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o dilema hermenêutico<br />
151<br />
plícito naquele evangelho. Podemos lembrar, nesta conexão,<br />
como Paulo se refere a tôda a riqueza de sua profunda<br />
atualização do evangelho em sua epístola aos romanos<br />
como "remembrança" do que seus leitores romanos<br />
já SClbiam (Romanos 15.15).<br />
Por certo que há variações nos relatos dos evangelhos.<br />
Certamente cada um dos evangelhos tem sua tônica<br />
própria e seu impulso querigmático individual. E ainda<br />
que não estejamos tão convencidos como Ireneu da divina<br />
"necessidade" de exatamente quatro evangelhos, a quaternidode<br />
de nosso evangelho não é acidental, e cabe a<br />
nós, na qualidade de ouvintes submissos da Palavra, es,<br />
cutar cada evangelho tal como nos fala em sua linguagem.<br />
Mas será que a variação e a individualidade dos evangelhos<br />
nos autorizam a estabelecer um esquema como o de<br />
Frar (Cltualização ~ reinterpretação - variação) e impô<br />
10 a êles E é preciso dizer que o esquema é impôsto.<br />
Frar pode dizer do evangelho segundo Lucas: "Nesta nova<br />
interpretação da tradição a expectativa do fim corno<br />
iminente é radicalmente expungida" (pág. 248). A luz de<br />
Lucas 9.27, 21.32,33,34,36, isto só pode ser chamado de<br />
crasso exagêro.<br />
A afirmação de que as palavras de profetas cristãos<br />
inspirados não eram distinguidas rigorosamente das palavras<br />
do Jesus histórico, sendo, por isso, livremente injetadas<br />
no registro do ministério terreno de Jesus comO verdadeiras<br />
palavras dêle - essa afirmação também pode<br />
ser testada. As cmtas de Apocalipse 2 e 3, onde o Cristo<br />
exaltado fala através do Espírito a suas igrejas, muitas<br />
vêzes são citadas como evidência do funcionamento dêsse<br />
processo. Mas é difícil ver a fôrça dessa evidência. O<br />
profeta em Patmos, no Espírito, no dia do Senhor, é o<br />
porta-voz de Cristo, e suas palavras são as palavras de<br />
Cristo. Mas êle em parte nenhuma atribui estas palavras<br />
ao Jesus histórico, nem diz que elas foram pronunciadas<br />
por êle nos dias de sua carne. Paulo, de maneira semelhante,<br />
ouviu as palavras de seu Senhor exaltado e as<br />
registrou (lI Coríntios 12.9). E êsse mesmo Paulo, que<br />
afirma estar Cristo falando nêle (lI Coríntios 13.3) e através<br />
dêle operando em palavra e ação (Romanos 15.18),<br />
distingue claramente entre sua própria palavra e a palavra<br />
falada por Jesus nos dias de sua carne (I Coríntios<br />
7.10,12,25,40) .<br />
A afirmação de F. C. Grant de que o Antigo Testamento<br />
foi, para a primeira igreja, "fonte" autêntica da vida<br />
de Jesus é, em primeiro lugar, exageração injustificada<br />
do fatode que as primeiras testemunhas de Jesus proclamaram<br />
~que êle viveu, morreu e ressuscitou "segundo as