong> />
e, quando esses pais se dirigem a elas, quase não se fazem enten<strong>de</strong>r.<<strong>br</strong> />
Elas não po<strong>de</strong>rão contar senão com as estruturas escolares para se<<strong>br</strong> />
familiarizarem com uma língua correta. Ora, essa língua aparecerá, no início, como língua<<strong>br</strong> />
escrita. Isso não acontece sem provocar questionamentos. Nesse contexto, a criança que<<strong>br</strong> />
chega ao primário, se não freqüentou ou se freqüentou pouco a pré-escola, estará em<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>svantagem. O não-domÍnio da linguagem corrente, o retardo adquirido na soma <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
conhecimentos que uma criança armazena em suas trocas com o meio estimulante<<strong>br</strong> />
e a falta <strong>de</strong> treinamento com as operações <strong>de</strong> abstração e <strong>de</strong> julgamento vão levar,<<strong>br</strong> />
no início, a dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> da leitura e da escrita. Isso po<strong>de</strong>ria ser<<strong>br</strong> />
apenas um simples atraso, uma <strong>de</strong>fasagem em relação a outras crianças mais<<strong>br</strong> />
favorecidas no início. Será mais grave se a exigência escolar for tanta que ultrapasse <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
longe as capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> imediata da criança. Um sentimento <strong>de</strong> fracasso<<strong>br</strong> />
aparece então. Descrevemos a pressão exercida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiro ano do curso primário<<strong>br</strong> />
para a aquisição uniforme dos conhecimentos. A posição <strong>de</strong> fracasso que a criança<<strong>br</strong> />
ressente, caso perdure, inicia um processo <strong>de</strong> exclusão, <strong>de</strong> rejeição. Aquele "que<<strong>br</strong> />
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não acompanha" é, muitas vezes, abandonado à sua sorte. Antigamente, ele era relegado<<strong>br</strong> />
ao fundo da classe: Não é preciso que a classe "avance", que o programa seja<<strong>br</strong> />
respeitado, que todas as crianças saibam ler após 6 meses <strong>de</strong> aula? Embora não se fale<<strong>br</strong> />
mais em aluno "vadio" nem "chapéu <strong>de</strong> burro", a cruelda<strong>de</strong> das crianças continua a<<strong>br</strong> />
mesma: "Você é débil", "Você é uma nulida<strong>de</strong>" são as frases que se ouvem atualmente.<<strong>br</strong> />
Se a isso se acrescentam as críticas seguidamente exasperadas dos ensinantes, que se<<strong>br</strong> />
sentem impotentes diante da criança, então é um sentimento <strong>de</strong> vergonha que a arrasa.<<strong>br</strong> />
Ora, nada é pior do que a vergonha para um ser que ainda não possui os meios<<strong>br</strong> />
para se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r.<<strong>br</strong> />
Toda uma literatura relata os efeitos <strong>de</strong>vastadores do <strong>de</strong>sprezo, da humilhação<<strong>br</strong> />
e da vergonha que sente a criança. Sentir-se diferente dos outros, ser po<strong>br</strong>e, feio ou<<strong>br</strong> />
burro... é melhor ser malvado... No fim <strong>de</strong>sse caminho, está a revolta.<<strong>br</strong> />
Imaginamos uma conjuntura sociocultural com um mau início. Po<strong>de</strong>ríamos ter<<strong>br</strong> />
lem<strong>br</strong>ado outras causas circunstanciais. Certas crianças <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>iam os mesmos<<strong>br</strong> />
estados <strong>de</strong> si<strong>de</strong>ração (aniquilamento repentino), com inibição massiva, porque têm medo da<<strong>br</strong> />
professora. Uma criança me dizia: "Ela tem cabelos vermelhos como um leão!"; uma outra<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong> apresentar um estado regressivo imediatamente após um evento traumatizante: o<<strong>br</strong> />
nascimento <strong>de</strong> um irmãozinho, hospitalização, divórcio dos pais, doença da mãe ou morte<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> um parente próximo. Po<strong>de</strong>ria ser também uma <strong>de</strong>ficiência sensorial não-<strong>de</strong>tectada: má<<strong>br</strong> />
