A JAZIDA DE CRIOLITA DA MINA PITINGA (AMAZONAS) - ADIMB
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Caracterização de Depósitos Minerais em Distritos Mineiros da Amazônia<br />
Discussão<br />
As datações isotópicas ( 207 Pb/ 206 Pb em zircão)<br />
efetuadas por Costi (2000) no granito Madeira forneceram<br />
idades coerentes, decrescendo de 1.824 ± 2 Ma<br />
(fácies anfibólio-biotita sienogranito), para 1822 ± 2 Ma<br />
(fácies biotita granito), até 1.818 ± 2 Ma (fácies granito<br />
hipersolvus). O albita granito não foi datado por falta de<br />
zircão de boa qualidade mas, a partir de dados geológicos<br />
e petrológicos, o autor considerou que este tem a mesma<br />
idade do granito hipersolvus. Os demais dados da literatura<br />
também evidenciam a dificuldade de datação do albita<br />
granito. A idade 1.834 ± 6 Ma (U-Pb em zircão, Fuck et<br />
al. 1993) é mais antiga do que a fácies mais precoce do<br />
granito Madeira. Lenharo (1998) obteve idades bem mais<br />
jovens: 1.794 ± 19 Ma ( 207 Pb/ 206 Pb em zircão por<br />
SHRIMP) e 1.782,2 ± 4,6 Ma ( 40 Ar/ 39 Ar em mica). Esta<br />
última representaria a idade do resfriamento abaixo de<br />
300ºC e confirmaria para o albita granito idade de cerca<br />
de 20 Ma mais jovem do que as demais fácies do granito<br />
Madeira, o que corroboraria a possibilidade do albita granito<br />
ter origem desvinculada das demais fácies do granito<br />
Madeira, conforme alternativas sugeridas por Lenharo<br />
(op. cit. ) e Costi (op. cit.).<br />
No presente trabalho obteve-se idades ainda mais mais<br />
jovens. Entretanto, idades Sm-Nd nesta rocha extremamente<br />
rica em F são problemáticas. Os valores de µNd<br />
encontrados, quando agrupados com os de Costi (2000),<br />
mostram que a perturbação do sistema isotópico Sm-Nd<br />
durante a evolução magmática pode ter sido ainda mais<br />
efetiva do que a diagnosticada por aquele autor, pois o<br />
comportamento extremamente anômalo dos isótopos de<br />
Nd, por ele encontrado em amostra da AGN com textura<br />
fluidal (representativa dos fluidos mais evoluídos), foi aqui<br />
observado em uma das amostras do AGN com textura<br />
porfirítica. O erro encontrado na tentativa de datação pelo<br />
método 207 Pb/ 206 Pb é bastante grande. Dentro do erro, a<br />
idade obtida é compatível com aquelas das demais fácies<br />
do granito Madeira ou correlacionável com a Suíte<br />
Intrusiva Abonari. Por outro lado, caso a idade mais jovem<br />
venha a ser comprovada em estudos subseqüentes,<br />
ela não poderá ser interpretada como relacionada a evento<br />
(metalogenético) mais jovem, afetando de forma muito<br />
intensa uma rocha mais antiga, pois os dados geológicos<br />
e geoquímicos mostram a relação direta e a evolução praticamente<br />
contínua entre o albita granito e suas<br />
mineralizações. Esta idade implicaria correlacionar o albita<br />
granito à Suíte Intrusiva Abonari mas, ressalta-se, os dados<br />
obtidos não são suficientemente consistentes para<br />
sustentar esta hipótese que deve continuar a ser<br />
investigada.<br />
Os indicadores 208 Pb/ 204 Pb e 207 Pb/ 204 Pb sugerem a<br />
participação de fontes mantélica, de crosta profunda e de<br />
crosta rasa. São corroborados pelos dados de isótopos<br />
estáveis. Do ponto de vista metalogenético, o resultado<br />
responde a questão levantada por Costi (2000) ao considerar<br />
que uma fonte máfica, com curto tempo de residência<br />
crustal, ou uma fonte mantélica não poderiam explicar<br />
os altos teores de Sn do albita granito, nem o<br />
comportamento anômalo de alguns de seus elementostraço,<br />
quando comparado ao de outras rochas peralcalinas.<br />
São dois os corpos mineralizados em Sn, os granitos Madeira<br />
e Água Boa, mas apenas um deles é mineralizado<br />
em Nb, justamente o que tem a mineralização de criolita.<br />
Parece razoável supor, portanto, que F e Nb estejam associados<br />
a uma mesma fonte, distinta da fonte de Sn.<br />
Este elemento estaria relacionado a fonte crustal. F e Nb<br />
poderiam estar relacionados a fonte mantélica.<br />
XI. SÍNTESE DOS <strong>DA</strong>DOS E INTERPRETA-<br />
ÇÕES: COMPARAÇÕES COM IVIGTUT E<br />
MO<strong>DE</strong>LO GENÉTICO PARA <strong>PITINGA</strong><br />
O depósito de Ivigtut é a única referência para comparação<br />
com a jazida de criolita de Pitinga. O granito<br />
Ivigtut (1330 + 40 Ma, cf. Goodenough et al. 2000) tem<br />
300m de diâmetro em sua parte apical (Figura 52). É constituído<br />
por fácies de topo (granito hipersolvus porfirítico)<br />
que passa em profundidade para o deep granite<br />
(leucogranito a dois feldspatos). O depósito criolítico é<br />
Figura 52 – Perfil do stock granítico de Ivigtut e do depósito<br />
criolítico segundo Goodenough et al. (2000).<br />
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