20.04.2013 Views

Imagens e Simbolos - Luiz Fernando

Imagens e Simbolos - Luiz Fernando

Imagens e Simbolos - Luiz Fernando

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Árvore do Mundo 9 . O que nos interessa, é o seu papel nos «ritos do<br />

centro». Em geral pode dizer-se que a maioria das árvores sagradas e<br />

rituais que encontramos na história das religiões não passa de réplica, de<br />

cópia imperfeita desse arquétipo exemplar: a Árvore do Mundo. Quer<br />

dizer, supõe-se que todas as árvores sagradas se encontram no Centro do<br />

Mundo e todas as árvores rituais ou postes, que se consagram antes ou<br />

durante qualquer cerimónia religiosa, são como que magicamente<br />

projetados no Centro do Mundo. Contentemo-nos com alguns exemplos.<br />

Na índia védica o poste sacrificial (yûpa) é feito de uma árvore que é<br />

assimilada à Árvore Universal. Enquanto se abate, o padre sacrificador<br />

dirige-lhe estas palavras: «Com o teu cimo não rasgues o Céu, com o teu<br />

centro não firas a atmosfera...» Vê-se bem que nos encontramos aqui<br />

perante a Árvore do Mundo. Da madeira dessa árvore faz-se o poste<br />

sacrificial e este torna-se uma espécie de pilar cósmico: «Ergue-te, oh<br />

Senhor da floresta ao topo da Terral», assim invoca o Rig Veda, III, 8, 3.<br />

«Com o teu cimo suportas o Céu, com a tua parte média enches os ares,<br />

com o teu pé seguras a Terra», proclama o Çatapatha Brâhmana, III, 7, 1,<br />

4.<br />

A instalação e a consagração do poste sacrificial constituem um rito<br />

do Centro. Assimilado à Árvore do Mundo o poste transforma-se por seu<br />

turno no eixo que liga as três regiões cósmicas. A comunicação entre o<br />

Céu e a Terra torna-se possível por meio deste pilar. E, de fato, o<br />

sacrificador sobe ao Céu, só ou com a mulher, neste poste transformado<br />

ritualmente no próprio Eixo do Mundo. Colocando uma escada, o<br />

sacrificador dirige-se à mulher: «Vem, subamos ao Céu!» «A mulher<br />

responde: subamos!» (Çat. Br., V, 2, 1, 9). E começam a subir a escada. No<br />

topo e tocando o capitel, o sacrificador exclama: «Chegámos ao Céu!<br />

(Taittiriya Samhitâ, Çat. Br., etc.). Ou, escalando os degraus do poste,<br />

estende as mãos (como uma ave estende as asas) e, chegado ao cimo<br />

exclama: «Atingi o Céu, os deuses: tornei-me imortal!» (Taittiriya<br />

9 Cf. nosso Traité pp. 236 sq.; Le Chamanisme, pp. 244 sq.; sobre o simbolismo cristão<br />

da Cruz = Árvore Cósmica, ver H. de Lubac, Aspets da Boudhisme (Paris, 1951),<br />

pp. 61 sq.<br />

44

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!