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Capítulo 6 - Uma Igreja de presença e sinal do Reino - Arquidiocese ...

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196<br />

A <strong>Igreja</strong> que brotou da mata<br />

Tivemos, em casa, uma reunião com alguns moços não pertencentes a Associações Religiosas.<br />

O nosso intuito é dar-lhes um amparo, especialmente àquêles que vivem longe<br />

<strong>de</strong> suas famílias. Preten<strong>de</strong>mos fundar uma associação com o nome: Centro Cultural da<br />

Juventu<strong>de</strong> Maringaense. Vamos fazer o estatuto e procurar realizar o programa traça<strong>do</strong><br />

[...] Dia <strong>do</strong> Professor: Na Santa Missa falei sôbre o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> fundar o Centro <strong>do</strong> Professora<strong>do</strong><br />

Católico (DIOCESE DE MARINGÁ, 1957, f. 67-68).<br />

Sem condição <strong>de</strong> seguir adiante, o Centro Cultural da Juventu<strong>de</strong>, ficou apenas no <strong>de</strong>sejo <strong>do</strong> bispo que,<br />

em compensação, teve seu nome liga<strong>do</strong> ao nascimento da UMES – União Maringaense <strong>do</strong>s Estudantes Secundários.<br />

Não existin<strong>do</strong> curso superior na cida<strong>de</strong>, Carlos Alberto Borges, presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> grêmio estudantil da escola<br />

técnica <strong>de</strong> comércio (que pertencia à diocese e funcionava no prédio <strong>do</strong> Colégio Marista), representava os<br />

estudantes <strong>do</strong> nível mais “adianta<strong>do</strong>” <strong>de</strong> Maringá. Decidi<strong>do</strong> a dar à população estudantil maior consciência <strong>de</strong><br />

classe e po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> representação, convocou to<strong>do</strong>s os colégios para a assembléia <strong>de</strong> fundação da UMES. Apesar<br />

da euforia pelo primeiro título <strong>de</strong> campeão mundial <strong>de</strong> futebol, conquista<strong>do</strong> pelo Brasil ao meio-dia, 11 o antigo<br />

Cine Maringá, na avenida Getúlio Vargas, recebeu, na tar<strong>de</strong> daquele 29 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1958, uma multidão <strong>de</strong><br />

estudantes. A ata <strong>de</strong> fundação da entida<strong>de</strong> estudantil <strong>de</strong> Maringá conserva, entre outras, a assinatura <strong>de</strong> <strong>do</strong>m<br />

Jaime Luiz Coelho, bispo diocesano, que também apoiou o anseio <strong>de</strong> uma se<strong>de</strong> para a nova entida<strong>de</strong>. Borges<br />

tinha em mente uma UMES <strong>de</strong> forte <strong>presença</strong> na área cultural, social, esportiva e <strong>de</strong> lazer para os estudantes<br />

da cida<strong>de</strong>. Mas a construção da se<strong>de</strong> representou verda<strong>de</strong>ira aventura, bem mais difícil <strong>do</strong> que previra. Doutor<br />

Hermann Moraes Barros, diretor-gerente da CMNP, morava em São Paulo e vinha, em avião particular, quase<br />

toda semana, inspecionar obras <strong>de</strong> Londrina, Maringá e Cianorte. Da parte da CMNP havia interesse <strong>de</strong><br />

ven<strong>de</strong>r toda a área loteada. Era importante, por isso, que os proprietários não retardassem o levantamento <strong>de</strong><br />

construções nos lotes adquiri<strong>do</strong>s. Contu<strong>do</strong>, associações profissionais <strong>de</strong> Maringá beneficiadas com <strong>do</strong>ação <strong>de</strong><br />

