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Ed. 114 - NewsLab

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Discussão<br />

A incidência de uroculturas positivas<br />

foi de 17,33%, semelhante<br />

(20,04%) à encontrada em Santa<br />

Maria, RS (10) onde analisou-se um<br />

número superior de amostras sem<br />

considerar sexo ou idade. Já em estudo<br />

com crianças de Uberlândia, MG<br />

(11), 48,12% das uroculturas eram<br />

positivas.<br />

As ITUs em crianças estão entre as<br />

doenças com mais indicação para uso<br />

de antimicrobianos, confirmando um<br />

estudo de base populacional realizado<br />

em Pelotas, RS (12), onde evidenciou-<br />

-se que as ITUs acometem crianças<br />

principalmente até nove anos. Embora<br />

infecções do trato respiratório<br />

alto sejam mais frequentes, as ITUs<br />

representaram 17% das indicações<br />

clínicas para o uso de antimicrobianos<br />

nas diferentes faixas etárias.<br />

Neste estudo as meninas representaram<br />

61,54% das amostras positivas.<br />

Na Paraíba, constatou-se prevalência<br />

feminina em todas as faixas etárias e,<br />

em relação às crianças, semelhante ao<br />

presente estudo, observou-se que as<br />

de um a cinco anos foram mais acometidas<br />

(13). Em Itajaí, SC, verificou-se<br />

que as mulheres têm 1,4 mais chances<br />

de ter ITU que os homens (14).<br />

Outro estudo (15) que avaliou os<br />

agentes etiológicos mais frequentes<br />

em ITUs e a suscetibilidade aos antimicrobianos,<br />

observou prevalência<br />

feminina em todas as faixas etárias,<br />

inclusive em crianças. Observou-se<br />

também que as ITUs foram causadas<br />

principalmente por enterobactérias,<br />

e E. coli foi o micro-organismo mais<br />

prevalente. No presente estudo E.<br />

coli foi o principal micro-organismo<br />

encontrado (Tabela 1), o que também<br />

foi evidenciado em crianças de Uberlândia,<br />

MG (11).<br />

Este patógeno é responsável por<br />

90% ou mais das ITUs adquiridas<br />

na comunidade (16). Pacientes ambulatoriais<br />

avaliados em Maceió, AL<br />

apresentaram 13 vezes mais chance<br />

de desenvolver ITU por E. coli do<br />

que pelos outros micro-organismos<br />

isolados (17). Este micro-organismo<br />

também foi o causador de ITUs na<br />

Paraíba (13), estando presente em<br />

42,8% das uroculturas em diferentes<br />

idades. Resultados semelhantes foram<br />

encontrados em estudos no Rio Grande<br />

do Sul (10, 18, 19).<br />

Em crianças a ITU está frequentemente<br />

associada a anormalidades<br />

do trato urinário e presença da E. coli<br />

nas fezes que pode colonizar as vias<br />

urinárias (16). As crianças muitas<br />

vezes desenvolvem infecções recorrentes<br />

causadas pelo insucesso terapêutico,<br />

diagnóstico tardio ou hábitos<br />

de higiene inadequados (20). Diante<br />

disso, destaca-se a importância do<br />

acompanhamento das crianças com<br />

ITU, visando minimizar o dano renal<br />

crônico e suas consequências clínicas<br />

(8). Para tanto, a terapia empírica<br />

deve ser instituída após a coleta de<br />

urina para os exames qualitativos de<br />

urina, urocultura e antibiograma.<br />

Estão recomendados para o tratamento<br />

empírico de crianças derivados<br />

de sulfonamídicos/trimetoprima, cefixima,<br />

cefalexina, cefadroxil, amoxicilina,<br />

amoxicilinina/clavulonato,<br />

fosfomicina ou nitrofurantoína (21).<br />

Um estudo (10), que avaliou a<br />

resistência de micro-organismos<br />

que causaram ITU em Santa Maria,<br />

RS, constatou que amoxicilina/ácido<br />

clavulânico apresentaram excelente<br />

atividade antimicrobiana contra<br />

micro-organismos gram-negativos.<br />

No presente estudo nenhuma cepa de<br />

E. coli mostrou-se resistente a essa<br />

associação de fármacos, enquanto em<br />

Campo Bom, RS (18) verificou-se sensibilidade<br />

reduzida. Esta combinação<br />

de fármacos é uma alternativa terapêutica<br />

diante dos elevados índices<br />

de resistência da E. coli a amoxicilina<br />

isolada (20). A combinação referida é<br />

indicada para infecções causadas por<br />

bactérias resistentes à amoxicilina,<br />

no caso de otites, sinusites (22) e<br />

ITUs (23).<br />

Das cepas avaliadas nenhuma<br />

apresentou sensibilidade à benzilpenicilina<br />

que é um antibiótico de amplo<br />

espectro de ação e baixo potencial de<br />

toxicidade (24).<br />

Com relação à ampicilina (Tabela<br />

1), apresentaram baixa sensibilidade,<br />

o que também foi observado em pacientes<br />

hospitalizados no Paraná, (9)<br />

e em usuários de uma UBS de Campo<br />

Bom, RS (18).<br />

Também foi verificado elevado<br />

índice de resistência da E. coli à combinação<br />

sulfametoxazol/trimetoprima<br />

(Tabela 2). Estudos como o realizado<br />

em Campo Bom, RS (18) e Maceió,<br />

AL (17), também evidenciaram sensibilidade<br />

reduzida a esta combinação<br />

de fármacos (36,8% e 31,8%<br />

respectivamente). Esta associação é<br />

de primeira escolha para tratar ITUs<br />

não complicadas (25, 26). Porém, seu<br />

uso indiscriminado gerou progressiva<br />

resistência bacteriana (22), o que<br />

foi observado num hospital no Oeste<br />

Catarinense (27).<br />

Verificou-se baixa sensibilidade<br />

das cepas de E. coli às cefalosporinas<br />

(Tabela 2), que também poderiam ser<br />

utilizadas para o tratamento de ITUs<br />

em crianças (28). Estes fármacos são<br />

reservados para o tratamento de ITU<br />

grave em crianças, entretanto, são<br />

uma opção terapêutica em ITUs não<br />

complicadas devido ao significativo<br />

aumento da resistência dos patógenos<br />

causadores de ITU verificado em<br />

diferentes locais a sulfa, amoxicilina e<br />

ampicilina (29).<br />

88<br />

<strong>NewsLab</strong> - edição <strong>114</strong> - 2012

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