Imagens e Simbolos - Luiz Fernando
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nada é atingida por este deslocamento de valor. Nele se concentrou em<br />
todos os momentos a força, ele é força e substância; enfim, ele<br />
permanece constantemente solidário da «realidade», da vida e da<br />
fertilidade.<br />
O mito da pérola<br />
As imagens arquetípicas guardam intatas as suas valências<br />
metafísicas a despeito das eventuais valorizações «concretas»: o valor<br />
económico da pérola não anula de maneira alguma o seu simbolismo<br />
religioso; este é continuamente redescoberto, reintegrado, enriquecido.<br />
Recordemos, efetivamente, o papel considerável que a pérola<br />
desempenha na especulação iraniana, no cristianismo e na gnose. Uma<br />
tradição de origem oriental explica o nascimento da pérola como fruto do<br />
raio penetrando no mexilhão 84 : a pérola seria o resultado da união entre o<br />
Fogo e a Água. Santo Efrém utiliza este mito antigo para ilustrar tanto a<br />
Imaculada Conceição como o nascimento espiritual de Cristo no baptismo<br />
de fogo 85 .<br />
Por outro lado, Stig Wikander mostrou que a pérola era o símbolo<br />
iraniano por excelência do Salvador 86 . A identificação da Pérola com o<br />
«Salvador salvado» tornava possível um duplo simbolismo: a Pérola tanto<br />
podia representar Cristo como a alma humana. Orígenes retoma a<br />
identificação de Cristo com a pérola: é nisto seguido por inúmeros autores<br />
84 Cf. Pauly-Wissowa, s. v. Margaritai, col. 1692.<br />
85 H. Usener, Die Perle. Aus der Geschichte eines Bildes (nas Theologische<br />
Abhandlungen C. von Weizsacker... gewidmet, Freiburg i Breisgau, 1892, pp.<br />
201-213); Carl-Martin Edsman, Le Baptême de feu (Lcipzig-Uppsala, 1940), pp.<br />
190 sq.<br />
86 Resumo do livro de Edsman, Svensk Teologisk Kvartalskrift, vol. 17, 1945, pp.<br />
228-233: cf. Geo Windengren, Mesopotamian elements in manicheism (Uppsala,<br />
1946), p. 119; id., Der iranische Hintergrund der Gnosis (Zeitschrift für Religionsund<br />
Geistesgeschichte, IV, 1952, pp. 97-114), p. 113.