TV e educação: capíTuloS de uma hiSTória - TV Brasil
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<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro. As rádios socieda<strong>de</strong> ou<br />
rádios clube eram assim chamadas porque<br />
os ouvintes precisavam se associar e con-<br />
tribuíam com mensalida<strong>de</strong>s para a manu-<br />
tenção da emissora. Havia, portanto, <strong>uma</strong><br />
participação direta dos ouvintes. Isso era<br />
possível também porque o número <strong>de</strong> apa-<br />
relhos <strong>de</strong> recepção não era muito gran<strong>de</strong> e,<br />
por consequência, o <strong>de</strong> ouvintes também. As<br />
publicida<strong>de</strong>s, ou os comerciais, só viriam a<br />
sustentar as emissoras <strong>de</strong> rádio um pouco<br />
mais tar<strong>de</strong>. Em 1933, o governo <strong>de</strong> Getúlio<br />
Vargas autoriza a publicida<strong>de</strong> em rádio. A<br />
partir <strong>de</strong> então, os nomes dos patrocina-<br />
dores ficam <strong>de</strong> tal forma marcados que se<br />
confun<strong>de</strong>m com o próprio programa como,<br />
por exemplo, o Repórter Esso, um dos pro-<br />
gramas <strong>de</strong> radiojornalismo mais famosos do<br />
país.<br />
O INCE funcionava em um edifício na Praça<br />
da República, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, on<strong>de</strong> tam-<br />
bém passou a funcionar a Rádio Ministério<br />
da Educação. Não vimos, até hoje, nenhum<br />
texto sobre o Instituto Nacional do Cinema<br />
Educativo que não falasse também <strong>de</strong> Ro-<br />
quette-Pinto. Mas outros personagens, com<br />
maior ou menor expressão, também partici-<br />
param <strong>de</strong>ssa história. É importante lembrar<br />
que o INCE surgiu em pleno Estado Novo,<br />
criado pelo Ministro da Educação do gover-<br />
no <strong>de</strong> Getúlio Vargas, Gustavo Capanema.<br />
No Catálogo da Mostra Humberto Mauro,<br />
patrocinada pela Embrafilme, Secretaria <strong>de</strong><br />
Cultura, Ministério da Educação e Banco<br />
Nacional, em junho <strong>de</strong> 1984, encontramos<br />
o seguinte texto: “Em 1936, o antropólogo,<br />
cientista e professor Edgard Roquette-Pinto<br />
estava organizando o INCE (...) quando se<br />
aproximou Humberto Mauro, que já o co-<br />
nhecia pessoalmente, do seu tempo <strong>de</strong> dire-<br />
tor do Museu Nacional. Des<strong>de</strong> o início, hou-<br />
ve entre os dois <strong>uma</strong> i<strong>de</strong>ntificação quanto à<br />
valorização da cultura brasileira, consi<strong>de</strong>ra-<br />
da por ambos a manifestação <strong>de</strong> <strong>uma</strong> civili-<br />
zação nova que se auto<strong>de</strong>sconhecia. Hum-<br />
berto tinha i<strong>de</strong>ias sobre filmes educativos e<br />
isso lhe valeu um convite <strong>de</strong> Roquette- Pinto<br />
para que o ajudasse a fazer o cinema no Bra-<br />
sil, ‘a escola dos que não tinham escola’”.<br />
O que vem a ser essa afirmação – ou esse<br />
<strong>de</strong>sejo – <strong>de</strong> que o cinema se transformasse<br />
nessa escola, talvez não possamos saber.<br />
Po<strong>de</strong>mos, no entanto, pensar que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há<br />
muito que o cinema – e <strong>de</strong>pois a televisão<br />
e os computadores em re<strong>de</strong> – estão relacio-<br />
nados com a <strong>educação</strong> e com a escola. No<br />
Estado Novo, o cinema educativo foi utiliza-<br />
do como um meio <strong>de</strong> propaganda política,<br />
com o intuito <strong>de</strong> colaborar na construção<br />
da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional, na legitimação do<br />
governo e na formação do patriotismo. O ci-<br />
nema para Getúlio Vargas era como um livro<br />
<strong>de</strong> imagens luminosas.<br />
Po<strong>de</strong> parecer estranho que um governo<br />
se preocupasse tanto com o cinema para<br />
educar o povo, a ponto <strong>de</strong> criar um órgão<br />
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