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Perfis e percepções acerca da consulta ginecológica em ... - UFMG

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A transição <strong>da</strong> fecundi<strong>da</strong>de, do ponto de vista social, constitui-se como uma <strong>da</strong>s<br />

maiores mu<strong>da</strong>nças de atitude e comportamento de massas de todos os t<strong>em</strong>pos,<br />

b<strong>em</strong> como uma transformação estrutural de grande importância (Alves, 2002;<br />

Martine e Carvalho, 1989). No entanto, a redução dos níveis de fecundi<strong>da</strong>de não<br />

foi uniforme no Brasil, já que, apesar de generaliza<strong>da</strong>, esta que<strong>da</strong> seguiu formas e<br />

ritmos diferentes, que reflet<strong>em</strong> as dispari<strong>da</strong>des socioeconômicas e regionais do<br />

país (Martine e Carvalho, 1989; Berquó e Cavenaghi, 2004). Ain<strong>da</strong> hoje, há<br />

diferenciais importantes nos vários segmentos socioeconômicos. As mulheres <strong>da</strong>s<br />

cama<strong>da</strong>s mais pobres <strong>da</strong> população apresentaram, <strong>em</strong> 2000, uma fecundi<strong>da</strong>de de<br />

4,1 filhos por mulher, número b<strong>em</strong> superior à fecundi<strong>da</strong>de encontra<strong>da</strong> para o país,<br />

que era de 2,4 filhos por mulher (Berquó e Cavenaghi, 2004).<br />

No caso de Belo Horizonte, população estu<strong>da</strong><strong>da</strong> neste trabalho, a TFT <strong>em</strong> 2000<br />

foi 1,6 filhos por mulher, ou seja, um nível abaixo <strong>da</strong> taxa de reposição e próximo<br />

àquele observado <strong>em</strong> alguns países desenvolvidos (PNUD, 2000). A i<strong>da</strong>de à<br />

primeira relação sexual e a i<strong>da</strong>de ao nascimento do primeiro filho também<br />

sofreram mu<strong>da</strong>nças no município. Dados para 2002 indicam que as mulheres de<br />

20 a 29 anos iniciaram sua vi<strong>da</strong> sexual mais cedo do que as mulheres de 50 a 59<br />

anos. Enquanto as mais jovens iniciaram a vi<strong>da</strong> sexual com 18 anos, as mais<br />

velhas tiveram essa iniciação 3 anos mais tarde, com 21 anos. No que diz<br />

respeito à i<strong>da</strong>de ao primeiro filho, esta mu<strong>da</strong>nça foi menos acentua<strong>da</strong>, mas<br />

perceptível, uma vez que a i<strong>da</strong>de mediana para as mulheres de 20 a 29 anos era<br />

de 24,7 anos enquanto que, para as mulheres de 50 a 59 anos foi 24 anos (Simão<br />

et al, 2006).<br />

A que<strong>da</strong> <strong>da</strong> fecundi<strong>da</strong>de no Brasil se deu na ausência de políticas públicas<br />

oficiais. São vários os fatores apontados na literatura como tendo influenciado<br />

esta que<strong>da</strong> <strong>da</strong> fecundi<strong>da</strong>de. Ressalta-se o aumento <strong>da</strong> escolari<strong>da</strong>de, a entra<strong>da</strong><br />

<strong>em</strong> massa <strong>da</strong> mulher no mercado de trabalho, os processos de urbanização e<br />

industrialização, as políticas de telecomunicações, a difusão do uso de<br />

anticoncepcional e do aborto, b<strong>em</strong> como a medicalização (Faria, 1989; Merrick e<br />

Berquó, 1983).<br />

A medicalização, defini<strong>da</strong> como “o aumento <strong>da</strong> exposição <strong>da</strong> população à<br />

subcultura médica e à inclusão progressiva de novas esferas de comportamento

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