visão, audição <strong>de</strong>feituosa, etc.<<strong>br</strong> />
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O QUE VAI ACONTECER DEPOIS DESSAS PRIMEIRAS DIFICULDADES? PRIMEIRA<<strong>br</strong> />
HIPÓTESE: A CRIANÇA NÃO FICA PASSIVA<<strong>br</strong> />
Diante <strong>de</strong>ssa situação <strong>de</strong> malogro e <strong>de</strong> exclusão, ela reage por meio <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
distúrbios do comportamento. Para compensar seu fracasso, ela procura se fazer notar<<strong>br</strong> />
por outros meios que não os escolares: banca o palhaço em aula, por exemplo, para fazer<<strong>br</strong> />
rir; ela po<strong>de</strong> também multiplicar as "besteiras" para impô-las a seus colegas e recuperar<<strong>br</strong> />
um certo prestígio junto a eles. A con<strong>de</strong>nação da qual ela será objeto reforçará nela o<<strong>br</strong> />
sentimento <strong>de</strong> injustiça (é assim que a criança o verbaliza) e agravará a passagem a atos<<strong>br</strong> />
mais ou menos <strong>de</strong>lituosos. As condutas <strong>de</strong>sviantes, se se perpetuarem, acentuam a<<strong>br</strong> />
rejeição. Da rejeição escolar, com a revolta que se segue a ela, chega-se à rejeição social<<strong>br</strong> />
com as atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> marginalização e <strong>de</strong> <strong>de</strong>linqüência. O jovem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> agora se fez uma<<strong>br</strong> />
"reputação", alguma coisa da qual lhe será muito difícil sair foi fixada.<<strong>br</strong> />
SEGUNDA HIPÓTESE: A CRIANÇA ACEITA SEU FRACASSO<<strong>br</strong> />
Esse sofrimento, ela o faz seu, torna-se "o mau aluno", e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> agora se<<strong>br</strong> />
i<strong>de</strong>ntifica com isso. Ela se instala numa posição passiva masoquista. Será rotulada como<<strong>br</strong> />
débil, e essa "<strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>", que não era senão um mau engajamento no início, colar-se-á<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> agora à pele. São essas crianças que "ficam jogadas" na re<strong>edu</strong>cação em classes<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> recuperação num estado <strong>de</strong> indiferença e <strong>de</strong> imobilismo. Esse estado <strong>de</strong> passivida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
que perdura se toma uma segunda natureza, a criança se habitua a ele, <strong>de</strong>pois se<<strong>br</strong> />
satisfaz com ele e, por fim, lhe será difícil sair <strong>de</strong>le.<<strong>br</strong> />
TERCEIRA HIPÓTESE: TUDO SE ACOMODA, SEJAMOS DECIDIDAMENTE<<strong>br</strong> />
OTIMISTAS<<strong>br</strong> />
O sistema escolar apresenta mais flexibilida<strong>de</strong>: os julgamentos <strong>de</strong> valor são<<strong>br</strong> />
relativizados. A noção <strong>de</strong> fracasso não está mais ligada ao tempo, pois o tempo não é<<strong>br</strong> />
mais marcado pelas fatídicas barreiras a vencer (leitura, escrita, etc.). Os programas não<<strong>br</strong> />
são mais administrados <strong>de</strong> forma obsessiva. Ao invés do "po<strong>de</strong> fazer melhor", chavão<<strong>br</strong> />
o<strong>br</strong>igatório do boletim escolar, o <strong>de</strong>staque é dado as realizações do sujeito. Substituiu-se<<strong>br</strong> />
o temor do malogro pelos encorajamentos para os esforços e os progressos alcançados.<<strong>br</strong> />
Ainda há nessas turmas um pouco <strong>de</strong>sta alegria ligada às aprendizagens lúdicas que a<<strong>br</strong> />
criança conhecia na pré-escola. Se pais e professores são menos angustiados, a criança<<strong>br</strong> />
é mais disponível em seu novo papel <strong>de</strong> estudante. Algumas escolas rurais com classe<<strong>br</strong> />
única não conhecem o fracasso escolar. Como não há uma separação bem marcada <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
uma série a outra, cada um po<strong>de</strong> andar no seu ritmo com o tempo que lhe for necessário.<<strong>br</strong> />
