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VJ FEV 2010.p65 - Visão Judaica

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Jane Bichmacher de Glasman *<br />

apiamento (ou papiamentu)<br />

é uma língua<br />

oficial e a mais falada<br />

nas ilhas caribenhas<br />

Aruba, Bonaire e<br />

Curaçao (as chamadas<br />

“ilhas ABC”). É uma língua crioula<br />

derivada do português ou espanhol<br />

com influências no vocabulário de línguas<br />

nativas aruaques 1 , africanas,<br />

holandês e inglês. O nome procede<br />

de papiá (=conversar), derivado de<br />

papear, em português.<br />

Exemplos:<br />

Sapatu – espanhol, zapato; português,<br />

sapato;<br />

Kushina - italiano, cucina; espanhol,<br />

cocina; português, cozinha;<br />

Apel = maçã - holandês, appel;<br />

Horkan = furacão - Taino, Hurakan;<br />

Caribe, yuracan, hyoracan;<br />

Por fabor - Português / Espanhol, por<br />

favor;<br />

Kon ta bai? Português, Como vai? ,<br />

Espanhol ¿Cómo te va? ¿Cómo te<br />

va la vida?<br />

Bo mama ta masha simpatiko: Português<br />

Tua / Sua mãe é muito simpática.<br />

Papiamento - já ouviu falar?<br />

Heitor De Paola *<br />

Há muito tempo diversos autores<br />

vimos insistindo em que a Nova Ordem<br />

Mundial visa a destruição da única civilização<br />

que merece tal nome: a Judaico-Greco-Cristã.<br />

Para tal é preciso cercar,<br />

ideológica e geopoliticamente os<br />

dois grandes focos civilizacionais da<br />

atualidade, os Estados Unidos e Israel.<br />

O cerco ideológico tem produzido efeitos<br />

devastadores de antiamericanismo<br />

e antissionismo. Este último nada mais<br />

é do que uma versão hipócrita do milenar<br />

antissemitismo.<br />

Mas a posição mundial começou a<br />

mudar quando Ahmadinejad ameaçou<br />

com um novo Holocausto. Embora a intensa<br />

propaganda faça com que o Estado<br />

de Israel ainda seja visto como um<br />

invasor da ‘Palestina’ e genocida de<br />

seu povo, as ameaças persas despertaram<br />

um pouco daquela simpatia superficial<br />

e nada duradoura pelos que<br />

são ameaçados de morte pelos poderosos.<br />

Superficial e efêmera porque<br />

baseada no princípio de que as ações<br />

devem partir dos demais países, sendo<br />

negado o direito de Israel defender<br />

História<br />

História<br />

E sua relação com os sefaradim do Brasil?<br />

A Espanha reivindicou soberania<br />

sobre as ilhas no século XV, mas devido<br />

ao clima árido e à falta de riqueza<br />

de terras, os espanhóis as nomearam<br />

“Ilhas Inúteis”. A partir de 1634,<br />

os holandeses se apoderaram delas<br />

e deportaram a maioria dos remanescentes<br />

da população aruak e espanhola<br />

para o continente.<br />

A população judaica das ilhas ABC<br />

aumentou substancialmente após<br />

1654, quando os portugueses recuperaram<br />

os territórios ocupados pelos<br />

holandeses no nordeste do Brasil -<br />

gerando a saída da maioria dos judeus<br />

falantes de português daquelas<br />

terras para fugir da perseguição religiosa.<br />

Eles tiveram grande influência<br />

em vários setores da vida local, inclusive<br />

na formação e desenvolvimento<br />

do idioma papiamento.<br />

Curaçao cresceu muito, constituindo-se<br />

na maior e mais próspera<br />

comunidade judaica do novo mundo<br />

até o século XIX e, tendo ajudado as<br />

novas congregações judaicas de Nova<br />

York, Filadélfia, etc., nos EUA e da<br />

América Central, granjeando o título<br />

de “Congregação Mãe das Américas”.<br />

Influência Influência dos dos judeus judeus sefaradim<br />

sefaradim<br />

Como judeus sefaradim - de Portugal,<br />

da Espanha ou do Brasil português<br />

