TV e educação: capíTuloS de uma hiSTória - TV Brasil
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se revelou instrumento imprescindível para<br />
a consolidação <strong>de</strong> projetos educativos, inspi-<br />
rada, <strong>de</strong> certo modo, nos resultados da utili-<br />
zação do rádio na <strong>educação</strong>.<br />
No entanto, essas iniciativas não lograram<br />
<strong>uma</strong> mudança significativa nas estruturas<br />
educacionais e, <strong>de</strong> certa forma, reprodu-<br />
ziram o mesmo esquema <strong>de</strong> comunicação<br />
unidirecional, então vigente também nas es-<br />
colas, reforçado pela própria forma <strong>de</strong> pro-<br />
dução da <strong>TV</strong> como veículo <strong>de</strong> comunicação<br />
<strong>de</strong> massa, centrada muito mais no emissor<br />
do que nos possíveis receptores. E com um<br />
mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> mídia importado <strong>de</strong> outras cul-<br />
turas, claramente no <strong>Brasil</strong> dominado por<br />
gran<strong>de</strong>s corporações em disputa pelo mer-<br />
cado (FERREIRA, 1991).<br />
O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> comunicação unidirecional vi-<br />
gorou, por mais <strong>de</strong> um século, na <strong>educação</strong><br />
brasileira. Os processos educativos eram<br />
centrados na transmissivida<strong>de</strong>: o professor<br />
“transmitia” os conteúdos que eram “assi-<br />
milados” pelos alunos. Esta concepção foi<br />
<strong>de</strong>nominada por Paulo Freire <strong>de</strong> <strong>educação</strong><br />
bancária. Tal mo<strong>de</strong>lo recebe hoje críticas<br />
em diversas partes do mundo, consi<strong>de</strong>ran-<br />
do que aquilo que po<strong>de</strong> ser transmitido é<br />
a informação apenas. Não se transmite o<br />
conhecimento, pois este pressupõe um<br />
processo dialógico, <strong>uma</strong> interação entre<br />
mestre e aprendiz e <strong>de</strong>sses com seus pa-<br />
res. E, pressupõe, ainda, que conhecimen-<br />
to é apreensão <strong>de</strong> sentido e não somen-<br />
te a aquisição <strong>de</strong> dados e informações. No<br />
processo dialógico, todos apren<strong>de</strong>m, mes-<br />
clando conteúdos, i<strong>de</strong>ias, i<strong>de</strong>ais, visões <strong>de</strong><br />
mundo... Sem essa interação, segundo esse<br />
processo, não há realmente <strong>uma</strong> aprendi-<br />
zagem significativa, por mais interessantes<br />
e diversificados que sejam os recursos uti-<br />
lizados pela escola ou pela <strong>TV</strong>. Nessa pers-<br />
pectiva, importa à escola e à <strong>educação</strong> que,<br />
além dos processos <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> in-<br />
formações em larga escala que a televisão<br />
propicia, existam espaços <strong>de</strong> diálogo que<br />
possam significar o que é visto nas telas,<br />
integrando os mais diversos temas e assun-<br />
tos aos processos educacionais. A sala <strong>de</strong><br />
aula é um espaço privilegiado para que isso<br />
possa ocorrer. É um espaço <strong>de</strong> visionamen-<br />
to e escuta.<br />
Para Jesús Martín-Barbero (2001, p. 28), teó-<br />
rico que se preocupa com a recepção e com<br />
a utilização que as pessoas fazem da <strong>TV</strong>, me-<br />
diação é <strong>uma</strong> palavra-chave:<br />
(...) a comunicação se tornou para nós<br />
questão <strong>de</strong> mediações mais do que <strong>de</strong><br />
meios, questão <strong>de</strong> cultura e, portanto,<br />
não só <strong>de</strong> conhecimentos mas <strong>de</strong> re-<br />
conhecimento. Um reconhecimento que<br />
foi, <strong>de</strong> início, operação <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamen-<br />
to metodológico para re-ver o processo<br />
inteiro da comunicação, a partir <strong>de</strong> seu<br />
outro lado, o da recepção, o das resistên-<br />
cias que aí têm seu lugar, o da apropria-<br />
ção a partir <strong>de</strong> seus usos.<br />
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