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agitadores. Na soberania do quilombo do piolho, não se incorria neste perigo ativo de<br />
agitações e outros tipos de conspirações, afinal a população era de expressão pequena, e<br />
de súditos fieis pelo medo ou disciplina. Nesta sociedade permeiam, além de muitos<br />
mecanismos do biopoder, vestígios de todas as sociedades: disciplinar e de controle, a<br />
força dominante do nanopoder.<br />
Como podemos notar em algumas literaturas acerca deste quilombo, estes eram<br />
organizados para o trabalho, de tal forma que não faltava alimentação para os moradores<br />
do local, estes alimentos eram oriundos da coleta e do plantio, e para o comando, por<br />
uma hierarquia militar, onde havia delegação de poder pela rainha, que governava o<br />
quilombo após a morte de seu esposo, atuava em uma organização “celular” 25 , de forma<br />
a terem uma força capaz de controlar e manter seus indivíduos, mas não suficientes para<br />
suportar ataques e invasões de grupos maiores.<br />
Para exemplificar fatos mais próximos da transitoriedade e atuação de<br />
mecanismos de uma sociedade em outra, temos “o fascismo e o nazismo, dois<br />
movimentos biopolíticos em sentido próprio, que fazem, portanto da vida natural o local<br />
por excelência da decisão soberana” Agamben (2002, p. 135); são ações em uma<br />
sociedade ainda disciplinar, caminhando a uma sociedade de controle, mas com práticas<br />
estritas da soberania.<br />
Nos campos de concentração nazistas, há um pouco de deixar morrer e muito<br />
de fazer viver para aproveitamento da energia individual, bem como já encontramos aí<br />
pistas de uma sociedade de controle, como a nova identidade que os “concentrados”<br />
passam a receber, ao invés de seus nomes, agora são identificados por números e faixas,<br />
eis o controle contínuo.<br />
Para Negri, “o poder é superstição, organização do medo: Ao lado do poder,<br />
há sempre a potência. Ao lado da dominação, há sempre a insubordinação” 26 , fatos<br />
evidentes, mas é importante perceber a dimensão que o controle toma em tempos atuais.<br />
Não há como ser desmedido em nossas ações pois, como afirma Deleuze e Guattari, há<br />
sim uma linha de fuga, pela qual podemos nos desvencilhar a todo o momento, assim<br />
como podemos ser capturados a todo instante. Os domínios do poder alisam e estriam o<br />
tempo todo, e vice-versa, o que nos remete ao questionamento: então estaríamos em<br />
25 Verificar obra, Composição Filosófica, pp. 28-29.<br />
26 NEGRI, A. Exílio. São Paulo, Iluminuras, 2001.<br />
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