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Imagens e Simbolos - Luiz Fernando

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eram dispostas mais para impedir a invasão dos espíritos maus do que o<br />

ataque dos humanos 3 . Mesmo muito mais tarde na história, na Idade<br />

Média, por exemplo, os muros das cidades eram consagrados ritualmente<br />

como uma defesa contra o Demónio, a doença e a morte. Além do mais, o<br />

simbolismo arcaico não encontra qualquer dificuldade em assimilar o<br />

inimigo humano ao Demónio ou à Morte. Afinal o resultado dos seus<br />

ataques, quer sejam demoníacos, quer militares, é sempre o mesmo: a<br />

ruína, a desintegração, a morte.<br />

Todo o microcosmos, toda a região habitada, tem aquilo a que<br />

poderia chamar-se um «Centro», isto é um lugar sagrado por excelência. É<br />

aí, nesse Centro, que o sagrado se manifesta de uma maneira total, quer<br />

sob a forma de hierofanias elementares — como entre os «primitivos» (os<br />

centros totémicos, por exemplo, as cavernas onde se enterram os<br />

tchuringas, etc.) — quer sob a forma mais evoluída das epifanias diretas<br />

dos deuses, como nas civilizações tradicionais. Mas não se deve encarar<br />

este simbolismo do Centro com as suas implicações geométricas do<br />

espírito científico ocidental. Para cada um destes microcosmos podem<br />

existir vários «centros». Como não tardaremos a ver, todas as civilizações<br />

orientais — Mesopotâmia, índia, China, etc. — conhecem um número<br />

ilimitado de «Centros». Melhor ainda: cada um destes «Centros» é<br />

considerado e mesmo designado literalmente por «Centro do Mundo».<br />

Como se trata de um espaço sagrado, que é dado por uma hierofania ou<br />

construído ritualmente, e não de um espaço profano, homogéneo,<br />

geométrico, a pluralidade dos «Centros da Terra» no interior de uma só<br />

região habitada não oferece qualquer dificuldade 4 . Estamos em presença<br />

de uma geografia sagrada e mítica, a única efetivamente real e não de<br />

uma geografia profana, «objetiva», de certo modo abstrata e não<br />

essencial, construção teórica de um espaço e de um mundo que não se<br />

habita e que portanto, não se conhece.<br />

Na geografia mítica, o espaço sagrado é o espaço real por excelência,<br />

3 Cf. W. J. Knight, Cumaean Gates (Oxford, 1936); Karl Kerényi, Labyrinth-Studien<br />

(Amsterdam-Leipzig, 1941, Albae Vigilae, Heft XV).<br />

4 Nosso Traité d'Histoire des Religions (Payot, Paris, 1949), pp. 315 sq.<br />

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