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Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus que há de julgar vivos e mortos, pela sua<br />
manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige,<br />
repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que não<br />
suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias<br />
cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade,<br />
entregando-se às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio <strong>em</strong> todas as cousas, suporta as aflições, faze o<br />
trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério (2 Tm 4.1-5).<br />
Aquele solene encargo foi dado quando o apóstolo, estando ciente de sua morte iminente<br />
(vv. 6-9), passou o manto a seu filho na fé. Ele ordenou que Timóteo continuasse a pregar, de<br />
maneira confrontadora, a poderosa Palavra de Deus. Ao escrever "insta" (v.2), Paulo usou um<br />
termo militar que significa: "estar a postos". A fidelidade ao dever é a idéia que este termo<br />
transmite. E um chamado a aproveitar toda oportunidade, "quer seja oportuno, quer não", quer<br />
seja conveniente ou inconveniente, quer seja popular ou impopular. Não há ocasião inadequada<br />
para a pregação da Palavra. Dev<strong>em</strong>os proclamá-la constante e incessant<strong>em</strong>ente.<br />
O tom de tal pregação é "corrige", que t<strong>em</strong> a idéia de refutar e lida com a mente.<br />
"Repreende" confronta as <strong>em</strong>oções, enquanto o pecado é exposto. "Exorta" enfatiza a chamada<br />
ao arrependimento e à obediência. Tudo isso deve ser feito com muita paciência através de<br />
cuidadosa instrução.<br />
Esta é a ord<strong>em</strong> divina.<br />
Não será fácil, porém. Por quê? Porque as pessoas não darão ouvidos, n<strong>em</strong> suportarão a<br />
pregação sólida da Palavra. Muitas igrejas hoje não suportariam, por dois domingos<br />
consecutivos, a pregação da sã doutrina bíblica, que confronta seu erro doutrinário, que o<br />
refuta, que traz convicção de pecado sobre o povo ou que os exorta à santa obediência. Eles<br />
substituiriam tal pregador por professores que alimentass<strong>em</strong> seus desejos e lhes fizess<strong>em</strong><br />
cócegas aos ouvidos. Eles quer<strong>em</strong> algo sensacional, que produza entretenimento, benefício<br />
próprio e lhes satisfaça o ego; quer<strong>em</strong> algo que lhes faça sentir<strong>em</strong>-se b<strong>em</strong> e que produza<br />
sensação agradável. Por causa de tal sentimento, com alegria eles trocarão a verdade por<br />
fábulas, mitos e histórias.<br />
"Dê-nos o que quer<strong>em</strong>os!", eles ped<strong>em</strong>; e toleram apenas pregadores que assim o faz<strong>em</strong>.<br />
Uma olhada <strong>em</strong> algumas passagens do Antigo Testamento revela que isso não é algo novo.<br />
Isaías teve seu ministério <strong>em</strong> meio a uma geração s<strong>em</strong>elhante à <strong>nossa</strong>:<br />
Povo rebelde é este, filhos mentirosos, filhos que não quer<strong>em</strong> ouvir a lei do Senhor. Eles diz<strong>em</strong><br />
aos videntes: Não tenhais visões; e aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos<br />
cousas aprazíveis, profetizai-nos ilusões (Is 30.9-10).<br />
O Senhor mesmo disse a Jer<strong>em</strong>ias: "Os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes<br />
dominam de mãos dadas com eles; e é o que deseja o meu povo" (Jr 5.31). Miquéias falou com<br />
precisão: "Se houver alguém que, seguindo o vento da falsidade, mentindo, diga: Eu te<br />
profetizarei do vinho e da bebida forte; será este tal o profeta deste povo" (Mq 2.11).<br />
No decurso de sua história, a igreja t<strong>em</strong> enfrentado períodos de apostasia e falta de<br />
discernimento s<strong>em</strong>elhantes aos de Israel. No prefácio de um dos seus sermões, Charles<br />
Spurgeon confrontou alguns pastores de sua época com esta parábola:<br />
Nos dias de Nero houve grande falta de alimento na cidade de Roma, <strong>em</strong>bora houvesse<br />
abundância de cereais para se comprar <strong>em</strong> Alexandria. Certo hom<strong>em</strong> que possuía um navio foi<br />
até o cais. Ali ele viu muitas pessoas famintas se esforçando para avistar algo no mar, atentas<br />
à chegada dos navios que trariam cereais de Alexandria.<br />
Quando os navios chegaram à praia, um por um, o pobre povo torceu as mãos <strong>em</strong> amarga<br />
decepção, pois a bordo dos navios não havia senão areia. O terrível imperador lhes obrigara a<br />
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