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Capítulo 6 - Uma Igreja de presença e sinal do Reino - Arquidiocese ...

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204<br />

A <strong>Igreja</strong> que brotou da mata<br />

da<strong>de</strong> ao movimento foi convida<strong>do</strong> pelos grevistas para servir <strong>de</strong> media<strong>do</strong>r.<br />

A solução, no entanto, não foi imediata. A direção da Cia. Norpa não foi persuadida<br />

pelo media<strong>do</strong>r que, por sua vez, incorporou-se ao acampamento monta<strong>do</strong> pelos grevistas.<br />

Na barraca o bispo afirmou às autorida<strong>de</strong>s policiais que cessara o diálogo e que<br />

se colocaria ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s operários (DIAS, 2001, p. 211). 16<br />

Mistura<strong>do</strong> aos trabalha<strong>do</strong>res no acampamento monta<strong>do</strong> diante da fábrica, <strong>de</strong> batina preta, faixa roxa<br />

e cruz peitoral, o bispo dirigiu-se aos policiais: “Se vocês entrarem aqui para espancar os operários, vão ter<br />

que bater em mim também.” Não houve violência, mas as negociações com a empresa foram penosas e não<br />

<strong>de</strong> to<strong>do</strong> satisfatórias para os trabalha<strong>do</strong>res, apesar da mediação da autorida<strong>de</strong> episcopal. Mais <strong>do</strong> que ganhos<br />

financeiros, contu<strong>do</strong>, valeu o testemunho <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> da <strong>Igreja</strong> a pobres operários numa greve que o<br />

próprio coman<strong>do</strong> constatou incapaz <strong>de</strong> manter-se por mais tempo.<br />

Ainda que menos visíveis, nem por isso <strong>de</strong> menor valor, também em outras áreas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> humana se<br />

fez sentir a <strong>presença</strong> fraterna da <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong> Maringá. No dia 24 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1978, “O Diário” estampava<br />

em primeira página a manchete: “Após 15 anos Maringá e região ganham hoje junta <strong>de</strong> Conciliação e Julgamento”.<br />

O texto historiava a longa participação <strong>de</strong> <strong>do</strong>m Jaime na conquista, que po<strong>de</strong> assim resumir-se:<br />

Em 1967 o Sindicato <strong>do</strong>s Emprega<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Comércio <strong>de</strong> Maringá <strong>de</strong>u entrada em processo administrativo<br />

(prot. nº TST-3-177/67) no Tribunal Superior <strong>do</strong> Trabalho, à época com se<strong>de</strong> no Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

pleitean<strong>do</strong> a criação da Junta <strong>de</strong> Conciliação e Julgamento na Comarca <strong>de</strong> Maringá. No dia 14 <strong>de</strong> outubro<br />

<strong>de</strong> 1968, aproveitan<strong>do</strong> audiência com o presi<strong>de</strong>nte Arthur da Costa e Silva, em Brasília, para tratar da TV<br />

Cultura <strong>de</strong> Maringá, referendan<strong>do</strong> o pedi<strong>do</strong> <strong>do</strong> Sindicato <strong>do</strong>s Emprega<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Comércio <strong>de</strong> Maringá, <strong>do</strong>m<br />

Jaime entregou ofício solicitan<strong>do</strong> a criação da Junta na cida<strong>de</strong>. Thelio da Costa Monteiro, presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal<br />

Superior <strong>do</strong> Trabalho, em 20 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1969 enviou a <strong>do</strong>m Jaime ofício (prot. TST-3-177/67-GP<br />

123/69) informan<strong>do</strong> andamento <strong>do</strong> processo, que aguardava apenas informações pedidas ao juiz da Comarca<br />

<strong>de</strong> Maringá, Cyro Maurício Crema (este respon<strong>de</strong>u, no dia 31, ressaltan<strong>do</strong> “o interesse <strong>do</strong> bispo diocesano<br />

<strong>de</strong> Maringá pela criação da esperada Junta <strong>de</strong> Conciliação e Julgamento <strong>de</strong> Maringá”). Jarbas Passarinho, ministro<br />

<strong>do</strong> Trabalho, em visita a Maringá, no dia 26 <strong>do</strong> mesmo mês recebeu em mãos um ofício no qual <strong>do</strong>m<br />

Jaime reforçava o anseio <strong>de</strong> Maringá e região pela criação da Junta, aproveitan<strong>do</strong> para pedir sua oportuna<br />

influência. Em 20 <strong>de</strong> junho, o presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal Superior <strong>do</strong> Trabalho informou ao bispo ter encaminha<strong>do</strong>,<br />

com parecer favorável, ao ministro da Justiça, o prot. nº TST-3-177/67, recomendan<strong>do</strong> a criação da<br />

Junta, com jurisdição sobre as vizinhas comarcas <strong>de</strong> Mandaguaçu e <strong>de</strong> Marialva. Três dias <strong>de</strong>pois, telegrama<br />

<strong>de</strong> João Zoghbi, diretor geral <strong>do</strong> TRISEC, informava a <strong>do</strong>m Jaime que o processo tinha si<strong>do</strong> encaminha<strong>do</strong><br />

ao Ministério da Justiça, on<strong>de</strong> recebera o nº MJ 18885.<br />

As coisas, porém, movimentam-se <strong>de</strong>vagar nos escaninhos da burocracia <strong>de</strong> Brasília. Somente no dia 24<br />

<strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1978 se instalou a Junta <strong>de</strong> Conciliação e Julgamento na Comarca <strong>de</strong> Maringá com competência<br />

sobre 36 cida<strong>de</strong>s da região, compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, além <strong>de</strong> Maringá, os municípios: Alto Paraná, Astorga,<br />

Atalaia, Colora<strong>do</strong>, Cruzeiro <strong>do</strong> Sul, Doutor Camargo, Engenheiro Beltrão, Fênix, Floraí, Floresta, Flórida,<br />

Guaraci, Iguaraçu, Itambé, Ivatuba, Japurá, Jussara, Lobato, Mandaguaçu, Mandaguari, Marialva, Munhoz<br />

<strong>de</strong> Melo, Nossa Senhora das Graças, Nova Esperança, Ourizona, Paiçandu, Paranacity, Presi<strong>de</strong>nte Castelo<br />

Branco, Quinta <strong>do</strong> Sol, Santa Fé, São Carlos <strong>do</strong> Ivaí, São Jorge, São Tomé, Terra Boa e Uniflor. O juiz que<br />

assumiu a Junta <strong>de</strong> Maringá, Ismael Gonzalez, recepciona<strong>do</strong>, às 9h30, no aeroporto pelo prefeito João Paulino<br />

Vieira Filho, autorida<strong>de</strong>s e li<strong>de</strong>ranças sindicais, dali se dirigiu diretamente à residência <strong>de</strong> <strong>do</strong>m Jaime, cuja<br />

participação foi intensa e <strong>de</strong>cisiva para o objetivo alcança<strong>do</strong> (APÓS..., 1978, p.1-2). 17<br />

No campo político eleitoral, a campanha para prefeito <strong>do</strong> município <strong>de</strong>u a conhecer, em 1968, um<br />

16 Os membros <strong>do</strong> clero a que Dias se refere eram padres Almeida e Orival<strong>do</strong>, liga<strong>do</strong>s ao Grupo Lebret, que moravam na residência<br />

episcopal. A pedi<strong>do</strong> <strong>do</strong> coman<strong>do</strong> da greve, convidaram o bispo para dialogar com operários e patrões.<br />

17 Os “15 anos” da manchete contaram-se provavelmente a partir da ditadura militar, implantada no início <strong>de</strong> 1964.

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