– tornaram-se os principais mercadores<br />

da área, negócios e comércio<br />

diário eram realizados em papiamento,<br />

com influências do ladino.<br />

Enquanto várias nações se apropriavam<br />

das ilhas e mudavam a língua<br />

oficial, o papiamento se tornou a língua<br />

constante dos moradores.<br />

O mais antigo documento escrito<br />

neste idioma é uma carta de amor<br />

redigida por um judeu à sua amada<br />

no ano 1775, chamado “Una Karta de<br />

Amor?. Ela confirma que o papiamento<br />

era a língua dos sefaradim de Curaçao,<br />

por nele registrar seus mais<br />

íntimos sentimentos. Serve como<br />

base de teorias e provas sobre a formação<br />

do papiamento e o papel dos<br />

judeus nele. Muitas palavras do vocabulário<br />

provêm dos idiomas dos<br />

sefaradim, assim como palavras e<br />

expressões do hebraico. A título de<br />

ilustração, alguns exemplos (fora o<br />

vocabulário relativo ao calendário judaico<br />

e à vida na sinagoga):<br />

abraiko = hebraico, de origem judaica;<br />

zoná = prostituta;<br />

beshimantó = boa sorte!;<br />

amidá = oração em silêncio;<br />

Que falta faz uma Ester!<br />

a si mesmo, como afirmei no último<br />

artigo para este jornal.<br />

Os países europeus mobilizam-se.<br />

Até mesmo a Rússia “perdeu a paciência”<br />

com o Irã. Obama, provavelmente<br />

contra sua vontade, declarou que o enriquecimento<br />

de urânio a 20% recentemente<br />

divulgado com estardalhaço pelas<br />

autoridades persas indica claramente<br />

que suas intenções não são pacíficas,<br />

como se houvesse alguém que ainda<br />

acreditasse neste conto das mil e<br />

uma noites. Nem mesmo no abominável<br />

eixo Havana-Brasília-Caracas-Beijing,<br />

que se opõe às sanções e defende<br />

a continuidade das negociações de um<br />

novo acordo de Munique. Amorim, o<br />

moderno Chamberlain, boneco de ventríloquo<br />

de Marco Aurélio Garcia, continua<br />

dizendo que devemos negociar com<br />

Herr Ahmadinejad, cheio de intenções<br />

pacíficas.<br />

Mas não se fiem os israelenses nas<br />

boas intenções dos europeus e americanos:<br />

o que eles propõem são apenas<br />

sanções que certamente não darão resultado<br />

algum, pois o Irã pode resistir<br />

por si mesmo e com a ajuda chinesa e a<br />

magnânima oferta de Chávez – secun-<br />

dada por Lula – de usar as instalações<br />

venezuelanas para enriquecer urânio.<br />

A proximidade da festa de Purim torna<br />

inevitável estabelecer um paralelo<br />

entre o presente e o passado do povo<br />

judeu. Se novamente existe na Pérsia<br />

um Haman a planejar o extermínio dos<br />

judeus e influenciar Ahashverosh para<br />

decretar seu fim, falta uma Ester para<br />

influenciar um rei racional, capaz de<br />

perceber seu erro e tomar as medidas<br />

extremas necessárias para enfrentar o<br />

ódio e a inveja que alimentam o temível<br />

personagem. Ahashverosh, não podendo<br />

revogar seu próprio Édito, assinou<br />

um novo decreto, permitindo que<br />

os judeus se defendessem! Diz a tradição<br />

que no décimo terceiro dia de Adar,<br />

data sorteada por Haman, os judeus se<br />

defenderam dos ataques e venceram<br />

seus inimigos.<br />

É exatamente isto que nações ocidentais,<br />

no mínimo em seu próprio benefício<br />

futuro – pois serão Israel amanhã!<br />

– deveriam fazer, mas certamente<br />

não o farão: deixem que Israel se defenda!<br />

Não seria o primeiro desafio enfrentado<br />

e vencido por este povo. Haverá<br />

uma Ester para aconselhá-los?<br />

* Heitor De Paola é médico psiquiatra e psicanalista, membro da International Psycho-Analytical Association e do Board of Directors da Drug<br />

