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o dílema hermenêutico
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exemplos de um uso mais "radical" do método a fim de
ilustrar sua tendência e suas conseqüências,
Assim, Ernst Lohmeyer, em seu comentário sôbre a
cura do paralítico (Marcos 2.1-12)·, emprega metodologia
muito semelhante à recomEmdada por Fror e é levado
a negar que a secção central (Jesus pronunciando o perdão
e discutindo com os escribas, versículos 5 a 10) seja
parte da tradição original. E vai além, negando a historicidade
do incidente: a igreja primitiva pôs nos lábios
de Jesus essas palovras que marcam sua presença na Terro
como sendo a presença de Deus:
Quem perdoa tódas as tuas iniqüidades;
quem sara tódas as tuas enfermidades (Salmo 103, 3) .
A gente se dá conta do impacto total da metodologia
histórico-crítica quando se vê seu resultado compendiado
no artigo "Jesus Cristo", de F. C. Grant, na obra
The Interpreter's Dictionary oi the Bible". Para citar alguns
exemplos: Grant é de opinião que a norrativa sóbre
a infância de Jesus que se encontra em Mateus 1 a
2 "é muito menos inspiradora que a de Lucas; assemelha-se
às estórias iantasiosos mas pedantes que se encontram
na midrash judaica posterior, as quais, via de regra,
começavam com um texto ou textos, e então "recriavam
a cena" através de livre vôo da fantasia, fabricando muitas
vêzes eventos históricos para corresponder às necessidades
do exegeta ou do pregador. Isaías 7, 14 é interpretado
agora como predição do noscimento de Jesus,
embora não se encontre nenhuma sugestão da idéia (do
nascimento virgem) em qualquer outra parte do 'Nóvo Testamento."
(página 880).
Quanto à tentação de Jesus, diz Grant: "No que diz
respeito à forma, talvez seja uma meditação sôbre a história
deuteronômica da nação.,. antes que uma narrativa
autobiográfica dos próprios lábios de Jesus. Fica mais
uma vez claro que as fontes dos evangelhos incluíam o
Antigo Testamento, o qual, com respeito à vida de Jesus,
era considerado de autenticidade e autoridade iaual à das
tradições da igreja,. A narrativa da tentaçã; nos fornece
um conhecimento íntimo de uma visão amplamente
difundida entre o cristianismo primitivo quanto a Jesus,
sua natureza, sua missão e seu feito," (página 881). Mais
Cldiante Grant acentua, contudo, que "a narrativa da tentação
é tão fiel ao caráter todo de Jesus, conforme o pin-
4. Ernst F. Lohmeyer, Das Evangelium des Markus (Gotinga,
Vandenhoeck & Ruprecht, 1937), páginas 50 e 54~
5. GeorgeArthur Buttrick, editor, The Interpreter's Dictionary
oi the Bible (Nashville, Abingdon Press, 1962), rI, 869-896.