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arquivo .PDF - Jornalismo da UFV

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INTRODUÇÃO<br />

Logo nos primeiros dias de gravação do documentário <strong>da</strong> Troca de Saberes<br />

ouvimos a Dona Conceição, de Paula Cândido, dizer por repeti<strong>da</strong>s vezes que tinha muita fé<br />

na terra. Na hora não entendemos muito porque ela estava dizendo aquilo, mas aquela frase<br />

marcou muito. Quando terminaram as gravações <strong>da</strong> semana de realização <strong>da</strong> Troca de<br />

Saberes entendemos perfeitamente o que a Dona Conceição queria dizer com aquela frase. A<br />

terra para ela, a mãe-terra, é muito mais que um meio de se sustentar e sustentar a sua<br />

família. A terra é de onde ela tira sua cura, seus remédios, onde ela cui<strong>da</strong> com respeito, onde<br />

ela respeita os animais e os ciclos. A agroecologia assim é mais que uma ciência, é um<br />

movimento social e um modo de viver. É uma forma de respeitar a vi<strong>da</strong>, os ciclos naturais, a<br />

natureza, as águas, os animais, o sol, a lua, as estações do ano, o meio ambiente. E, por isso<br />

“Fé na Terra” se tornou o nome do documentário.<br />

O projeto <strong>da</strong> Troca de Saberes foi iniciado com o programa TEIA, que sempre<br />

buscou estabelecer, através de projetos de extensão, o diálogo fora <strong>da</strong> academia. Como<br />

programa, o TEIA busca articular diferentes projetos de extensão em diálogo com os<br />

movimentos sociais fomentando a cultura e a participação popular. Apresentam em seu<br />

corpo docente e discente os princípios <strong>da</strong> interdisciplinari<strong>da</strong>de em ativi<strong>da</strong>des de ensino,<br />

pesquisa e extensão. Tal proposta transformadora pretende incidir pela própria organização<br />

acadêmica, reconhecendo o saber popular como um outro saber possível. Em acordo com<br />

Boaventura de Sousa Santos, a invisibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s práticas populares traria <strong>da</strong>nos também<br />

para a teoria produzi<strong>da</strong> dentro <strong>da</strong> academia.<br />

Hoje vivemos um problema complicado, uma discrepância entre teoria e prática<br />

social que é nociva para a teoria e também para a prática. Para uma teoria cega, a<br />

prática social é invisível; para uma prática cega, a teoria social é irrelevante. E essa<br />

é uma situação que temos de atravessar se tentamos entrar no âmbito <strong>da</strong><br />

articulação entre os movimentos sociais. (...) não é simplesmente de um<br />

conhecimento novo que necessitamos; o que necessitamos é de um novo modo de<br />

produção de conhecimento. Não necessitamos de alternativas, necessitamos é de<br />

um pensamento alternativo ás alternativas. (BOAVENTURA, 2007, p.20)<br />

A partir desse diálogo democrático e horizontalizado produzido pelo TEIA nas<br />

comuni<strong>da</strong>des, foi se percebendo a necessi<strong>da</strong>de de estabelecer esse intercâmbio com a<br />

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