VJ FEV 2010.p65 - Visão Judaica
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eis dias depois das cerimônias<br />
pelos 65 anos<br />
da libertação do campo<br />
de Auschwitz-Birkenau<br />
instalado em 1940<br />
pela Alemanha nazista<br />
no sul da Polônia ocupada,<br />
o letreiro roubado em 18 de dezembro<br />
de 2009 foi restituído ao museu.<br />
A polícia polonesa encontrou a<br />
placa com a inscrição “Arbeit macht<br />
frei”, roubada na entrada do campo<br />
nazista de extermínio em Auschwitz-<br />
Birkeneau, no sul da Polônia. Cinco<br />
homens de idades entre 20 e 39 anos<br />
foram presos. A inscrição foi encontrada,<br />
cortada em três pedaços, conforme<br />
a declaração da Polícia de Cracóvia.<br />
A placa com a frase em alemão<br />
quer dizer “o trabalho liberta” e simboliza<br />
o cinismo sem limites da Alemanha<br />
nazista.<br />
O roubo foi considerado uma verdadeira<br />
profanação. “Foi um ato abominável<br />
que remete à profanação e<br />
que constitui um novo testemunho do<br />
ódio e da violência contra os judeus”,<br />
disse Sylvan Shalom, ministro israelense<br />
do Desenvolvimento Regional.<br />
O Memorial do Holocausto em<br />
Jerusalém (Yad Veshem) também<br />
manifestara sua indignação.<br />
O roubo aconteceu na madrugada<br />
de 18 de dezembro de 2009, mas, poucos<br />
dias depois, a Polícia polonesa localizou<br />
o letreiro escondido em uma<br />
casa de campo e deteve os cinco autores<br />
materiais do furto. Os cinco ladrões,<br />
todos poloneses, são acusados<br />
de crime organizado, roubo e danos ao<br />
patrimônio universal da Organização<br />
das Nações Unidas para a Educação,<br />
a Ciência e a Cultura (Unesco), já que,<br />
após se apropriar da inscrição, a quebraram<br />
em três partes para facilitar o<br />
transporte e ocultação.<br />
A frase foi popularizada pelo pastor<br />
alemão Lorenz Diefenbach, que<br />
morreu em 1886, em seu livro “Arbeit<br />
Macht Frei”, para levantar a moral dos<br />
trabalhadores, mas foi reutilizada<br />
pelos nazistas em 1930, no início, com<br />
fins de propaganda na luta contra o<br />
elevado desemprego na Alemanha,<br />
mas, anos mais tarde, se converteu<br />
num slogan dos campos de trabalho<br />
e extermínio alemães. A ideia de usála<br />
nos campos é atribuída ao SS Theodor<br />
Eicke, um dos chefes da concepção<br />
e organização das redes de campos<br />
nazistas.<br />
“Arbeit macht frei” figurava na<br />
entrada dos campos de Dachau,<br />
Gross-Rosen, Sachsenhausen, Theresienstadt,<br />
Flossenburg e Auschwitz,<br />
o maior de todos os cam-<br />
pos de extermínio.<br />
Fabricada em julho de 1940 por<br />
um prisioneiro polonês, o ferreiro Jan<br />
Liwacz, a inscrição de Auschwitz é de<br />
aço, mede cinco metros e tem uma<br />
particularidade: a letra B da palavra<br />
Arbeit está invertida.<br />
Segundo uma interpretação perpetuada<br />
pelos sobreviventes, o B invertido<br />
simbolizava insubmissão e a<br />
resistência à opressão nazista.<br />
Quando, em 27 de janeiro de 1945,<br />
o exército soviético libertou Auschwitz,<br />
a inscrição foi desmontada e ia ser<br />
levada para o Leste de trem. No entanto,<br />
Eugeniusz Nosal, um prisioneiro<br />
polonês recém-libertado, subornou<br />
um guarda soviético com uma garrafa<br />
de vodca para recuperá-la.<br />
Escondida durante dois anos na<br />
prefeitura de Oswiecim (nome polonês<br />
do campo de Auschwitz), a inscrição<br />
voltou a seu lugar original em<br />
1947, quando o campo de extermínio<br />
VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />
Recuperada a inscrição roubada de Auschwitz<br />
Brasil impede sanções contra o programa atômico iraniano<br />
Segundo o jornal Le Monde, corre<br />
nos bastidores diplomáticos europeus<br />
que a postura brasileira tem dificultado<br />
a imposição de novas sanções ao<br />
Irã pelo Conselho de Segurança (CS)<br />
da ONU. A informação foi divulgada<br />
na edição do dia 8/2 do principal jornal<br />
francês. Os governos de Paris,<br />
Londres e Washington estariam fazendo<br />
gestões para que o Itamaraty reveja<br />
sua posição. Os frequentes contatos<br />
entre o chanceler Celso Amorim<br />
e os diplomatas iranianos é visto como<br />
um canal de diálogo entre o Ocidente<br />
e Teerã, mas, para os europeus, o diálogo<br />
tem um “limite”.<br />
Celso Amorim pajeia Ahmadinejad:<br />
