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Capítulo 6 - Uma Igreja de presença e sinal do Reino - Arquidiocese ...

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A <strong>Igreja</strong> que brotou da mata<br />

periódicos, livros e manuais”, registrada na Junta Comercial <strong>do</strong> Paraná, on<strong>de</strong> consta o dia 28 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong><br />

1961 como o início das ativida<strong>de</strong>s. Não era intenção <strong>do</strong> bispo, seu funda<strong>do</strong>r, alcançar ganho financeiro, político<br />

ou <strong>de</strong> qualquer outra natureza, senão, conforme suas palavras, unicamente “ter um meio <strong>de</strong> comunicação<br />

<strong>do</strong> Evangelho, da Palavra <strong>de</strong> Deus, neste Norte <strong>do</strong> Paraná”. Renda financeira, se eventualmente a empresa<br />

viesse a gerar alguma, seria <strong>de</strong>stinada “à construção <strong>do</strong> Seminário Diocesano <strong>de</strong> Maringá”, sua preocupação<br />

maior. Um grupo <strong>de</strong> corretores admiti<strong>do</strong>s por padre André José Torres, encarrega<strong>do</strong> <strong>de</strong> montar o empreendimento,<br />

percorreu toda a região colocan<strong>do</strong> ações no merca<strong>do</strong> para levantar o capital necessário à montagem<br />

da empresa, que visava não lucro, mas sustento <strong>do</strong> seminário. No dia 25 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1962, veio a lume a<br />

edição nº 1 <strong>do</strong> novo diário cuja apresentação lembrava o vespertino Última Hora (1951-1971), um marco da<br />

imprensa nacional, funda<strong>do</strong> pelo combativo jornalista Samuel Wainer. A Folha entrou em cena em momento<br />

<strong>de</strong> turbulência no país, após a renúncia <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte Jânio Quadros e na efervescência das chamadas reformas<br />

<strong>de</strong> base, que provocavam contínua mobilização <strong>de</strong> operários, estudantes, trabalha<strong>do</strong>res rurais, sindicalistas<br />

etc. Não por acaso, pouco <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um ano, eclodiu a chamada Revolução <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1964. No<br />

ambiente eclesial, por outro la<strong>do</strong>, respiravam-se os ares <strong>do</strong> Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965)<br />

que, para muita gente, convidava a transformar em tabula rasa tu<strong>do</strong> o que até então fora posto em prática na<br />

<strong>Igreja</strong> Católica Romana.<br />

Para a Folha <strong>do</strong> Norte representou uma quadra <strong>de</strong> preocupações intensas, <strong>de</strong> heroísmo até, como poucas<br />

vividas naqueles conturba<strong>do</strong>s tempos. Dificulda<strong>de</strong>s fundamentalmente geradas pelo primitivismo <strong>de</strong> uma<br />

região pioneira – carência <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra capacitada, <strong>de</strong>ficiente manutenção <strong>de</strong> máquinas, atraso no fornecimento<br />

<strong>de</strong> papel <strong>de</strong> imprensa, aliadas a inúmeras outras – obrigaram, não raro, o diretor presi<strong>de</strong>nte a <strong>de</strong>ixar<br />

suas funções <strong>de</strong> bispo diocesano para, num piscar <strong>de</strong> olhos, transformar-se em redator, revisor, diagrama<strong>do</strong>r...<br />

O professor universitário Elpídio Serra, que fez seu novicia<strong>do</strong> jornalístico na Folha <strong>do</strong> Norte, recorda que, vez<br />

por outra, <strong>do</strong>m Jaime via-se compeli<strong>do</strong> a dividir com um grupo <strong>de</strong> jovens inexperientes a redação da Avenida<br />

Duque <strong>de</strong> Caxias, que mantinha as luzes acesas, madrugada a<strong>de</strong>ntro.<br />