Mais liberda<strong>de</strong> na <strong>aprendizagem</strong> e menos pressão favorecem a integração da criança ao<<strong>br</strong> />
sistema.<<strong>br</strong> />
A REAÇÃO DOS PAIS AO FRACASSO DE SEU FILHO<<strong>br</strong> />
Nessas três hipóteses simplificadas ao extremo, não falamos das reações<<strong>br</strong> />
familiares às primeiras dificulda<strong>de</strong>s na escola. Ora, essas reações são <strong>de</strong>terminantes<<strong>br</strong> />
quanto à evolução do distúrbio. Através <strong>de</strong>la é que avaliaremos a intricação dos<<strong>br</strong> />
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<strong>de</strong>terminismos e sua interação. Vamos <strong>de</strong>screver alguns tipos <strong>de</strong> comportamentos dos<<strong>br</strong> />
pais, lem<strong>br</strong>ando-nos que eles são apenas a tradução da problemática inconsciente da<<strong>br</strong> />
relação pais-filhos.<<strong>br</strong> />
DESAPROVAÇÃO<<strong>br</strong> />
Quando os pais manifestam sua <strong>de</strong>cepção, sua <strong>de</strong>saprovação, sua própria<<strong>br</strong> />
cólera em vista dos maus resultados na escola, a criança po<strong>de</strong> ver nessa con<strong>de</strong>nação<<strong>br</strong> />
uma retirada <strong>de</strong> amor.<<strong>br</strong> />
Desenca<strong>de</strong>ia-se, então, uma outra forma <strong>de</strong> engrenagem diferente da que foi<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>scrita antes; instala-se, então, um estado <strong>de</strong>pressivo cujas manifestações são<<strong>br</strong> />
freqüentemente somáticas. A criança fica doente, tem não apenas um mal <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
estômago <strong>de</strong> domingo à noite, mas sim "verda<strong>de</strong>iras" doenças, como otites,<<strong>br</strong> />
anginas repetidas, distúrbios intestinais, distúrbios do sono, etc. "Meu filho pega<<strong>br</strong> />
tudo que passa", dizem as mães. Provocando, assim, a inquietu<strong>de</strong> dos pais, a<<strong>br</strong> />
criança se assegura do amor <strong>de</strong>les. O estado regressivo leva à doença, e o<<strong>br</strong> />
absenteísmo escolar que se segue só faz agravar o atraso adquirido. Quando a criança<<strong>br</strong> />
retoma às aulas, as dificulda<strong>de</strong>s são redo<strong>br</strong>adas, ela se sente como um estranho entre<<strong>br</strong> />
seus colegas, ignorando o que aconteceu em sua ausência, o que reforça seu sentimento<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> exclusão.<<strong>br</strong> />
INDIFERENÇA<<strong>br</strong> />
Ao contrário, quando os pais não se preocupam <strong>de</strong> forma alguma, quando seu<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sinteresse pelos resultados <strong>de</strong> seus filhos na escola é manifesto, a criança po<strong>de</strong> sentir<<strong>br</strong> />
isso como uma falta <strong>de</strong> amor. Trata-se, às vezes, <strong>de</strong> pais separados que preferem ignorar<<strong>br</strong> />
o que se passa em aula. Eles empurram um para o outro o cuidado <strong>de</strong> vigiar os <strong>de</strong>veres<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> casa e <strong>de</strong> assinar o boletim, pois cada um <strong>de</strong>seja continuar sendo o genitor gentil, que<<strong>br</strong> />
não se zanga jamais. Eles têm medo <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r o amor <strong>de</strong> seu filho sendo severos e<<strong>br</strong> />
exigentes em relação ao trabalho escolar. Essa indulgência tão gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong> empurrar<<strong>br</strong> />
a criança a multiplicar os fracassos para provocar a reação dos pais. Muitas vezes,<<strong>br</strong> />
um simples ajuste permite pôr fim a esse mal-entendido.<<strong>br</strong> />
A ausência <strong>de</strong> interesse pelos resultados escolares, bons ou maus, po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
também estar ligada ao mo<strong>de</strong>lo cultural dos pais. Assim como mostramos anteriormente,<<strong>br</strong> />
