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o dilema hermenêutico<br />
175<br />
Jesus, o último profeta para Israel, também narra história<br />
nesta forma profético-simbólica. A parábola dos lavradores<br />
maus é relato profeticamente interpretativo da<br />
história de Israel até aos dias de Jesus. O relato do tratamento<br />
abusivo dispensado aos mensageiros do dono naturalmente<br />
é simbólico. Mas o símbolo relata e interpreta<br />
história. O assassínio do filho do dono se estava tornando<br />
história enquanto Jesus falava (Cf. Mateus 21.45, 46).<br />
A maioria das parábolas de Jesus são histórias capsulares<br />
em forma simbólica ou figurativa. A parábola da<br />
ovelha perdida, a da dracma perdida e a do filho pródigo<br />
são narrações profeticamente interpretativas da histó<br />
Tia que seus oponentes haviam narrado em forma "histórica"<br />
literal quando disseram: "Êste recebe pecadores e<br />
come com êles" (Lucas 15.2). Qual dos dois relatos é o<br />
"verdadeiro" O relato de Jesus é "mais verdadeiro" exatamente<br />
porque é relato profeticamente interpretativo e<br />
que se vale de símbolos.<br />
Da mesma forma a parábola dos dois filhos, a da figueira<br />
estéril (Lucas 13.6-9 - notai o contexto), a do semeador,<br />
a do remendo nôvo em vestido velho, a do homem<br />
forte acorrentado, a da galinha que junta seus pintinhos,<br />
tôdas elas são históricas de acôrdo com seu carater.<br />
Não só tratam de verdades intemporais, mas da<br />
história que está sendo encenada perante os olhos dos<br />
contemporâneos de Jesus, a história do Messias-servo que<br />
vai palmilhando seu caminho ministerial rumo à cruz. Jesus<br />
contou história desta maneira porque era o chamador<br />
de homens, o evangelista. Narrando história dêsse<br />
modo econômico, plástico e agudo, procurou abrir os olhos<br />
dos homens para o fato do domínio real de Deus ativo na<br />
terra e no tempo dêles. A chave para entender as parábolas<br />
é exatamente o fato de que elas narram a história<br />
de Jesus de Nazaré. As parábolas cegam e endurecem a<br />
homens que se negam a recebê-Ias como história em símbolo,<br />
homens que não traçarão a linha do símbolo do forte<br />
acorrentado pelo mais forte ao "débil" Jesus de Nazaré,<br />
cujo. história está sendo narrada e interprctac:a na pc:,·ábob.<br />
Paulo narra e interpreta a história de Israel quando<br />
fala do "batismo" e da "ceia" de Israel no deserto (I Cormtios<br />
10.1-4). Narra a história do lidar de Deus com os<br />
judeus e os gentios quando fala da árvore e dos ramos<br />
enxertados (Romanos 11.17-24). Está narrando história de<br />
um modo profeticamente interpretativo, por meio de símbolo,<br />
quando diz aos coríntios: "Pelo evangelho vos gerei<br />
em Cristo Jesus" (I Coríntios 4. 15).<br />
Mas - poderia alguém argumentar -, nestes casos<br />
sempre parece haver alguma indicação de que está sen-