Perfis e percepções acerca da consulta ginecológica em ... - UFMG
Perfis e percepções acerca da consulta ginecológica em ... - UFMG
Perfis e percepções acerca da consulta ginecológica em ... - UFMG
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
60<br />
E: E por que você não vai? Normalmente?<br />
Luana: Eu vou te falar a ver<strong>da</strong>de, eu num tenho assim n<strong>em</strong> muito t<strong>em</strong>po.<br />
Igual a gente trabalha fora, o atendimento público, ele é assim, é o horário<br />
que eles marcar<strong>em</strong>. Igual esse prédio aqui, é muita dificul<strong>da</strong>de pra<br />
trabalhar nele (...). Se eu me deslocar na parte <strong>da</strong> manhã aqui, um dia,<br />
duas horas que eu me deslocar <strong>da</strong>qui já (...)<br />
(4 a 7 anos de estudo, 44 anos)<br />
Outras entrevista<strong>da</strong>s indicaram que não tiveram <strong>consulta</strong> ginecológica no último<br />
ano porque não gostam ou sent<strong>em</strong> vergonha. É interessante perceber que isto<br />
ocorreu independente <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de ou <strong>da</strong> escolari<strong>da</strong>de. Uma <strong>da</strong>s falas, de uma<br />
mulher jov<strong>em</strong>, revela que a dependência <strong>da</strong> mãe para marcar a <strong>consulta</strong> é um<br />
dificultador, já que ela (a mãe) faria muitas perguntas. Neste caso, a vergonha<br />
não apenas <strong>da</strong> <strong>consulta</strong> <strong>em</strong> si, mas na relação com a mãe, é uma barreira na<br />
busca pela <strong>consulta</strong>. Portanto, a família pode dificultar o acesso à <strong>consulta</strong><br />
ginecológica.<br />
E: Por que a senhora não foi no ginecologista esse ano? Este último ano,<br />
assim, há menos de 1 ano?<br />
Carm<strong>em</strong>: Num gosto.<br />
(0 a 3 anos de estudo, 50 anos)<br />
E: Entendi. É... Você me falou então que... você foi atendi<strong>da</strong> uma vez<br />
quando tinha 15 anos...<br />
Juliana: Hã, hã.<br />
E: É... Porquê que você não voltou no ginecologista outra vez nesses [3?]<br />
anos?<br />
Juliana: Ah, não sei. Talvez vergonha... Assim: a gente, eu e minha mãe,<br />
não t<strong>em</strong>os um diálogo muito bom. Ir no ginecologista... E eu também não<br />
tive mais t<strong>em</strong>po, porque aí estu<strong>da</strong>ndo e trabalhando não dá t<strong>em</strong>po pra<br />
na<strong>da</strong>. Cê t<strong>em</strong> que tirá um t<strong>em</strong>po pra sua vi<strong>da</strong>, mas cê fica naquela correria<br />
não dá t<strong>em</strong>po porque eu já quis voltar no ginecologista. Mas não deu<br />
t<strong>em</strong>po, n<strong>em</strong> tive oportuni<strong>da</strong>de<br />
E: Oportuni<strong>da</strong>de?<br />
Juliana: Assim: porque eu dependo <strong>da</strong> minha mãe pra ir lá marcar<br />
<strong>consulta</strong>... e aí eu ia falar “Ah, mãe. Mas eu quero ir no ginecologista.” E<br />
ela ia ficar perguntando d<strong>em</strong>ais.<br />
(8 a 11 anos de estudo, 18 anos)<br />
No extrato de fala abaixo, pod<strong>em</strong>os observar, novamente, como a gravidez está<br />
muito relaciona<strong>da</strong> à busca pela <strong>consulta</strong> ginecológica, já que a entrevista<strong>da</strong> só