Ed. 114 - NewsLab
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As fluroquinolonas depois da<br />
combinação amoxicilina/ácido<br />
clavulânico foram os fármacos<br />
que apresentaram melhor eficácia<br />
terapêutica contra E. coli. Ciprofloxacino<br />
apresentou melhor perfil<br />
de sensibilidade, seguido de norfloxacino<br />
e levofloxacino (Tabela<br />
2). Este comportamento também<br />
foi observado em pacientes hospitalizados<br />
em Belém, PA (30) onde<br />
evidenciou-se boa sensibilidade ao<br />
ciprofloxacino (88,8%) e norfloxacino<br />
(77%). Em pacientes ambulatoriais<br />
de Maceió, AL, as cepas<br />
de E. coli apresentaram 86,8%<br />
de sensibilidade ao norfloxacino<br />
e 84,6% ao ciprofloxacino (17).<br />
No Paraná (9), observou-se que<br />
norfloxacino é um dos fármacos<br />
mais eficazes contra este micro-<br />
-organismo. Em Santa Maria, RS,<br />
bacilos gram-negativos, isolados<br />
de pacientes ambulatoriais, apresentaram<br />
cerca de 80% de sensibilidade<br />
aos dois fármacos (10).<br />
As fluroquinolonas estão indicadas<br />
para o controle de ITUs não<br />
complicadas quando a combinação<br />
sulfametoxazol/trimetroprima está<br />
contraindicada (26), já que Lopes<br />
et al. (31) verificaram aumento<br />
gradual da frequência de resistência<br />
a norfloxacino e ciprofloxacino<br />
em diferentes bactérias que<br />
causam ITU ao longo do período<br />
estudado por eles. Com relação ao<br />
uso destes fármacos em crianças,<br />
salienta-se que têm sido empregados<br />
com bastante sucesso apesar<br />
de sua segurança ainda não estar<br />
bem estabelecida (20). A Associação<br />
Médica Brasileira e o Conselho<br />
Federal de Medicina contraindicam<br />
o uso de fluroquinolonas em crianças<br />
(32).<br />
A nitrofurantoína atinge altos<br />
níveis urinários e é utilizada no<br />
tratamento de ITUs agudas e na<br />
profilaxia de ITUs recorrentes (22).<br />
Foi o fármaco que apresentou maior<br />
eficácia contra a maioria das bactérias<br />
que causaram ITU em pacientes<br />
ambulatoriais na Paraíba (13), em<br />
Maceió, AL (17), em um hospital<br />
no Paraná (9) e outro em Belém,<br />
PA (30). Chama a atenção que no<br />
presente estudo 30% das cepas de<br />
E. coli mostraram-se resistentes ao<br />
fármaco e 10% pouco sensíveis, o<br />
que também se observou em Itajaí,<br />
SC (14) e em Santa Maria, RS (10).<br />
Eritromicina é um fármaco de<br />
amplo espectro, ao qual as enterobactérias<br />
são usualmente resistentes<br />
(22). Neste estudo, 70% das cepas de<br />
E. coli apresentaram resistência. Taxa<br />
semelhante (80%) foi encontrada em<br />
um hospital de Belém, PA (30).<br />
Aminoglicosídeos são de baixo<br />
custo e eficácia comprovada no tratamento<br />
de ITUs (22). No Paraná (33)<br />
foi o grupo de antimicrobianos ao<br />
qual as cepas de E. coli apresentaram<br />
melhor índice de sensibilidade, 100%<br />
à tobramicina e 96,6% à gentamicina,<br />
enquanto no presente estudo<br />
verificou-se índices consideravelmente<br />
menores (Tabela 2). Para amicacina<br />
verificou-se 25% de resistência,<br />
enquanto em Campo Bom, RS (18)<br />
observou-se 10,5%.<br />
Com relação à gentamicina, Bona<br />
et al. (27) avaliaram pacientes de<br />
um hospital no Oeste Catarinense<br />
durante um ano e verificaram que<br />
27,33% das amostras eram resistentes<br />
com oscilações significativas<br />
no período. Em Maceio, AL (17)<br />
86,4% dos micro-organismos isolados<br />
eram sensíveis, já no presente<br />
estudo apenas 44,4% das cepas<br />
mostraram-se sensíveis ao fármaco.<br />
Bail et al. (9) mostraram preocupação<br />
com a redução da ação deste<br />
fármaco contra a E. coli quando<br />
observaram melhor suscetibilidade<br />
das bactérias de origem comunitária<br />
em relação às de origem hospitalar<br />
num mesmo município.<br />
Verificou-se elevado índice de<br />
resistência da E. coli aos antibióticos<br />
testados (Tabela 2), os derivados da<br />
penicilina e a combinação sulfametoxazol/trimetroprima<br />
apresentaram<br />
menor ação. O crescente aumento da<br />
resistência microbiana aos antibióticos<br />
comprovadamente eficazes para<br />
tratar ITUs evidenciado nos últimos<br />
anos tem sido atribuído ao tratamento<br />
empírico empregado frequentemente<br />
(18) fundamentado na experiência adquirida<br />
pelos prescritores no manejo<br />
de infecções (1).<br />
A prescrição destes fármacos antes<br />
da identificação do patógeno, ou da<br />
determinação da sensibilidade, pode<br />
apresentar resultados positivos, mas<br />
pode ser ineficaz em muitas situações<br />
clínicas (1). Um estudo (9) sobre a<br />
terapia empírica e suscetibilidade dos<br />
micro-organismos que avaliou uroculturas<br />
e prescrições de pacientes<br />
hospitalizados constatou que 62,8%<br />
dos pacientes receberam antibióticos<br />
antes de fazer exames laboratoriais<br />
e observou resistência dos micro-<br />
-organismos a 18,6% dos antibióticos<br />
prescritos.<br />
Assim, esta prática pode gerar<br />
gastos desnecessários com antibióticos,<br />
erro terapêutico e contribuir<br />
para a multirresistência (11). Maier<br />
& Abegg (34) recomendam que o<br />
uso do antimicrobiano seja posterior<br />
à realização do antibiograma,<br />
justificando que sem este resultado<br />
pode-se mascarar o diagnóstico,<br />
gerar toxicidade grave e selecionar<br />
micro-organismos resistentes. Por<br />
outro lado, a demora necessária<br />
para a obtenção do resultado de<br />
uma urocultura pode limitar a real<br />
utilidade deste exame, pois quando<br />
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<strong>NewsLab</strong> - edição <strong>114</strong> - 2012