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nanopoder, poder celular, que entrava o crescimento e até a valorização da tradição dos<br />
quilombolas.<br />
2. TERRITÓRIO, UM ESPAÇO NÔMADE<br />
Se entendermos que um território se constrói a partir de uma volta ao espaço<br />
antes territorializado, e tendo sido “Vila Bela fundada e tornada capital exatamente para<br />
guardar e ocupar o extremo oeste de uma Capitania fixada em área antes espanhola”<br />
(AMADO e ANZAI, 2006, p. 33), de cuja área, por ação dos bandeirantes, Portugal se<br />
ocupou, podemos identificar este espaço como um território nômade.<br />
Após uma ocupação indevida, por desrespeito às leis, Vila Bela instituída por<br />
guardar riquezas inestimáveis, sofre constantes processos de estriamento. O primeiro<br />
golpe de desterritorialização acontece quando, em 1820, Francisco P. M. T. de Carvalho<br />
transfere importantes órgãos da província instalados em Vila Bela para Cuiabá. A partir<br />
daí, o processo de mudança da capital é inevitável. Em 1831, há a mudança definitiva da<br />
capital da província, tendo sido instituída, pela lei nº 19 de 28 de agosto de 1835,<br />
Cuiabá como a nova capital da província (BANDEIRA, 1988, p. 112).<br />
O nomadismo entendido como um constante “vir-a-ser”, algo em constante<br />
movimento, que se transforma, que estria e se alisa, referindo aqui ao território, Vila<br />
Bela, após esta data, torna-se um espaço em princípio sem ordens, contradizendo a<br />
perspectiva de que os governantes fariam valer como um lugar com leis rígidas.<br />
Amparando-nos nas datas, que, registram a saída dos brancos, em 1831,<br />
juntamente com a transferência da capital para Cuiabá, e a volta dos mesmos em 1950,<br />
como nos relata Bandeira (1988, p. 68), são 119 anos de abandono e descaso que a<br />
cidade de Vila Bela sofre. Note-se que a abolição da escravatura, pela Lei áurea de 13<br />
de maio, é de 1888, e os negros de Vila Bela são livres 57 anos antes, fato de que os<br />
remanescentes da região se orgulham, pois seus antepassados estiveram à frente daquele<br />
tempo, como preferem pensar.<br />
A primeira ideia que nos vem à cabeça é de que os negros ali residentes,<br />
escravos, haviam ficado sem rumo. Mas há agora um território a ser ocupado, e isto é<br />
feito pelas famílias mais “espertas” da época, como podemos observar neste relato:<br />
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