arquivo .PDF - Jornalismo da UFV
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marginalização <strong>da</strong>queles discursos que se apresentam como um contraponto aos interesses<br />
dos detentores destes meios. Os movimentos sociais aparecem assim, como um dos sujeitos<br />
mais desfavorecidos nessa relação, sendo constantemente criminalizados pela grande mídia.<br />
Porém, as novas tecnologias têm afetado diretamente a forma de relacionamento e<br />
interação <strong>da</strong>s pessoas. A comunicação tem sofrido grandes transformações e outras formas<br />
de fazer o jornalismo têm colocado em questão se somente os profissionais de comunicação<br />
detém o poder de informar. Os novos meios de comunicação como a utilização de rádios<br />
comunitárias, jornais, boletins e a popularização de câmeras digitais, câmera de telefone<br />
celular, bem como o uso crescente <strong>da</strong>s redes sociais, como facebook e twitter, tem<br />
possibilitado ás pessoas outras formas de se comunicar e isso interfere também na forma de<br />
fazer o jornalismo. Esses novos canais possibilitam que os movimentos e outros grupos<br />
marginalizados <strong>da</strong> nossa socie<strong>da</strong>de façam uma contraposição á grande mídia. Abre<br />
caminhos para outros diálogos com a socie<strong>da</strong>de, acentuando-lhes a visibili<strong>da</strong>de pública,<br />
tendo como conseqüência a constituição de “coletivos em redes por aproximação temáticas,<br />
anseios e práticas comuns de ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia” (MORAES, 2000, p.154).<br />
É importante que os meios de comunicação dêem visibili<strong>da</strong>de a certas práticas que<br />
ocorrem dentro <strong>da</strong> nossa socie<strong>da</strong>de. O modelo de conhecimento produzido pela socie<strong>da</strong>de<br />
ocidental, segundo Boaventura, perdeu legitimi<strong>da</strong>de no último século em função <strong>da</strong> sua<br />
distância para a socie<strong>da</strong>de. Sendo assim ele considera que não é possível invisibilizar o<br />
conhecimento produzido pelos movimentos sociais, sob a pena de ampliar essa distância e<br />
persistir em um conhecimento empobrecido e insuficiente para responder as deman<strong>da</strong>s<br />
cotidianas. Para tanto é preciso construir um espaço de reconhecimento e legitimação dos<br />
processos de luta e de mobilização destes grupos, que lutam por uma transformação <strong>da</strong><br />
socie<strong>da</strong>de e pelo futuro.<br />
Então me pareceu que, provavelmente, o mais preocupante no mundo de hoje é<br />
que tanta experiência social fique desperdiça<strong>da</strong>, porque ocorre em lugares remotos.<br />
Experiências muito locais, não muito conheci<strong>da</strong>s nem legitima<strong>da</strong>s pelas ciências<br />
sociais hegemônicas, são hostiliza<strong>da</strong>s pelos meios de comunicação social e por<br />
isso têm permanecido invisíveis, “desacredita<strong>da</strong>s”. (BOAVENTURA, 2007, p.23-<br />
24)<br />
Nesse contexto a produção audiovisual assume um significativo papel ao retratar<br />
essas experiências, para que elas não se percam ao longo do tempo. O conceito de<br />
representação se baseia no fato de que por mais que pareça que um produto audiovisual<br />
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