Watch International e Diretor Cultural da BRAHA, Brasileiros Humanitários em Ação, articulista e escritor, com diversos artigos publicados no<br />

Brasil e no exterior, e um livro. No passado, pertenceu a organização Ação Popular (AP) da esquerda revolucionária.<br />

VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />

gadol = grande, chefe;<br />

mazal tov = parabéns;<br />

penisilin hudíu = canja de galinha (!)<br />

Os sefaradim eram multilíngues.<br />

Falavam entre si em português; com os<br />

habitantes da região, espanhol; rezavam<br />

em hebraico; conheciam os idiomas dos<br />

marinheiros: espanhol-corrupto, português-corrompido<br />

e pidjin 2 , além do idioma<br />

afro-português dos escravos que<br />

chegavam diretamente com os navios<br />

negreiros ou vindos do Brasil.<br />

Sabemos que para formar seus<br />

idiomas como ladino, haquitía, iídiche,<br />

etc., os judeus tomaram palavras<br />

e expressões das línguas dos países<br />

onde viviam. Menos sabido é que eles<br />

também contribuíram para outros<br />

idiomas. A comunidade judaica sefaradi<br />

teve um papel preponderante no<br />

desenvolvimento das Antilhas Holandesas<br />

assim como na formação do<br />

papiamento e sua transformação, de<br />

língua crioula até seu caráter atual.<br />

15<br />

* Jane<br />

Bichmacher de<br />

Glasman é<br />

escritora, doutora<br />

em Língua<br />

Hebraica,<br />

Literaturas e<br />

Cultura <strong>Judaica</strong>,<br />

professora<br />

adjunta,<br />

fundadora e exdiretora<br />

do<br />

Programa de<br />

Estudos Judaicos<br />

– UERJ –<br />

Universidade<br />

estadual do Rio de<br />

Janeiro.<br />

Notas:<br />

1 - As línguas aruaques (também aruak ou arawak) formam uma<br />

família de línguas indígenas da América do Sul e do Caribe.<br />

2 - Pidgin ou pídgin, também chamado de língua de contato, é o<br />

nome dado a qualquer língua que é criada, normalmente de forma<br />

espontânea, de uma mistura de outras línguas, e serve de meio de<br />

comunicação entre os falantes de idiomas diferentes.<br />

Morre o capitão do<br />

"Exodus"<br />

Morreu, aos 86 anos, Ike Aronowicz,<br />

capitão do navio "Exodus". De acordo<br />

com o presidente israelense Shimon Peres,<br />

ele "deu uma contribuição única para<br />

o Estado, que jamais será esquecida". O<br />

"Exodus" zarpou do porto de Sete, na França,<br />

com mais de 4.500 passageiros a bordo,<br />

a maioria sobreviventes do Holocausto<br />

nazista que decidiram se estabelecer<br />

na Palestina. O navio foi cercado pela<br />

marinha britânica na costa da Palestina<br />

e impedido de atracar em Haifa. Depois<br />

de semanas isolados no mar, seus passageiros<br />

foram forçados a retornar à França.<br />

Por fim, tiveram que desembarcar na<br />

Alemanha e foram mandados para campos<br />

perto de Lubeck. O incidente revoltou<br />

a comunidade internacional, que ainda<br />

digeria com dificuldade o que havia<br />

acontecido aos judeus nos campos de<br />

concentração do Terceiro Reich durante<br />

a II Guerra Mundial. Pressionadas, as<br />

autoridades britânicas transferiram os refugiados<br />

judeus para campos no Chipre,<br />

onde permaneceram até a criação do Estado<br />

de Israel, em 1948. "O Exodus foi<br />

também criação de Aronowicz. Ele não foi<br />

apenas seu capitão, e sim um líder que<br />

deu à viagem caráter e determinação",<br />

declarou Peres.

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