Supermercado Moderno
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48 | Capa | <strong>Supermercado</strong> m oderno • julho 2011<br />
inovação<br />
joão de freitas<br />
Knorr contribuiu com metade<br />
do crescimento de temperos<br />
“A linha Meu Arroz, Meu Feijão e Meu Frango Assado<br />
atende o desejo do consumidor por praticidade e<br />
sabor.” A frase não é de nenhum executivo da Unilever,<br />
empresa fabricante, mas de um comprador de supermercado:<br />
Francisco Ferreira da Silva, da rede Morini, 7 lojas<br />
voltadas ao público A e B de Belo Horizonte (MG). “Só<br />
no último ano, as vendas dos produtos cresceram 30%”,<br />
conta. “Quando lançamos o produto em 2009 sabíamos<br />
que o sabor era muito importante, mas também agregamos<br />
outros atributos valorizados pela consumidora:<br />
com o tempero, o arroz continua branquinho e não fica<br />
empapado; o feijão ganha cor viva; e o frango, fica mais<br />
suculento”, explica Fernando Kahane, gerente de temperos<br />
da Unilever. Resultado: metade do crescimento<br />
da categoria em 2010, que foi de 18,3%, veio dos três<br />
produtos. Segundo dados da Kantar WorldPanel, quando<br />
a linha ‘Meu’ ainda não existia, a categoria era adquirida<br />
5 vezes ao ano pelos domicílios brasileiros. Depois<br />
de chegar ao mercado, o número subiu para 6,5 vezes<br />
nos mesmos lares. “Ou seja, o consumidor continua<br />
comprando o tempero com o qual estava acostumado,<br />
mas acrescentou a nossa linha à cesta de compras. Contribuímos<br />
para o crescimento da categoria”, comemora<br />
Kahane. Para se ter uma ideia, juntas as variantes Meu<br />
Arroz, Feijão e Frango Assado respondem por 11,3% do<br />
faturamento de temperos e já representam a segunda<br />
linha mais importante do mercado.<br />
Para o varejista essa nova realidade exige um<br />
novo conhecimento: saber o que é realmente diferente<br />
e capaz de impactar positivamente no consumidor<br />
e nas vendas. O assunto é tão quente, que até<br />
os institutos de pesquisa começam a desenvolver<br />
ferramentas para identificar o que chega ao mercado<br />
como proposta inovadora.<br />
EntEnda o concEito<br />
A Nielsen é uma dessas consultorias. Ela desenvolveu<br />
critérios que separam o corriqueiro do novo. Segundo<br />
a instituição, é inovador o produto que cria<br />
uma nova categoria, estimula novos usos, provoca<br />
mudanças de hábitos no público e impulsiona as<br />
vendas no mercado em que atua. Não é à toa que<br />
apenas 5% do total de itens lançados em 2010 foram<br />
classificados pela empresa como inovadores. Os outros<br />
95% foram rotulados de ‘me too’, ou seja, produtos<br />
parecidos, similares ou iguais a outros já existentes.<br />
De acordo com a Nielsen, isso não significa<br />
que esse grande número de lançamentos não agrade<br />
ao consumidor. Muitas vezes, um ‘me too’ traz, por<br />
exemplo, uma mudança na embalagem que atende<br />
as necessidades específicas, porém não gera tantos<br />
benefícios ao público e às vendas quanto lançamentos<br />
‘memoráveis’. Quem pensa de maneira parecida<br />
é Bento Alves da Costa Filho, professor de administração<br />
e negócios do Ibmec-DF. Ele comenta que,<br />
embora o tema tenha ganhado força nos últimos<br />
anos, já na década de 1970 surgiram estudos para<br />
entender as inovações. “Um autor, Thomas Robertson,<br />
separou as inovações em contínuas e descontínuas.<br />
A primeira diz respeito a uma mudança mais<br />
sutil, menos impactante, como uma melhoria em<br />
algo que já existe. Já a segunda é aquela que faz as<br />
pessoas mudarem de comportamento, que mexe<br />
com a vida delas”, explica. Para Costa Filho, as empresas<br />
que conseguem lançar um produto inovador<br />
descontínuo detêm, por um período, uma espécie<br />
de monopólio sobre o mercado. Nesse período,<br />
podem cobrar mais pelo diferencial oferecido. Depois,<br />
os concorrentes começam a copiar.