Mesmo os fatos consumados não<br />
impedem o apoio do Itamaraty à marginalidade<br />
iraniana. Ainda segundo a<br />
matéria, somente a unanimidade co-<br />
A inscrição "Arbeit mach Frei" roubada e recuperada, foi restituída à entrada<br />
do campo de Auschwitz<br />
locaria pressão sobre a China, país<br />
que é membro permanente do CS e<br />
detentor do poder de veto. A China<br />
vem demonstrando que não está disposta<br />
a apoiar novas sanções contra<br />
o Irã. Segundo a França, é necessária<br />
uma atuação em bloco dos membros<br />
do CS para que uma resolução<br />
seja aprovada. EUA e França renovaram<br />
ontem a exigência de punição a<br />
Teerã, depois que os iranianos anunciaram<br />
planos para enriquecer seu<br />
próprio urânio.<br />
Para ser aprovada, uma resolução<br />
precisa de 9 dos 15 votos do Conselho,<br />
incluindo os cinco votos dos membros<br />
permanentes (a abstenção não é<br />
considerada veto). Além do Brasil, que<br />
assumiu uma cadeira em janeiro, a<br />
Turquia e a Nigéria, países de maioria<br />
muçulmana, também membros não-<br />
permanentes, tendem a apoiar a continuação<br />
das negociações. O Líbano,<br />
cujo governo é formado por uma coalizão<br />
com o grupo terrorista xiita Hezbolá<br />
(financiado pelo governo iraniano),<br />
é outro país que dificilmente votaria<br />
em favor de sanções.<br />
O governo brasileiro vem assumido<br />
uma posição de apaziguamento,<br />
com a pretensão de se tornar um interlocutor<br />
entre o Irã e o Ocidente. O<br />
Itamaraty defende um acordo para a<br />
troca de urânio enriquecido por combustível<br />
nuclear com o Irã, mas a revelação<br />
de que Teerã está enriquecendo<br />
urânio a 20% praticamente enterra<br />
esta possibilidade.<br />
Em Brasília, o Itamaraty reforçou<br />
sua posição em favor do diálogo entre<br />
o Irã e o Sexteto – EUA, França, Grã-<br />
Bretanha, China, Rússia e Alemanha –<br />
virou museu e memorial.<br />
Entre 1940 e 1945, o regime nazista<br />
alemão exterminou 1,5 milhão<br />
de pessoas em Auschwitz-Birkenau,<br />
dos quais 1,1 milhão eram judeus.<br />
Recuperar a inscrição é “uma questão<br />
de honra”, diz o comando de Polícia<br />
de Oswiecim. Enquanto a placa<br />
roubada não era recuperada, foi colocada<br />
uma réplica do original, à espera<br />
da recuperação da placa roubada.<br />
Alemanha Alemanha condena<br />
condena<br />
Foto: EFE/Jacek Bednarczyk<br />
O governo alemão condenou o<br />
roubo da placa com a inscrição “Arbeit<br />
macht frei” da entrada do antigo<br />
campo de extermínio nazista de Auschwitz,<br />
e chegou a oferecer seu apoio<br />
para recuperá-la.<br />
“A Alemanha, consciente de sua<br />
responsabilidade histórica, apoia a<br />
conservação de Auschwitz como museu<br />
e local de lembrança das vítimas<br />
do nazismo”, declarou um porta-voz.<br />
sobre o acordo de troca de urânio por<br />
combustível nuclear. Amorim disse que<br />
falou recentemente com o secretário<br />
de Estado da França para Assuntos<br />
Europeus, Pierre Lellouche. Segundo o<br />
chanceler brasileiro, apesar da posição<br />
dura da França sobre o Irã, em nenhum<br />
momento ouviu de seu interlocutor que<br />
não havia mais espaço para o diálogo.<br />
— Considero que não estão esgotadas<br />
as possibilidades de se alcançar<br />
uma posição comum entre o Irã e o Sexteto<br />
– afirmou Amorim, por meio de sua<br />
assessoria de imprensa. A posição indica<br />
que o Brasil não apoiará novas sanções<br />
no Conselho.<br />
O presidente iraniano, Mahmoud<br />
Ahmadinejad, visitou o Brasil em novembro.<br />
Já o presidente Luiz Inácio Lula<br />
da Silva pretende retribuir a visita indo<br />
a Teerã em maio. (ArtiSion).<br />
17<br />
Técnicas do laboratório de<br />
criminalística da polícia de<br />
Cracóvia, Polônia, Aldona<br />
Wojciechowicz-Bratko (e), e<br />
Magdalena Michlik, (d),<br />
inspecionam a placa que dava as<br />
boas-vindas ao campo de<br />
concentração de Auschwitz, ("O<br />
trabalho os fará livres"), em 4 de<br />
janeiro de 2010. A polícia<br />
polonesa recuperou em 21 de<br />
dezembro de 2009 o letreiro que<br />
presidia a entrada do antigo<br />
campo de extermínio nazista de<br />
Auschwitz, roubado três dias<br />
antes, numa operação em que<br />
contou com a colaboração de<br />
cidadãos, fundamental para a<br />
restituição ao seu lugar este<br />
símbolo do Holocausto