áreas para suas se<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>moravam a construir, causan<strong>do</strong> <strong>de</strong>sagra<strong>do</strong> à direção da Companhia. Saben<strong>do</strong> que os<br />

estudantes também queriam pedir um terreno, Barros não se <strong>de</strong>ixava encontrar com facilida<strong>de</strong>. Acompanha<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> uns cinqüenta colegas, Borges postou-se então no escritório da CMNP, à espera <strong>do</strong> diretor-gerente. Não<br />

houve como <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> receber a <strong>de</strong>legação. O presi<strong>de</strong>nte da UMES propôs: “Doutor Hermann, o senhor não<br />

precisa fazer a <strong>do</strong>ação agora. Só escriture o terreno para a UMES quan<strong>do</strong> tivermos a se<strong>de</strong> pronta”. 12 Venceu.<br />

A Companhia ce<strong>de</strong>u o terreno da Avenida Cerro Azul, em frente à Câmara Municipal <strong>de</strong> Maringá, escolhi<strong>do</strong><br />

pelos estudantes entre outros <strong>do</strong>is propostos, por causa da proximida<strong>de</strong>, na época, com o Colégio Gastão<br />

Vidigal. O prédio, terceiro no la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong> da avenida, no aban<strong>do</strong>no a que foi relega<strong>do</strong>, nem vagamente<br />

lembra as memoráveis discussões cívicas <strong>do</strong>s anos 60, quan<strong>do</strong> ali funcionou o único restaurante acessível aos<br />

bolsos estudantis. Campanhas, rifas, bailes, promoções <strong>de</strong> to<strong>do</strong> tipo foram empreendi<strong>do</strong>s para levantá-lo e,<br />

<strong>de</strong>ssa forma, assegurar a posse <strong>do</strong> terreno. A construção, mo<strong>de</strong>rna para a época, foi erguida a partir <strong>de</strong> planta<br />

<strong>do</strong>ada pelo engenheiro Luty Vicente Kasprowicz, e sólida bastante para resistir às intempéries e ao <strong>de</strong>scaso das<br />

décadas seguintes. Inaugurada em 1960, com a <strong>presença</strong> <strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r eleito Ney Braga e <strong>de</strong> <strong>do</strong>m Jaime, até<br />

hoje não conseguiu a escritura <strong>de</strong> <strong>do</strong>ação da CMNP que, no entanto, continua asseguran<strong>do</strong> à UMES sua posse<br />

e uso, sem jamais ter <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> <strong>de</strong> respeitar a palavra empenhada pelo diretor-gerente daquela época.<br />

O Centro <strong>do</strong> Professora<strong>do</strong> Católico sucumbiu <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> pouca duração; os professores interessa<strong>do</strong>s em<br />

vínculo associativo preferiram fortalecer a própria entida<strong>de</strong> classista, a APP – Associação <strong>do</strong>s Professores <strong>do</strong><br />

Paraná, criada na capital, em 26 <strong>de</strong> abril 1947, que ainda ensaiava os primeiros passos no Norte <strong>do</strong> Paraná.<br />

Ao conseguir a <strong>do</strong>ação, na saída <strong>de</strong> Maringá em direção a Paranavaí, <strong>de</strong> cinco alqueires paulistas para a<br />

construção <strong>do</strong> seminário diocesano, o bispo não abriu mão da antiga área <strong>de</strong> um alqueire, mais precisamente<br />

<strong>de</strong> 23.747,00m², ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> cemitério municipal, previamente reserva<strong>do</strong> pela empresa coloniza<strong>do</strong>ra para essa<br />

11 Sem televisão, as partidas eram acompanhadas pelo rádio, na voz <strong>de</strong> locutores famosos como Pedro Luís, Edson Leite e outros. Por<br />

causa <strong>do</strong> fuso horário, a final entre Brasil e Suécia começou às 11h <strong>do</strong> Rio, hora oficial <strong>do</strong> Brasil, à época.<br />

12 Depoimento oral ao autor <strong>de</strong>stas notas, em Maringá, no dia 13 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2006.

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