O Anticristo | Friedrich Nietzsche - Charlezine
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XII<br />
www.mundocultural.com.br<br />
O <strong>Anticristo</strong> | <strong>Friedrich</strong> <strong>Nietzsche</strong><br />
www.mundocultural.com.br<br />
Ponho à parte uns poucos céticos, os tipos decentes na história da filosofia: o<br />
resto não possui a menor noção de integridade intelectual. Comportam-se como<br />
donzelas, todos esses grandes entusiastas e prodígios – consideram os “belos<br />
sentimentos” como argumentos, o “peito estufado” como o sopro de uma inspiração<br />
divina, a convicção como um critério da verdade. Ao final, com “alemã” inocência, Kant<br />
tentou dar um caráter científico a essa forma de corrupção, essa falta de consciência<br />
intelectual, chamando-a de “razão prática”. Deliberadamente inventou uma variedade<br />
de razões para usar ocasionalmente quando fosse desejável não se preocupar a razão<br />
– isto é, quando a moral, quando o sublime comando “tu deves” fosse ouvido.<br />
Lembrando do fato que, entre todos os povos, o filósofo não representa nada mais que<br />
o desenvolvimento dos velhos sacerdotes, essa herança sacerdotal, essa fraude contra<br />
si mesmo deixa de ser algo surpreendente. Quando um homem sente que possui uma<br />
missão divina, digamos, melhorar, salvar ou libertar a humanidade – quando um<br />
homem sente uma faísca divina em seu coração e acredita ser o porta-voz de<br />
imperativos supranaturais – quando tal missão o inflama, é simplesmente natural que<br />
ele coloque-se acima dos níveis de julgamento meramente racionais. Sente a si próprio<br />
como santificado por essa missão, sente que faz parte de uma ordem superior!... O<br />
que padres têm a ver com filosofia! Estão muito acima dela! – E até agora os padres<br />
reinaram! – Determinaram o significado dos conceitos de “verdadeiro” e “falso”!