Ed. 114 - NewsLab
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Introdução<br />
Doenças infecciosas incuráveis<br />
se tornaram passíveis<br />
de tratamento pelo uso de<br />
antimicrobianos, que estão entre<br />
os mais importantes avanços da<br />
medicina moderna (1). Estes são<br />
produtos capazes de destruir micro-<br />
-organismos ou suprimir sua multiplicação<br />
(2).<br />
A prescrição excessiva de antibióticos<br />
e seu uso inapropriado<br />
contribuíram para que patógenos se<br />
tornassem resistentes a múltiplos<br />
fármacos (1). Quando a multiplicação<br />
bacteriana não é afetada pelos<br />
antibacterianos, manifesta-se o fenômeno<br />
da resistência (3), que impõe<br />
limitações significativas sobre a ação<br />
dos medicamentos disponíveis para o<br />
tratamento das infecções (4).<br />
A resistência bacteriana é preocupação<br />
mundial e objeto das mais atuais<br />
publicações sobre antimicrobianos<br />
(5). Estes fármacos influenciam o<br />
usuário do medicamento e o ecossistema<br />
onde ele vive, com repercussões<br />
potenciais importantes (5).<br />
Para identificar o micro-organismo<br />
causador de infecções no trato<br />
urinário (ITU), utiliza-se o teste de<br />
urocultura. Uma amostra de urina é<br />
inoculada num meio de cultura que<br />
permite a identificação e contagem<br />
dos micro-organismos presentes<br />
na amostra (6). Para determinar a<br />
resistência desses patógenos aos<br />
fármacos utiliza-se o antibiograma,<br />
que avalia a sensibilidade do micro-<br />
-organismo identificado a diferentes<br />
substâncias (1).<br />
A ITU é a segunda infecção bacteriana<br />
mais prevalente na infância,<br />
acomete 2 a 3% das crianças, sendo<br />
apenas superada pelas infecções do<br />
trato respiratório superior (7). Koch<br />
& Zuccolotto (8) em estudo de revisão<br />
destacam que na infância pelo<br />
menos 8% das meninas e 2% dos<br />
meninos apresentarão no mínimo um<br />
episódio de ITU, e que os meninos<br />
apresentam maior suscetibilidade<br />
nos primeiros dois a três meses de<br />
vida e posteriormente as meninas<br />
são mais acometidas.<br />
Assim, o registro bacteriológico<br />
preciso de isolados urinários e respectivos<br />
antibiogramas podem guiar para<br />
o tratamento empírico de ITUs (9).<br />
O objetivo deste estudo foi identificar<br />
os patógenos responsáveis por<br />
ITU em crianças atendidas em uma<br />
Unidade Básica de Saúde (UBS) do<br />
município de Augusto Pestana, RS e<br />
estabelecer o perfil de sensibilidade<br />
do micro-organismo prevalente.<br />
Material e Métodos<br />
O estudo foi realizado em um<br />
laboratório de análises clínicas do<br />
município de Augusto Pestana, RS,<br />
através de levantamento retrospectivo<br />
dos resultados de uroculturas e<br />
antibiogramas de crianças (0-12 anos)<br />
atendidas em uma UBS do município<br />
de janeiro a dezembro de 2009.<br />
Foram incluídas no estudo 75<br />
uroculturas e 13 antibiogramas, a<br />
sensibilidade dos micro-organismos foi<br />
testada em relação a 18 antibióticos<br />
apresentados na Tabela 2, sendo que<br />
nem todas as amostras foram testadas<br />
para todos os fármacos.<br />
O protocolo de pesquisa foi aprovado<br />
pelo Comitê de Ética em Pesquisa<br />
da Unijuí sob o Parecer Consubstanciado<br />
nº 159/2010.<br />
Resultados<br />
Das 75 uroculturas incluídas no<br />
estudo, 62 (82,67%) apresentaram<br />
resultado negativo e 38 (61,29%)<br />
são do sexo feminino. Dentre as<br />
13 (17,33%) positivas, verificou-se<br />
prevalência de meninas (8-61,54%)<br />
e Escherichia coli (E. coli) foi o micro-<br />
-organismo prevalente (10-76,92%).<br />
A Tabela 1 apresenta a frequência dos<br />
micro-organismos isolados nas urinas<br />
das crianças no local do estudo.<br />
Das 10 culturas positivas para E.<br />
coli, seis (60%) eram de meninas.<br />
As culturas positivas para Sthaphylococcus<br />
sp. e Pseudomonas sp. foram<br />
encontradas no trato urinário de meninas<br />
e Proteus sp. foi evidenciado<br />
exclusivamente em meninos.<br />
A média de idade foi de 5,11 ±<br />
2,95 anos, e a média para os que<br />
apresentaram cultura positiva foi de<br />
3,31 ± 2,94 anos. A menor idade foi<br />
um e, a maior, 10 anos.<br />
Considerando as amostras positivas<br />
para E. coli verificou-se micro-<br />
-organismos resistentes a um maior<br />
número de antibióticos na faixa etária<br />
de um a três anos. A Tabela 2 apresenta<br />
o perfil de sensibilidade da E. coli.<br />
Tabela 1. Frequência dos micro-organismos isolados nas urinas das crianças atendidas<br />
no local do estudo<br />
Micro-organismo f (%)<br />
Escherichia coli 10 (76,92)<br />
Sthaphylococcus sp. 01 (7,69)<br />
Pseudomonas sp. 01 (7,69)<br />
Proteus sp. 01 (7,69)<br />
Total 13 (100)<br />
86<br />
<strong>NewsLab</strong> - edição <strong>114</strong> - 2012