a ausência <strong>de</strong> investimento intelectual e <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> sucesso para seu filho po<strong>de</strong>m ser<<strong>br</strong> />
oriundas <strong>de</strong> uma má apreensão das exigências sociais do meio, <strong>de</strong> uma má informação<<strong>br</strong> />
das famílias que se <strong>de</strong>batem em dificulda<strong>de</strong>s materiais. A criança, então, não é <strong>de</strong> forma<<strong>br</strong> />
alguma perturbada nem culpabilizada por sua situação <strong>de</strong> fracasso escolar. Ao contrário,<<strong>br</strong> />
essa representa para a criança uma espécie <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação, <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> com seu<<strong>br</strong> />
meio <strong>de</strong> origem, a marca <strong>de</strong> sua própria inserção nele. Ela po<strong>de</strong>, aliás, reivindicar esse<<strong>br</strong> />
fracasso e fazer <strong>de</strong>le o estandarte <strong>de</strong> sua revolta e <strong>de</strong> suas reivindicações contra<<strong>br</strong> />
uma socieda<strong>de</strong> que ela acusa <strong>de</strong> incompreensão e <strong>de</strong> rejeição.<<strong>br</strong> />
Os analistas, sabemos que os pais, embora se censurem veementemente,<<strong>br</strong> />
toleram mal o fato <strong>de</strong> serem "ultrapassados" pelos próprios filhos. Essa ambivalência tem<<strong>br</strong> />
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a ver com um complexo <strong>de</strong> castração mal-resolvido. Ora, essa situação se torna ainda<<strong>br</strong> />
mais intolerável quando a evolução dos filhos se faz em uma cultura que difere<<strong>br</strong> />
radicalmente daquela do país <strong>de</strong> origem dos pais. A clivagem (fragmentação) entre as<<strong>br</strong> />
gerações é mais forte na medida em que os mo<strong>de</strong>los culturais divergem, e essa<<strong>br</strong> />
discordância causa mal-entendidos, conflitos, <strong>de</strong>sespero: primeiro, nos pais, que têm o<<strong>br</strong> />
sentimento <strong>de</strong> que a socieda<strong>de</strong> que os acolhe lhes rouba os filhos; <strong>de</strong>pois, nas crianças,<<strong>br</strong> />
que, tentando se adaptar ao mo<strong>de</strong>lo cultural ambiente, acreditam estar traindo seus pais.<<strong>br</strong> />
OS REMÉDIOS PROPOSTOS<<strong>br</strong> />
Vimos quanto o fracasso afetava o sujeito em sua totalida<strong>de</strong>. Primeiro, em seu<<strong>br</strong> />
íntimo, quando, em <strong>de</strong>sacordo consigo mesmo, não po<strong>de</strong> realizar suas aspirações e<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>pois, quando gostaria <strong>de</strong> ser bem-sucedido e é impedido por forças que avalia mal e<<strong>br</strong> />
não controla. A criança com fracasso escolar nos diz: " Não é minha culpa, eu faço o que<<strong>br</strong> />
posso". A queixa do obsessivo que lava as mãos trinta vezes ao dia é sensivelmente a<<strong>br</strong> />
mesma: " É mais forte que eu, não posso evitar". Reconhecemos aí o sujeito dividido por<<strong>br</strong> />
forças inconscientes que agem sem seu conhecimento.<<strong>br</strong> />
A esse sofrimento do conflito inconsciente vem juntar-se, no caso do fracasso,<<strong>br</strong> />
uma dimensão específica que não se encontra nas outras estruturas neuróticas e que é a<<strong>br</strong> />
ferida narcísica <strong>de</strong> um ser <strong>de</strong>preciado a seus próprios olhos e aos olhos dos outros.<<strong>br</strong> />
Neuróticos obsessivos, histéricos ou paranóicos po<strong>de</strong>m fazer carreiras <strong>br</strong>ilhantes e nem<<strong>br</strong> />
sempre falham em sua vida pública e privada.<<strong>br</strong> />
Já o fato <strong>de</strong> a posição <strong>de</strong> fracasso afetar o sujeito em duas áreas tão diferentes<<strong>br</strong> />
quanto a intimida<strong>de</strong> e a representação social <strong>de</strong>ixa entrever a complexida<strong>de</strong> do problema<<strong>br</strong> />
e a diversida<strong>de</strong> dos remédios propostos. As medidas previstas serão, essencialmente,<<strong>br</strong> />
exteriores ao sujeito, pois o componente neurótico íntimo do fracasso escolar é<<strong>br</strong> />
