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Fundos de Pensão - Fipecafi

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aí uma mudança significativa e será preciso<br />

treinar todas as pessoas envolvidas<br />

para acompanharem essa nova perspectiva.<br />

No caso dos balanços consolidados<br />

isso fica mais fácil porque há<br />

muita gente para ajudar, como auditores,<br />

consultores, etc., mas no balanço<br />

individual o pessoal da contabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ve estar muito bem treinado.<br />

O aumento <strong>de</strong><br />

transparência na<br />

divulgação <strong>de</strong> informações<br />

será efetivo?<br />

Eliseu Martins - A transparência<br />

vai aumentar, sem dúvida, porque será<br />

exigido maior <strong>de</strong>talhamento <strong>de</strong> informações,<br />

porém o mais importante é que<br />

as próprias regras contábeis internacionais,<br />

<strong>de</strong> modo geral, são melhores do<br />

que as nossas porque se aproximam<br />

mais da realida<strong>de</strong> econômica das empresas<br />

e mensuram melhor os resultados.<br />

Nas operações financeiras, quando<br />

há uma contabilida<strong>de</strong> a preços <strong>de</strong><br />

mercado, é possível captar mais rapidamente<br />

as variações e oscilações e<br />

seu impacto para a empresa. No caso<br />

das operações <strong>de</strong> “leasing”, por exemplo,<br />

há muitas empresas no Brasil que<br />

acabam usando isso para escon<strong>de</strong>r financiamentos<br />

e no sistema internacional<br />

fica muito mais claro perceber o que<br />

é financiamento, não dá para escon<strong>de</strong>r,<br />

então há mais transparência para<br />

quem está examinando os balanços.<br />

O resultado positivo <strong>de</strong>ssa<br />

mudança será percebido<br />

por todas as empresas da<br />

mesma maneira?<br />

Eliseu Martins - Não. E é importante<br />

levar em conta que não haverá<br />

uma mudança da água para o vinho.<br />

Eliseu Martins . ENTREVIST<br />

ENTREVISTA<br />

ENTREVIST<br />

As regras contábeis internacionais se<br />

aproximam mais da realida<strong>de</strong> econômica<br />

das empresas e mensuram melhor<br />

os resultados do que as nossas<br />

Essas adaptações são custosas e trabalhosas<br />

e seu efeito será muito diferente<br />

para as empresas. Em algumas<br />

<strong>de</strong>las, o nível <strong>de</strong> melhoria po<strong>de</strong>rá chegar<br />

a 50%, mas na média ficará bem<br />

abaixo disso e, em alguns casos, não<br />

haverá qualquer melhoria porque isso<br />

vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r das características das<br />

diversas empresas, como mostram claramente<br />

os balanços das companhias<br />

brasileiras que já estão <strong>de</strong> acordo com<br />

o IFRS (International Financial Reporting<br />

Standards) e com o FASB, dos<br />

Estados Unidos. Nas empresas comerciais<br />

normais, por exemplo, a contabilida<strong>de</strong><br />

envolve basicamente o reconhecimento<br />

<strong>de</strong> receitas, a variação <strong>de</strong><br />

contas a receber e a variação <strong>de</strong> estoques.<br />

Acontece que no Brasil essa<br />

contabilida<strong>de</strong> comercial já está muito<br />

bem alinhada às normas internacionais,<br />

então não será percebida uma<br />

diferença expressiva <strong>de</strong>pois da adaptação.<br />

Já no caso das empresas <strong>de</strong><br />

setores ligados aos produtos agrícolas<br />

a mudança será gran<strong>de</strong> porque,<br />

enquanto a regra internacional exige<br />

que a contabilida<strong>de</strong> dos estoques seja<br />

feita pelo valor <strong>de</strong> mercado, aqui há a<br />

opção <strong>de</strong> escolher entre dois critérios,<br />

o <strong>de</strong> valor <strong>de</strong> mercado ou o <strong>de</strong> custo<br />

e, para fugir do Imposto <strong>de</strong> Renda,<br />

todos acabam preferindo usar o critério<br />

<strong>de</strong> custo. É, mais uma vez, a influência<br />

dos interesses tributários interferindo<br />

na contabilida<strong>de</strong>. Aliás, quando<br />

olhamos a maioria das mudanças,<br />

percebemos que muita coisa o Brasil<br />

ainda não adotou justamente por conta<br />

<strong>de</strong> razões tributárias.<br />

A nova lei contábil segrega<br />

o balanço para finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

recolhimento fiscal do<br />

balanço financeiro, usado<br />

para fins societários. Isso já<br />

está suficientemente claro?<br />

Há possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

entendimentos diferentes<br />

sobre isso?<br />

Eliseu Martins - Faz parte da legislação,<br />

<strong>de</strong> maneira bem clara, a criação<br />

<strong>de</strong> uma blindagem para que as regras<br />

sejam neutras do ponto <strong>de</strong> vista tributário.<br />

É verda<strong>de</strong> que se a Receita Fe<strong>de</strong>ral<br />

e o Ministério da Fazenda quiserem<br />

<strong>de</strong>rrubar essa blindagem po<strong>de</strong>rão fazêlo<br />

mas eles têm <strong>de</strong>clarado em diversas<br />

ocasiões que são favoráveis a essa neutralida<strong>de</strong><br />

tributária na contabilida<strong>de</strong>.<br />

Os representantes das<br />

companhias abertas têm<br />

discutido bastante essa<br />

questão e parece haver<br />

dúvidas. O que falta para<br />

esclarecer o assunto?<br />

Eliseu Martins - Está faltando a<br />

legislação complementar tributária para<br />

esclarecer esse ponto, mas, por enquanto,<br />

temos sentido que a Receita<br />

preten<strong>de</strong> respeitar a blindagem. É possível<br />

que no ano corrente <strong>de</strong> 2008 haja<br />

algum problema quanto a isso, uma<br />

vez que a lei entrou em vigência sem<br />

um ato complementar tributário, mas<br />

as principais mudanças contábeis na<br />

ABRIL 2006 7

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