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Imagens e Simbolos - Luiz Fernando

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Filosoficamente, estes problemas da «origem» e da «verdadeira<br />

tradução» das <strong>Imagens</strong> são desprovidos de objeto. Bastará recordar que a<br />

atracção materna, interpretada no plano imediato e «concreto» — como<br />

o desejo de possuir a sua própria mãe — não quer dizer mais do que<br />

aquilo que diz; pelo contrário, se se considerar que se trata da Imagem da<br />

Mãe, este desejo quer dizer muitas coisas ao mesmo tempo, urna vez que<br />

ele representa o desejo de reintegrar a beatitude da Matéria viva ainda<br />

não «formada», com todas as suas clivagens possíveis, cosmológica,<br />

antropológica, etc., a atracção exercida sobre o «Espírito» pela «Matéria»,<br />

a nostalgia da unidade primordial e portanto, o desejo de abolir os<br />

opostos, as polaridades, etc. Ora como se disse e como as páginas<br />

seguintes o mostrarão, as <strong>Imagens</strong> são, pela sua própria estrutura,<br />

multivalentes. Se o espírito utiliza as <strong>Imagens</strong> para aprender a realidade<br />

última das coisas, é justamente porque esta realidade se manifesta de<br />

urna maneira contraditória e por conseguinte não poderia ser expressa<br />

por conceitos. (Sabe-se dos esforços desesperados das diversas teologias<br />

e metafísicas, tanto orientais como ocidentais, para exprimir<br />

conceitualmente a coincidentia oppositorum, modo de ser facilmente e,<br />

aliás, abundantemente, expresso por <strong>Imagens</strong> e símbolos). É pois a<br />

Imagem como tal, na qualidade de feiXe de significações, que é<br />

verdadeira, e não uma só das suas significações ou um só dos seus<br />

numerosos pontos de referência. Traduzir urna Imagem numa<br />

terminologia concreta, reduzindo-a a um só dos seus planos de referência,<br />

é pior elo que mutilá-la: é aniquilá-la, anulá-la como instrumento de<br />

conhecimento.<br />

Não ignoramos que, em certos casos, a psiqué fixa uma Imagem num<br />

só plano de referência: o plano «concreto»; mas é já a prova de um<br />

desequilíbrio psíquico. Existem, sem dúvida, casos em que a Imagem da<br />

Mãe não é outra coisa senão o desejo incestuoso da sua própria mãe; mas<br />

os psicólogos são unânimes em ver nesta interpretação carnal de um<br />

símbolo o sinal de urna crise psíquica. No próprio plano da dialética da<br />

Imagem, Ioda a redução exclusiva é aberrante. A história das religiões<br />

abunda em interpretações unilaterais e portanto aberrantes, dos<br />

símbolos. ,Não se encontraria um único grande símbolo religioso cuja<br />

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