geralmente ignorado ou <strong>de</strong>negado.<<strong>br</strong> />
MEDIDAS TOMADAS PELO ESTADO E A EDUCAÇÃO NACIONAL<<strong>br</strong> />
O governo que edita as leis em matéria <strong>de</strong> <strong>edu</strong>cação trabalha para fazer baixar<<strong>br</strong> />
a porcentagem <strong>de</strong> fracassos escolares e tomar a si o encargo daqueles que foram<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ixados por conta do sistema. A Educação Nacional, em acordo ou <strong>de</strong>sacordo com a<<strong>br</strong> />
orientação do po<strong>de</strong>r político, multiplica as iniciativas afim <strong>de</strong> remediar esse flagelo.<<strong>br</strong> />
A PEDAGOGIA<<strong>br</strong> />
Eis a gran<strong>de</strong> pergunta que continua a ser feita: Como <strong>edu</strong>car, como ensinar?<<strong>br</strong> />
Medite so<strong>br</strong>e os gran<strong>de</strong>s vultos que marcaram esse percurso. Platão (A República, VII,<<strong>br</strong> />
537) já nos dizia que, para apren<strong>de</strong>r, o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong>veria ser livre? "Num homem livre não<<strong>br</strong> />
há, absolutamente, objeto <strong>de</strong> estudo cujo estudo <strong>de</strong>va ser acompanhado por um<<strong>br</strong> />
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comportamento servil. Se, <strong>de</strong> fato, para o corpo os trabalhos impostos pela força não têm<<strong>br</strong> />
nenhum efeito aflitivo, na alma, ao contrário, nenhum estudo forçado se estabelece<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>forma permanente [...] guarda-te bem [...] <strong>de</strong> dar, através da força, às crianças, o<<strong>br</strong> />
alimento dos estudos, mas que isso aconteça misturando-te aos seus jogos, a fim <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
seres ainda mais capaz <strong>de</strong> perceber quais são as inclinações naturais <strong>de</strong> cada um."<<strong>br</strong> />
Po<strong>de</strong>ríamos prosseguir com Rousseau em seu Émile e muitos outros igualmente<<strong>br</strong> />
famosos. Os conceitos mo<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> <strong>edu</strong>cação produzem uma literatura abundante, as<<strong>br</strong> />
estantes com a etiqueta "pedagogia" das gran<strong>de</strong>s editoras estão repletas, alguns filmes<<strong>br</strong> />
recentes reavivam a emoção do público com uma visão i<strong>de</strong>alizada da adolescência e do<<strong>br</strong> />
ensino. Diretores <strong>de</strong> escolas técnicas reconvertidos ao ensino fazem best-sellers<<strong>br</strong> />
relatando suas experiências e reflexões so<strong>br</strong>e esse assunto. Traduziremos a pergunta<<strong>br</strong> />
habitual por esta outra: Como usar <strong>de</strong> s<strong>edu</strong>ção sem per<strong>de</strong>r autorida<strong>de</strong>?<<strong>br</strong> />
As iniciativas pedagógicas vão da formação dos mestres ("Como apren<strong>de</strong>r a<<strong>br</strong> />
ensinar?") à utilização <strong>de</strong> protocolos que discutimos, que experimentamos e cuja eficácia<<strong>br</strong> />
nos louva em relação ao prece<strong>de</strong>nte. Nada é adquirido nesse campo, não tenhamos<<strong>br</strong> />
ilusão. Aos dois ofícios "impossíveis", "<strong>edu</strong>car e governar", <strong>de</strong>scritos por Kant, Freud<<strong>br</strong> />
acrescenta um terceiro: "psicanalisar". Não estamos, portanto, no fim <strong>de</strong> nossas penas!<<strong>br</strong> />
A HORA DO BALANÇO<<strong>br</strong> />
Quando as medidas pedagógicas fracassam, é feita a pergunta fatídica: Será<<strong>br</strong> />
que é psicológico? Entramos, então, na área dos mal-entendidos. Isso significa na<<strong>br</strong> />
linguagem comum: " A criança talvez tenha problemas, é na sua cabeça que algo está<<strong>br</strong> />
ocorrendo, ela faz um bloqueio...", o que po<strong>de</strong>ria se resumir em: Por que ela não po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
apren<strong>de</strong>r?<<strong>br</strong> />
A "má vonta<strong>de</strong>" não raro é lem<strong>br</strong>ada, isto é, a recusa <strong>de</strong>liberada <strong>de</strong> trabalhar.<<strong>br</strong> />
