IPARDES & IAPAR. O mercado de orgânicos no Paraná
IPARDES & IAPAR. O mercado de orgânicos no Paraná
IPARDES & IAPAR. O mercado de orgânicos no Paraná
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
17<br />
conhecida como a Nova Sociologia Econômica, que se estará abordando a concepção<br />
teórica <strong>de</strong>ste projeto, buscando apreen<strong>de</strong>r e estudar o <strong>mercado</strong> <strong>de</strong> produtos orgânicos <strong>no</strong><br />
Paraná como um <strong>mercado</strong> construído por diferentes atores sociais.<br />
1.1.1 Os Aportes da Nova Sociologia Econômica<br />
No final dos a<strong>no</strong>s 70 e início dos 80, sociólogos dos Estados Unidos e da Europa<br />
recuperaram as idéias, conceitos e métodos <strong>de</strong> autores clássicos da Sociologia,<br />
particularmente <strong>de</strong> Max Weber e Karl Polanyi, para fazer a crítica à abordagem da eco<strong>no</strong>mia<br />
neoclássica sobre a auto<strong>no</strong>mia da esfera econômica <strong>no</strong> conjunto da socieda<strong>de</strong>. Tais autores<br />
<strong>de</strong>stacam a centralida<strong>de</strong> da dimensão socializadora nas relações econômicas, e por<br />
conseguinte nas relações mercantis, em <strong>de</strong>trimento da perspectiva da relação individual e<br />
intimista. Com eles se restaura a compreensão dos fenôme<strong>no</strong>s econômicos como sociais, e,<br />
em <strong>de</strong>corrência, o <strong>mercado</strong> <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser visto como uma "entida<strong>de</strong>" à parte e abstrata,<br />
passando a ser visto como algo construído socialmente.<br />
Karl Polanyi é um dos autores mais críticos com relação à eco<strong>no</strong>mia <strong>de</strong> <strong>mercado</strong>,<br />
consi<strong>de</strong>rada por ele como um sistema institucional único e peculiar que se consolidou <strong>no</strong><br />
Oci<strong>de</strong>nte <strong>no</strong> século XIX, e que resulta em uma crise que assola as primeiras décadas do<br />
século XX. Ao escrever o livro A Gran<strong>de</strong> Transformação (2000), em 1947, sua motivação<br />
estava na busca por uma "orientação em termos <strong>de</strong> instituições humanas", a fim <strong>de</strong><br />
suplantar tal período e <strong>de</strong>scortinar possibilida<strong>de</strong>s vindouras.<br />
Nesse sentido, <strong>de</strong>dica-se a analisar os sistemas econômicos e as socieda<strong>de</strong>s, e<br />
<strong>de</strong>staca que "anteriormente a <strong>no</strong>ssa época, nenhuma eco<strong>no</strong>mia existiu, mesmo em<br />
princípio, que fosse controlada por <strong>mercado</strong>s. Embora a instituição do <strong>mercado</strong> fosse<br />
bastante comum <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Ida<strong>de</strong> da Pedra, seu papel era apenas inci<strong>de</strong>ntal na vida<br />
econômica" (POLANYI, 2000, p.62). E prossegue afirmando que as pesquisas históricas e<br />
antropológicas mais recentes, à sua época, revelam que "a eco<strong>no</strong>mia do homem, como<br />
regra geral, está submersa em suas relações sociais" (p.65).<br />
Polanyi faz uma crítica contun<strong>de</strong>nte das teses formalistas da eco<strong>no</strong>mia sobre a<br />
visão generalizante do indivíduo como maximizador <strong>de</strong> lucro, e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que haja a<br />
superação do naturalismo histórico na apreensão do <strong>mercado</strong>, uma vez que tanto este como<br />
aquele estão submersos <strong>no</strong> todo social, do qual fazem parte. Para o autor, a idéia <strong>de</strong> um<br />
"<strong>mercado</strong> auto-regulável" é uma utopia elaborada por eco<strong>no</strong>mistas, pois o <strong>mercado</strong> só existe<br />
como construção social e está enraizado na vida social a partir <strong>de</strong> elementos fundamentais<br />
como as regras, as <strong>no</strong>rmas e as paixões.<br />
A <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> "enraizamento", apreendida <strong>de</strong> Polanyi por Gra<strong>no</strong>vetter (2003), será<br />
um dos alicerces para os estudos do <strong>mercado</strong> na atual sociologia econômica. Em 1985,