20.04.2013 Views

Imagens e Simbolos - Luiz Fernando

Imagens e Simbolos - Luiz Fernando

Imagens e Simbolos - Luiz Fernando

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

coincide com o aparecimento da Ásia no horizonte da história;<br />

aparecimento que, catalizado pela revolução de Sun Yat Sen se tem visto<br />

a afirmar sobretudo nos últimos anos; sincronicamente, grupos étnicos<br />

que não tinham, até agora, participado na Grande História senão<br />

fugazmente e por alusões (como os Oceanianos, os Africanos, etc.)<br />

preparam-se por sua vez para entrar nas grandes correntes da história<br />

contemporânea, e sentem-se já impacientes por fazê-la. Não que exista<br />

qualquer relação causal entre o aparecimento do mundo «exótico» ou<br />

«arcaico» no horizonte da história, e o renovo de favor verificado na<br />

Europa, em relação ao conhecimento simbólico. Mas acontece que este<br />

sincronismo foi particularmente feliz; estranha-se o fato de a Europa<br />

positivista e materialista do século XIX ter conseguido sustentar o diálogo<br />

espiritual com culturas «exóticas» quando estas, sem excepção, se<br />

pretendem seguidoras de vias de pensamento que não o empirismo ou o<br />

positivismo. Aí está pelo menos uma razão para esperar que a Europa não<br />

fique paralisada perante as imagens e os símbolos que, no mundo exótico,<br />

ocupam o lugar dos nossos conceitos ou os veiculam e os prolongam. É<br />

extraordinário como de toda a espiritualidade europeia duas mensagens<br />

apenas interessem realmente aos mundos extra-europeus: o cristianismo<br />

e o comunismo. Ambos, de maneira diversa, é certo, e em planos<br />

nitidamente opostos, são soteriologias, doutrinas da salvação e portanto<br />

misturam «símbolos» e «mitos» a uma escala que não tem semelhante<br />

senão na humanidade extra-europeia 1 .<br />

Uma feliz conjunção temporal fez, diziamos, com que a Europa<br />

Ocidental redescobrisse o valor cognitivo do símbolo numa altura em que<br />

já não está sózinha a «fazer história», em que a cultura europeia, a não<br />

ser que se feche num provincianismo esterilizante, é obrigada a contar<br />

com outras vias de conhecimento, com outras escalas de valores que não<br />

1 Simplificamos o mais possível porque se trata de um aspeto das coisas que nos é<br />

impossível abordar aqui. No que respeita a mitos e símbolos soteriológicos<br />

comunistas, é evidente que, feitas todas as reservas acerca da elite marxista<br />

dirigente e sua ideologia, as massas simpatizantes são estimuladas c chicoteadas<br />

por slogans tais como: libertação, paz, ultrapassagem dos conflitos sociais,<br />

abolição do Estado explorador e das classes privilegiadas, etc., slogans estes cuja<br />

estrutura e função mítica já não precisam de ser demonstradas.<br />

11

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!