Os pais são particularmente receptivos a esse tipo <strong>de</strong> explicação, que libera sua<<strong>br</strong> />
agressivida<strong>de</strong>. Isso correspon<strong>de</strong> ao "po<strong>de</strong> melhorar" do boletim, que subenten<strong>de</strong>: "Ela<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong>ria se quisesse". A escola <strong>de</strong> Jules Ferry, não se embaraçava com essas sutilezas:<<strong>br</strong> />
se o aluno se recusava a apren<strong>de</strong>r, era preguiçoso ou não tinha condições. Débil ou<<strong>br</strong> />
vagabundo, era preciso enfrentar a situação, e o professor tentava tirar <strong>de</strong>le o máximo e<<strong>br</strong> />
explorar todas as suas capacida<strong>de</strong>s até o momento em que ele <strong>de</strong>ixaria a escola, o mais<<strong>br</strong> />
tardar, aos 12 anos.<<strong>br</strong> />
Hoje, os ensinantes exigem ser informados so<strong>br</strong>e a natureza do "ele não po<strong>de</strong>",<<strong>br</strong> />
questionam a insuficiência <strong>de</strong> meios intelectuais, digamos a palavra, <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
constitucional. Observo que essa diligência é o oposto daquela que expusemos até aqui,<<strong>br</strong> />
a saber, a impotência por inibição. Que diligências o ensinante vai empreen<strong>de</strong>r para saber<<strong>br</strong> />
se seu aluno é "débil"? A resposta é: mandando-o fazer um exame psicológico. Julga-se<<strong>br</strong> />
que os testes <strong>de</strong> nível me<strong>de</strong>m a inteligência, pois que eles se exprimem em termos <strong>de</strong> QI<<strong>br</strong> />
(Quociente <strong>de</strong> Inteligência). Ora, trata-se <strong>de</strong> um erro grosseiro, porque eles me<strong>de</strong>m<<strong>br</strong> />
somente o nível <strong>de</strong> performance relacionado às aquisições escolares da média das<<strong>br</strong> />
crianças da mesma ida<strong>de</strong> (diz-se, também, ida<strong>de</strong> mental). A pseudocientificida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas<<strong>br</strong> />
provas s<strong>edu</strong>z os espíritos cartesianos, mas leva a aberrações quanto às orientações que<<strong>br</strong> />
resultam <strong>de</strong>las.<<strong>br</strong> />
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Quando um mau aluno tem um QI normal, se ele não tem distúrbio<<strong>br</strong> />
"psicológico" associado, distúrbios <strong>de</strong> comportamento, <strong>de</strong> adaptação, etc., após consulta<<strong>br</strong> />
com a psicóloga escolar, ele geralmente será orientado para uma ajuda pedagógica ou<<strong>br</strong> />
uma re<strong>edu</strong>cação psicomotriz, ortofônica ou outra.<<strong>br</strong> />
Se o mau aluno tem um QI normal, mas tem distúrbios evi<strong>de</strong>ntes da<<strong>br</strong> />
personalida<strong>de</strong>, ele será encaminhado a uma consulta especializada do tipo CMP (centro<<strong>br</strong> />
médico-pedagógico) ou CMPP (centro médico- psicopedagógico). Aí, lhe será proposta ou<<strong>br</strong> />
uma re<strong>edu</strong>cação ou uma psicoterapia.<<strong>br</strong> />
Nesses dois últimos casos, será lem<strong>br</strong>ada uma PDI, pseudo<strong>de</strong>bilida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
intelectual, conceito contestável que faz pensar que haveria duas formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência<<strong>br</strong> />
intelectual: uma verda<strong>de</strong>ira, constitucional, <strong>de</strong> nascença po<strong>de</strong>r-se-ia dizer, e uma falsa, da<<strong>br</strong> />
qual não se sabe muito. Existem autores que a inscrevem no quadro mais geral das<<strong>br</strong> />
"<strong>de</strong>sarmonias evolutivas".<<strong>br</strong> />
Por fim, se o aluno tem um QI baixo, ele será orientado <strong>de</strong> preferência para<<strong>br</strong> />
uma estrutura mais marginalizada do tipo classe <strong>de</strong> adaptação ou <strong>de</strong> transição. É uma<<strong>br</strong> />
engrenagem da qual a criança dificilmente po<strong>de</strong> sair, embora o diagnóstico <strong>de</strong> <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
