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Capítulo 6 - Uma Igreja de presença e sinal do Reino - Arquidiocese ...

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tiva: impedir, por to<strong>do</strong>s os meios, que a insatisfação <strong>do</strong>s produtores rurais atravessasse o rio Paranapanema,<br />

atingin<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo e, daí, se alastrasse para outras regiões cafeeiras como Espírito Santo e Minas<br />

Gerais. Tropas foram mobilizadas com or<strong>de</strong>ns, segun<strong>do</strong> se informou na época, <strong>de</strong> dinamitar, se preciso fosse,<br />

a ponte entre Cambará (PR) e Ourinhos (SP), assim como <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir as balsas para travessia <strong>do</strong> rio nos municípios<br />

paranaenses <strong>de</strong> Alvorada <strong>do</strong> Sul e <strong>de</strong> Santo Inácio.<br />

Só no dia 30 <strong>de</strong> outubro, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> serena<strong>do</strong>, teve <strong>do</strong>m Jaime ocasião <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a carta <strong>do</strong> arcebispo<br />

<strong>de</strong> Curitiba. E o fez numa linguagem que nem remotamente <strong>de</strong>ixou transparecer a tensão daqueles dias:<br />

Caríssimo Dom Manuel<br />

In omnibus Christus!<br />

Peço a V. Excia. abençoar-me.<br />

Já <strong>de</strong>via ter respondi<strong>do</strong> a última carta <strong>de</strong> V. Excia., que falava da Marcha da Produção.<br />

Assim que a recebi, quis ir até aí, contu<strong>do</strong>, as reuniões realizadas aqui, a cada momento,<br />

me impediram. Tentei telefonar, mas as linhas estavam cortadas. Mas, Dom Manuel,<br />

graças a Deus, parece que tu<strong>do</strong> acabou bem. Sei que V. Excia. <strong>de</strong>ve ter fica<strong>do</strong> preocupa<strong>do</strong>,<br />

pois os jornais davam os noticiários mais <strong>de</strong>sencontra<strong>do</strong>s. Quan<strong>do</strong> se realizou a<br />

reunião em Maringá, no dia seguinte chamei os lí<strong>de</strong>res <strong>do</strong> movimento e mostrei-lhes o<br />

meu <strong>de</strong>saponto pela linguagem usada. Prometerem, porém, guardar melhores atitu<strong>de</strong>s<br />

e pediram que os continuasse apoian<strong>do</strong>, o que fiz, mas com a ressalva imposta, como<br />

V. Excia lerá neste boletim. De fato, a situação <strong>do</strong> café aqui, principalmente para o pequeno<br />

lavra<strong>do</strong>r, é <strong>do</strong>lorosa. Dá pena ver como ficam preocupa<strong>do</strong>s com a falta <strong>de</strong> preço.<br />

Trabalham tanto para pouca recompensa. E são justamente êles os que mais nos ajudam.<br />

Por êles, pois, mais que pelos outros, é que tomei posição nesse movimento. Mas, agora<br />

tu<strong>do</strong> passou, e se o Govêrno <strong>de</strong>clarou não ser a Marcha da Produção o meio a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong><br />

para se resolver a questão, vamos esperar que êle resolva pelo meio que tem em vista.<br />

Por aqui tu<strong>do</strong> está em paz. Há movimento <strong>de</strong> pequenas reuniões <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>res. Quanto ao<br />

mais, tu<strong>do</strong> em or<strong>de</strong>m. Peço a V. Excia que me <strong>de</strong>sculpe a <strong>de</strong>mora <strong>de</strong>sta resposta. Logo<br />

no dia 22 iniciei uma visita pastoral, e por isso atrasei a correspondência. [...]<br />

Sobre as eleições, lamento que nenhum <strong>do</strong>s candidatos aponta<strong>do</strong>s pela Fe<strong>de</strong>ração tenha<br />

si<strong>do</strong> eleito. Acho, <strong>do</strong>m Manuel, que <strong>de</strong>veríamos pensar <strong>de</strong> outro mo<strong>do</strong>. Aqui<br />

houve propaganda aberta a favor <strong>de</strong> candidatos comunistas, divorcistas, com trabalho<br />

intenso em seu favor, e nós não po<strong>de</strong>mos fazer nada às claras pelos bons candidatos,<br />

para não ferirmos os outros. Agora vem a eleição para governa<strong>do</strong>r e novos prefeitos,<br />

verea<strong>do</strong>res, etc. Se numa reunião <strong>do</strong>s Bispos nós tratássemos disso, creio que se alcançaria<br />

alguma coisa. Enfim, estou pelas orientações <strong>de</strong> V. Excia. O trabalho que agora<br />

o Pe. Alberton 13 começou, mas cujo fim não foi muito feliz, pois marcou aqui em<br />

Maringá, justamente quan<strong>do</strong> não era mais permiti<strong>do</strong> falar em política partidária, uma<br />

reunião nesse senti<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>rá surtir muito efeito, se for realizada com antecedência e<br />

bem programada. [...]<br />

Pedin<strong>do</strong> uma gran<strong>de</strong> bênção e orações, confesso-me etc. (COELHO, 1958, 1 f.).<br />

Na campanha eleitoral <strong>de</strong> 1960 pela sucessão <strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r Lupion, o bispo <strong>de</strong> Maringá manifestou-se<br />

publicamente pelo candidato Ney Aminthas <strong>de</strong> Barros Braga, <strong>do</strong> PDC, contra os outros <strong>do</strong>is, Nelson Maculan,<br />

<strong>do</strong> PTB, e Plínio Franco Ferreira da Costa, apoia<strong>do</strong> pelo governa<strong>do</strong>r, em coligação partidária li<strong>de</strong>rada<br />

pelo PSD. Braga era admira<strong>do</strong>r <strong>do</strong> i<strong>de</strong>al “Economia e Humanismo”, <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pelo padre <strong>do</strong>minicano<br />

francês Louis Joseph Lebret (1847-1966) cujos estu<strong>do</strong>s nas áreas da economia, <strong>do</strong> humanismo e <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

exerceram larga influência no pensamento social católico brasileiro <strong>de</strong> então. Descontente com<br />

o governo <strong>de</strong> Lupion, que não queria ver continua<strong>do</strong> por Plínio, e não reconhecen<strong>do</strong>, por outro la<strong>do</strong>, em<br />

Maculan qualida<strong>de</strong>s mínimas <strong>de</strong> governo, <strong>do</strong>m Jaime a<strong>do</strong>tou postura política que surpreen<strong>de</strong>u e também <strong>de</strong>s-<br />

13 Pe. Valério Alberton, SJ, então diretor da Fe<strong>de</strong>ração das Congregações Marianas no Paraná.<br />

199<br />

Os 50 anos da Diocese <strong>de</strong> Maringá

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