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Cristo, ansiosamente adotou para si a linguag<strong>em</strong> das "necessidades". Agora se ouve que Jesus<br />
vai atender a cada uma de suas necessidades, como se Ele fosse uma espécie de psiquiatra ou<br />
detergente divino e como se Deus simplesmente tivesse de nos servir. 35<br />
Não é difícil achar evidência desse tipo de pensamento na igreja. Alguns ministérios<br />
cont<strong>em</strong>porâneos categoricamente admit<strong>em</strong> que atender as necessidades das pessoas é seu<br />
objetivo principal.<br />
Mas isso é diametralmente oposto ao ensino das Escrituras. O objetivo da santificação é o<br />
conformar-se à imag<strong>em</strong> de Cristo (Rm 8.29), não a auto-satisfação. A verdadeira santificação<br />
não é uma questão de avaliar a si mesmo e satisfazer as necessidades percebidas.É uma questão<br />
de conhecer a Cristo profundamente. Quanto mais você cont<strong>em</strong>pla a si mesmo, mais distraído<br />
ficará quanto ao caminho apropriado para a santificação. Quanto mais você conhece a Cristo e<br />
t<strong>em</strong> comunhão com Ele, mais o Espírito lhe tornará s<strong>em</strong>elhante a Ele. Quanto mais você é<br />
s<strong>em</strong>elhante a Cristo, melhor entenderá a absoluta <strong>suficiência</strong> dEle para todas as dificuldades da<br />
vida. Esse é o único caminho para se conhecer a verdadeira satisfação.<br />
O pragmatismo também t<strong>em</strong> produzido apatia quanto à oração. Isso acontece porque o<br />
principal motivador da oração é ura senso de dependência de Deus (por ex<strong>em</strong>plo, ver Tiago<br />
4.14-15). O pragmatismo, contudo, gera um falso senso de independência e auto-<strong>suficiência</strong>. É<br />
difícil forçar a si mesmo a orar, se você acha que t<strong>em</strong> uma solução humana para cada probl<strong>em</strong>a<br />
e um recurso natural para cada necessidade. Os probl<strong>em</strong>as surg<strong>em</strong> <strong>em</strong> <strong>nossa</strong> sociedade porque<br />
a maioria de nós t<strong>em</strong> mais bens materiais do que necessita e desenvolve meios para lidar com<br />
quaisquer outras necessidades que possam surgir. Há programas "cristãos" para pessoas que<br />
quer<strong>em</strong> melhorar sua aparência, sua forma física, sua auto-estima, seus investimentos ou<br />
qualquer outra coisa que possa estar <strong>em</strong> deficiência. Cristãos que quer<strong>em</strong> possuir tudo, aqui e<br />
agora, pod<strong>em</strong>, com avidez, buscar a boa vida e se sentir<strong>em</strong> b<strong>em</strong> com isso.<br />
Assim, muitos cristãos cont<strong>em</strong>porâneos estão absortos numa busca desesperada por<br />
satisfação instantânea, obcecados pelo conforto terreno e agrilhoados a este mundo presente. Eu<br />
me l<strong>em</strong>bro de uma época <strong>em</strong> que se dava ênfase a esperança futura, e as pessoas queriam ouvir<br />
mensagens sobre o céu, profecias ou escatologia. Estes tópicos não são populares hoje, pois<br />
<strong>nossa</strong>s mentes estão postas no presente e não no futuro. Os crentes de Tessalônica desejavam o<br />
retorno de Cristo e as glórias do céu (1 Ts 1.9-10); muitos de nós, porém, ao contrário deles, nos<br />
acomodamos confortavelmente a esta vida. Quando morre um crente, alguns cristãos entram<br />
<strong>em</strong> desespero e depressão, como se a pessoa tivesse ido para um lugar pior ou como se Deus<br />
tivesse tomado de nós alguém que tanto necessitávamos <strong>em</strong> <strong>nossa</strong> companhia. Dev<strong>em</strong>os antes<br />
nos alegrar na certeza de que nosso amado está na presença do Senhor, momentaneamente<br />
separado de nós, mas destinado a um feliz encontro na glória eterna.<br />
As futuras glórias celestiais Toram ofuscadas pelo frágil e momentâneo brilho das coisas<br />
terrenas. Muitos cristãos se afundaram no conforto da saúde, da riqueza e da prosperidade, das<br />
quais apenas a morte ou o arrebatamento da igreja ousariam r<strong>em</strong>ovê-los; e mesmo estes seriam<br />
intrusos mal recebidos por alguns. Poucas pessoas anseiam o céu.<br />
Talvez o erro fatal do pragmatismo é que ele deixa de considerar corretamente a<br />
depravação humana. O hom<strong>em</strong> é uma criatura caída; sua depravação é tão profunda e<br />
penetrante que ele nada pode fazer por si mesmo quanto às coisas espirituais (Rm 3.10-11).<br />
Portanto, o uso de meios humanos para realizar objetivos espirituais inevitavelmente fracassará.<br />
Esta é precisamente a razão pela qual Deus exige que os cristãos se submetam ao seu governo<br />
soberano, aprendam os princípios da vida espiritual revelados na Palavra e se apropri<strong>em</strong> dos<br />
abundantes recursos espirituais que Ele torna disponíveis <strong>em</strong> Cristo (Cl 1.9-15). Esses recursos,<br />
totalmente à parte da engenhosidade humana, são suficientes para cumprir os propósitos<br />
35 Tony Walter, Need: The New Religion (Downer's Grove; Intervarsity, 1985), prefácio, p. 5.<br />
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