dado a partir dos inevitáveis testes <strong>de</strong> nível <strong>de</strong> inteligência seja discutível. Por múltiplas<<strong>br</strong> />
razões o QI é suscetível <strong>de</strong> evoluir no tempo e não representa, em nenhum caso, um<<strong>br</strong> />
componente <strong>de</strong>finitivo do sujeito.<<strong>br</strong> />
Quando, na pré-escola, uma criança apresenta distúrbios do comportamento<<strong>br</strong> />
como, por exemplo, isolamento, agressivida<strong>de</strong>, agitação ou um atraso na aquisição da<<strong>br</strong> />
linguagem, a conduta é informar isso aos pais para que eles consultem um "psi". Utilizarei<<strong>br</strong> />
o termo genérico "psi", que po<strong>de</strong> <strong>de</strong>signar o pedopsiquiatra, o psicólogo, o psicanalista ou<<strong>br</strong> />
qualquer outro que se diz psicoterapeuta, esperando explicitar o conteúdo e precisar as<<strong>br</strong> />
diferenças entre essas especialida<strong>de</strong>s.<<strong>br</strong> />
Quando as dificulda<strong>de</strong>s escolares aparecem, na maioria dos casos o<<strong>br</strong> />
diagnóstico dado é o <strong>de</strong> distúrbio instrumental: dislexia, distúrbio da linguagem, etc., e a<<strong>br</strong> />
criança é encaminhada, <strong>de</strong> alguma forma, a um técnico da re<strong>edu</strong>cação. É raro que <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
início seja caso <strong>de</strong> psicoterapia. A palavra ainda dá medo. Os professores apresentam<<strong>br</strong> />
resistência em abordar as dificulda<strong>de</strong>s psicológicas <strong>de</strong> seus alunos e em aconselhar<<strong>br</strong> />
diretamente aos pais que consultem um "psi". Tentemos, agora, analisar as reticências<<strong>br</strong> />
dos ensinantes.<<strong>br</strong> />
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7. CONCLUSÃO<<strong>br</strong> />
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Para alcançarmos o <strong>de</strong>si<strong>de</strong>rato proposto nesta apostila, nos inspiramos na<<strong>br</strong> />
Universida<strong>de</strong> Holística Internacional <strong>de</strong> Brasília, situada na Cida<strong>de</strong> da Paz, em Brasília,<<strong>br</strong> />
Distrito Fe<strong>de</strong>ral, cujos princípios ou caminhos <strong>de</strong>screvemos:<<strong>br</strong> />
1. A Universida<strong>de</strong> Holística Internacional - UNHI, antes <strong>de</strong> qualquer <strong>de</strong>finição<<strong>br</strong> />
particular, <strong>de</strong>seja formar uma gran<strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> e cooperação entre os<<strong>br</strong> />
diferentes centros e universida<strong>de</strong>s do mundo, inspirados pela perspectiva holística.<<strong>br</strong> />
2. Na origem <strong>de</strong>ste movimento, reconhecemos como fundamental o<<strong>br</strong> />
paradigma holístico. Este paradigma consi<strong>de</strong>ra cada elemento <strong>de</strong> um campo como um<<strong>br</strong> />
evento refletindo e contendo todas as dimensões do campo (cf. a metáfora do<<strong>br</strong> />
holograma). E uma visão na qual o todo e cada uma das suas sinergias estão<<strong>br</strong> />
estreitamente ligadas em interações constantes e paradoxais.<<strong>br</strong> />
entre:<<strong>br</strong> />
3. A Universida<strong>de</strong> Holística Internacional preten<strong>de</strong> explorar a sincronicida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
• A emergência <strong>de</strong>ste novo paradigma das ciências físicas, biológicas e humanas.<<strong>br</strong> />
• A visão <strong>de</strong> sabedoria do Oriente e do Oci<strong>de</strong>nte.<<strong>br</strong> />
• A receptivida<strong>de</strong> e o <strong>de</strong>spertar crescente <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> contemporâneos.<<strong>br</strong> />
4. A abordagem holística se manifesta pelas seguintes características:<<strong>br</strong> />
- Ao mesmo tempo que reconhece a seu nível relativo, ela integra e ultrapassa as<<strong>br</strong> />
diversas formas <strong>de</strong> dualida<strong>de</strong> e dialética.<<strong>br</strong> />
