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Imagens e Simbolos - Luiz Fernando

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«Mas quem poderá avaliar o número dos Universos, tendo cada um<br />

o seu Brahma e o seu Indra? Para lá da mais longínqua visão, para lá de<br />

todo o espaço imaginável, os Universos nascem e dissipam-se<br />

indefinidamente. Como barcos levíssimos, estes Universos flutuam na<br />

água pura e sem fundo que forma o corpo de Visnu. De cada poro desse<br />

corpo, um Universo sobe um instante e desintegra-se. Teríeis vós a<br />

presunção de os contar? Credes poder enumerar os deuses de todos estes<br />

Universos — os Universos presentes e os Universos passados?...»<br />

Durante o discurso do rapaz, surgira uma procissão de formigas na<br />

sala principal ,do palácio. Alinhada numa coluna de dois metros de largura,<br />

a massa de formigas exibia-se no soalho. O rapaz vê-as, pára e depois,<br />

cheio de espanto, desata num riso súbito. «Porque te ris?» — perguntalhe<br />

Indra. — «Vi as formigas, ó Indra», desfilando num longo cortejo. Cada<br />

uma delas tinha sido antes um Indra. Como vós, cada uma, em virtude da<br />

sua piedade subira outrora ao nível de um Rei dos Deuses. Mas agora;<br />

após múltiplas transmigrações, cada um se transformou em formiga. Este<br />

exército de formigas é um exército de antigos Indras...<br />

Depois desta revelação, Indra compreende a vaidade do seu orgulho<br />

e das suas ambições. Chama o admirável arquiteto Viçvakarman<br />

recompensa-o principescamente e renuncia para sempre a aumentar o<br />

palácio dos deuses.<br />

A intenção deste mito é transparente. A evocação vertiginosa dos<br />

múltiplos Universos surgindo e desaparecendo do corpo de Visnu é<br />

suficiente, em si própria, para despertar Indra: isto é, forçá-lo a<br />

ultrapassar o horizonte limitado e estritamente condicionado da sua<br />

«situação» de Rei dos Deuses. Seríamos tentados a acrescentar mesmo:<br />

da sua «situação histórica»; porque acontece ser Indra o Grande Chefe<br />

guerreiro dos deuses num dado momento histórico, numa certa etapa do<br />

grandioso drama cósmico. Indra escuta da boca do próprio Visnu uma<br />

história verdadeira: a verdadeira história da eterna criação e destruição<br />

dos mundos, ao lado da qual a sua própria história, as aventuras heróicas<br />

sem fim culminando na vitória sobre Vrtra, parecem ser, efetivamente,<br />

«histórias falsas», isto é, acontecimentos sem significado transcendente.<br />

A história verdadeira revela-lhe o Grande Tempo, o tempo mítico, que é a<br />

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