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Imagens e Simbolos - Luiz Fernando

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inukta, um «libertado em vida». Não podemos imaginar a sua existência<br />

porque ela é paradoxal. A crermos, o jivan-mukta não vive já no Tempo,<br />

no nosso tempo — mas num eterno presente, no nunc stans, termo pelo<br />

qual Boécio definia a eternidade.<br />

Mas o processo yogico-tântrico a que acabamos de aludir, não<br />

esgota a técnica indiana da «saída do Tempo». De certo ponto de vista<br />

poder-se-ia dizer que o Yoga em si persegue a libertação da escravatura<br />

temporal. Todo o exercício de concentração ou de meditação yogica<br />

«isola» o praticante, subtrai-o ao fluxo da vida psico-mental e, por<br />

conseguinte, atenua a pressão do Tempo. Mais ainda: a «destruição do<br />

subconsciente», a «combustão» dos vâsanâs pretendidos pelo yogin.<br />

Sabe-se da importância considerável dada pelo Yoga à vida subliminal,<br />

que se designa pelo termo vâsanâs. «Os vâsanâs têm a sua origem na<br />

memória», escreve Vyâsa (comentário ao Yoga Sidra, IV, 9), mas não se<br />

trata unicamente da memória individual, que para o hindu compreende<br />

tanto a recordação da existência atual como os resíduos kármicos das<br />

inúmeras existências anteriores. Os vâsanâs representam, além disso,<br />

toda a memória coletiva que se transmite por meio da linguagem e das<br />

tradições: é, de certo modo, o inconsciente coletivo do professor Yung.<br />

Esforçando-se por modificar o subconsciente e finalmente «purificálo»,<br />

«queimá-lo» e «destruí-lo» 22 , o yogin esforça-se por se libertar da<br />

memória, isto é, por abolir a obra do Tempo. Isto não é, aliás, uma<br />

especialidade das técnicas indianas. Sabe-se que um místico com o valor<br />

do Mestre Eckardt não se cansa de repetir que «não existe maior<br />

obstáculo à União com Deus ido que o Tempo», que o Tempo impede o<br />

homem de conhecer Deus, etc. E, a propósito, tem interesse lembrar que<br />

as sociedades arcaicas «destroem» periodicamente o mundo para<br />

poderem «refazê-lo» e, por conseguinte, viver num Universo «novo», sem<br />

«pecado», ou seja sem «história», sem memória. Grande número de<br />

22 Tal conjetura parecerá muito provavelmente vã, se não perigosa, aos olhos dos<br />

psicólogos ocidentais. Declinando qualquer título para intervir no debate,<br />

insistimos em lembrar, por um lado a extraordinária ciência psicológica dos<br />

yogins e dos espirituais hindus, e por outro a ignorância dos cientistas ocidentais<br />

quanto à realidade psicoíógica das experiências yogicas.<br />

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