- Ela estimula essa integração e transcendência não somente pelo seu apoio à<<strong>br</strong> />
pesquisa racional e experimental, mas também pela abordagem das vias tradicionais,<<strong>br</strong> />
intuitivas e experiências <strong>de</strong> acesso direto a um nível transpessoal da realida<strong>de</strong>, evitando<<strong>br</strong> />
extrapolações prematuras.<<strong>br</strong> />
- Ela reconhece que a alegria e a felicida<strong>de</strong> que visa todo ser encontra-se na<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> sua verda<strong>de</strong>ira natureza e na expressão constante da sabedoria, do amor,<<strong>br</strong> />
do respeito <strong>de</strong> si mesmo e <strong>de</strong> todos os seres.<<strong>br</strong> />
- Estimular e financiar projetos <strong>de</strong> pesquisas sob a perspectiva holística e so<strong>br</strong>e os<<strong>br</strong> />
novos métodos <strong>de</strong> abordagem holística (Arte, Filosofia, Ciências etc. ...).<<strong>br</strong> />
5. Consciente dos perigos da globalização e da fragmentação (Totalitarismo e<<strong>br</strong> />
R<strong>edu</strong>cionismo), a UNHI preten<strong>de</strong> combinar rigor necessário à análise do particular e<<strong>br</strong> />
abertura necessária à intuição da inter-relação inerente a todas as coisas.<<strong>br</strong> />
6. A UNHI, consciente dos perigos do sectarismo e da i<strong>de</strong>ologia, <strong>de</strong>seja<<strong>br</strong> />
permanecer livre <strong>de</strong> todas as formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência, quaisquer sejam elas, <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<<strong>br</strong> />
política, doutrinária ou religiosa.”<<strong>br</strong> />
Embora bastante a<strong>br</strong>angente a metodologia da Universida<strong>de</strong> Holística<<strong>br</strong> />
Internacional <strong>de</strong> Brasília, apresentamo-la apenas como mo<strong>de</strong>lo metodológico que<<strong>br</strong> />
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adaptaremos à nossa realida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stacando nela, so<strong>br</strong>etudo, a abordagem holística,<<strong>br</strong> />
principalmente nos aspectos da interdisciplinarida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong>, em nossas salas <strong>de</strong> aula,<<strong>br</strong> />
possamos com a matemática, a língua portuguesa, as ciências, as artes, a história e a<<strong>br</strong> />
geografia, <strong>de</strong>monstrarmos a não fragmentação do saber para o início <strong>de</strong> uma formação<<strong>br</strong> />
que se propõe autônoma, crítica, criativa, responsável, inclu<strong>de</strong>nte, portanto, cidadã.<<strong>br</strong> />
Dessa forma, como está no início da metodologia da UNHI, antes <strong>de</strong> qualquer<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>finição particular, <strong>de</strong>sejamos iniciar uma gran<strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> e cooperação<<strong>br</strong> />
entre os nossos alunos, nossos colegas professores, nossas coor<strong>de</strong>nadoras pedagógicas,<<strong>br</strong> />
nossos diretores, nossos funcionários, ou seja, a comunida<strong>de</strong> escolar como um todo,<<strong>br</strong> />
inspirados pela perspectiva holística.<<strong>br</strong> />
Esperamos <strong>de</strong>ixar um bom estímulo para que o trabalho prossiga com, pelo<<strong>br</strong> />
menos, esta visão: formação <strong>de</strong> profissionais críticos, criativos, cuidadosos, autônomos,<<strong>br</strong> />
capazes <strong>de</strong> interferir na socieda<strong>de</strong>, a partir da intervenção que façam em suas próprias<<strong>br</strong> />
atitu<strong>de</strong>s e procedimentos.<<strong>br</strong> />
Desejo saú<strong>de</strong>, paz e prosperida<strong>de</strong> a você caríssimo aluno.<<strong>br</strong> />
Conte conosco.<<strong>br</strong> />
Amorosamente,<<strong>br</strong> />
Professor Albérico Cony Cavalcanti<<strong>br</strong> />
Av. Ga<strong>br</strong>iel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000<<strong>br</strong> />
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