Imagens e Simbolos - Luiz Fernando
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simbolismo simultaneamente cosmológico e espacial. Quebrar o<br />
envólucro do ovo equivale, na parábola de Buda a quebrar o samsâra, a<br />
roda das existências, isto é, a transcender tanto o espaço cósmico como o<br />
Tempo cíclico. Neste caso também Buda utiliza imagens análogas àquelas<br />
a que nos tinham habituado os Vedas e os Upanisads. O sol imóvel no<br />
zénite da Chândogya Upanisad é um símbolo espacial que exprime o ato<br />
paradoxal da evasão do Cosmos com a mesma força que o exprime a<br />
imagem budista do ovo quebrado. Teremos ocasião de voltar a encontrar<br />
ainda tais imagens arquetípicas utilizadas para simbolizar a<br />
transcendência, apresentando certos aspetos das práticas yogicotântricas.<br />
A filosofia do tempo no budismo<br />
O simbolismo dos Sete Passos de Buda e do Ovo Cósmico, implica a<br />
reversibilidade do tempo, e teremos de voltar a este processo paradoxal.<br />
Mas é necessário que apresentemos previamente as linhas gerais da<br />
filosofia do Tempo elaborada pelo budismo, e especialmente pelo<br />
budismo mahâyânico 12 . Para os budistas também o tempo é constituído<br />
por um fluxo contínuo (samtâna) e até pelo fato da fluidez do tempo,<br />
toda a «forma» que se manifesta no tempo é não só precária, mas ainda<br />
ontologicamente irreal. Os filósofos do Mahâyâna falaram<br />
abundantemente sobre o que poderia chamar-se a instantaneidade do<br />
tempo, isto é a sua fluidez e, em última instância, a não-realidade do<br />
instante presente que se transforma continuamente em passado, em nãoser.<br />
Para o filósofo budista, escreve, Stcherbatzky, «a existência e a não-<br />
12 Encontrar-se-ão os elementos nos dois volumes de Th. Stcherbatsky, Budhist<br />
Logic (Leningrad, 1930-1932, «Bibliotheca Budhica») e na rica monografia de<br />
Louis de la Vallée-Poussin, Documents d'Abhidharma: la Controverse du Temps<br />
(Mélanges chinois et boudhiques, V, Bruxelles, 1937, pp. 1-158). Ver também S.<br />
Schayer, Contributions to the problem of Time in Indian Philosophy (Cracóvia,<br />
1938) e Ananda K. Coomaraswamy, Time and Eternity (Ascona, 1947), pp. 30 sq.<br />
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