Imagens e Simbolos - Luiz Fernando
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Árvore do Mundo 9 . O que nos interessa, é o seu papel nos «ritos do<br />
centro». Em geral pode dizer-se que a maioria das árvores sagradas e<br />
rituais que encontramos na história das religiões não passa de réplica, de<br />
cópia imperfeita desse arquétipo exemplar: a Árvore do Mundo. Quer<br />
dizer, supõe-se que todas as árvores sagradas se encontram no Centro do<br />
Mundo e todas as árvores rituais ou postes, que se consagram antes ou<br />
durante qualquer cerimónia religiosa, são como que magicamente<br />
projetados no Centro do Mundo. Contentemo-nos com alguns exemplos.<br />
Na índia védica o poste sacrificial (yûpa) é feito de uma árvore que é<br />
assimilada à Árvore Universal. Enquanto se abate, o padre sacrificador<br />
dirige-lhe estas palavras: «Com o teu cimo não rasgues o Céu, com o teu<br />
centro não firas a atmosfera...» Vê-se bem que nos encontramos aqui<br />
perante a Árvore do Mundo. Da madeira dessa árvore faz-se o poste<br />
sacrificial e este torna-se uma espécie de pilar cósmico: «Ergue-te, oh<br />
Senhor da floresta ao topo da Terral», assim invoca o Rig Veda, III, 8, 3.<br />
«Com o teu cimo suportas o Céu, com a tua parte média enches os ares,<br />
com o teu pé seguras a Terra», proclama o Çatapatha Brâhmana, III, 7, 1,<br />
4.<br />
A instalação e a consagração do poste sacrificial constituem um rito<br />
do Centro. Assimilado à Árvore do Mundo o poste transforma-se por seu<br />
turno no eixo que liga as três regiões cósmicas. A comunicação entre o<br />
Céu e a Terra torna-se possível por meio deste pilar. E, de fato, o<br />
sacrificador sobe ao Céu, só ou com a mulher, neste poste transformado<br />
ritualmente no próprio Eixo do Mundo. Colocando uma escada, o<br />
sacrificador dirige-se à mulher: «Vem, subamos ao Céu!» «A mulher<br />
responde: subamos!» (Çat. Br., V, 2, 1, 9). E começam a subir a escada. No<br />
topo e tocando o capitel, o sacrificador exclama: «Chegámos ao Céu!<br />
(Taittiriya Samhitâ, Çat. Br., etc.). Ou, escalando os degraus do poste,<br />
estende as mãos (como uma ave estende as asas) e, chegado ao cimo<br />
exclama: «Atingi o Céu, os deuses: tornei-me imortal!» (Taittiriya<br />
9 Cf. nosso Traité pp. 236 sq.; Le Chamanisme, pp. 244 sq.; sobre o simbolismo cristão<br />
da Cruz = Árvore Cósmica, ver H. de Lubac, Aspets da Boudhisme (Paris, 1951),<br />
pp. 61 sq.<br />
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