Perfis e percepções acerca da consulta ginecológica em ... - UFMG

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E: E por que razão você costuma ir ao ginecologista? Especificamente
assim?
Letícia: Uai. Mulher, casada. Prevenção eu acho, mama, apesar de que
na família nós não temos ninguém ligado diretamente com câncer, mas eu
acho que é bom fazer. Tem mesmo que fazer o exame, ué. Você não sabe
o que pode tá acontecendo. Tantos casos de câncer ai, que a pessoa
descobre e já tá mal. Se você for todo ano, você tá prevenida.
(12 anos ou mais de estudo, 39 anos)
Independente da escolaridade da mulher e de sua idade, os extratos de fala
sugerem que, assim como a primeira consulta, as consultas ginecológicas
subseqüentes estão muito associadas a situações de desconforto. A vergonha é o
sentimento predominante nestes momentos, sendo que, para as mulheres menos
escolarizadas, lembrar do momento da consulta e, principalmente, lembrar do
exame ginecológico em si já causa nelas este sentimento de vergonha. Vale
ressaltar que este desconforto para as mulheres com 12 anos ou mais de estudo
é menos freqüente.
E: E ela chegou a examinar a senhora?
Carmem: Chegou.
E: Que tipo de exame ela fez? A senhora lembra?
Carmem: Ah [**] não gosto nem de contar, dá tanta vergonha.
(0 a 3 anos de estudo, 50 anos)
E: Tá. Como é que você se sente no ginecologista?
Marina: Ás vezes a gente fica assim meia constrangida, né?
E: Humhum.
Marina: Ai depois tem que relaxar mesmo pra fazer o exame, né?
(4 a 7 anos de estudo, 44 anos)
E: Como que você se sente quando vai ao ginecologista, hoje?
Taís: Nossa, fico sem graça.
E: A senhora fica... sem graça?
Taís: Fico.
(4 a 7 anos de estudo, 44 anos)