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IPARDES & IAPAR. O mercado de orgânicos no Paraná

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produção, ou seja, na agricultura familiar, conceito que passou a vigorar <strong>no</strong> <strong>de</strong>correr da<br />

década <strong>de</strong> 90. 10<br />

Destacar a agricultura familiar <strong>no</strong> contexto <strong>de</strong>ste trabalho é importante dadas as três<br />

principais funções que <strong>de</strong>finem sua lógica <strong>de</strong> atuação diante da unida<strong>de</strong> produtiva, qual seja, a<br />

inter-relação entre produção, consumo e acumulação do patrimônio. São essas condições,<br />

segundo Lamarche (1993), que permitem a produção/reprodução em cada geração, visando<br />

assegurar um nível <strong>de</strong> vida estável para o conjunto da família e a reprodução dos meios <strong>de</strong><br />

produção. Assim, diferentemente da agricultura industrial/empresarial, a família é o centro da<br />

exploração familiar, seja <strong>no</strong> que tange à <strong>de</strong>cisão sobre a gestão financeira dos recursos como<br />

do trabalho total disponível. O significado da remuneração não se direciona pelo "lucro puro",<br />

como em uma empresa, mas está relacionado ao projeto familiar que atribui significado à<br />

remuneração do seu capital, da terra e dos meios <strong>de</strong> produção, o qual vai lhe permitir viver e<br />

dar continuida<strong>de</strong> à família (CARMO, 1998).<br />

Outro aspecto que distingue a agricultura familiar da empresarial é o fato <strong>de</strong> ela<br />

não po<strong>de</strong>r ser entendida como homogênea, uma vez que comporta diferentes graus <strong>de</strong><br />

relações produtivas que se expressam nas transações econômicas mais ou me<strong>no</strong>s intensas<br />

com os distintos tipos <strong>de</strong> <strong>mercado</strong>. Tal condição chama a atenção não só para a diversida<strong>de</strong><br />

neste segmento específico, mas também para a observância da diferenciação social<br />

existente na agricultura, e, conseqüentemente, nas relações com os distintos <strong>mercado</strong>s.<br />

A título <strong>de</strong> ilustração, cabe <strong>de</strong>stacar a importância da agricultura familiar <strong>no</strong><br />

ambiente da mo<strong>de</strong>rnização conservadora da agricultura brasileira. O estudo realizado por<br />

Kageyama e Bergamasco (1989/1990) mostrou que, em 1980, dos 5,1 milhões <strong>de</strong><br />

estabelecimentos rurais existentes <strong>no</strong> País, 70% utilizavam o trabalho da família total ou<br />

parcialmente, quando comparados aos estabelecimentos que empregavam mão-<strong>de</strong>-obra<br />

assalariada. No que se refere à produção, os dados censitários <strong>de</strong> 1985 mostraram que<br />

gran<strong>de</strong> parte dos alimentos produzidos para o consumo da população brasileira vinha da<br />

produção da agricultura familiar, por exemplo, 64% do feijão e 86% da mandioca. Cabe<br />

<strong>de</strong>stacar que gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>ssa produção é realizada por agricultores que não se<br />

incorporaram à mo<strong>de</strong>rnização conservadora, obtendo sua produção com baixo nível<br />

tec<strong>no</strong>lógico, empregando sementes próprias ou associadas a práticas agronômicas tidas<br />

como ina<strong>de</strong>quadas (CARMO, 1994).<br />

10 Esta constatação tem inúmeras implicações e permanece envolta num <strong>de</strong>bate acadêmico e políticoinstitucional<br />

acirrado. Entretanto, como <strong>de</strong>staca Abramovay, "esta característica da agricultura, <strong>no</strong> pla<strong>no</strong><br />

internacional, contribuiu para ao me<strong>no</strong>s colocar em dúvida a idéia <strong>de</strong> que, tanto quanto na indústria, as<br />

unida<strong>de</strong>s produtivas fundadas <strong>no</strong> trabalho familiar estavam, na agricultura, con<strong>de</strong>nadas ao <strong>de</strong>saparecimento e<br />

só existiam ali on<strong>de</strong> o capitalismo não se <strong>de</strong>senvolver <strong>no</strong> campo" (1996).

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