revista motricidade
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36 | P.G. Morouço, H.P. Neiva, M.C. Marques<br />
A melhoria da performance desportiva só<br />
pode ser alcançada com um processo de treino<br />
mais específico e rigoroso. Relativamente à<br />
especificidade, os movimentos utilizados em<br />
treino, tanto em água como em seco, devem<br />
apresentar parâmetros biomecânicos similares<br />
aos utilizados em competição. É nesse sentido<br />
que as ciências do desporto têm<br />
desempenhado especial destaque, uma vez que<br />
primam por encontrar relações entre os<br />
exercícios de treino e a performance desportiva<br />
(Toussaint, 2006).<br />
O treino de força tem mostrado ser um<br />
importante complemento para o fenómeno<br />
multi-factorial de incremento da performance<br />
desportiva em diversas modalidades, incluindo<br />
a natação (Barbosa et al., 2010; Tanaka,<br />
Costill, Thomas, Fink, & Widrick, 1993). O<br />
efeito positivo do treino de força, no que<br />
concerne à natação, permanece inconclusivo,<br />
uma vez que diferentes metodologias<br />
empregues, assim como os diferentes tipos de<br />
amostra, têm promovido resultados díspares.<br />
Embora a literatura especializada tenha<br />
descrito um conjunto de relações entre a<br />
performance de nado livre e o desempenho em<br />
exercícios de força em seco (Hawley, Williams,<br />
Vickovic, & Handcock, 1992; Johnson, Sharp,<br />
& Hendrick., 1993), as relações com diferentes<br />
exercícios tradicionais de força permanece<br />
elusiva.<br />
Assim, identificar a transferência do treino<br />
de força em seco por nadadores, para a<br />
performance desportiva, parece-nos ser de<br />
primordial importância, assim como o seu<br />
enquadramento para diferentes faixas etárias<br />
(Faigenbaum, 2000). De facto, também em<br />
adolescentes, i.e., antes da fase de máximo<br />
rendimento, parece ser relevante efectuar o<br />
enquadramento das necessidades físicas que<br />
uma modalidade exige, de forma a permitir<br />
uma mais adequada preparação desportiva a<br />
longo prazo. Para além deste facto, devemos<br />
ainda salientar que os estudos realizados com<br />
populações jovens são escassos, mormente no<br />
sexo feminino.<br />
Johnson et al. (1993) apontam que apenas<br />
os testes realizados em água se relacionam com<br />
o nado livre. Estes autores utilizaram para o<br />
efeito as medições (e.g. supino) de 1 repetição<br />
máxima (RM), que consideramos estar mais<br />
relacionada com a força máxima do que com a<br />
força de potência. Desta forma, também se<br />
revela escassa a literatura que foque a sua<br />
atenção na importância da força máxima e/ou<br />
força de potência para a performance de nado.<br />
Tendo em consideração a importância que é<br />
reconhecida ao trabalho de força, consideramos<br />
escassa a literatura que dê suporte a esta<br />
temática e que permita os treinadores delinear<br />
a periodização no seu trabalho. A<br />
heterogeneidade de amostras, acompanhada de<br />
diferentes metodologias, não permite a<br />
comparação entre resultados e não torna claras<br />
as linhas orientadores para os responsáveis<br />
pelo processo de treino. Assim, o presente<br />
estudo pretendeu verificar a existência de<br />
relações significativas entre parâmetros de<br />
produção de força em 3 exercícios de ginásio:<br />
supino, agachamento e latíssimos; com a<br />
performance em nado livre – 50 m crol.<br />
MÉTODO<br />
Amostra<br />
A amostra foi constituída por 9 nadadoras,<br />
que se voluntariaram para o presente estudo.<br />
Os elementos da amostra reuniam um valor<br />
médio de 6.1 ± 1.7 anos de experiência,<br />
treinando entre 5 a 8 vezes por semana.<br />
Foi obtida autorização pelos pais das<br />
nadadoras e todos os procedimentos estão de<br />
acordo com a Declaração de Helsínquia no que<br />
diz respeito aos estudos com seres humanos. O<br />
comité de ética da instituição de investigação<br />
aprovou todos os procedimentos experimentais.<br />
Os valores médios (± DP), para as<br />
principais características físicas dos sujeitos<br />
estão apresentados na Tabela 1. A massa<br />
corporal e percentagem de massa gorda foram<br />
estimadas com recurso a um método de análise<br />
de bioimpedância eléctrico (Tanita BC 420S<br />
MA, Japan).