IPARDES & IAPAR. O mercado de orgânicos no Paraná
IPARDES & IAPAR. O mercado de orgânicos no Paraná
IPARDES & IAPAR. O mercado de orgânicos no Paraná
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
41<br />
organizações ligadas ao movimento orgânico que, ao resistirem à <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> <strong>no</strong>rmas por<br />
organismos exter<strong>no</strong>s ao País, tornarão este <strong>de</strong>bate mais amplo e público.<br />
Na sua maioria são organizações não-governamentais, entida<strong>de</strong>s assessoras <strong>de</strong><br />
associações <strong>de</strong> agricultores familiares, que se posicionam em <strong>de</strong>fesa da produção orgânica<br />
voltada para qualificar o abastecimento alimentar inter<strong>no</strong>, focada nas características<br />
socioambientais das regiões on<strong>de</strong> os alimentos são produzidos. Gran<strong>de</strong> parte dos<br />
representantes, nas décadas <strong>de</strong> 80 e 90, estava na Região Sul do País e mantinha relações<br />
estreitas com os produtores <strong>de</strong> alimentos orgânicos, majoritariamente agricultores familiares.<br />
Uma das principais preocupações na época, e ainda hoje, é com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
exclusão dos agricultores do processo em curso, tal qual ocorreu nas décadas anteriores<br />
quando da mo<strong>de</strong>rnização conservadora na agricultura.<br />
Tal preocupação consolidou-se na 9ª Conferência da IFOAM, realizada em São<br />
Paulo, em 1992, quando aquelas entida<strong>de</strong>s marcaram sua posição com relação aos<br />
processos <strong>de</strong> acreditação/certificação dos produtos orgânicos. Em <strong>de</strong>corrência da prática em<br />
curso, reivindicavam garantir o processo da certificação participativa, o qual já ocorria <strong>no</strong>s<br />
estados do sul do Brasil e em outros países lati<strong>no</strong>-america<strong>no</strong>s. A posição assumida<br />
consolidou-se na criação do MAELA (Movimento Agroecológico para América Latina e Caribe).<br />
Dessa forma, ao longo da década <strong>de</strong> 90 as organizações e entida<strong>de</strong>s afins ao<br />
movimento orgânico passaram a se articular e a participar ativamente do <strong>de</strong>bate sobre a<br />
institucionalização da agricultura orgânica <strong>no</strong> Brasil.<br />
O marco oficial <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>bate ocorreu em setembro <strong>de</strong> 1994, quando o Ministério<br />
da Agricultura (MA) reuniu-se com representantes das ONGs, do setor privado e do setor<br />
público, ligados à produção e ao consumo <strong>de</strong> alimentos orgânicos, visando criar <strong>no</strong>rmas<br />
tanto para a produção <strong>no</strong> País como para a exportação.<br />
Uma das preocupações que se colocava naquele momento, como <strong>de</strong>stacam<br />
Medaets e Fonseca (2005), era o fato <strong>de</strong>, <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 1995 e 1996, vários organismos<br />
certificadores internacionais terem passado a programar sua vinda para o Brasil, sendo que<br />
os mesmos se <strong>no</strong>rteavam pelas <strong>no</strong>rmas empregadas e vigentes principalmente para os<br />
países da Comunida<strong>de</strong> Européia.<br />
O resultado do processo <strong>de</strong> discussão iniciado em 1994 culmina em maio <strong>de</strong><br />
1999, quando o Ministério da Agricultura e do Abastecimento publicou a Instrução Normativa<br />
nº 007 (IN 007/99), criando um selo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para os produtos orgânicos brasileiros<br />
(Anexo 1).<br />
Dentre outras <strong>de</strong>finições, a IN 007/99 previa a criação <strong>de</strong> Órgãos Colegiados<br />
Nacionais (OCN) e Estaduais, com composição paritária entre agentes públicos, privados e<br />
ONGs, e, entre outras atribuições, tinha a função <strong>de</strong> cre<strong>de</strong>nciar instituições certificadoras, que