Alheio, no entanto, ao nobre propósito <strong>de</strong> difundir o Evangelho, o inexorável avanço tecnológico<br />

acabaria por ferir <strong>de</strong> morte um jornal ergui<strong>do</strong> e sustenta<strong>do</strong> com imensa garra. Houve necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investir<br />

ingente capital num diário que após três anos viu sua impressão superada pelo advento <strong>de</strong> novas técnicas. As<br />

máquinas <strong>de</strong> linotipo e a gigantesca rotativa, que ocupava uma sala inteira <strong>do</strong> prédio, tornaram-se obsoletas na<br />

era <strong>do</strong> off-set que veio para ficar e, sem pedir licença, impôs-se até ao emergente jornalismo <strong>do</strong> interior. Fazer<br />

jornal com maquinário <strong>de</strong>fasa<strong>do</strong> revelou-se tarefa antieconômica, inviável. Ao mesmo tempo, não havia como<br />

captar recursos para mo<strong>de</strong>rnizar o parque gráfico da Folha. No final <strong>de</strong> 1965, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> meses na Cida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> Vaticano, on<strong>de</strong> participou da última sessão <strong>do</strong> Concílio, no retorno a Maringá, <strong>do</strong>m Jaime encontrou as<br />

finanças da diocese em situação <strong>de</strong>licada. Esgotara-se a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> endividamento, o que inviabilizava o<br />

levantamento <strong>de</strong> empréstimo <strong>de</strong> qualquer importância, mínima que fosse. Com amargura, viu-se força<strong>do</strong> a<br />

arrendar à Re<strong>de</strong> Paranaense <strong>de</strong> Rádio o jornal da diocese, com o qual ansiosamente sonhara e até ali conseguira<br />

manter com bravura.<br />

Proprieda<strong>de</strong> da Mitra Diocesana <strong>de</strong> Maringá, funcionan<strong>do</strong> sob arrendamento, a Folha <strong>do</strong> Norte prosseguiu,<br />

ainda por vários anos, passan<strong>do</strong> às mãos <strong>de</strong> sucessivos grupos arrendatários, até finalmente encerrar as<br />

ativida<strong>de</strong>s, na assembléia geral extraordinária, levada a termo no dia 24 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1977, para dissolução<br />

da socieda<strong>de</strong> cuja ata encontra-se arquivada na Junta Comercial <strong>do</strong> Paraná, sob registro nº 125066, <strong>de</strong>feri<strong>do</strong><br />

em 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1978. Pelo espaço <strong>de</strong> quase vinte anos a Mitra Arquidiocesana <strong>de</strong> Maringá manteve-se<br />

aberta a possíveis reivindicações <strong>de</strong> acionistas, até o parecer conclusivo <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1999, que <strong>de</strong>finiu:<br />

“A socieda<strong>de</strong> não existe mais como pessoa jurídica, seus registros estão to<strong>do</strong>s extintos e não constam débitos<br />

fiscais e/ou contribuições parafiscais em aberto e quanto ao sal<strong>do</strong> existente em Ca<strong>de</strong>rneta <strong>de</strong> Poupança<br />

reserva-se o direito ao maior acionista <strong>de</strong>cidir”. Com base na conclusão, após publicação legal da dissolução<br />

da Editora Folha <strong>do</strong> Norte <strong>do</strong> Paraná, e não se ten<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong> acionista nenhum para reclamar direitos, no<br />

dia 17 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1999, <strong>do</strong>m Jaime Luiz Coelho, diretor-presi<strong>de</strong>nte da extinta, repassou a <strong>do</strong>m Murilo<br />

Krieger, arcebispo metropolitano <strong>de</strong> Maringá, a importância <strong>de</strong> R$ 13.286,83 (treze mil, duzentos e oitenta e<br />

seis reais, e oitenta e três centavos), correspon<strong>de</strong>nte ao sal<strong>do</strong> da ca<strong>de</strong>rneta <strong>de</strong> poupança da qual a socieda<strong>de</strong> era

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