Relatório_Acidentes Mortais em GIFs 2013.pdf
Relatório encomendado pelo Ministério da Administração Interna (MAI) ao Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais - ADAI/LAETA do Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Ciências e Tecnologia, da Universidade de Coimbra, com o fim de apurar as causas que levaram aos acidentes que provocaram a morte a 9 bombeiros.
Relatório encomendado pelo Ministério da Administração Interna (MAI) ao Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais - ADAI/LAETA do
Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Ciências e Tecnologia, da Universidade de Coimbra, com o fim de apurar as causas que levaram aos acidentes que provocaram a morte a 9 bombeiros.
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Universidade de Coimbra Os Incêndios Florestais de 2013<br />
Os olivais, mas também muitas outras árvores de fruto, são usualmente gradados duas vezes antes do<br />
verão: no início do ano e no fim da primavera. A primeira gradag<strong>em</strong> foi feita normalmente mas a segunda<br />
não foi efetuada na maioria das regiões. A pluviosidade acima da média tornou esta prática muito difícil,<br />
devido à grande humidade do solo. A perturbação nesta prática comum originou que a vegetação herbácea<br />
crescesse mais do que o normal nestes olivais, amendoais e restantes pomares. Por essa razão arderam<br />
alguns destes espaços que usualmente serv<strong>em</strong> de defesa passiva e são b<strong>em</strong> aproveitados pelas forças de<br />
combate ao incêndio na delineação da estratégia geral.<br />
A Figura 18 representa a distribuição espacial dos combustíveis florestais pela zona do incêndio. O mapa<br />
foi feito com base <strong>em</strong> dados cedidos pelos GTF dos respetivos municípios. Pode observar‐se, mesmo<br />
visualmente, alguma inconsistência entre os diferentes municípios. Um dos municípios não t<strong>em</strong> o mapa<br />
completo e outro utilizou dados de base a uma escala diferente dos outros três. À s<strong>em</strong>elhança do verificado<br />
<strong>em</strong> casos s<strong>em</strong>elhantes (por ex<strong>em</strong>plo na análise do ano passado ao incêndio de Tavira/S. Brás de Alportel) a<br />
interpretação dos guias de orientação do ICNF neste campo é subjetiva e n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre feita da mesma<br />
maneira pelos técnicos, o que resulta na identificação de modelos de combustível diferentes <strong>em</strong> casos onde<br />
eles são iguais.<br />
Figura 18 – Mapa de combustíveis<br />
No ponto de início predominava a vegetação herbácea natural e zonas de mato denso (modelos 2 e 4).<br />
Os incêndios neste tipo de combustível propagam‐se muito rapidamente. A acumulação dispersa de<br />
combustível lenhoso tende a incr<strong>em</strong>entar a intensidade do incêndio.<br />
À medida que o incêndio progride para este, as áreas cobertas por herbáceas aumentam,<br />
maioritariamente ladeando as linhas de água. Toda a zona central do incêndio era ocupada por mato de<br />
diferentes alturas e cargas (modelos 4, 5 e 6). Os incêndios são mais rápidos e mais intensos nestes modelos,<br />
desenvolvendo‐se mesmo com teores de humidade dos combustíveis mais elevados.<br />
Existiam alguns povoamentos de eucalipto e pinheiro bravo, identificados nos mapas a que tiv<strong>em</strong>os<br />
acesso com o modelo 9 (Figura 18). Este modelo (folhada pouco compacta e arejada) é característico de<br />
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