Raid Amezri – Uma história mal contada - TTVerde

Raid Amezri – Uma história mal contada
Para rezarem não precisam de privacidade, basta que não sejam
diretamente abordados. Num canto, de joelhos ou em pé. Em
silêncio ou murmurando, mas sempre virados para o mesmo lado.
Uns com mais frequência do que outros, não abdicam desse
momento sagrado. Eu sou mais polivalente e a orientação ou a
posição não são importantes, mas prezo mais o silêncio em redor,
por isso agradeci por tudo o que me estava a acontecer, antes de
adormecer, no meio dos outros companheiros deitados no chão,
surpreendente confortável, graças a vários tapetes, todos de
fabrico caseiro.
Esgotado por todo o esforço físico e mental dos últimos dois dias
adormeci com um pensamento de esperança.
A esperança é mesmo a última gota a secar e o que parecia
impossível, revelou-se numa ainda maior mobilização de mais
pessoas. A juntar a todos os que nos tinham ajudado na véspera
apareceram mais dois irmãos de Karim e percebia-se que a palavra
tinha passado pelo vale.
Saleh falou e assim se fez. Com picaretas e ferros para levantar as
maiores pedras, começou-se a criar um caminho uniforme, sempre
orientados pelo pequeno condutor, tal qual David. O diminuto
Santana foi carregado com três enormes calhaus para melhorar a
tração e começou a mostrar o que valia. E quando a subida era
demasiado ingrime, ou o terreno demasiado macio todos
ajudavam, entoando a ajuda de Alá. Allah Akbar!
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