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IPARDES & IAPAR. O mercado de orgânicos no Paraná

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tec<strong>no</strong>lógico da revolução ver<strong>de</strong>, consolidado e conhecido como "Padrão Técnico Mo<strong>de</strong>r<strong>no</strong>",<br />

em que passou a predominar o estreitamento nas relações entre agricultura e indústria,<br />

fosse pelo uso e consumo intensivo <strong>de</strong> insumos e maquinaria, por perseguir altos<br />

rendimentos e pela ênfase na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção.<br />

O alimento <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ter um significado sociocultural e rapidamente passa a<br />

compor o arranjo <strong>de</strong> produtos agroindustriais, imerso em ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> produção globais.<br />

Per<strong>de</strong> a característica <strong>de</strong> bem <strong>de</strong> consumo final e adquire principalmente a condição <strong>de</strong><br />

matéria-prima para a indústria <strong>de</strong> alimentos processados. Tal condição irá garantir o que<br />

Friedman (1993) aponta como os dois princípios da agricultura industrial: durabilida<strong>de</strong>, o que<br />

permite ao alimento permanecer "bom para o consumo" por longo tempo; e distância, o que<br />

lhe permite chegar a lugares distantes do ambiente da produção da matéria-prima.<br />

Os estudos que abordam os sistemas agroalimentares nesse período se <strong>de</strong>dicam<br />

mais fortemente a analisar os aspectos referentes à produção propriamente dita. De um modo<br />

geral as análises relativas à distribuição e à comercialização, bem como às relações ali<br />

implicadas, são secundarizadas. Aqueles que tratam do tema <strong>de</strong>stacam principalmente os<br />

serviços <strong>de</strong> distribuição, mostrando que neles predominava até então o setor atacadista, que<br />

era exigente em capital fixo e estrutura administrativa e funcional, concentrada e extensa.<br />

A consolidação da agricultura industrializada correspon<strong>de</strong> ao crescimento que se<br />

verifica <strong>no</strong> setor do varejo. Este se rearranja a partir da relação com a indústria e, em<br />

<strong>de</strong>corrência, consolida-se uma rápida organização e fortalecimento em gran<strong>de</strong>s estruturas<br />

varejistas, baseadas sobretudo em re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> super e hiper<strong>mercado</strong>s.<br />

No <strong>de</strong>correr dos a<strong>no</strong>s 70 essa condição imprime uma <strong>no</strong>va estruturação <strong>no</strong><br />

<strong>mercado</strong> agroalimentar, tanto em nível mundial como <strong>no</strong> Brasil. A literatura pertinente<br />

aponta vários elementos que contribuíram para que houvesse tal processo, <strong>de</strong>ntre os quais<br />

se <strong>de</strong>stacam: a consolidação da articulação entre a indústria e a agricultura, com a<br />

transformação <strong>no</strong>s sistemas <strong>de</strong> produção; a saturação do padrão <strong>de</strong> consumo alimentar,<br />

impulsionado principalmente pela população dos países centrais, que, ao ampliarem o po<strong>de</strong>r<br />

aquisitivo, passam a incorporar <strong>no</strong>vos hábitos <strong>de</strong> consumo; a fragilização do papel <strong>de</strong><br />

intervenção direta do Estado; a crise do mo<strong>de</strong>lo fordista <strong>de</strong> produção, que se espalha por<br />

todos os setores, exigindo maior flexibilização e diversificação tec<strong>no</strong>lógica.<br />

Os agentes que assumiram papel relevante nesse cenário foram aquelas<br />

empresas que permanecem dominando até hoje o campo econômico do <strong>mercado</strong> <strong>de</strong><br />

produto agroalimentar, li<strong>de</strong>radas pela indústria <strong>de</strong> alimentos, que passam a atuar como<br />

holdings transnacionais. Não me<strong>no</strong>s relevante nesse cenário é o papel <strong>no</strong>rmativo e<br />

regulatório que o Estado assume, criando condições favoráveis ao ambiente institucional,<br />

por meio da legislação, favorecendo a atuação do setor varejista.

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