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Entrevistado B., tudo isso atraiu muitos investidores do sudeste e sul do país em Vila<br />

Bela.<br />

Hoje:<br />

70<br />

Vila Bela tem várias fases, a propriedade rural domina, a cidade<br />

sofreu um freio na transferência da Capital, o negro do garimpo, ficou<br />

mais de um século sem desenvolvimento, de 1835, só tivemos<br />

primeiro prefeito em 1949, não tinha como desenvolver nada, teve<br />

liberdade sem nenhum preparo, a cidade ficou em estado de abandono.<br />

Região tomada por índios, a comunidade não ficava em paz, por isso<br />

foram para outro lado do rio (remanescente). Não tinha estrada, ainda<br />

não tinha Lacerda, o caminho era pelo rio, até Guarajá Mirim<br />

(ENTREVISTADO G., 2009).<br />

Neste depoimento, percebemos o abandono da cidade, a necessidade de sua<br />

ocupação e controle pelos próprios negros que, como dissemos anteriormente, com base<br />

em suas raízes, de domínio e reinados, marca-se aqui um poder soberano, em que uns<br />

guerreiros escravizavam os outros no continente africano, em troca de quinquilharia e<br />

fuzis 37 . Após sua liberdade, o escravo em Vila Bela atua por estes princípios, mesmo<br />

antes desta “suposta liberdade”, temos relatos de um poder soberano, nos quilombos,<br />

onde em<br />

1770... quilombo do piolho... teve rei e rainha. O rei era falecido há<br />

anos. Por seu falecimento, ficou a rainha governando, com poder tão<br />

absoluto que, não só chegou a mandar enforcar, mas também quebrar<br />

pernas e braços e enterrar vivos aqueles que arrependidos da fuga,<br />

queriam tornar para a casa de seus senhores, sem que para<br />

semelhantes e outros castigos fosse preciso legal prova. (AMADO e<br />

ANZAI, 2006, p. 139).<br />

Por isso não é de se assustar com o posicionamento tomado pelos<br />

remanescentes após ficarem neste estado de liberdade, com a transferência da capital<br />

para Cuiabá. Apenas é salutar pelo fato de, segundo relatos, “naquele tempo era sofrido,<br />

mais tinha respeito, amor pelo outro, não tinha politicagem, naquele tempo éramos mais<br />

felizes” (ENTREVISTADO C., 2009), então qual o motivo de escravizar índios da<br />

região, se prezavam tanto a liberdade, a igualdade e o amor pelo outro, se só pelo<br />

compatriota, não seria um egoísmo desmedido e um sentimento individualista?<br />

A partir de observação pelos períodos históricos, a vivência de conceitos<br />

descritos por Foucault e Deleuze, para uma Europa do século XIX, verificamos que a<br />

37 Documentário. Atlântico Negro - Na rota dos orixás. Direção de Renato Barbieri, 1998.

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